SOL NA EIRA E CHUVA NO NABAL

O jornalista Paulo Gaião escreveu, ainda no dia 25 de Outubro, um artigo no "Expresso" denominado:
 «O filme de Marcelo vai ser um fiasco na Alemanha» ..........................está AQUI
(obviamente... mas pelo menos parece que está a ser um êxito de bilheteira cá no nosso burgo).

Não acertou no conteúdo do filme, julgou que seguiria uma linha mais histórica; só fez um bingo ao dizer que iria lembrar os alemães o quanto já os apoiamos, mas convenhamos que adivinhar tal conteúdo não era nada fácil, há ideias que só passam mesmo pela cabeça do Marcelo.
Pois mas agora não vou falar mais do filme, já tomei dois Alka-Seltzer e não quero abusar.

Estou a referir o artigo do Paulo Gaião porque a dada altura, já quase no fim, ele diz algo que estou cansada de pensar e até de dizer em conversa e que me parece fundamental ter em mente quando se aborda o incontornável tema da carga fiscal:
«Hoje, queremos fugir ao programa da troika. Fixámo-nos na questão do aumento brutal dos impostos mas muitos dos que hoje protestam seriam dos primeiros a vir para a rua se o governo  cortasse a fundo na despesa pública e atirasse 150 mil funcionários (públicos) para o desemprego.»
Ah pois é!
Ninguém contesta que a contribuição em impostos - do IRS ao IVA passando por todos os outros, individuais e colectivos - é uma carga avassaladora; nem mesmo o ministro das Finanças tentou sequer dourar a pílula quando anunciou "um brutal aumento de impostos". Mas...
Quando se fala da taxa de desemprego - que ao pé da espanhola é uma menina - não é sequer contestável que o governo tem, na medida do quase impossível, tentado conte-la e se tem recusado a libertar o Estado dos cerca de 150 mil funcionários públicos excedentes.
Excedentes esses que todos nós estamos a pagar, públicos e privados, indivíduos e empresas.
Quem berra nas ruas não berra por este despedimento a fim de não sobrecarregar tanto a carga fiscal. Berra por Sol na eira e chuva no nabal. Pois, não dá...

Não sei se o coronel Otelo teve isto em mente quando se dispôs a fazer ameaças no fim de semana passado como se a resolução do problema da carga fiscal estivesse ali à mão de semear. Também não sei se ele teve em mente que aquilo que disse, sendo ele um militar, constitui um crime. Sei que sonha com uma revolução para depor um governo inequivocamente eleito. Sei que sonha em montar, outra vez, o cavalo do poder e ser o Grande Libertador da Pátria, o Che Guevara nacional mas ele ainda não disse como é que resolvia o problema; havia de ser bonito de se ver. Megalomanias...
O coronel Otelo anda a pedir chuva, anda... no nabal.



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