QUANDO NÃO SE QUER VER BASTA NÃO OLHAR

 Raramente agarro temas nacionais porque, esses, mexem comigo ainda mais do que os outros mas às vezes não me contenho; e quando traduzem a forma como são desrespeitados os seres humanos, quase sempre os mais frágeis, a raiva tira-me o sono.

Há dias falei aqui sobre a bandallheira que se passa no ZMar sob um perspectiva diferente, está aí abaixo o post  

T'OU-M'APASSAR!  A REPUBLICA POPULAR DE PORTUGAL. 

Obviamente as coisas não seguiram bom caminho: O Supremo Tribunal Administrativo deu razão aos proprietários do ZMar, ordenou a suspensão da requisição civil e emitiu a notificação ao Governo. "Ouvi dizer" que o ca-cão do Cabrita (desculpem, às vezes gaguejo) disse que não sabia de nada e outras alarvidades. Também "ouvi dizer" que a GNR tinha transportado imigrantes para aquela propriedade às 04h da manhã com o reforço do Comando Territorial de Beja e da Unidade de Intervenção e que a operação decorreu "sem incidentes". Óptimo, não se esqueceram de levar as lanternas.

Porém há males que vêm por bem... Não anima mas não se perde tudo, isto serviu para trazer à luz do dia uma situação bem pior, no mínimo escabrosa, a dos imigrantes ilegais em Portugal que são carne para canhão.  

Acabei de ler sobre o assunto a exposição feira por uma Senhora Doutora em Direito que não conheço.
Sobre ela sei o que é público, que se licenciou em Coimbra, se doutorou em Direito na Univ. Nova de Lisboa e que trabalhou com o Provedor de Justiça como conselheira de Direitos Humanos.

Copio na integra o texto que publicou na sua página do Facebook expondo uma realidade abjecta; agora só me falta saber por que escolheu o Governo a propriedade da ZMar.

Da Ásia para Odemira

«Tive oportunidade de estudar a imigração da zona de Odemira há cerca de dois anos, confrontando-a com as sucessivas alterações à lei de imigração. Cheguei à conclusão, logo aí, que o nosso Governo, Parlamento, C.M. etc., procediam alegremente a alterações legislativas irresponsáveis, populistas, muitas delas destinadas a ceder à pressão de ONGs e activistas dos direitos humanos dos imigrantes com parcos conhecimentos jurídicos, em busca de soluções rápidas e simplistas. Percebi que já estava a dar asneira. Deu asneira.
As tais alterações traduziram-se em sucessivos alargamentos de regularizações em massa, abrindo cada vez mais as portas a uma via completamente desastrosa para se adquirir a residência em Portugal. Uma delas - a pior - dava um título de residência a quem estava em Portugal a trabalhar durante um ano.
Concretizou-se o que eu temia, e que pude confrontar na prática.
Uma lei que abre as portas à imigração via regularizações é má. É péssima. É uma lei que diz: venham clandestinos, fiquem aqui escravos sossegadinhos uns tempos. Caladinhos, aí escondidos nos num canto qualquer às molhadas. Depois damos a residência.
Ora sucedeu que isso chamou milhares de pessoas. Isso, e as ofertas de trabalho em barda nas milhentas estufas que fazem hoje parte da paisagem vista do espaço sideral de Portugal.
E Portugal não estava preparado.
Havia muitos, muitos pedidos no SEF, todos iguais: nepaleses, paquistaneses, todos vindos da mesma maneira, de avião até o Reino Unido, e depois de táxi, carro, até Odemira. Às centenas. Quem arranjava estas viagens? E cá ficavam um ano, à espera. Onde ficavam? Quanto pagavam para viver? Quanto recebiam? E depois, o pedido de regularização. Que, devido aos atrasos, se arrastava por mais um ano, e depois outro, e por aí a fora.
Uma política de imigração baseada em regularizações não é uma política de imigração segura. Não é política de imigração justa. Não permite ao Estado poder preparar as suas capacidades de acolhimento. É uma política de imigração que apenas faz com que os passadores, os traficantes, os empregadores, os senhorios, e uma data de gente de "esquemas", de todo o percurso, enriqueça à custa do desespero e da promessa de uma residência no fim da linha. Caros amigos defensores dos direitos dos imigrantes: é um caminho fácil e enganoso. Não é para isso que serve o instituto jurídico profundamente específico da regularização.

Festejava-se. Fantástico, Portugal tem MAIS um meio para integrar imigrantes que estão cá ilegalmente!!!
Não. Portugal criou MAIS um meio para trazer imigrantes ilegalmente. Portugal criou MAIS um meio para explorar imigrantes.
Portugal não sabia quantos vinham. Em nome do discurso cada vez mais vazio dos "direitos humanos", vieram e vieram muitos. Clandestinos, escondidos, vistos na beira da estrada, a caminhar, sempre a caminhar, nas estradas da Longueira e de S. Teotónio.
Mas já era um assunto que não dizia respeito a ninguém. Onde estava o departamento social da Câmara Municipal de Odemira? Onde estava a ACT? O SEF? A ver estas pessoas todas nestas condições? E sabia-se. Sabia-se. Estava à vista de todos.
E agora o Governo invoca "direitos humanos" e transporta pessoas de madrugada, com militares, com cães, para as enfiar num parque privado requisitado de forma ilegal, sem grandes explicações, sem tradutor, (diz quem está no ZMar que estavam verdadeiramente assustadas), sujeitando-se a ter de as retirar daí a uns tempos por ordem do tribunal?

