Não é pela novidade, é para que fique registado, para que não passe em branco
De vez em quando, na vida, no mundo, perante a dignidade, perante o carácter, há situações que não se compadecem com a neutralidade nem com a abstenção; situações em que não há gradações de cinzento, ambiguidades inocentes, ou são brancas ou são pretas e qualquer evocação de daltonismo não passa de uma ocultação mal-amanhada de interesses e compactuações inconfessos.
Hoje foi votada no Parlamento Europeu a declaração da Rússia como Estado patrocinador de terrorismo e a denuncia dos ataques russos à Ucrânia como actos de terror e crimes de guerra.
A resolução, não vinculativa, foi aprovada com 494 votos a favor, 58 contra e 44 abstenções.
Não me vou debruçar sobre o peso avassalador das inúmeras e diversas razões que sustêm esta resolução, são óbvias e visíveis para todos, também para os que as negam
Dos 9 euro-deputados socialistas portugueses 4 abstiveram-se; justificaram a sua posição, ou falta dela, dizendo, e cito:
"A resolução introduz um precedente contra os valores europeus que é o apelo à supressão de liberdade de expressão no espaço europeu""Esta classificação arrisca condicionar negativamente o futuro” e "mistura crimes de guerra que devem ser julgados como tal, dentro da moldura definida no quadro do Direito Internacional, e os actos de terrorismo. É um caminho perigoso que pode colocar em causa o devido julgamento dos crimes de guerra"
"A resolução segue a linha política definida pela direita no Parlamento Europeu com o objectivo de inviabilizar qualquer negociação diplomática."
Aparentemente a madama deputada ignora que os apoiantes de Putin na Europa são exactamente aqueles que nunca apoiariam esta resolução, começando em Berlusconi, passando por Le Pen e continuando por Urban, que dá uma no cravo e outra na ferradura porque as finanças por lá também não andam nada bem. Se estes apoiantes do Kremlin não são a direita vou ali e já venho. Adiante.
E...
Essa da "negociação diplomática"...
Não chego a perceber se é mera ingenuidade se absoluta estupidez, sei que não cola por lado nenhum. Nada levará a Rússia à mesa das negociações diplomáticas senão a inegável derrota de Putin - na Ucrânia e na Rússia.
Nem Zelensky se fica por menos, com toda a razão.
A resolução foi aprovada por larga maioria com 598 votos a favor, 55 contra e 41 abstenções.
Quem nasce torto...
Em resposta a Rússia fez um ataque informático ao Parlamento Europeu.
E mais não digo porque não quero descambar e a vontade assalta-me
.
Sem comentários:
Enviar um comentário