REAL GANA, O FORA-DA-LEI

Amanhã quarta-feira, dia 13 de Maio, cumprem-se os seis anos do período de transição do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa sendo que este entra em vigor em Portugal.

A partir desta quarta-feira os portugueses estarão legalmente obrigados ao uso da grafia estabelecida pelo acordo

Isto é de alguma forma estranho pois, se por um lado, o governo, que herdou esta medida,  tem utilizado o "Acordo" nos seus organismos, por outro, o primeiro-ministro, ou antes, Pedro Passos Coelho, quando escreve pessoalmente, por exemplo no Facebook, fá-lo em português livre, correcto e desacordado.
Quem segura as rédeas desta infâmia?

O acordo foi assinado em Lisboa em 1990, por representantes de Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. 
O Acordo Ortográfico é uma convenção internacional, que em Portugal foi aprovada por resolução da Assembleia da República em 2008.
A nova grafia é usada desde 01 de Janeiro de 2012 nos documentos do Estado, nos serviços, organismos e entidades na tutela do Governo, bem como no Diário da República 
O Acordo Ortográfico foi ratificado por Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe mas poucos o puseram em prática. Não foi ratificado por Angola nem por Moçambique. Em Angola não foi ratificado por qualquer órgão político, em Moçambique foi aprovado em Conselho de Ministros, mas não ratificado pelo parlamento não se encontrando assim em vigor.   
No Brasil o Acordo Ortográfico viu a sua prática adiada para 2016.
Mais informação sobre esta "obrigatoriedade":

Jurista defende “dever de desobediência” à utilização do novo Acordo Ortográfico

__________________________________

 A partir de amanhã o Real Gana será um fora-da-lei sem redenção.
Quem não estiver de acordo que não venha por cá, a gerência agradece.
Não sei qual é a pena aplicável pelo desrespeito da nova grafia, se existe ou se será apenas ser-se apelidado de ignorante (o que teria uma certa graça)


Não sei que caminho os portugueses irão tomar relativamente a esta questão, provavelmente haverá uma minoria anexa a funcionários públicos e a escrevinhadores de comunicação social que aderirão a esta vergonha ridícula e uma maioria que continuará escrevendo em português etimologicamente correcto.

O que me lixa é ter consciência de que, por este caminho, a bandalheira linguística vencerá, é uma questão de tempo... E os bandalhos que arquitectaram este assassinato sabem que assim é, esperam pacientemente que morram todos os que não aderem a esta porcaria e sabem também que os filhos destes já não terão escolha: são ensinados de acordo com a vontade dos bandalhos e prestarão provas em que serão desclassificados se puserem letras, acentos e hifens em su sítio.

É verdade, não posso levar o meu filho a escrever correctamente sob pena de o prejudicar na sua vida académica. Somos reféns.

1 comentário:

  1. O ridículo da questão é que, tanto quanto sei, somos o único país lusófono a adoptar o acordo. Para além das luminárias que o pensaram e fizeram aprovar, ainda temos o actual profissional que ocupa o lugar de Chefe de Estado, que promulgou esta aberração. Na lista de desempregados que de tempos a tempos aparece para ocupar o lugar, logo havia de nos calhar um que assinou de cruz, sem nada questionar.

    ResponderEliminar