O Direito da Imigração é uma coisa séria, caro Legislador. Não pode ceder ao choradinho do discurso fácil da solução bonitinha. Porque uma solução fofinha pode dar muita asneira. E aqui está a prova. Com uma violação ainda mais massiva dos direitos humanos dos imigrantes do aqueles que se queriam proteger.
Não controlar quem entra é mau. Nunca na história correu bem a clandestinidade. Nem adianta entrar em histerias e dizer que "controlar" exclui "proteger direitos", pois aqui é o contrário.
Saber quem entra permite ao Estado garantir direitos a quem está.
A nossa política de imigração está a tornar-se um fiasco total em todas as suas fases. Não controlamos mais quem entra no nosso território, como entra, se vem através de redes de tráfico, se vem para ser explorada, se vem para trabalho escravo, transportamos pessoas de um lado para o outro a meio da noite, com militares armados e invadindo terrenos privados, e se calhar no final ainda os expulsamos todos por estarem ilegais no nosso país.
E temos um Ministro, que não se demitiu num dia em que teve uma das suas polícias a praticar tortura e homicídio, e que ainda nos vem dar aulas sobre "direitos humanos".»

COME FLY WITH ME

Lembram-se de James Bond a escapar aos maus levantando vôo?
Foi em "Thunderball", no longinquo ano de 1965

 


Mesmo sabendo que o conceito é antigo e que o "Jetpack" não será propriamente 
uma novidade não deixam de me fascinar estes últimos treinos publicados pela 
Royal Navy; 
Olhem lá:


Também o Air Ambulance Service aderiu aos fascinantes Jetpack com óbvios benefícios



A quem possa interessar, há um modelo à venda em Londres por 340 000 £
Eu vou esperar pelos saldos mas só no que se poupa em parquímetros e multas...

.

OPERAÇÃO "NEPTUNE'S SPEAR" 01/MAIO/2011 - 10 ANOS DEPOIS

 Hoje, 1 de Maio de 2021 cumpre-se uma década sobre a Operação "NEPTUNE'S SPEAR", o raid  que tomou de assalto a casa de bin Laden no Paquistão e que culminou com a sua execução


Numa entrevista informal conduzida por Ben Rhodes, antigo conselheiro de Segurança Nacional adjunto, o então Presidente Obama e o Almirante Bill McRaven, comandante das forças de operações especiais que executaram o ataque, conversaram sobre os milhares de pessoas que tornaram essa missão possível e o que significou para cada um deles e para os EUA.

Uma conversa sobre história, sobre emoções, sobre patriotismo e agradecimento acompanhada por imagens a ver

T'OU-M'APASSAR! A REPUBLICA POPULAR DE PORTUGAL

 Fui ver porque achei que não podia ser bem assim. Mas é. É exactamente assim

Ou por outra, é mais, bem mais do que assim mas já lá vamos, primeiro o desenrolar da notícia...

O ZMAR é, segundo a informação que disponibiliza no Google:


«Situado perto do sudoeste alentejano e do Parque Nacional da Costa Vicentina, este hotel descontraído fica a 8 km da Praia do Cavaleiro no Oceano Atlântico Norte e a 77 km da estrada europeia E1.
As cabines de madeira simples incluem Wi-Fi grátis e TV de ecrã plano, para além de kitchenette. As cabines com 1 a 3 quartos incluem sala de estar separada.

Dispõem de 2 restaurantes informais e café. Outras comodidades incluem ginásio, spa e piscina exterior com esplanada e espreguiçadeiras, para além de bar junto à piscina e zona recreativa para crianças. Estacionamento disponível.»

----------

- Segundo o Observador:

«Sem ter chegado a acordo com os proprietários da unidade hoteleira, o Governo avançou com a requisição civil do Zmar, em Odemira, local onde passarão a ficar isolados doentes infectados com o vírus da Covid-19. No despacho, publicado em Diário da República, determina-se que a responsabilidade de gerir o empreendimento turístico passa a ser do município de Odemira, com o apoio da autoridade de saúde e da Segurança Social. A requisição será válida enquanto a declaração da situação de calamidade for aplicável ao concelho alentejano.»

----------

- Segundo a TSF:

 «Zmar "não é apenas um parque de campismo, mas sim um espaço onde existem várias habitações particulares".
"Há 260 casas, 160 de particulares, e esta requisição civil [do Governo] é para todo o empreendimento
"
O primeiro-ministro anunciou no final do Conselho de Ministros na quinta-feira que o executivo iria fazer requisições naquele município alentejano, com o objectivo de instalar pessoas infectadas, pessoas em risco de contágio e também população que vive em situação de "insalubridade habitacional admissível, com hiper-sobrelotação das habitações", como é o caso de vários trabalhadores agrícolas emigrantes, entre os quais têm sido detetados surtos da doença Covid-19.

