OS CAVALOS DE PEQUIM

 Não será novidade para qualquer pessoa medianamente atenta que a China caminha a passos largos para uma ruptura económica; Décadas de políticas estatais megalómanas em vários sectores sendo que os principais não são produtivos em termos económicos: a perseguição da supremacia militar mundial, o programa espacial com carimbo "Urgente", a construção de ilhas artificiais no Mar da China no triângulo Vietnam/Filipinas/Malásia e o seu sequente equipamento ( nesta altura já são 8 das quais 3 com bases aéreas), uma classe política e partidária enorme e pesadíssima. E... Dezenas de super-cidades construídas e semi-construídas totalmente desertas, abandonadas, milhares de quilómetros de estradas construídas por onde circulam as moscas, fábricas montadas e equipadas que nunca entraram em funcionamento... 

E as "ajudas" que vieram depois: O controlo forçado da gigante económica e financeira, e privada, AliBaba, a crise da Bolsa de Hong Kong, e a queda da Evergrande, os  anos de Covid com lock down total de mais milhões de pessoas - leia-se , e empresas - do que sei contar, uma população envelhecida por anos de política de "só um filho por casal"; 

Por fim a cereja no topo do doce, há 1 ano e picos Biden assiva o “CHIPS and Science Act proibindo a exportação para a China de material e equipamentos para o fabrico de chips de 14 nm. Pelosi ia a Taiwain tratar do mesmo assunto (e não só). Um descalabro tecnológico e económico que, para além de todas as consequências imediatas obriga a um re-investimento e investigação tecnológicos assombrosos. Há que reconhecer que a vida não está fácil por aqueles lados e os amigos não são muitos

Claro que há aspectos favoráveis, à China a ter em conta, a quantidade de produtos o mais diversificados possível que invadem quase o mundo inteiro com a marca #Made in China... De alguns essenciais às maiores tralhas que a China ao mundo deitou estão por todo o lado, até na Tesla do taradinho nº2. 
Chegam para sustentar o colosso megalómano em que a China se transformou? Não, não chegam, há que as fazer render em aspectos que não se prendem directamente com os bens de consumo 

Era aqui que queria chegar; avante então

Os chineses são bons em duas actividades lucrativas: a copiar e a produzir. Também são bons noutro tipo de actividades: a expiar, a escutar e a invadir informaticamente. Deixemos este mote a levedar e já o veremos crescido mais abaixo

Quem navega pela Net, pelas várias redes sociais, sobretudo nos sistemas Android ou IOS - com telemóvel - dificilmente não se terá deparado com anúncios a tudo e mais alguma coisa da "TEMU". Se fizer a busca  para comprar um qualquer produto na Google é trigo-limpo-farinha-amparo que logo ao cimo, nos produtos patrocinados, vão encontrar coisas baratíssimas da TEMU; consoante o produto outras quantas serão da Shein e da AliExpress. Coisas baratas que podem não valer nada em qualidade mas que são largamente apetecíveis particularmente para as bolsas menos favorecidas, ou seja, a maior percentagem da população mundial por muitos, muitos pontos
E é com a venda de tralha por menos de meia dúzia de euros/dólares/libras/etc. que a China vai vencer a sua crise económica? Não, claro que não e, por mais que ajude, o objectivo não é esse.

Lembram-se do "Cavalo de Troia"? Os chineses lembram-se.

Experimentem a fazer uma busca no Google , de preferência no TM de p/ex. "cheap dresses" e vejam as coisas maravilhosas que vos aparecem...
Ah pois, só que para comprar não basta ir ao site e pimba, nada disso; para comprar há que fazer o download da App. A partir daí não interessa nada se compram ou não. 

A TEMU, a Shein e a Pinduoduo

Temu recolhe, entre outras coisas:
• Informações como nome, endereço e número de telefone. 
• Detalhes inseridos, como aniversários, fotos e perfis de redes sociais. 
• O sistema operativo e a versão do telefone ou computador 
• O endereço IP, localização GPS (se em permissão) e dados de navegação. 
• Informações  e fontes de terceiros - contidas noutras apps  no aparelho - sobre o usuário como vendedores Temu, registos públicos, redes sociais, colectores de dados, instituições de crédito e bancárias, parceiros de marketing, acessos de fichas clínicas, e tudo o que pode estar num telemóvel ou computador desde a escola dos filhos à oficina do carro ou o cabeleireiro da sogra

Temu é propriedade e operada pela empresa PDD Holdings, com sede na China e registada nas Ilhas Cayman, que também possui a Pinduoduo, uma plataforma de comércio on-line na China.

