AS GUERRAS QUE NÃO VEMOS

 O mundo está ferido por múltiplas guerras, guerrilhas e confrontos que decorrem um quanto lateralmente sendo a "relevância" estabelecida pelo foco dos média; bastou a deflagração de um inferno em Israel/Gaza para que o martírio que ocorre na Ucrânia fosse passado para os títulos pequenos de 1/4 de página e a relato após o intervalo nos noticiários. Da fronteira Israel/Libano presentemente vai-se falando, baixinho, porque, "de repente" vem a propósito o Hezbollah mas tantos outros horrores raramente merecem referência: Myanmar, Níger, Nigéria, Burkina Faso, Mali, Tunísia, Etiópia, Eritreia, Sudão e Sudão do Sul, Rep.C.Africana, Moçambique, Somália e Quénia, a fronteira Afeganistão/Paquistão, India, R.D.Congo/ Ruanda, Iraque, Filipinas, Iémen, Chipre, Líbia, Síria, a fronteira Turca com a faixa curda, Nagorno-Karabach, Georgia, Moldova, Colômbia, México... E , e, e...

São monitorizados mais de 110 conflitos armados;
45 no Médio Oriente e Norte de África
35+ em África
21 na Ásia
7 na Europa
6 na América Latina

Pouco ligamos àquilo que não nos ameaça, directamente; ou que julgamos não nos ameaçar. De vez em quando soa um alarme e, quem não seja muito distraído, pode aperceber-se de que se trata de um rastilho aceso sem que saibamos muito sobre o comprimento da mecha.

É o caso do que se está a passar no mar vermelho com os ataques operados pela milícia de rebeldes Houthis,  mais uma a soldo do Irão e auto-intitulada "Exército do Iémen", onde se mantém sediada ocupando o espaço político do governo internacionalmente reconhecido.  Não contentes com a dupla provocação de disparos de mísseis contra Israel (a quem sonegaram um navio comercial a 20 Nov. último - Vídeo abaixo) , de caminho sobrevoam a Arábia Saudita (que atacam desde 2016) , desde há 6 semanas bombardeiam navios comerciais que navegam pelo Mar Vermelho "porque são israelitas, ou porque podiam ser israelitas, ou porque são amigos dos israelitas, ou porque podiam ser"; e navios militares americanos que, por agora, são os únicos que por ali aparecem em missão semelhante a um "Iron Dome" tentando que o rastilho não atinja um ponto de explosão. 

É assim, vivemos assim.

Só no domingo, 3/12, um dos navios de guerra americanos, o destroyer USS Carney, respondeu a múltiplos ataques de rebeldes Houthis,  a si e navios comerciais no mar vermelho ao longo da costa do Iémen durante cerca de 7h. O USS Carney estava na ponta sul do mar vermelho, perto do estreito de Bab-el-Mandeb entre o Iémen e o Djibouti, em águas internacionais perto da passagem para o Golfo de Áden. Foi reportada intensa actividade de drones e diversas explosões, soaram pedidos de ajuda: 4 ataques a 3 navios comerciais, com alguns estragos mas sem vítimas

O primeiro ataque dirigiu-se ao USS Carney, com drones que foram abatidos.
Depois foi detectado um míssil, também abatido, apontado a um navio comercial britânico, o Unity Explorer, que navegava sob a bandeira das Bahamas. Seguiram-se dois ataques com drones a mais dois navios comerciais.


Os rebeldes Houthis reivindicaram os ataques com grande orgulho e pompa afirmando que continuarão enquanto perdurar a guerra contra o Hamas. Vídeo abaixo (aconselho coca-cola e pipócas a acompanhar)

O recado do Irão está entregue, a rota comercial pelo Mar Vermelho, que dá acesso ao Canal do Suez está comprometida (leia-se guerra). E não queremos cá essa gentalha infiel do Ocidente a bisbilhotar o Golfo Pérsico, queremos navegar e exportar sem engulhos.  Quem quiser segurança que vire para baixo, passe o Cabo das Tormentas e dê a volta a África, é já ali

 A ausência de vítimas e de danos significativos tem permitido aos USA a manter-se longe de uma resposta, de uma reacção urgente e, simultaneamente, têm conseguido evitar a escalada de confronto com Israel e manter a versão de "não existir a certeza de que se trate de ataques directos a navios de guerra americanos"... (Abençoado Biden que tem a cabeça bem firmada)
No entanto disseram : «Temos todas as razões para crer que estes ataques de rebeldes Houthis são totalmente sustidos pelo Irão; os US considerarão todas as respostas adequadas em plena coordenação com os seus aliados»

 Vivemos assim, é assim, até ver



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