O MAIS ENCANTADOR MARIALVA

Sabia que este dia havia de chegar e, quando pensava nisso sentia saudades
Que descanse em paz no lugar dos homens de alma nobre.

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«O que é a aristocracia?
A aristocracia tanto pode estar no povo como noutra coisa qualquer. (...) O aristocrata é aquele que sobressaiu.»
D. Vicente da Câmara

7 de Maio de 1928 — 28 de Maio de 2016


A IGNORÂNCIA NÃO É UMA VIRTUDE

Excerto do discurso de Obama aos finalistas da  Rutgers University, ontem, 15/05
(+ aos 20:00; Creio que se ouvirem tudo não darão o vosso tempo por mal gasto, é uma excelênte aula de ciência política democrática - p/ex: aos +37:00) 
Até o mais bem humorado dos presidentes tem momentos em que lhe é impossível esconder que há coisas que chateiam a humanidade.

  • "The world is more interconnected than ever before, and it's becoming more connected every day. Building walls won't change that"
  • "To help ourselves, we've got to help others. Not pull up the drawbridge and try to keep the world out" 
  • "Isolating or disparaging Muslims, suggesting they should be treated differently when it comes to entering this country ... it would alienate the very communities at home and abroad who are most important in fighting the war against extremism, it also runs counter to American values."
  • "Facts, evidence, reason, logic and understanding of science, those are good things. These are qualities you want in people making policy."
  • "We traditionally have valued those things, but if you were to listen to today's political debate, you might wonder where this strain of anti-intellectualism came from"  
  • "Let me be clear as I can be: In politics and in life, ignorance is not a virtue. It's not cool to not know what you're talking about."

O "NÃO TEMA" DO OUTRO

O "não tema / não questão" do mais elevado representante da nação portuguesa

Resultados de (mais uma) sondagem nacional
Maio 2016

Qual é a tua ó Prof ?

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MARCELO - O PRIMEIRO TIRO NO PÉ

Em Janeiro, a seguir à eleição de Marcelo para P.R., escrevia eu AQUI confessando publicamente a minha abstenção face ao menu de presidenciáveis:
«Fico contente por a coisa se ter despachado à primeira volta, não fosse eu ver-me na contingência de ter de ir votar num personagem de carácter mais do que dúbio e andar 5 anos a rosnar de mim para comigo.»
Não é preciso ser  bruxa para saber que Marcelo vai arranjar caldos do arco-da-velha, dizer-se e desdizer-se como sempre se disse e desdisse no que toca às politicas, polítiquices, e outros factos políticos; ele é assim, velhaco E dansarino.

Esta semana não correu lá muito bem para o tio Marcelo, estão a começar a aparecer coisinhas para o chatear, para interromper o clima de doçura que tem temperado com o governo.

Primeiro veio aquela coisa dos subsídios às escolas privadas... Que coisa incómoda para Marcelo, espartilhante mesmo. Por um lado a farpa do PC ao governo de Costa, por outro aquilo que Marcelo entende perfeitamente e defende na sua privadíssima alma... Que desagradável.

Depois a questão do Acordo Ortográfico. É óbvio que Marcelo o considera uma aberração; é óbvio e ele não faz segredo disso.
Marcelo preparou-se para envergar o fatinho de super-heroi nacional e, de acordo com a grande maioria dos portugueses , erguer a sua espada em defesa da língua lusa.
As reacções não se fizeram esperar, ouviram-se palmas, gritos de "apoiado" e "muito bem" nas bancadas das redes sociais. Por exemplo no grupo do Facebook «Em acção contra o acordo ortográfico» , com mais de 72 000 membros, houve uma onda de esperança que se manifestou num sólido apoio ao Presidente da República.

Hoje Marcelo deu um tiro no pé. A desilusão é mais do que muita, a revolta fala de traição. Creio que terá sido o primeiro valente tiro no pé.

«Marcelo Rebelo de Sousa reacendeu a polémica do Acordo Ortográfico, colocando-o na agenda política, mas agora recua, sublinhando que se trata de “um não tema”. »
«O Presidente da República aproveitou a visita a Moçambique, na semana passada, para realçar que o facto de haver países que não ratificaram o Acordo Ortográfico (AO), nomeadamente Moçambique e Angola, poderia ser um bom pretexto para “repensar o tema” 
Agora, Marcelo considera que o AO “é um não tema”, “uma não questão”, conforme declarações recolhidas pela Rádio Renascença, após a Assembleia Geral da COTEC Portugal, organização da qual é presidente honorário. 
A posição do Presidente da República surge, num tom apaziguador, depois do desconforto que gerou em Cabo Verde e em Angola e na própria CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), onde o secretário executivo Murade Murargy salientou que “não há volta atrás no AO”
In:  http://zap.aeiou.pt/marcelo-ateou-fogueira-mas-agora-recua-acordo-ortografico-e-nao-tema-112417

É um "não tema"?  Uma "não questão"? 
Que raio é isso de um "não tema" quando aquela aberração está a ser imposta por vontades férreas aos portuguêses, que não querem por cá essa mmm.... Pois, isso.

