O Dia das Mentiras ainda espreita ali na esquina que este fim de semana acaba de virar e não o quero deixar partir sem uma nota, porque este "Dia" já não é só uma brincadeira anual, tem vindo a transformar-se num modus vivendi para um número assustadoramente grande de gentalha, um número crítico mesmo
Numa conferência de imprensa por ocasião do aniversário da guerra, Zelensky referiu-se intensões da Rússia ao invadir a Ucrânia e ao que se seguiria caso fosse bem sucedida: a invasão de outros Estados, alguns da NATO, o que arrastaria de imediato os EUA para a guerra.
Consciente de que parte dos "donos" do Partido Républicano se opõem ao apoio à Ucrânia, sem nomear ou insinuar fosse quem fosse, Zelensky disse:
«Os EUA nunca irão deixar cair os Estados membros da NATO. Se, devido a várias opiniões e enfraquecimento da assistência prestada a Ucrânia viesse a perder, a Rússia irá invadir Estados bálticos, Estados membros da NATO e então os americanos terão de enviar os seus filhos e filhas (para a guerra) exactamente como nós temos de enviar os nossos(#) filhos e filhas e eles terão de lutar, porque é da NATO que estamos a falar; E eles morrerão. Que Deus o proíba porque é uma coisa horrível» (#)A tradutora, no vídeo, engana-se e diz "seus"
Os críticos do apoio financeiro e militar que a América tem vido a prestar à Ucrânia pegaram na frase de Zelensky (sublinhada) e isolaram-na das referências a um eventual ataque a países da NATO reduzindo as declarações a 19 segundos de conteúdo. Mais, alguns agarraram-se a um pequeno erro de sintaxe, cometido por um ucraniano a falar inglês, para reforçar as - inexistentes - declarações de Zelensky:
A diferença entre "os americanos terão de enviar" (will have, como diz Zelensky) e "os americanos teriam de enviar" (would have, como estaria correcto). Por rebuscado que pareça foi assim que gente supostamente responsável (senadores, antigos funcionários de topo do governo de Trump, meia-dúzia de militares, os arautos das rádios e sites de propaganda) transformou uma declaração normal e coerente numa exigência absurda que, obviamente, não foi feita.
Porquê? Com que intenção? A bem de quem? Deixo à vossa consideração...
Um pequeníssimo exemplo:
Muito melhor do que eu possa explicar é ver o "Fact Checking" da CNN que é claríssimo.
Tive de dividir o vídeo em duas partes para que não fosse demasiado "pesado" na transferência para o blog mas está completo e não editado. Deixo o link à página onde foi publicado: 19-second video of Zelensky goes viral. See what was edited out (cnn.com)
Parte 2 - O que foi efectivamente dito sem os cortes que modificaram todo o sentido do conteúdo
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