PAUSA NO SILÊNCIO, DECLARAÇÃO DE VOTO

Muitos amigos, ou meros frequentadores do RealGana, têm estranhado o meu silêncio durante a época de campanha eleitoral que estamos vivendo.
Compreendo...

Abri o RealGana em Julho de 2007 e, desde então, de forma mais activa ou mais discreta, não houve período eleitoral que passasse ao lado, tive sempre uma "farpa", um comentário, um elogio, resumindo, uma opinião ou constatação de facto a acompanhar as campanhas, as declarações públicas, os momentos que o nosso país atravessava.

Então o que é que me deu?
Ou como me escreveu ontem um antigo colega de liceu, "T'as donné la langue au chat?"

Bem... Tenho uma seria rejeição pela conversa mole, pela dissecação do óbvio, pelas tiradas geniais de Monsieur de La Palice.
Gastar palavras sobre a actual situação pré-eleitoral de Portugal só se me apresenta de três formas:
  • Ou se está a falar de uma situação decorrente do que toda a gente sabe, viveu, observou e é mais ou menos como dizer a alguém que acaba de chegar encharcado que lá fora está a chover
  • Ou se é um chamado "líder de opinião", uma figura de projecção nacional, e que não se aplica por aqui 
  • Ou se está a fazer campanha eleitoral. E eu não estou.
Mas calma...
Não estou porque há quem esteja, e ainda bem.
Já estive, há muitos anos e durante muitos anos; colei cartazes, fui a comícios e manifestações, trabalhei com enorme gosto e dedicação na rua e em sedes de campanha, gastei (o que é diferente de "perdi") inúmeras horas de sono, de lazer, de estudo e de trabalho, nunca ganhei - ou quis ganhar - um tostão com isso; chorei e ri, festejei e aceitei, senti-me parte de um todo que me era querido e também me senti, por duas vezes, "do outro lado", concordei e discordei. Vivi empenhada e alegremente as campanhas como a maioria dos eleitores não terão vivido e com genuína paixão pelo meu país.

Então e agora, passou-me a paixão?
Não vale a pena?
Não apoio ninguém?

Não é por aí. Apoio sim, como há muito tempo não apoiava.
Por vezes a minha opção de voto foi por um mal menor, por vezes foi porque "do mal o menos", por vezes foi em plena entrega, por vezes mudou.

Há quatro anos dei o meu voto a Passos Coelho, nunca o daria a Sócrates, nunca, nunca, nunca, e, na conjuntura, também não o daria a mais nenhum dos partidos concorrentes, nem à direita nem à esquerda. Não o dei contrariada mas também não o fiz com grande convicção.
Não é o caso presentemente.
Após quatro anos de governo do Pedro Passos Coelho, e não digo do PSD nem da coligação, digo Pedro Passos Coelho, apoio este primeiro-ministro como como há muito tempo não apoiava qualquer indivíduo ou partido.

Pedro Passos Coelho teve, desde o início e ao longo do seu mandato, uma enorme coragem, determinação, perseverança, cabeça-fria e seriedade como poucas vezes, muito poucas vezes, vi em governantes e opositores  da nossa supostamente madura democracia. Surpeendeu-me, enormemente.
Foi criticado, abalroado e traído dentro das suas muralhas; nunca vacilou, nunca desistiu, nunca se vitimizou. Seguiu em frente, cometeu erros, esteve perante adversidades evitáveis e inevitáveis verdadeiramente hercúleas, pegou num país considerado "lixo" pelas agências de rating, prestou contas a autoridades externas, pagou a tempo e horas quando os arautos da desgraça clamavam por um segundo resgate, torneou os maquiavélicos malabarismos políticos do Tribunal Constitucional que se comportou como o mais activo "partido da oposição".
Suportou as birras irrevogáveis e financeiramente onerosas do seu vice, aturou os remoques invejosos de um presidente da república ex-primeiro-ministro e ex-ministro das finanças que se sentiu ultrapassado pelo "puto Pedro", não obedeceu aos projectos pessoais daqueles que o quiseram no governo para o manobrar a bel-prazer;  pelo contrário, muitos foram indiciados e processados na justiça.

Foi duro? Foi, é, ainda está a ser.
E tinha de ser, estávamos "de tanga", a rasgar-se e literalmente sem tanga lavada para o dia seguinte. Nunca o omitiu nem disfarçou, nunca "dourou a pílula", anunciou-a amarga e difícil de engolir sem qualquer tentação eleitoralista. Não tenho memória de alguma vez ter ouvido numa apresentação de programa de governo uma expressão parecida com: «Teremos um brutal aumento de impostos».

Há cerca de dois anos achei que a próxima legislatura iria ser do PS, o umbiguismo nacional é imediatista, o dia de amanhã logo se vê, Deus dará.

