Diz assim:
«Votos de protesto»Ao que eu respondi - ao e-mail da N..., claro - mais ou menos assim:
João Maria Condeixa, 24/1/11
«Não acredito que ninguém no seu perfeito juízo tenha votado em José Manuel Coelho com vista à sua eleição e tenho a ideia que a grande maioria dos votos de Nobre lhe foram atribuídos, não por lhe reconhecerem capacidades para o cargo, mas por personificar uma candidatura fora do sistema.
No fundo foram dois canais de votos de protesto que somados representam 18.6%, ou seja, 782 482 votos. Se a estes somarmos 4.26% brancos e 1,93% de nulos, ficamos com 1.028.000 votos de protesto, ainda que alguns nulos sejam de monárquicos. Um milhão e 28 mil eleitores (!) a reclamarem melhores políticos e políticas, o que num universo de 4.489.904 pessoas que foram votar representa 23%.»
Feitas as contas temos os "Protestantes" situados um pouco acima de Alegre e um tanto abaixo de Cavaco; Não altera nada senão talvez para Alegre...
(isto partindo do princípio não linear de que se trata de "votos de protesto")
E agora adiciono o seguinte:
Só não entendo muito bem a ressalva feita no expresso:
«...ficamos com 1.028.000 votos de protesto, ainda que alguns nulos sejam de monárquicos.»Embora alguns monárquicos prefiram escrever "Viva o Rei", e outras coisas parecidas, nos boletins de voto, não creio que careçam de ressalva, é um protesto tão bom quanto qualquer outro (por mim diria até que melhor do que muitos outros)
Também há monárquicos que votam em branco; por protesto.
Também há monárquicos que se abstêm de votar num candidato a Presidente da República. Por coerente protesto.
Mas um protesto contra o regime republicano, não outro, já que estamos a ver as coisas pelo prisma da diferenciação do voto dos monárquicos
Não constava no meu e-mail mas este "post" de João Condeixa termina assim:
«Com uma abstenção a bater recordes e a posicionar-se nos 53,37% e 23% de votos de protesto já descritos, não devíamos estar a falar no estado de saúde da democracia - como já é hábito e se tornou cliché - mas sim no estado de saúde político daqueles que trabalham sob a sua égide. É que a primeira está viva e recomenda-se, agora os seus protagonistas, esses, definham a cada acto eleitoral que passa. Sinal de que há uma geração por acabar. Só espero que não tenha feito escola..»Primeiro, não estou convencida, mesmo nada convencida, de que os tais 53,37% de abstenção sejam "abstenção de protesto", antes fossem, teria um significado mais racional e menos vergonhoso.
- Aparte aqueles que não votaram porque boicotaram as eleições como "forma de luta" escolhida para os seus fins mais ou menos justos,
- aparte os que não votaram porque seus abençoados Cartões de Cidadão lhes boicotaram a vontade
- e mais os não sei quantos que não tiveram transporte autárquico, como vi hoje num qualquer "telejornal" que vociferava - sem som mas com muito "rodapé", valha-nos isso - no restaurante onde almocei.
A dada altura já não conseguia ler mais "rodapés", como aquele "Não votou porque lhe disseram que já tinha votado"; tinha os olhos rasos de lágrimas... de tanto rir (sim, eu sei que não tem graça mas é o meu jeito de lidar com as inevitáveis manifestações de pobreza cívica nacional). Senti-me num qualquer pequeno país da América Latina - cheguei mesmo a adiantar que o nosso próximo acto eleitoral será supra-visionado pelas tropas da O.N.U.
Estou convencida sim de que a grande maioria dos não votantes não se inscrevem nos "Protestantes" mas antes nos "Não estou p'ra isso e está um frio do caraças" e outros nos "Votar p'ra quê?". Sem protesto, por alienação pura e dura. (sobretudo dura)
Segundo, essa boa fé em que a nossa Democracia "está viva e recomenda-se" gostaria eu de a ter. Viva está mas não me parece nada recomendável. Esta campanha eleitoral deu bem testemunho desse "estado de espírito".
Quanto aos "protagonistas", não me parece que sejam os que se submeteram ontem a sufrágio que gozem da justeza dessa generosa qualificação de "protagonistas da nossa democracia"; Creio que esses são outros, uns mais expostos outros mais ocultos e, infelizmente, a "fazerem escola", alarvemente.
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«O problema é que, com mais ou menos votos, as eleições são legitimas e aos que não votam resta acatar sem protesto as decisões dos políticos.
Estava na altura da maioria silenciosa perceber que em democracia o melhor mesmo é fazer-se ouvir»
Raquel Abecassis
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A propósito ou talvez não:
«Comissão Nacional de Eleições admitiu ontem à tarde que a confusão instalada nas mesas de voto iria "aumentar, com certeza, a abstenção". Governo rejeita a tese.» AQUI
E AQUI
«Eleitores por todo o país aguardavam hoje (23/01) à tarde em longas filas, com cartão de cidadão na mão, para obter um novo número de recenseamento, que, em alguns casos, sofreu alterações desde as últimas eleições. O problema foi agravado pelas falhas nos serviços electrónicos disponibilizados pelo Governo para facilitar o processo. Face à demora e à falta de informações, algumas pessoas terão mesmo desistido de votar.»
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