ENTRE TOMAR E LEVAR, DIABOS O LEVEM

Quem me conhece sabe, e quem me vai lendo também deve desconfiar, que não sou propriamente puritana e menos ainda no que toca à linguagem. Purista talvez um pouco, puritana nunca. Evidentemente que acho que tudo tem de ter em conta as circunstâncias, que é como quem diz  tudo tem hora, local e intervenientes.
É absurdo mandar alguém ao cócó, mais vale estar calado. Poderão argumentar que se se for educado está-se calado para não se dizer "vai à merda". Talvez. Não vejo a coisa assim; na minha humilde opinião ser-se bem educado é algo intrinsecamente ligado ao respeito pelo alheio e por nós mesmos. Não deitar papeis para o chão é ser-se bem educado, desde que não o façamos mesmo quando ninguém está a olhar. Roubar é falta de educação pois desrespeita a propriedade alheia. Então e mandar alguém à merda, não é falta de educação? Depende das circunstâncias mas, a meu ver, é uma demonstração da falta de respeito que sentimos, o que, muitas vezes, é perfeitamente legítimo e saudável, é um escape de agressividade que faz bem à alma e ao fígado evitando outras manifestações menos desejáveis e mais dolorosas.

Como dizia Ary dos Santos:
«Há que dizer-se das coisas
o somenos que elas são.
Se for um copo é um copo
se for um cão é um cão.

Mas quando o copo se parte
e quando o cão faz ão ão?
Então o copo é um caco
e um cão não passa dum cão.
»


Chamar as coisas pelos nomes, sim mas pelos nomes, sem eufemismos parvos ou brasileirismos ridículos; se há altura em que é fundamental usar bom português é quando se profere um insulto, ainda para mais quando se utiliza uma expressão idiomática.

Vem isto a propósito do ex-secretário de Estado da Cultura Francisco José Viega O Chico foi ordinarote, pindérico. Não foi o que disse, quero lá saber do que o Chico diz, foi como disse: a despropósito, sem graça, sem a menor elegância.
Toda a gente pode dizer impropérios mas que o faça com graça ou com elegância ou, melhor ainda, com ambas,  sempre sem despropósito e no fundamental "Bom Português".

Pergunto-me se o Chico saberá distinguir entre "tomar um autocarro" e "levar um autocarro"...
Pergunto-me se o Chico andará a ver novelas brasileiras de suburbio...
Pergunto-me mais, o que andará o Chico a ver? Cultura...
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«Francisco José Viegas adoptou o acordo ortográfico, pelo menos na sua relação com as Finanças» 
Quinta-feira, 14 de Fevereiro de 2013 - in "Imprensa Falsa" 

«Francisco José Viegas já adoptou o novo acordo ortográfico, pelo menos quando se trata de...» ler AQUI
 
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Com alguma graça é assim:

Sismo sentido no norte depois de um contribuinte não ter pedido factura

Quinta-feira, 14 de Fevereiro de 2013 - in "Imprensa Falsa"

«O sismo sentido esta quarta-feira no norte do país poderá ter sido um aviso do Ministério das Finanças, pois o epicentro teve lugar onde à mesma hora um contribuinte não pedia factura.

Pouco passava das 17 horas em Paredes, quando Simplício pagou o café e uma água com gás sem pedir factura. «Não é melhor eu tirar uma facturinha?», ainda perguntou o senhor do café. «Olhe que eles disseram hoje que quem não pedir factura está feito!», acrescentou.

«Ó amigo, eu quero é que eles se lixem, está a perceber? Não quero factura nenhuma!», respondeu o Simplício, segundos antes de se começar a ouvir um barulho enorme.

«O que é isto!?», gritou Simplício, em pânico, numa altura em que o café começou a abanar. «Gaita, eu bem lhe disse!», exclamou o senhor do café. «Homem, tire lá essa factura!», concordou Simplício. «E o número de contribuinte?» perguntou o senhor do café, enquanto tentava segurar a máquina registadora, pois o balcão já tinha sido engolido pela terra. «197 263 834», gritou Simplício, do outro lado de uma enorme cratera, que entretanto se abrira no meio do estabelecimento.

«835?», perguntou o senhor do café para confirmar, pois não se ouvia nada com o barulho. A terra tremia agora com ainda mais intensidade. O lcd caiu do tecto, matando a dona Simplícia, que já tinha dito que o lcd não estava ali bem. «834!», gritou Simplício. «Pronto, aqui está!», disse finalmente o senhor do café, numa altura em que a terra parou de tremer.»
Percebeste ó Chico?


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