Há cerca de um ano comecei a pôr a hipótese de as pessoas repararem que as perspectivas tinham mudado, que já não habitávamos um país de "lixo financeiro", que conquistamos a confiança dos mercados e do investimento, que o empreendedorismo português está de boa saúde e recomenda-se. Ouvi muitos "Nem penses nisso".

Hoje acredito, contra todas as probabilidades iniciais, que é possível continuar a sarar as feridas do nosso país e a reconquistar um lugar ao Sol após este longo Inverno do nosso descontentamento.

Eu voto no Pedro Passos Coelho, sem partidarismos nem enfeudamento;  com esperança, com convicção, com a aposta nas provas dadas.

Não vou fazer campanha por aqui, as provas estão lá fora, para quem as quer ver e para quem, doa a quem doer, não as vê porque não quer.

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A IGNORÂNCIA É MÃE DO MEDO

Conheço bem, muito bem, os argumentos de quem se opõem ao fluxo de refugiados que entra diariamente na Europa
Compreendo bem, muito bem, o quanto a situação pode ser assustadora

Por muito assustadora que esta situação seja não se aproxíma, nem por um momento, das situações assustadoras e trágicas que estas pessoas viveram e estão vivendo

É preciso compreender, profundamente, esta situação no seu todo, não apenas o lado em que se forjam os nossos medos, o nosso bem-estar, as nossas necessidades.
Uns melhor, outros pior, todos nós europeus nascemos no lado "certo" do Mediterâneo e isto deveria tornar-nos mais humanos, mais generosos, mais capazes e prontos a estender a mão àqueles menos afortunados do que nós por nascimento.
A Europa, no seu todo, não apenas a União Europeia, tem cerca de 743 milhões de habitantes dos quais se estima que 564 milhões sejam cristãos... São 564 milhões de razões para não "se poder" fechar a porta a quem estende a mão. E além destes, a todos os outros que não são cristãos, deveria bastar o facto de sermos humanos,  não bichos alienados da própria espécie

Não se trata de omitir os riscos, trata-se de, tendo consciência destes, não sucombir ao medo e fazer o que está certo.
Quem seremos nós se nos vergarmos ao medo e optarmos por ignorar ?

Um video bem construído, com muita informação em poucos minutos, que merece atenção e reflexão



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NATIVIA? REALLY?

Tenho vindo a evitar o tema "Donald Trump", pacientemente, esperançadamente,  à espera de que daqui por uns meses ele desapareça do contexto.
Faz-me muita confusão a elevada percentagem de fans que o artista tem reunido; mesmo tendo a noção de que existem muitos "Archie Bunker" nos States não
deixa de me espantar que tantos americanos não se importem de vir a ter como seu representante no mundo aquele ordinarão loiro e desbocado, que não temam entregar àquele irado o botão vermelho da destruição maciça.
Não há dúvida de que o povão é doido por telenovelas, soaps e afins...

Mas enquando aguardo, pacientemente, que o pesadelo loiro desapareça, de quando em vez caiem-me aos pés uns episódios aos quais tenho resistido com sérias dificuldades, confesso.

Hoje fui apanhada por um que finalmente me venceu, não resisti em traze-lo até aqui, desculpada pelo facto de não envolver directamente o Donald mas uma figura também espantosa - e igualmente "cadidatada" pelo Partido Republicano como Vice de John McCain -  que, como não poderia deixar de ser,  dedica ao loiro o seu apoio, a sua voz e a sua sobejamente conhecida sabedoria: Ms Sarah Palin!

Esta inigualável criatura deu uma entrevista à FoxNews no dia 7 de Setembro corrente onde opinou da forma que abaixo transcrevo e não comento para não estragar - depois de tal concerto nenhuma nota soará melodiosa. Por aqui me fico.

«The former Alaskan governor was asked about her support of Donald Trump and his controversial views on immigration. 
"I love immigrants," she told Fox and Friends host Steve Doocey, "But like Donald Trump, I just think we have too darn many in this country.
"Mexican-Americans, Asian-Americans, Native-Americans - they're changing up the cultural mix in the United States away from what it used to be in the days of our Founding Fathers. 
"I think we should go to some of these groups and just ask politely - would you mind going home? Would you mind giving us our country back?" 
"Sarah you know I love you," Doocey interjected, "And I think that's a great idea with regards to Mexicans. But where are the Native Americans supposed to go? They don't really have a place to go back to do they?" 
"Well I think they should go back to Nativia or wherever they came from," Palin replied -- as the show's co-hosts sat in stunned silence. 
"The liberal media treats Native Americans like they're gods. As if they just have some sort of automatic right to be in this country. But I say if they can't learn to get off those horses and start speaking American - then they should be sent home too."»

