MAS NÃO PELA SUA APARÊNCIA?

O mundo inteiro viu a foto tirada no "Situation Room" de Barack Obama durante o ataque das forças especiais norte-americanas à casa onde se escondia Bin Laden; "Os 40 minutos mais longos da minha vida", disse Obama.
O mundo inteiro viu a foto e quem nela estava fotografado.
Por entre os presentes encontravam-se duas mulheres: Hilary Clinton, enquanto Secretária de Estado da Defesa, e Audrey Tomason, Directora do Contra-Terrorismo, sendo esta última uma das figuras chave da operação uma vez que, com o "National Security Council" (NSC), a Agência da Casa Branca que trabalhou de perto com os serviços secretos que conduziram a Bin Laden.



Até aqui nada de novo.
Porém há quem não goste de ver mulheres envolvidas nestas coisas; ou de ver mulheres de um modo geral, vá-se lá saber...

Há um jornal, o Der Tzitung - um orgão Nova-iorquino judeu Yddish - que não publica fotos de mulheres. Provavelmente há vários, fundamentalistas judeus, muçulmanos e islâmicos. Não estou a falar de mulheres nuas ou que para lá caminham, estou a falar de mulheres e ponto. Seja o qual for a notícia ou a mulher, se é mulher não pode aparecer numa foto do jornal. Pronto é lá com eles, evocam razões de ordem religiosa e não há nada a fazer, para eles são razões

Até aqui há que encolher os ombros, aceitar, ou não, protestar, ou não, e adiante.
Porém, uma coisa é não publicar fotos de mulheres: dá-se a notícia e não se ilustra com fotos em que estejam representados esses seres humanos; outra coisa, a meu ver bastante diferente e não justificável com credos religiosos, é pura e simplesmente manipular as fotos que se pretende publicar e apagar as mulheres que constem na dita. Ou seja, alterar o facto fotografado que deixa, ainda que parcialmente, de ser um facto para passar a ser um "quase-facto" - coisa que não existe - ou mesmo que deixará de ser coisa alguma, dependendo das circunstâncias e conteúdo.

Vamos supor que chega à imprensa uma foto do grupo de "Todos os laureados com um prémio Nobel no ano de XXXX"; vamos supor que deste grupo fazem parte 3 mulheres.
Esta foto, publicada pelo desenvencilhado Der Tzitung, teria 3 prémios Nobel a menos e, mais giro, demonstraria que as mulheres não ganham prémios Nobel.
Isto é notável... Culturalmente notável. Espero que esta rapaziada do Der Tzitung não se esqueça de fazer um bom arquivo fotográfico para poder mostrar aos vindouros como foi a história da humanidade. Gajas ao fogão, JÁ!

E vem este meu blá-blá-blá a propósito de quê?

DISTO:


Os motivos religiosos de cada um são seus. Ok.
Se olharmos para o Estado de Israel dificilmente poderemos esquecer Golda Meir, uma das fundadoras do Estado,o que ela fez e o que enfrentou.
Hoje alguns dos "homens" mais activos e perigosos do exército israelita e da Mossad são mulheres, pedras de toque da defesa do povo judeu.

Que raio deu nestes "jornalistas"?

Vieram a público "pedir desculpa" pelo ocorrido. Pedir desculpa?

Disseram eles:
"The readership of the Tzitung believe that women should be appreciated for who they are and what they do, not for what they look like, and the Jewish laws of modesty are an expression of respect for women, not the opposite"

"A redacção do the Tzitung crê que as mulheres devem ser apreciadas por serem quem são e por o que fazem, não pela sua aparência e as leis judaicas relativas à modéstia são a expressão do respeito pelas mulheres, não o oposto"

NÃO PELA SUA APARÊNCIA?

Por acaso o facto de Hilary Clinton ser Secretária de Estado da Defesa e de viajar pelo mundo inteiro em funções intima e directamente ligadas ao governo dos EUA teve algum peso na decisão da redacção?
Por acaso o facto de Audrey Tomason, detentora das funções já acima referidas, ter sido fotografada entre Tony Blinken, conselheiro de Segurança Nacional do Vice-Presidente dos EUA e John Brennan, conselheiro de Contra-Terrorismo, pesou na decisão da redacção?
Nada disto pesou, o que pesou foi a sua aparência: são mulheres. Corta.

Gostava de saber se estes tipos deram a notícia da entrega do Nobel da Paz a Madre Teresa. Estaria Gustavo da Suécia sozinho na foto estendendo a mão a um "ser invisível"?

Disgusting.


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2 comentários:

  1. Uma vez, em Antuérpia, perdi-me e tive a triste ideia de perguntar em francês a um judeu ortodoxo, uma indicação. O que eu fui fazer! Não só me dirigi ao senhor numa língua proíbida naquela zona da Bélgica, como também, efectivamente, eu era um gentio... A ortodoxia religiosa é sempre uma coisa muito má; ainda bem que quer nos cristãos, quer nos judeus, são minoritários. Nos muçulmanos, também penso que sejam...

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  2. Todo o fundamentalismo dá asneira; é intolerante e lesivo "do outro", logo encerra em se um dos infernos da humanidade: o desrespeito.

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