Gosto de animais de um modo geral, de cães acima de todos, de cavalos logo logo ali pertinho; e gosto de gatos, de pássaros, de peixes, de ratinhos, de tartarugas, e de leões, tigres, ursos, chimpanzés, ouriços, elefantes, lamas, coelhos...
Se pudesse exterminava as baratas, independentemente das consequências que tal crime tivesse na pirâmide bio-qualquer-coisa.
De resto prefiro, e chega-me, que uns quantos bichos vivam lá e eu cá, sendo que esta minha marcada preferência se aplica a bichos de várias espécies, incluindo alguns que se fazem passar por Pessoas mas que humanamente não passam de "gente", muitos dos quais nem a isso ascendem.
(Não é o caso da personagem deste post, não duvido de que seja pessoa, e até uma pessoa bem intencionada mas, creio que ambos estaremos de acordo, mais vale eu por cá e ele por lá, ou vice-versa, não faço questão. )
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Esta manhã fui tomar o meu café, o primeiro, muitas vezes o único mas sempre aquele que me torna num ser mais ou menos tratável, dependendo dos dias e das condições atmosféricas.
Hoje amanheceu um dia bonito, bem "Verão de S.Martinho" e eu estava bem disposta, felizmente.
Foi então que dei de chapa com um jovem que conheço desde que eramos crianças - pronto, está bem, já não será assim tão jovem; morava perto da casa dos meus pais e tinhamos vários amigos comuns. O tal jovem-ou-nem-tanto foi tomar o pequeno-almoço ali mesmo onde vou tantas vezes porque blá-blá-blá-blá.
Grandes "Olás" para cá, "que tens feito" para lá, um "às vezes sei de ti pelo XY (um dos tais amigos comuns), ele lê muitas vezes o teu blogue e eu agora também vou lá espreitar de vez em quando".
Vai daqui que o "governo assim", "os portugueses assado", "o teu filho deve estar enorme" e sai-se-me com esta:
"O que eu não esperava de ti era ver-te a escrever posts a propósito do dia dos anos do teu cão"
-"QUÊ?" , esganicei-me eu quase borrifando o café boca fora... "Não esperavas de mim... devias..."
"Eu sei que sempre tiveste cães, que gostas muito de bichos... mas é esquisito ver-te escrever assim sobre um cão... até parece que falas de uma criança. Do teu filho nunca pões fotos no blog..."
"Pois não", respondi eu enquanto já fazia sinal para pedir a conta, "Pois não ponho nem vou pôr e também não escrevi nenhum post sobre os anos do meu filho nem sobre o que disse a veterinária dele"
"Mas achas isso normal?" voltou o jovem-ou-não-tanto à carga tentando fazer-me raciocinar sem ser muito incisivo.
Eu respirei fundo, toquei-lhe ao de leve no braço com o ar mais condescendente que consegui para esbater o que estava de facto a passar-me pela cabeça e contei-lhe uma pequena história:
"Há cerca de uns treze anos, ainda não tinha nascido o LR nem pensava em nascer, acompanhei o meu cão Reilly durante os últimos momentos da sua vida. Durante muitos dias senti-me numa espécie de "Twilight Zone", um estado de choque pacífico e passivo.
O senhor Reitor, cheio de boas intenções, não duvido, disse-me:
-"Deixe lá, quando a menina tiver um filho já não se prende assim a um cão, vai ver que deixa de ligar"
E eu respondi ao senhor Reitor:
- "Se o senhor pensasse dos homens o que eu penso, compreenderia o que eu admiro, respeito e amo nos cães, qualidades que em gente raramente encontro. E quando eu tiver um filho a primeira coisa que faço é comprar-lhe um cão."
Vai o jovem-ou-não-tanto e tenta balbuciar: "Está bem, percebo-te mas..."
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