JOSÉ SÓCRATES VAI À MERDA. (Post politicamente incorrecto)

Exmos. Leitores,

Abri este blog no dia 9 de Julho de 2007.

Desde então, por muito que me sinta indignada com o que se passa no meu país. nunca parti para o insulto; variadíssimas vezes dei a minha opinião - desagradável, desagradabilíssima mesmo - face às práticas do executivo de José Sócrates. Nunca, até hoje, utilizei linguagem menos própria em nenhum dos "posts" publicados. Aqueles que me conhecem bem talvez estranhem, por vezes até talvez tremam... Aqueles que me conhecem sabem que tenho o hábito de chamar os bois pelos nomes... E quando um boi não é apenas boi, é corno, há que lhe chamar corno. Quando um tipo merece que o mandem à merda é aí que merece que o mandem, não vale a pena entrar em paráfrases de falsos punhos de renda e mandar o tal tipo ao cócó.

O executivo, e a minoria situacionista - sim minoria, façam contas e somem, dividam, mas por uma vez percebam: o PS foi o partido mais votado mas não representa a maioria do povo votante - estão muito exacerbados com o discurso do Presidente da República, esse sim, eleito à primeira volta pela maioria do povo votante, em sufrágio directo.

Parecem o Américo Tomás a falar do futebol para afastar um ou outro tema do qual era uma chatice falar; e não se falava.

Agora fala-se do "novo pacote" e do discurso do Presidente da República.

Estou-me a passar.

Não, estou-me a passar com esta merda

O que é que querem, responsabilizar o Presidente da República pela manifestação convocada para amanhã?

Não, não vim aqui defender a posição do Presidente da República: o homem tem razão, leiam o seu discurso de Tomada de Posse se se derem ao trabalho e, de cabeça aberta se possível, verão que o homem disse o que havia a dizer, tardiamente mas disse.

Assumam-se e maldigam as redes sociais, maldigam o Facebook, instrumento manipulado pela malandragem que tomou de ponta este executivo e não olha a meios para levar a sua avante. Pois.

Assumam que estão mesmo à rasca, mesmo, sem ser para fazer graça ou aproveitar trocadilhos.

E se não estão à rasca deviam estar: pela primeira vez desde o dia 25 de Abril de 1974 está convocada uma manif. totalmente, absolutamente, à margem dos poderes institucionalizados, dos poderes partidários.
E também à margem do poder do Presidente da República, como é óbvio, como todos sabem. Todos, situacionistas, executivo, todos.
Os nervos vêem daí, o resto é conversa, histérica e estéril, de quem não aceita critícas nem perdas. Que raiva!

Após o 25 de Abril deram-se algumas, poucas, manifestações pluri-partidárias; a "Grande Manif da Alameda" foi convocada, à priori, "sem bandeiras de partidos", só nacionais. Não foi assim que depois aconteceu mas o espírito estava lá, no entanto as convocatórias foram partidárias, pluri-partidárias.

Se não estão à rasca deviam estar - deviam ter consciência do que têm vindo a fazer às pessoas; do que estão fazendo uma vez mais, sem que isso resolva coisa alguma.
Resolve, momentaneamente, as satisfações que há a dar ao Banco Central Europeu. E Só. Nada mais. Quem vende, e vende, e revende a Dívida Pública, quem compra empréstimos , com a taxa de juros a que nos têm sujeitado, sabe, ou devia saber num momento raro de lucidez, que não vai haver maneira de a pagar de acordo com o que se pretende fazer acreditar - "quem vier atrás de mim que feche a porta", diz o povo, e bem.

Se não estão à rasca deviam estar; se não estão é porque faz parte da praxis: "o povo que se lixe, eles sabem lá o que é que querem, estão a ser manipulados. Estas bestas ( o povo) não percebem que não há outra hipótese, que estamos a fazer o que é imprescindível?"

Durante anos ouvi, e disse, que o Presidente da República se calava, se calava demais, que não tomava posições, que não dava um murro na mesa.
Cavaco Silva não deu um murro na mesa, pelo menos ainda não deu.
Cavaco Silva chamou os bois pelos nomes, educadamente. Tomou uma posição e falou verdade. Aguentem-se. Não foi demagogia, não dourou a pílula nem, finalmente, optou por "não se meter no assunto". Falou verdade. Que chatice!

Cavaco apelou à juventude? Ainda bem, pois que apele, é bem tempo de que esta acorde, que saia da Playstation, do portátil, e de todas as outras coisas que ocupam o lugar do tempo dos futebois de Américo Tomás. E que berre e grite e esperneie e se revolte - com aquela revolta pura e verdadeira da qual só os mais jovens são capazes. Que se revolte contra o enfeudamento do seu futuro, das suas potencialidades, dos seus direitos por nascimento: nasceram pessoas livres e assim devem permanecer. Lutem. Berrem, porque quem tem uma dívida às costas como a que os jovens portugueses têm, tem todo o direito de berrar.

