Trump não tem qualquer dúvida sobre o assalto informático, mediático, de troca de informações e compromissos que continuamente foi e está sendo operado pela Rússia na América e na Europa. Um dos seus dramas é esse, não ter qualquer dúvida: cria-lhe inseguranças de várias espécies. Não só o leva a, repetidamente, afirmar que ganhou as eleições como o impede de ultrapassar a questão e assumir-se como Presidente de pleno direito, que é.
E depois há a outra insegurança permanente, a de saber, melhor do que quase toda a gente, que algures fechado a sete chaves existem provas, documentos, gravações de ocorrências e negócios no mínimo comprometedores; saber, melhor do que quase toda a gente, quem possui as sete chaves para todo esse material congelado mas pronto a ser cozinhado.
AINDA ALGUÉM TEM DÚVIDAS SOBRE A TRELA CURTA QUE PRENDE TRUMP E SOBRE A MÃO QUE A SEGURA?
Quem tiver é porque as quer ter, sejam quais forem as evidencias permanecerá militantemente incrédulo defendendo que o pobre é vítima de uma cabala negra.
Seja, é uma opção.
Não há justificação alguma para o comportamento do presidente dos EUA.
E não me venham dizer (creio que essa ainda ninguém se atreveu a dizer) que é por convicção ideológica. Trump não tem ideologia, tem ego, e sobra.
Ao longo de uma semana de preparação digna de constar nos anais da história, para júbilo das hostes anti-democráticas e anti-europeístas, Trump declarou a UE como um Inimigo dos EUA - “I think the European Union is a foe,” . Atacou Merkel como estando subjugada à Rússia (logo ela...) com uma argumentação fraca e falseada nos números evocados, de tão fraca que era. Merkel não se perturbou, apenas a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã repôs os factos e disse placidamente não haver risco nem motivo de preocupação. Fez o possível para destabilizar a cimeira da NATO - que, a seu ver, é importante fundamentalmente para os europeus - sob a capa das contribuições económicas, assunto já batido e debatido com calendário estabelecido. Mas as tropas lá do sítio não se deixam enervar por tão pouco, fizeram-lhe a vontade e o bicho acalmou-se.
De notar que as declarações de Trump sobre as contribuições percentuais foram prestadas imediatamente após o início da reunião com as delegações da Georgia e da Ucrânia. (Ele há coisas...) Estas duas delegações tiveram de abandonar a sala de conferencias onde se realizou uma reunião de emergência dos países membros. Poder-se-ia pensar que lhe meteram uma "cunha" quanto ao
timing escolhido.
Depois meteu-se no avião dirigindo-se a terras de Sua Majestade. Antes de aterrar já tinha dado uma lamentável entrevista onde pretendeu abalroar a já encalacrada Theresa May e declarou um acordo comercial com a G.B. como morto. Depois deu o dito por não dito (once more) mas deixou no ar que quem seria um bom primeiro-ministro era o loiro europeu, nem mais nem menos de que Boris Johnson... Pois.
Por fim, ahh at last, o momento mais ansiado, desde há anos, o Vlad só para ele!
Ou talvez melhor dizendo, ele só para o Vlad...
Que se lixe a América, que se lixem as Agências de Informação e de Segurança, que se lixe a democracia e as eleições, que se lixem os assassinatos, os espiões, os refugiados sírios (e todos os outros), que se lixe a Crimeia e quem morreu num avião comido por um míssil. Que se lixem os aliados. E que se lixem as investigações, sobretudo isso; há verdades que não podem, em circunstância alguma, ser expostas; venham elas de onde vierem.
Querido Vlad, passa-me a bola que eu defendo.
"I have great confidence in my intelligence people, but I will tell you that President Putin was extremely strong and powerful in his denial today,"