QUANDO SE FECHA UMA PORTA...

CONVÉM VER SE NÃO SE ENTAIPOU A JANELA...


Segundo o Jornal de Notícias, estarão para ser nomeados os próximos detentores dos cargos de Provedor de Justiça, de presidente do Conselho Económico e Social, os membros da Entidade Reguladora da Comunicação Social, dez dos treze juízes do Tribunal Constitucional e sete vogais do Conselho Superior de Magistratura.

Estas nomeações terão de ser aprovadas por uma maioria de dois terços dos 230 deputados eleitos
Dois terços dos 230 deputados são 153 deputados
A tal maioria que detém o parlamento compõe-se de 122 deputados

Ou é da minha lamentável aritmética ou creio que estarão 31 deputados em falta...


Acho que começo a entender aquela expressão idiomática tão portuguesa:
"Estás metido num grande 31".

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MAIS ATENTADOS DE MORTE DO QUE DIAS PARA MATAR

Quando, a 7 de Janeiro deste alucinado 2015,  o ataque terrorista à "Charlie Hebdo" fez 12 mortos, incluindo os dois assassinos, e cinco feridos graves, o mundo susteve a respiração. Chefes de Estado desfilaram sob o peso de uma consciência acrescida de que a violência letal no mundo tinha subido mais um patamar, um novo paradigma de terrorismo tinha despertado.

Creio que quase todos perdemos a conta aos atentados suicidas, muitos dos quais levados a cabo por meninas-bomba, e às incursões selvagens do Boko Haram em numerosos territórios africanos; perdemos a conta aos atentados e ao insano número de vítimas.

Thousands died in Baga Town after recent Boko Haram attack.
São incontáveis os "ataques aterrorizadores de rua" que ocorrem diariamente em Israel, dos atropelamentos em massa às facadas aleatórias, a "roleta russa" instalou-se





Os atentados de Paris do passado dia 13 de Novembro fizeram-nos entender à saciedade que estamos perante um fenómeno de horror que não é ocasional, que não é esporádico, que não é algo com que possamos viver e ir torneando.

Fecharam-se fronteiras, declaram-se estados de emergência, levantaram caças-bombardeiro, reuniram-se consensos, articularam-se respostas operativas. Compreendeu-se que os sonhos idealistas do Espaço Schengen foram sonhados numa época que já não é, de forma alguma, aquela que estamos vivendo. Fomos brutalmente confrontados com uma realidade que ultrapassou há muito o nível do "incómodo".

Mas na quarta-feira, durante a noite de quarta para quinta-feira, quando presenciava o desenrolar de cenas de guerrilha urbana após mais um massacre colectivo, desta vez em San Bernardino, nos arredores de Los Angeles, vi-me face a um gráfico que nem nas minhas congeminações mais negras - mais assimiláveis por uma ficção cientifica de serie B do que por qualquer análise quantitativa factual - poria a hipótese de a verdade ser tão negra, de se traduzir em números tão absurdos.


 
Este calendário, referente apenas aos E.U.A. , não apresenta o número de vítimas em tiroteios colectivos mas sim o número de ocorrências de tiroteios colectivos por dia que vitimaram mais de 4 pessoas; ou seja, se o número de vítimas for "apenas" de 3 ou menos, essa ocorrência nem se encontra aqui registada.

Em 336 dias ocorreram 355 tiroteios colectivos que originaram mais de 4 vítimas. 
Há mais tiroteios colectivos do que dias no ano.

Dia 2 de Dezembro ocorreram dois: um em Savannah, que fez 4 vítimas, outro em San Bernardino que resultou em 14 mortos e 17 feridos graves.
Quando a realidade é assim tão negra, quotidianamente, já não se vivem dias negros, vive-se nas trevas.
Vive-se nas trevas quando a ocorrência de atentados, tiroteios e mortes violentas se tornam uma rotina, quando começamos a ouvir e ver esses horrores e reagimos como se fizessem já parte da normalidade.

... Não me venham falar de extremismos religiosos: o mundo está cheio de psicopatas assassinos, raivosos, frustrados, que usam as suas pseudo-convicções religiosas como justificação para soltarem todo o ódio que abrigam, toda a incapacidade de lidarem com o mundo, com as suas pequeninas vidinhas, toda a incapacidade de se adaptarem às lutas reais e difíceis a que a vida nos obriga.
Não é uma questão de religião, é uma questão de fraqueza e ódio com a religião por álibi. A loucura e o Mal agem justificando-se em nome de Deus.