Ontem à noite Monsieur Charles Aznavour encheu a MeoArena. De muito alto dos seus 92 anos (pode lá ser, parece que são a fingir) cativou as várias gerações de público durante quase duas horas, sem intervalo nem cansaço. Cantou, conversou, gracejou e fez promessas para a próxima.../...
Com o charme de sempre mas bem menos nostálgico do que testemunha da dor que presenciamos diariamente a açoitar os mais desafortunados do nosso injusto mundo, abriu o espectáculo com "Les émigrants": «Comment crois-tu qu'ils sont venus? Ils sont venus, les poches vides et les mains nues...», o mote estáva dado. Mais adiante, em jeito de conversa, fechou as suas palavras, sem revolta nem declamação dizendo "Je suis un homme libre, de libre pensée", e seguiu-se "Comme Ils Disent". Mesmo canções como "La Bohème" ou "Il faut savoir" ganharam uma outra dimensão neste contexto, de um homem de 92 anos, presente e consciente, que sempre se recusou a ignorar o sofrimento alheio, que se embrenhou na vida com profundidade e dignidade.
E que continua a cantar maravilhosamente.
.../...Foi uma companhia frequente ao longo da minha vida desde que me lembro de ser gente. E continuará a ser, os artistas têm essa centelha de eternidade.
Ficam duas das minhas canções favoritas (são quase todas favoritas...) que guardo como parte de mim coladas a lembranças felizes.
E a ultima entrevista, dia 28 de Setembro, há apenas 3 dias...
Merci Monsieur Azmavour, merci Charles.
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