Pior. Quem é esse Murade Murargy cá neste nosso mundo português para vir dizer que “não há volta atrás no AO”? E mais disse:   
«Penso que é um debate desnecessário neste momento. As pessoas são livres de falar sobre isso, mas não há nenhuma controvérsia em relação ao Acordo Ortográfico”»


Um debate desnecessário? Por quê? Para quem?
Não há controvérsia? NÃO HÁ? Onde?


E, o pior de tudo,  Marcelo consente.


O Presidente da República Portuguesa consente.

PORQUÊ?
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EM MEIA DÚZIA DE PALAVRAS;

  • O PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA DISSE QUE QUER REVER O A.O.
  • UM MURADE MOÇAMBICANO QUALQUER DISSE QUE NÃO HÁ VOLTA ATRÁS
  • O PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA CALOU-SE
MAS O QUE É ISTO???
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Felizmente ainda há quem não desista de lutar pela nossa língua:



Acção judicial popular argumenta que a aplicação do Acordo Ortográfico exigiria um acto legislativo e não poderia ter sido imposta por uma Resolução do Conselho de Ministros.
A acção deu entrada esta quarta-feira no Supremo Tribunal Administrativo e tem como objectivo conseguir a declaração de ilegalidade e consequente revogação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, emitida pelo Governo de José Sócrates, que ordenou a aplicação do AO no Governo e na função pública a partir do início de 2012. Um diploma que “contém ilegalidades flagrantes”, alegam os proponentes da acção.

O HABITO NÃO FAZ O MONGE, SEJA LÁ QUEM FOR O MONGE



Quando vi o resultado das eleições em Londres fiquei como o copo do outro: por um lado meio cheio, por outro meio vazio...

O anterior Mayor de Londres tem em mim um efeito hipertensor, como se não bastasse aquele ar desgrenhado, vagamente debochado, que - azar dos azares - lembra um Donald Trump feito à pressa, deu-lhe para  se ensimesmar com aquela tragédia bairrista do Brexit em trejeitos de arruaceiro e nem a alma se lhe aproveita. Poderia ao menos ter a salvaguarda de envergar um carisma British conservador mas nem isso, o homem está nu de um mínimo de classe. Convenhamos, o pobre Boris não teria cabimento em episódio algum de Downton Abbey, pelo menos dentro de casa, fosse upstairs ou downstairs


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Ok, chega de Boris, o homem é past tense, mas estou convencida que o candidato conservador, Zac Goldsmith, rapaz bem apessoado, foi irrecuperavelmente prejudicado pela performance do seu co-partidário Mayor.

Ou talvez não... E era aqui que queria chegar ao falar de copos pela metade.

Ocorrem-me variadíssimas pessoas, pensantes e aceitavelmente despreconceituosas, que teriam posto a priori um imediato entrave ao candidato trabalhista por uma única razão, existissem ou não outras: Sadiq Khan foi apresentado, antes de tudo o mais, como "o primeiro candidato muçulmano Câmara de Londres"...

Muçulmano ganhou presentemente uma carga emocional, e social, inegável; nem é preciso que estejamos a considerar tolerâncias, religiões ou filosofias de vida, basta o medo. A ameaça radical é muito real, o desejo de conquista absoluta é difundido de forma omnipresente. O "nós ou eles" está torna-se manifesto num nacionalismo desumano mas facilmente explicável.

Pois. Ameaçada também, e de que maneira, está a capacidade de raciocínio ocidental. Reagimos em auto-defesa, somos confrontados com a nossa fragilidade face à absoluta ausência de escrúpulos, a forma como pensávamos torna-se nublosa - é a lei da sobrevivência, puro instinto.
Pois. Mas não pode ser. A bem do lado positivo e luminoso da humanidade não podemos deixar que assim seja. A nossa vertente humana e racional está muitíssimo mais ameaçada dos que as nossas vidas, é essa que é urgente e fundamental que saibamos salvaguardar.

Quem é Sadiq Khan? De onde vem? Quais são as suas raízes?