A plataforma Temu foi lançada nos Estados Unidos em Setembro de 2022 e é o segundo aplicativo de compras mais popular nos EUA, apenas suplantado pela da Amazon, por enquanto... Mais de 50 milhões de americanos usam a App Temu desde que foi lançada
Em Fevereiro de 2023, foi lançada no Canadá. Em Março de 2023 foi lançada na Austrália e na Nova Zelândia. Um mês depois foi lançou-se em França, Itália, Alemanha, Holanda, Espanha e Reino Unido. Em Portugal aparece crescentemente em anúncios e para aceder ao produto há que instalar a app (aliás como a SHEIN)
Em Maio de 2023 foram finalmente levantadas preocupações sobre os riscos para os dados pessoais dos utilizadores; o aplicativo de compras Pinduoduo, propriedade da Holding que detém a TEMU, foi removido da Google Play Store depois de provado conter malware.

Os analistas de segurança cibernética descobriram que A TEMU, e a Shein, não se limitam a rastrear informações e atividades dos dispositivos, instalam códigos maliciosos que permitem ignorar as configurações de segurança  e espiam outros aplicativos, lêem notificações e mensagens, alteraram configurações, copiam ficheiros e transmitem-nos

Depois de instalada a aplicação é difícil remover tudo, mesmo depois de "apagada".
Descrição, por um profissional, do processo de compra e sequente eliminação da App

«Segui um anúncio TEMU do Facebook.
Instalei o aplicativo e coloquei algumas coisas no meu carrinho. A certa altura pediram para criar uma conta/login. Não o fiz. Adicionei algumas coisas mais ao carrinho e deixei-as ficar
Não fiz o pedido
Removi completamente a App TEMU do telefone. Limpei meus dados do Facebook, dados do Chrome e desinstalei o Temu. Reeinstalei a App Temu - ainda tinha o que coloquei no carrinho de compras,
o que significa que, de alguma forma, armazenou informações noutro lugar do telefone.  
Tentei com outro endereço IP para não correlacionar com base no IP; os produtos escolhidos continuavam lá
Obviamente TEMU estava a armazenar dados que relacionavam o carrinho de compras com o dispositivo. Isso significa que a App foi capaz de extrair informações de identificação específicas do telefone (como IMEI ou outros) para gravar a impressão digital do dispositivo, armazenou dados fora do seu próprio aplicativo ou de alguma forma roubou dados de outra App instalada no dispositivo. Cerca de uma semana depois segui outro anúncio e instalei novamente a App TEMU; o meu carrinho anterior ainda estava intacto Isto deveria ser basicamente impossível tendo em conta como os aplicativos Android funcionam. »
Sumáriamente:
«Não criei conta na Temu, removi o aplicativo do telefone e a Temu não deveria ter nenhuma maneira legítima de restaurar um carrinho a menos que estivesse de alguma forma armazenando dados no meu dispositivo fora do armazenamento do próprio aplicativo.
A Eset mobile sinalizou o aplicativo Temu como tendo a capacidade de sequestrar um dispositivo, assumir o controlo e de enviar informações para o controlador da App.
Se fez download da TEMU ou da Pinduoduo, precisa fazer um reset completo para configurações de fábrica no seu telemóvel para eliminar qualquer código ou rastreamento restante.»