Apelou à juventude em vésperas de uma manifestação convocada, essencialmente, via Facebook? Pois foi, olhou à sua volta e viu o que ocorria; e falou; e dirigiu-se às pessoas.
Óptimo, ainda bem, até que enfim. Isto é falta de imparcialidade? Uma gaita, isto é dizer:
«Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo. Mostrem a todos que é possível viver num País mais justo e mais desenvolvido, com uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna. Mostrem às outras gerações que não se acomodam nem se resignam.»
Isto é um mau conselho? É ser parcial? Na boca de Barack Obama soaria muito bem, na boca de Cavaco Silva é meter o bedelho intempestivamente.

"Isto é que é uma gaita, só faltava agora este gajo a dizer aos jovens que façam ouvir a sua voz, que mostrem não se acomodar nem se resignar... uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna? Mas o que é que ele quer, não sabia continuar calado?"
Pois é José, é muit'a chato... que descaramento.

O José Sócrates não falou nem ouviu, não teve tempo, teve de ir prestar contas para Bruxelas. Azarito.
O José Sócrates nem sequer tem página no Facebook... Ou por outra, ter tem, mas não são bem dele, são-lhe dedicadas... Quem quiser que as procure, não quero entrar por aí, nem tenho tempo para isso.

O José Sócrates está chateado, acha que o Presidente da República não foi imparcial.
Pois não, não foi e não tem de ser. Não deve ser. O Presidente da República foi tão, ou mais, eleito quanto o primeiro-ministro.
O Presidente da República foi inconveniente para este executivo, foi parcial- tomou o partido do seu povo. Gaita!

O Presidente da República recorreu a dados oficiais, a declarações e análises do Banco de Portugal e, estruturadamente, colocou a realidade preto no branco.

O que digo não é cego nem sectário, não sou grande admiradora de Cavaco Silva - mas por razões que não vêm ao caso - do que vem ao caso digo que o homem falou verdade inconvenientemente;
e digo "finalmente", já o deveria ter feito, a sua responsabilidade nesta farsa advém do seu silêncio. Pois que não seja tarde para remediar a falta.

O José Sócrates está chateado. É natural, no lugar dele eu também estaria.
Estaria mais do que chateada, estaria à rasca.

O raio que o parta.
O José Sócrates escusa de se revoltar contra o Cavaco, escusa de insultar o povo manipulado, ignorante e estúpido.
A grande gaita não é apenas a "impopularidade" das medidas do novo pacote de austeridade - essas o Zé-povo até é capaz de as aguentar ( que remédio).
A grande gaita é que o povo ignorante e estúpido lê nas entrelinhas a impossibilidade de reaver a sua vida normal, o bom futuro dos seus filhos, o reconhecimento do seus direitos.
O povo ignorante e estúpido e manipulado sabe que está a ser sacrificado em nome de uma política descuidada, megalómana, idolátra, que foi varrendo para debaixo do tapete a realidade crescente de uma ruptura económica e financeira.

O povo ignorante, estúpido e manipulado dá mostras de estar revoltado por ter sido enganado, repetidamente enganado, por se ter deixado enganar. Finalmente.

O José Sócrates pode agarrar-se aos elogios de Bruxelas; pois que se agarre, pouco mais lhe resta a que se agarrar.
O Banco Central Europeu não tem de cuidar dos portugueses, tem de cuidar do Euro. E fá-lo.

O José Sócrates tem obrigação de cuidar dos portugueses, de Portugal. Não o fez, não o faz.
O José Sócrates cuida da sua imagem - ou julga que o faz - junto do BCE, junto da CE, junto da Tia Angela; luta por se manter onde está, pela sua soberania, que a de Portugal já era.

José Sócrates vai à merda.


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4 comentários:

  1. Olá Obelix!

    Olha, não sei, mas enquanto vai e volta... pode ser que fique atolado pelo caminho.

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  2. Quanto ao desígnio principal deste artigo, não posso estar mais de acordo.

    Quando ouvi falar desta manifestação pela primeira vez pensei que, finalmente, a sociedade estava a reagir, de uma forma sã, com um propósito nacional, supra- partidário e paralelo aos poderes instituídos.

    Hoje, vi o resultado... Punhos no ar, José Afonso, plataformas, cravos e, para a televisão, o cenário habitual...

    Ou não puderam ou não quiseram...

    A partidocracia já tomou conta... pelo menos infiltrou-se e ditou as regras do espectáculo mediático...

    Esqueçam!

    Sou monárquico desde que me conheço como pessoa e, do presidente, não tenho grande impressão, embora o ache sério qb.

    Estranhamente, desta vez, até quase que gostei…

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  3. Caríssimo Laurus nobilis,

    desta vez respondo-te com um novo post.

    Até breve.

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