Sabem? Eu não sabia.
Acabei de ler um artigo de opinião, editorial do D.N., por Ana Sousa Dias, que me colocou face ao copo meio cheio. Pois é, o hábito não faz o monge, seja quem for o monge, seja qual for o hábito.
Para além de compreender isto, por vezes, é preciso ter a coragem moral para pensar e agir de acordo com o que compreendermos. Que não nos falte.
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Os dois pais de Sadiq
in Diário de Notícias on line 9/05/2016
«Sadiq Khan não foi eleito mayor de Londres por ser muçulmano, insistem hoje os jornais ingleses, como quem ralha ao resto do mundo por todos sublinharem esse lado do homem que se juntou ao Partido Trabalhista aos 15 anos. E têm razão, porque Sadiq foi escolhido por propor a construção de casas a preços acessíveis, o congelamento do preço dos transportes públicos e o não ao brexit, e fez uma campanha pela positiva. E porque lhe são reconhecidas a qualidade política e a capacidade de diálogo, características que o principal opositor evidentemente mostrou não possuir. E porque a capital britânica quer recuperar a identidade de cidade da abertura, da tolerância e da diversidade. Mas a verdade é que Londres elegeu um muçulmano que combate o extremismo, que foi alvo de uma fatwa por defender o casamento homossexual e que quis prestar juramento no interior de uma catedral anglicana. A questão religiosa está lá e pelo lado mais luminoso. O filho de um motorista de autocarros e de uma costureira, imigrantes paquistaneses, recebeu 1,3 milhões de votos e de imediato se mostrou pronto a zurzir o poder conservador e também o recente líder trabalhista, desaparecido dos holofotes desde domingo. 
De Sadiq, o "Citizen Khan", como já foi chamado, há uma outra história ou um outro pai para contar: Naz Bokhari. Nascido no Paquistão em 1937, foi o primeiro muçulmano a dirigir uma escola pública no Reino Unido. Foi nessa escola, em Tooting, no sul pobre de Londres, que Sadiq aprendeu que era possível chegar longe independentemente da cor da pele e da origem social. Naz não se afirmava por ser um professor muçulmano mas por ser um bom professor, e como tal foi reconhecido no país e na comunidade educativa até à morte, em 2011. "Não é o que tu fazes ao longo da vida que realmente importa, é a herança que deixas para as gerações seguintes que faz a diferença", dizia o velho mestre. Deixou uma herança, de facto, através da fundação que se dedica a promover a educação de excelência. E deixou Sadiq Khan, também ele uma prova da herança de Naz.»

TO BREXIT OR NOT TO BREXIT...



A propósito da bota que Cameron calçou para ir impor-se à Europa e que agora está a ter uma trabalheira para descalçar...

Mas sem esquecer um pequeno detalhe: o finíssimo British sence of humour subjacente à auto-crítica

UM POST POUCO DELICADO MAS SINCERO


Se não tivesse prometido à minha mãe que não usaria expressões impróprias, nem português vernáculo, aqui no blog, dizia-vos o que é que eu gostava de ir fazer ao túnel mesmo antes da inauguração... Até convidava os amigos e oferecia o papel, cor-de-rosa.

Que porcaria de gente!

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Costa convidou e Sócrates disse sim.
Vai à inauguração do Túnel do Marão

05 DE MAIO DE 2016 - 21:34

«O antigo primeiro-ministro José Sócrates vai estar presente na cerimónia de inauguração Túnel do Marão. O convite partiu do Governo.
Passos Coelho também foi convidado, mas disse não.»

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QUANDO OS INIMIGOS SÃO AMIGALHAÇOS

A campanha de Hillary publicou hoje um video.
Hillary não aparece, nada diz, nenhum democrata se pronuncia. Nem um só slogan do partido democrata.
A campanha de Hillary publicou hoje um video dando voz aos republicanos, ex-candidatos à presidencia para este ano de 2016 e de Mitt Romney, candidato republicano nas presidenciais de 2012.
Um minuto e dezoito segundos de referencias ao Donald, provável candidato republicano de 2016 se a convenção republicana não conseguir uma surpresa para "deitar a casa abaixo" - mas, dizem as más línguas, parece que não está fácil, parece que nenhum "presidenciável" se quer chegar à frente. Bota difícil de descalçar a que estes tipos arranjaram...

Com um opositor assim nem vale a pena gastar recursos de marketing para expôr razões, os próprios republicanos fornecem o material, em doses muito acima das necessárias.

Assim gosto. Gostei tanto que acho que vou fazer o jantar assobiando o "Stars and stripes forever"