PÔS O DEDO NA FERIDA

"Só é possível dialogar com quem quer dialogar, por exemplo com os nossos irmãos muçulmanos o diálogo é muito difícil"O Cardeal Patriarca de Lisboa deixou um conselho às jovens portuguesas:
"Estão a ser dados os primeiros passos, mas é muito difícil porque a verdade deles é única. Eles querem o diálogo, estão num país maioritariamente católico, porque como fazem os lobos na floresta, é uma maneira de demarcar os seus espaços e terem os espaços que eu lhes respeito». "
"Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano. Pensem, pensem duas vezes. É um monte de sarilhos que nem Alá sabe onde acabam os problemas. Se eu sei que uma jovem europeia de formação cristã,ou cristã assim-assim, a primeira vez que vai para o país deles é sujeita ao regime das mulheres muçulmanas, imagine-se lá",ripostou D. José Policarpo à jornalista e anfitriã da tertúlia, Fátima Campos Ferreira, dizendo conhecer "casos dramáticos" que não especificou.
Alertou também para a necessidade de existir «respeito e conhecimento sobre a religião muçulmana" como sendo a «primeira atitude fundamental a resolução de problemas e para o diálogo".
“Nós somos muito ignorantes. Queremos dialogar com muçulmanos e não gastámos uma hora da nossa vida a perceber o que é que eles são. Quem é que, em Portugal, já leu o Alcorão?”. “Se queremos dialogar com muçulmanos temos de saber o bê-a-bá da sua compreensão da vida, da sua fé. Portanto, a primeira coisa é conhecer melhor, respeitar. O conhecimento de princípios essenciais da comunidade muçulmana facilitaria até as relações religiosas. Nós somos muito ignorantes, queremos dialogar com muçulmanos e não gastámos uma hora da nossa vida a perceber o que é que eles são. Quem é que em Portugal já leu o Alcorão?»Durante a tarde de dia 14Jan. a Comunidade Islamica de Lisboa emitiu um comunicado onde pode ler-se:
"Ficámos de alguma forma magoados com a escolha das palavras do senhor Patriarca de Lisboa relativamente à nossa Comunidade e ao diálogo que temos procurado com todas as confissões religiosas e, em particular, com as religiões cristãs" .
http://sic.aeiou.pt/online/video/informacao/Primeiro+Jornal/2009/1/declaracoescardealpatriarca
.htm
Pois, é natural, quando se põe o dedo na ferida doi.
O Cardeal Patriarca foi politicamente incorrecto mas não politicamente hipócrita.O momento político durante o qual surgem as suas declarações torna-as ainda mais inflamáveis.
Mas agora pergunto eu, quantas mulheres portuguesas, de cabeça fria e sem os oculos cor-de-rosa da paixão, gostariam de viver num pais muculmano?
Quantos de nós serão capazes de aceitar que, com religião ou sem ela, uma mulher seja apedrejada até à morte por pena de adultério? (Ai meninas...)
Fiquemo-nos por aqui, parece-me que não é preciso avançar mais.
Se D. José Policarpo fosse activista de uma organização defensora dos Direitos Humanos, como a Amnistia-Internacional ou qualquer outra, em vez de um Cardeal Patriarca, outro galo cantaria.
A cabeça serve para pensar, não para inserir a informação em arquivos de pré conceitos e classifica-la de acordo com a ordenação previamente estabelecida.

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