Posto isto, se alguém se sentir desrespeitado ou indignado com as palavras que se seguem tenho muita pena que a "carapuça" lhe sirva mas é exactamente assim que eu me sinto quando deputados que representam, mesmo que uma pequena parte do povo português, têm o comportamento que tiveram hoje os eleitos do Bloco de Esquerda na Assembleia da República ao receberem na Sua, Nossa, Minha casa o Chefe de Estado de um país democrático com o qual mantemos as melhores relações.
O revolucionarismo de trampa também deveria estar sujeito a limites - até talvez esteja, se considerarmos as múltiplas reacções que surgiram de imediato - mas a curteza de vista , essa parece ser ilimitada.
Que não aplaudissem, seria compreensível se o discurso do Chefe de Estado convidado tivesse versado sobre as virtudes da monarquia ou sobre os fiascos dos regimes republicanos. Ou se se tratasse de um ditadorzeco que não permitisse ao seu povo esfaimado a realização de um referendo consagrado na Constituição; Se fosse Nicolas Maduro os moralistas teriam aplaudido em pé e com fervor. Ou fora o voto de pesar pela morte de um "Comandante" de um país sem eleições que passou o poder para o irmão. Mas permanecerem ostensivamente de rabo pregado à cadeira, sentadinhos para não fazerem varizes... Uma demonstração de complexos inabalável. Até os insuspeitos anti-monárquicos do Partido Comunista se levantaram, como toda a gente. Deveremos pois assumir que em Portugal só há uns verdadeiros republicanos: os B.E.'s, todos os outros fazem o corpo à curva.
Idiotas!
Tudo isto é completamente idiota, uma necessidade de afirmação infantil. Não estava ali em causa qualquer tipo de regime, estava um Chefe de Estado, que é um rei, e que fez um discurso sem ondas nem ambiguidades. O facto de ser um rei não vem ao caso. E é questão que não diz respeito a nenhum português, de direita, de esquerda ou do Famões Atlético Clube, monárquico ou republicano, essa é outra questão.
Os B.E.'s não percebem o que é um rei, nesse aspecto ficaram na Idade Média ou pouco aquém. O rei é alguém que foi educado para servir o seu país, acima de interesses político-partidários. É independente como nenhum político eleito pode ser e, assim, é o único que pode representar um povo-nação. Pode-se não concordar com isto mas não ofender nem ostracizar.
Os B.E.'s, e não só, não percebem isto, sentem-se "abaixo" do rei porque o intuem "acima", acusando-o de se colocar acima. Os complexos são lixados e muito raramente auto-reconhecidos.
E há mais, e mais sério, que os B.E.'s não perceberam:
Não perceberam que esta foi a primeira visita ao estrangeiro que FilipeVI fez após a longa crise governativa em Espanha;
Não perceberam que a viagem foi marcada coladinha ao 1º de Dezembro, o que não terá sido para aproveitar a semana de descontos no El Corte Ingles;
Não perceberam que o discurso oficial de Filipe VI foi feito em português, «...Portugal, país onde que cresci...»
E muito menos perceberam por que Filipe VI fez uma visita de Estado a Portugal durante três dias.
Em três palavrinhas apenas: Não Perceberam Nada. Olharam o seu importantíssimo umbigo e afirmaram que o B.E. «mantém a posição de sempre, republicana, e não naturaliza relações de poder com base em relações de sangue e não em actos democráticos.»
Não naturaliza? Haja pachorra! Muita pachorra.
Até Pablo Inglesias, líder do Podemos, que se veste a rigor quando lhe apetece mas faz questão de ir em mangas de camisa ao Palácio Real de Madrid, tem um contacto afável com Filipe VI; e este com ele.
Não está em causa que Pablo Inglesias destituíria o regime monárquico na primeira oportunidade, porém sabe quem é o Chefe de Estado, e respeita-o.
Na foto ao lado:
Pablo Iglesias se salta el protocolo y regala ‘Juego de Tronos’ al rey Felipe VI
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Passaram alguns minutos desde que acabei a escrita acima e caiu-me ao colo um vídeo que não é fácil pôr aqui mas deixo o link.
Olhem que vale a pena, gosto muito, sobretudo da parte do beijinho da Nandinha, mulher do Costinha, com a mão no ombro de Letizia, aquele gesto lindo de familiaridade.
Começo a achar que mais vale fazer como a Cátí, fica sentadinha, não bate palminhas e ninguém dá por ela.
...e ainda há quem não perceba por que sou monárquica