PÔS O DEDO NA FERIDA
Durante uma tertúlia que teve lugar no Casino da Figueira da Foz na noite de 13 de Janeiro, com mais de duas horas de duração, Dom José Policarpo disse estar disponível para dialogar com a comunidade muçulmana em Portugal, mas considera ser difícil conseguir este objectivo.
"Só é possível dialogar com quem quer dialogar, por exemplo com os nossos irmãos muçulmanos o diálogo é muito difícil"O Cardeal Patriarca de Lisboa deixou um conselho às jovens portuguesas:
"Estão a ser dados os primeiros passos, mas é muito difícil porque a verdade deles é única. Eles querem o diálogo, estão num país maioritariamente católico, porque como fazem os lobos na floresta, é uma maneira de demarcar os seus espaços e terem os espaços que eu lhes respeito». "
"Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano. Pensem, pensem duas vezes. É um monte de sarilhos que nem Alá sabe onde acabam os problemas. Se eu sei que uma jovem europeia de formação cristã,ou cristã assim-assim, a primeira vez que vai para o país deles é sujeita ao regime das mulheres muçulmanas, imagine-se lá",ripostou D. José Policarpo à jornalista e anfitriã da tertúlia, Fátima Campos Ferreira, dizendo conhecer "casos dramáticos" que não especificou.
Alertou também para a necessidade de existir «respeito e conhecimento sobre a religião muçulmana" como sendo a «primeira atitude fundamental a resolução de problemas e para o diálogo".
“Nós somos muito ignorantes. Queremos dialogar com muçulmanos e não gastámos uma hora da nossa vida a perceber o que é que eles são. Quem é que, em Portugal, já leu o Alcorão?”. “Se queremos dialogar com muçulmanos temos de saber o bê-a-bá da sua compreensão da vida, da sua fé. Portanto, a primeira coisa é conhecer melhor, respeitar. O conhecimento de princípios essenciais da comunidade muçulmana facilitaria até as relações religiosas. Nós somos muito ignorantes, queremos dialogar com muçulmanos e não gastámos uma hora da nossa vida a perceber o que é que eles são. Quem é que em Portugal já leu o Alcorão?»Durante a tarde de dia 14Jan. a Comunidade Islamica de Lisboa emitiu um comunicado onde pode ler-se:
"Ficámos de alguma forma magoados com a escolha das palavras do senhor Patriarca de Lisboa relativamente à nossa Comunidade e ao diálogo que temos procurado com todas as confissões religiosas e, em particular, com as religiões cristãs" .
http://sic.aeiou.pt/online/video/informacao/Primeiro+Jornal/2009/1/declaracoescardealpatriarca
.htm
Pois, é natural, quando se põe o dedo na ferida doi.
O Cardeal Patriarca foi politicamente incorrecto mas não politicamente hipócrita.O momento político durante o qual surgem as suas declarações torna-as ainda mais inflamáveis.
Mas agora pergunto eu, quantas mulheres portuguesas, de cabeça fria e sem os oculos cor-de-rosa da paixão, gostariam de viver num pais muculmano?
Quantos de nós serão capazes de aceitar que, com religião ou sem ela, uma mulher seja apedrejada até à morte por pena de adultério? (Ai meninas...)
Fiquemo-nos por aqui, parece-me que não é preciso avançar mais.
Se D. José Policarpo fosse activista de uma organização defensora dos Direitos Humanos, como a Amnistia-Internacional ou qualquer outra, em vez de um Cardeal Patriarca, outro galo cantaria.
A cabeça serve para pensar, não para inserir a informação em arquivos de pré conceitos e classifica-la de acordo com a ordenação previamente estabelecida.
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