A DIGNIDADE NÃO É UM POSTO

 “President Joe Biden is a patriotic American who has always put our country first. His legacy of vision, values and leadership make him one of the most consequential Presidents in American history” - Nancy Pelosi

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 “It has been — and remains —the honor of my life to work for @POTUS for the past twenty-two years.He has restored U.S. leadership around the world and delivered historic accomplishments as President. I look forward to building on that record with him over the next six months.” - Secretary of State Antony Blinken 

 

 Ontem, sábado, Biden não estava ainda convencido de que seria um "peso negativo" nos boletins de voto para a presidência, Congresso e Senado mas passou o dia a estudar os dados recém-chegados: informações, estatísticas e sondagens. Sábado à noite informou a família e os conselheiros mais próximos da sua decisão de retirar a candidatura à presidência. Pediu então a dois dos seus conselheiros mais próximos que iniciassem o processo de redacção de uma carta e coordenassem o anúncio de abandono da corrida à Casa Branca. Trabalhou com o seu conselheiro de longa data e chefe de comunicações, Mike Donilon, para redigir a carta durante a noite. Steve Ricchetti, outro conselheiro  que o acompanha desde o seu tempo de vice-presidente, foi encarregado de organizar o anúncio da decisão. Domingo de manhã telefonou a Kamala Harris.

A vida não é justa, não, não é.

Tanto filho da mãe que há por aí com as rédeas do poder na mão, completamente indiferente às consequências dos seus actos, vontades e proveitos que vai passando incólume entre as espadas da justiça da vida... Porque a vida não é justa, se fosse não castigaria Biden pelo seu crime: envelhecer, expor-se fragilizado. Depois do malfadado debate a 27 de Junho Biden entrou em espiral descendente, de dia para dia, com a pressão dos olhos do mundo sobre cada palavra, cada movimento, cada passo. Há apenas 20 dias escrevia eu aqui:

Está mais velho? Está.
Está mais lento? Está.
Mas não está parvo, sabe perfeitamente o que quer, tem uma experiência política inigualável, uma capacidade diplomática rara. E não é um pulha maligno

Em menos de 20 dias tornou-se evidente que Biden não suportaria mais 4 anos de mandato, não suportaria muito menos do que isso, está a trucidar-se e a ser trucidado

«Let me finish the job», foi a mais sincera expressão da sua vontade, da sua prece à vida. Mas a vida não é justa

A vida não é justa mas Biden é. 

Teimoso como o campeão dos teimosos Biden é a antítese da desistência; tentar até não haver mais hipóteses, dialogar até não existirem mais argumentos, conceder até não poder transigir, conciliar até à fronteira dos opostos. E lutar, até que a luta conduza à derrota. 

Dói-me imaginar o que inundou Biden ao assentir que a sua luta conduziria à derrota, ao ter sido derrotado pela injustiça da vida. Mais uma vez, como sempre, fez o que era preciso ser feito, o que o carácter e o bom senso lhe exigiu. Mais uma vez mostrou ser sábio, coerente e pragmaticamente funcional

Uma coisa que Trump nunca compreenderá é que a Dignidade e o Respeito não se ganham nas urnas, não se conquistam com discursos nem se traficam em influencias, ou se tem, ou não se tem

Biden tem.




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