A MORTE ANDA CEGA

Sem comentários desnecessários, 
só me ocorrem insultos

Putin demonstrou à saciedade o grau de envolvimento de Moscovo na guerra civil síria declarando que treino intensivo de tropas avultados equipamentos estão sendo fornecidos ao exército sírio pela Rússia, segundo as suas declarações à  a agência estatal de notícias RIA Novosti  durante o fórum económico em Vladivostok.

Também não afasta a possibilidade de envolvimento militar directo na região, em vez de insistir em que os rumores de tropas russas no terreno são "prematuros".
Estes rumores foram atiçados por vídeos divulgados pela televisão estatal síria nos quais se viam tropas gritando em russo e  veículos blindados russos.

Apoio de Putin para o presidente sírio, Bashar al-Assad também é bem conhecido. O primeiro-ministro da Rússia usou seu veto das Nações Unidas para bloquear a acção contra o regime, mesmo após as acusações de uso de usar armas químicas contra civis pelos médicos sírios e investigado por organizações internacionais.

Como para explicar a suas acções afirmou:

"Nós realmente queremos criar algum tipo de uma coligação internacional para lutar contra o terrorismo e o extremismo.
Para este fim, realizámos consultas com nossos parceiros americanos - Eu, pessoalmente, tenho falado sobre o assunto com o presidente Obama"

Ainda recentemente, em Maio deste ano, o presidente Obama disse na cimeira de Camp David que se evidência de usar armas químicas como o cloro for confirmada por os EUA, a Rússia ficará sob pressão.

RETIRADO DO ARTIGO PUBLICADO NO "INDEPENDENT.UK" - 5 Set2015

A GOTINHA DE ÁGUA


Por vezes a razão prende-se em análises conjecturais, demora-se na avaliação de diversos pontos de vista, rebusca-se na apreciação de soluções alternativas.
Por vezes não há tempo para a razão.
Por vezes é necessário um choque emocional que nos arranque das divagações racionais e nos leve a agir.
Por vezes é necessário um grito que ecoe no centro da nossa consciência e acorde em nós o que existe para além do cinismo, da política, da conveniência, do status quo; Um grito que resgate a nossa humanidade.

Aylan Kurdi, nascido há apenas 3 anos, é um desses gritos. Terrivelmente silencioso, terrivelmente profundo, encerrando a dor de muitos milhares de seres humanos.


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A Europa debate-se com um problema de dimensões astronómicas com consequências incalculáveis. A Europa, directamente, o mundo, moralmente. 
Não se trata "apenas" de problemas económicos, logisticos, laborais; São autenticas "provas de fogo" com vertentes de segurança gravíssimas mas, sobretudo, são verdadeiras avaliações da nossa capacidade de solidariedade humana, da nossa qualificação moral e ética.
É tempo de tomarmos consciência de quem somos e de assurmirmos a responsabilidade de o sermos
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"Germany and Austria threaten Cameron over refugee crisis"

http://www.dailymail.co.uk/news/article-3219177/Germany-turns-Britain-migrant-crisis-aide-Angela-Merkel-says-no-sympathy-one-country-viewpoints.html

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«Falei esta manhã com o Presidente francês e a posição franco-alemã, que transmitirei às instituições europeias, é que estamos de acordo com a necessidade de quotas obrigatórias dentro da União Europeia para partilharmos a responsabilidade. É esse o princípio da solidariedade.»

«Para os refugiados que tentam chegar à Europa (…) as tragédias sucedem-se aos dramas. Milhares de vítimas morreram desde o início do ano. A União Europeia tem de agir de maneira decisiva e em conformidade com os seus valores. [...] Estes homens e estas mulheres, com as suas famílias, fogem da guerra e de perseguições. Precisam de protecção internacional. Ela é-lhes devida. As Convenções de Genebra, feitas após a guerra, vinculam todos os países. A Europa deve proteger aqueles para quem ela é a última esperança»
Angela Merkel, 3 Set. 2015

  • "O Presidente da Comissão Europeia apresenta plano na próxima semana. Paris e Berlim querem mecanismo "permanente e obrigatório" para acolher refugiados.
  • Governo húngaro mantém oposição."
  • "Cameron, que se tem mostrado em clara oposição ao acolhimento de migrantes no Reino Unido, afirmou ontem estar "profundamente emocionado como pai" e disposto a cumprir as suas "responsabilidades morais". David Cameron deu assim a entender que Londres poderia rever a posição, que ele próprio expressara na véspera, dizendo que "acolher mais pessoas não é a solução" para o problema."
  • "O chefe do governo húngaro, Viktor Orban, mantém que a crise dos migrantes é um "problema da Alemanha" e que não é dever do seu país acolher refugiados."
"Gostava que a minha fotografia ajudasse a mudar o curso das coisas."
Nilufer Demir, fotógrafa que captou a imagem da criança síria 


Assim seja.

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