Segundo Nuno Silva Vieira, (advogado que representa 114 dos 160 proprietáriosa requisição do Governo é sobre todas as habitações, o que demonstra que o executivo desconhece o empreendimento.
"Ninguém vai sair das suas casas e vamos ficar aqui tranquilamente à espera que o Governo venha falar connosco, porque com certeza o Governo não conhece este empreendimento", destacou.
O advogado reforçou que o 'resort' não é um parque de campismo e que, "de acordo com a mais elementar regra constitucional do direito à habitação, ninguém pode sair das suas casas sem um despacho do tribunal".
"O Governo não é o tribunal e as pessoas que aqui vivem não vão abandonar as suas casas para dar lugar a pessoas doentes. Não se trata de má vontade, tem a ver com leis", apontou.»
----------

- E indo um quanto mais longe O JORNAL ECONÓMICO, que toca o busílis da questão a 5 deste mês de Abril


«A empresa dona do Zmar entrou em insolvência, a Multiparques a Céu Aberto. O eco camping resort fica localizado perto da Zambujeira do Mar, concelho de Odemira, distrito de Beja.

A insolvência da Multiparques a Céu Aberto – Campismo e Caravanismo em Parques foi pedida pela Ares Lusitani. O juízo de Odemira, do Tribunal de Beja, proferiu sentença a 11 de Março a ditar a insolvência da empresa dona do Zmar.

Entre os seus credores estão a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o site de reservas Booking, a fornecedora de eletricidade e gás natural Iberdrola, o Novo Banco, o Turismo de Portugal e a Noniussoft, software e consultoria para telecomunicações.

Os credores têm até ao dia 12 de abril para reclamar créditos, e a Deco aconselha os consumidores que estiverem interessados em exigir a devolução de pagamentos já efetuados a dirigirem-se ao administrador de insolvência, Pedro Pidwell da Silva

“Os consumidores interessados podem efetuar a reclamação de créditos que disponham até ao dia 12 de Abril

Questionado pelo Jornal Económico, o administrador de insolvência do Zmar revelou que no dia 27 de Abril vai ter lugar a “assembleia de credores, órgão máximo do processo de insolvência, que irá deliberar sobre os destinos da empresa”, mas que o objetivo é voltar a reabrir portas, o que só poderá acontecer depois de dia 27 de Abril e se os credores assim o entenderem.

“Neste momento, estamos a laborar com o propósito de reabrir o Zmar assim que for possível”, disse por email Pedro Pidwell da Silva.»

                                                       ---------- < O >----------

Agora pergunto eu que, além de ser uma chata, estou vagamente em estado de choque e digo coisas sem sentido:

A insolvência da ZMAR foi ditada a 11 de Março; A 27 de Abril teve lugar a Assembleia de Credores; a  29 de Abril o governo decide emitir um Despacho, assinado e publicado nesse mesmo dia, para requisição civil da Zmar, da totalidade da Zmar,  de ambos os tipos propriedade, colectiva e privada. 

Digo eu em estado de choque, mas que descomunal porcaria por aqui vai; sentir-me-ia mesmo tentada a perguntar quem está interessado em deitar a mão à propriedade da Zmar? Algum primo, por certo...

                                                      ---------- < O >----------

E já agora outra coisa...

 A Base Aérea n.º 11, ou Base Aérea de Beja, é uma base da Força Aérea Portuguesa, situada a poucos quilómetros da cidade de Beja e que tem na forja, pelo menos dois projectos, a saber: 
1 - Em Junho do ano passado, 2020, o ministro da Defesa, João Cravinho, anunciava que a Base Aérea nº11 iria ser o poiso dos cinco aviões KC-390 que Portugal contratou comprar. Pois, mas os aviões só começarão a ser entregues em Fevereiro do ano que vem, 2023, e, segundo o mesmo ministro, “significa que mais uma centena de militares com as suas respetivas famílias virão para Beja”
2- Existe um projecto para a instalação em Beja uma escola de formação de pilotos  de países NATO,o qual tem estado em ‘stand-by’ devido à pandemia covid-19.

Ora bem...

Constou-me, "ouvi dizer, não sei", que a Base Aérea nº11 tem "estado às moscas", há dezenas de camaratas vazias, em ‘stand-by’...

Só mais uma pergunta descabida: o tal "realojamento profilactico de trabalhadores que não têm condições de habitação digna"  - só descobriram agora - não poderia ser feito na Base Aérea?

E mesmo que... 
Por qualquer razão razão que queiram evocar, inventada ou válida, tanto faz, não seja possível ou conveniente a utilização da Base numa situação apresentada como urgente, por que não fazer a contratação de uma unidade hoteleira do distrito, uma daquelas que devido a confinamentos e todas as outras razões a jusante da pandemia, se encontram vazias e em situações económicas comprometidas?

Que coisa mais prepotente e descarada. Chamem-lhe fascismo, comunismo ou arroz de manteiga, autocracia é isto.

Abstenho-me de outro comentário para além da constatação de que é Portugal inteiro que não tem condições de habitação digna

.