NATAL 2011, UM NATAL COMO DEVE SER

A programação neuro-linguística é uma coisa lixada.
Pode ser muito útil, não duvido, mas quando é gerada uma penetração inconsciente através da repetição pode ser pérfida.

Estes últimos, vá lá, dois anos que vivemos em Portugal embruteceram as pessoas ainda mais do que o habitual.
A crise, a crise, a crise. "Estamos todos tramados, não há saída, é o fim". Ó raça... A mentalidade burguesa gera a pior mentalização em massa que pode ocorrer a um povo.

Este ano "decidiu-se" que não há Natal. A frase anda por aí à solta, nas bocas e, pior, nos corações.

Porquê? Porque o dinheiro é curto, porque houve um corte nos subsídios de natal, porque a vida está difícil em muitos aspectos?
E daí? A mim parecem-me razões acrescidas para que tenhamos natal, um natal feito de momentos tão felizes quanto possível que quebrem a rotina e a vivência diárias.

Pela primeira vez na minha vida cheguei ao dia 23 de Dezembro sem ter feito Árvore de Natal. Ela tem estado ali, coitada, com meia dúzia de bolas pingonas com um ar triste como um grito surdo a pedir ajuda para brilhar e fazer sorrir.
O meu filho resolveu que este ano era ele quem enfeitava a árvore. Pois... aquilo dá uma grande trabalheira e, verdade seja dita, a forma pouco experiente como ele prende os enfeites não resiste à primeira abanadela que o cão faz com a sua espanejante cauda. E eu deixei-me ir, chego cansada, tenho muitas coisas "prioritárias" e outras tretas.
Ontem caí em mim. Olhei para aquele testemunho de substituição da vida pela sobrevivência que se erguia na minha frente sob a forma de uma árvore pingona e caí em mim. Que tristeza, como pude "deixar andar" até chegar aqui? Não está ninguém doente, não aconteceu nenhuma desgraça, temos tudo o que precisamos, e muito para além disso, não há guerra, não houve nenhum terramoto, os nossos amigos e família estão bem... POR QUE RAIO NÃO HÁ ÁRVORE DE NATAL?????????

Por que raio rodopia em torno de cabeças baixas um «Este ano não há Natal» como se o natal não dependesse de cada um de nós. O NATAL DEPENDE DE CADA UM DE NÓS. E não é uma frase feita, um chavão, é exactamente assim, das poucas coisas com projecção social que depende exactamente de cada um.
Levamos a vida inteira a dizer que o natal é a família, os amigos, a solidariedade, os encontros e reencontros e blá-blá-blá. Bonito! Ao primeiro corte no subsídio, às reais dificuldades - ou pelo menos fragilizadas facilidades - praguejamos que não há natal "este ano".
Ora bolas para tanto espírito natalício. Este ano, mais do que em muitos, há quem precise que seja e se viva, de facto, o natal, pelas razões mais diversas, pelos motivos mais diferentes.

Pois fiquem sabendo que eu faço tenções de ter um belíssimo natal, provavelmente até melhor do que muitos porque este natal me fez cair em mim de uma forma muito mais consciente. Com menos prendas, pois será e muito, mas muito, sinceramente estou-me completamente nas tintas. Sabem o que é que eu quero mesmo? Estar com aqueles que me são importantes, dar umas boas gargalhadas com muita vontade, beber um bom e reconfortante copo, partilhar uma ceia em volta de uma mesa onde não se senta o interesseirismo nem o "tem de ser".
Quero ver a excitação e a alegria estampada na cara do meu filho, que sabe que este ano as prendas serão menos mas que é um miúdo feliz porque tem família e amigos para partilharem o natal com ele e tem coisas boas para comer e uma casa quentinha onde estar. Ele sabe... e está tão contente por ser natal e por ir estar com as pessoas como em qualquer outro ano. «Hão-de vir dias mais ricos mãe, eu gosto sempre do natal...»
Como tenho a possibilidade de fazer o que mais quero posso ter um Feliz Natal, um a sério, que não é o dia da troca de embrulhos.

Já fiz a minha Árvore, mesmo cansada, mesmo com dores nas costas a bramarem que o dia foi comprido e cheio; ainda não tem luzinhas nem neve e falta o meu filho colocar-lhe a estrela grande lá em cima mas já tem a companhia do Pai Natal e de uma rena bebé.
Sinto-me muito melhor, dei um chuto na parvoeira. Chega de tretas
O natal não é "quando um homem quiser" (que frase tão estúpida...) , é só uma vez por ano, é agora e vem de dentro.

FELIZ NATAL!

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