 ------------------------------

Também a Pinduoduo obtém acesso total aos contactos, calendários, álbuns de fotos, todas as suas contas de redes sociais, chats e textos. Noutras palavras, literalmente tudo o que está no telemóvel, tablet e computador sendo que neste último poderá ter mais defesas... Ou não, depende das suas defesas e conhecimento  

Quanto mais permissões um aplicativo solicitar, ou usar infringindo as "permissões" concedidas, mais deve considerar se realmente vale a pena tê-lo.
Não vê grande problema? Pense em tudo o que faz no seu telefone: tem conversas privadas com amigos, família, negócios, médicos, escolas, etc., entra no aplicativo do seu banco, digita senhas, insere informações do seu cartão de crédito, fotografa onde e com quem esteve, e muito mais, mais, mais. Lembre-se destes alertas de segurança antes de clicar em “instalar” o Temu ou outras aplicações "muito vantajosas", nem todas elas sediadas na China

OUTRAS QUESTÕES

- O primeiro objectivo destas empresas não é "ganhar dinheiro"
(Então qual é? Pois...)

Uma análise dos custos realizada pela WIRED – confirmada – da cadeia de abastecimento da empresa mostra que a Temu perde em média 30 dólares por encomenda,.

A empresa financeira China Merchants Securities calculou que a Temu, nas operações nos EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia - sem considerar portanto mercados europeus e outros - está a perder entre 588 milhões a 954 milhões de dólares por ano.

A TEMU, que nada fabrica e tudo vende, pressiona os pequenos fabricantes na China a reduzir preços para níveis que tornam quase impossível obter lucro.

A WIRED analisou diversos custos de envio, incluindo os dados da empresa de pesquisa financeira Haitong International Securities Group, concluindo que o custo de envio, mesmo de um pequeno pacote, dos armazéns da TEMU em Guangzhou para os EUA é de cerca de US$ 14.

A análise da Haitong – confirmada por uma fonte – mostra que a J&T Express, parceira logística da empresa, arca com alguns custos mas a Temu fica em deficit de US$9 a US$10 por encomenda

Levando em consideração os custos além do frete – incluindo descontos e cupóes em dinheiro que a Temu dá aos clientes, custos de serviço e administrativos – o valor médio que a Temu perde em cada pedido para os EUA ronda os US$30.

Adicionemos a isto as ofertas, com objectivos vários, feitas a clientes e o crédito concedido a consumidores que convençam outros a criar uma conta no site através de redes sociais.

Quanto à SHEIN

Desde há muito tempo tem vindo a ser examinado o comportamento da SHEIN, popular retalhista de fast fashion que ganhou popularidade graças ao TikTok, outro aplicativo chinês. Existem muitas razões pelas quais a SHEIN é problemática, desde o facto de os seus produtos serem fabricados por trabalho forçado, o roubo de propriedade intelectual, as informações e declarações falsas sobre práticas comerciais que têm enorme impacto no ambiente
E... Também a SHEIN requer a instalação de uma App
------------------------------

Há provas crescentes de que qualquer peça de roupa fabricada na China está maioritariamente ligada a trabalho forçado na região de Xinjiang - onde o genocídio do povo uigure pelo Partido Comunista Chinês continua, as crianças são separadas dos pais e internadas em escolas para "formatação cultural".
Centenas de milhares de uigures são forçados a trabalhar nos campos de algodão de Xinjiang, algodão que chega a roupas em todo o mundo. É justo dizer que uma peça de roupa fabricada na China contém algodão produzido por trabalho forçado, algodão que também chega a produtos produzidos noutros países. Existe uma lista continuamente actualizada de produtos de trabalho infantil ou forçado, muitos deles feitos na China

Por último

O mercado de telemóveis está invadido por produtos "Made in China"; são mais
baratos do que outros semelhantes e muitos oferecem características de utilização tentadoras como armazenagem, qualidade das câmaras, etc.
Mesmo aqui no nosso rectangulozinho à beira-mar plantado, é crescente o número de utilizadores de TM XIAOMI (maioritariamente mas não exclusivamente) que se queixa de "de repente" os TM's se terem tornado muito lentos... Às vezes resolvem durante um tempo repondo configurações de fábrica outras vezes nem por isso.

É bom ter presente que onde existe um telemóvel e um satélite existe uma localização, um microfone aberto e pronto a transmitir

Não acreditam? É exagero? Aproveitem uma tarde de chuva e refastelem-se no sofá a ver a mini-série Netflix "Pine Gap", muito instrutiva e bastante realista

.

Sem comentários:

Enviar um comentário