Ante-ontem não foi diferente, lá me dispunha eu a sucumbir à mandria matinal quando ouvi qualquer coisa que pensei não estar a perceber bem... Muito a custo abri um olho e vi o Hugo Chavez botando faladura, envergando fatinho e gravata como se fosse um senhor.
«Como não apoiar o governo de Bashar al Assad se é um governo legitimo?»Afinal não era eu que tinha percebido mal, era mesmo o Chavez que expunha a sua loucura ao olhos do mundo com a maior descontracção durante a primeira conferência de imprensa após a sua reeleição. Falava como se o que dizia fosse a coisa mais óbvia e natural do mundo: reiterava o seu apoio ao facínora da Síria como se falasse de um qualquer líder democrático pronto a defender o seu povo.
«A quem apoiar? Os terroristas?»QUÊ? , pensei eu já completamente desperta com os dois olhos bem abertos. O povo sírio é que é terrorista?
«Os que se intitularam Conselho de Transição e que andam a matar gente por todo o lado?»Ahh, os revoltosos é que andan a "matar gente",,,
Ok, ficamos esclarecidos: se de hoje para amanhã os venezuelanos se opusessem a Chavez como os sírios se opõem a al Assad, levavam com uns balásios e uns mísseis em cima para ver se percebiam o que é um governo legítimo. Toma lá que é democrático!
«A revolta na Síria é uma crise que foi planeada como a queda de Muammar Kadhafi (coitadinho, foi uma vítima), na Líbia e os Estados Unidos são um dos principais responsáveis.»Claro, what else?
Todos sabemos que os EUA são capazes de fomentar e apoiar revoltas noutros países, os EUA e não só; Daí a vitimar Muammar Kadhafi e Hugo Chavez, ignorando totalmente a matança prolongada dos seus próprios povos, a que todos fomos, e somos, presentes, vão anos luz.
Nem os chineses, na sua cínica sabedoria, nem os russos, no seu descomunal descaramento, tiveram túbaros para tanto.
Os russos até podem enviar armamento e kits de mísseis para o governo Sírio a bordo de um inocente avião comercial mas pelo menos fazem-no pela calada, têm alguma noção das conveniências. (Dos chineses não sei, ou estão quietos ou, se não estão, pelo menos ainda não foram apanhados...).
Resta a Turquia que "é mesmo ali ao lado", e já vê dos seus a sofrerem "danos colaterais"; além disso quer ver boa cara ás chefias europeias.
Só me faltava esta, apoiar a Turquia...
Mas o Chavez... Ah pois, o Chavez não olha a "conveniências", diz o que lhe apetece, defende os seus "amigos". E que amigos o Chavez tem...
Ó Hugo, porque no te callas?
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