Lavei os dentes, meti-me lençóis abaixo ao som da Euronews - queria ver o boletim meteorológico que é curto e certeiro - e em menos de 5 minutos carreguei no botão mágico, sorri para o quentinho e para o silêncio.
Mas de repente... PLIN! Pois, PLIN!. Olhinhos bem abertos, plin-plin.
E comecei a pensar em comida... a virar-me, a revirar-me... a pensar em coisas chatas...
OK. Carreguei outra vez no botão mágico, sentei-me, acendi um cigarro e comecei o "zapping" idiota. "Zapping" 1, ascendente, "zapping" 2, descendente... Hups! O que é isto?
Era o Scolari abraçado às bandeiras, a portuguesa e a brasileira, no meio do campo a chorar como um miúdo; o Scolari abraçado ao Ricardo, aquele fabuloso guarda-redes que tirou as luvas e se foi a ela; o Scolari aos pulos de braços no ar a correr de cá para lá ao longo da linha lateral como se fosse um enorme urso enjaulado.
Ah, bons tempos...
Eu gosto muito

As imagens do Scolari levaram para longe as reviravoltas e os pensamentos chatos, levantaram-me os cantos da boca e fizeram-me saudades... saudades do Scolari, saudades do tempo em que os portugueses tinham algumas alegrias, nem que fosse só nas semanas em que estávamos a jogo.
Mas havia outra coisa que me estava a chamar a atenção, não eram só a imagens que me absorviam... a voz em off... Raios, eu conheço esta voz, esta entoação (tudo isto decorria tendo a RTP2 em pano de fundo) .
Elevei um pouco o volume do som quase inaudível e ouvi uma conversa informal entre dois homens, um português e um brasileiro, sobre o Scolari, as emoções, as distâncias e as proximidades, as mútuas influências entre Portugal e o Brasil. Logo mudou a imagem e apareceram dois tipos sentados a cavaquear no conforto tropical de uma sala envidraçada e mobilada com bambus. Um era um jornalista brasileiro que desconheço, o outro era o Carlos Fino.O Carlos Fino, na RTP? Hum...
Eu gosto do Carlos Fino. E sorri outra vez.
Tive saudades do jornalismo

Já não se fazem jornalistas assim - podem ser melhores ou piores mas assim não há mais. Bons tempos...
(Percebi no fim do programa que afinal não se tratava de dois jornalistas mas de um jornalista, brasileiro, e do conselheiro de imprensa da Embaixada de Portugal no Brasil)
E sono? Sono nada. Plim-plim, piscavam-me os olhos sem réstia de sono, nem de pensamentos chatos. Antes assim.
Mais um "zapping" - "2001, Odisseia no espaço"... E acerto logo na parte de que gosto mais: o ecran fica negro e aparece em letras garrafais: "Jupiter and beyond the infinite". São os últimos minutos do filme; fascinantes. Uma, e outra e mais outra vez, sempre fascinantes. O bendito filme está com mais de 40 anos (1968) e parece irreal a forma como não envelhece - visualmente, tematicamente, cientificamente e.... misteriosamente. Sempre com um novo detalhe, um pormenor de luz, um olhar novo. Uma osmose de luxo: Clarke e Kubrick ou Kubrick e Clarke. Um privilégio.
(Deixo a sequência com música de fundo dos Pink Floyd; tivessem deixado o original "Assim falava Zaratustra", de R. Strauss e estaria perfeito.)
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Claro que depois disto já se consegue conciliar o sono, certo?
Hum... Não...
Depois disto levantei-me e fui fazer um "cachorro quente" com muita mostarda e batata palha. Pois. ( o que querem, raramente arranjo tempo para almoçar - no verdadeiro sentido do termo - quem me conhece sabe que se não me alimento desapareço, o que, se por alguns lados seria um alívio por outros, mais importantes, seria uma perda irremediável).
Heis-me no ponto alto da noite: a parte em que estou quentinha no meu edredon com um "cachorro quente" numa mão e o telecomando na outra em busca do filme perfeito para tanta mostarda. E encontrei.
A série perfeita em menos de 30 segundos de busca - cheguei mesmo a tempo para a reunião inicial, mesmo a tempo de ouvir o saudoso Phil dizer: " And let's be carefull out there!"
(Eu gosto do Phill. E também gosto do Frank Furillo, da lindissima Joyce e do Nick, gosto muito do Nick quando ele morde nos criminosos).
Ah, bons tempos... quando se fumava nas esquadras, os hamburguers não eram de soja e a malandragem ia dentro sem se pensar três vezes se poderia processar os "bons" e sem perfis psicológicos complicados.
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No final do "cachorro quente", de mais um cigarrito e da "Balada", estava também quase no fim da noite. Suspirei para o relógio, escorreguei de semi-sentada para muito deitada e pensei que talvez não fosse mau dormir duas horas e picos, profundamente, com muitas memórias de bons tempos. Perfeitos.
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que galo nao teres adormecido ,quando e assim fecha logo a televisao.Agora Scolari ate fiquei sem apetite para o pequeno almoço e dormi bem
ResponderEliminarrui
Tu não gramas o Scolari? Não me admira nada, os tipos do FêCêPê só gostam da prata da casa que faz aqueles bruxedos que o bruxa do Pintinho manda;
ResponderEliminarQuando à falta de apetite para o pequeno-almoço... entendo-te... Isso costuma passar com um "Guronsan" ou uma "Aspirina efervescente"...