O TRIGO E O JOIO



Ontem publiquei aqui inacreditáveis palavras proferidas por um ex-presidente dos EUA, candidato a um novo mandato e nomeado pelo Partido Republicano que "foi-e-já-não-é". 

Reitero a publicação, mais completa, para memória futura, e para servir de comparação com o que se passou hoje em Washington

Trump, 25 Set.24 -  «A Ucrânia está obliterada, com vilas e cidades que desapareceram e que nunca poderão ser reconstruídas. Temos dado biliões de dólares a um homem que se recusa a fazer um acordo, Zelensky.  Não havia nenhum acordo que ele pudesse ter feito que não fosse melhor do que a situação que temos neste momento. Temos um país que foi destruído e que não é possível reconstruir, Milhões e milhões (!?!?!) de pessoas morreram,  a Ucrânia está a usar crianças e velhos, uma vez que as suas forças armadas estão a sofrer uma escassez de soldados.»

«Mas estamos presos nessa guerra a menos que eu seja presidente. Eu vou conseguir. Vou negociá-la. Eu saio. Temos de sair. Biden diz que não sairemos até ganharmos. O que é que acontece se eles (os russos) ganharem? É isso que eles fazem, lutam em guerras. Como alguém me disse no outro dia, eles venceram Hitler. Derrotaram Napoleão. É isso que eles fazem»

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27.Set.24 - Durante uma aparição ao lado de Zelensky, Kamala Harris sugeriu que o seu oponente republicano forçaria a Ucrânia a ceder território aos invasores russos, alinhando com as exigências do Presidente Vladimir Putin.

Harris - «Com toda a franqueza, partilho consigo, Sr. Presidente (Zelensky), que há algumas pessoas no meu país que forçariam a Ucrânia a ceder grandes partes do seu território soberano, que exigiriam que a Ucrânia aceitasse a neutralidade e que exigiriam que a Ucrânia renunciasse a relações de segurança com outras nações. Estas propostas são as mesmas de Putin e, sejamos claros, não são propostas de paz. Pelo contrário, são propostas de rendição, o que é perigoso e inaceitável.»

Poucos dias antes do início da invasão russa, em Fevereiro de 2022, a vice-presidente encontrou-se com Zelensky na Conferência de Segurança de Munique, onde os dois discutiram o reforço militar da Rússia em torno da Ucrânia e a possibilidade do início de uma guerra.

No seu discurso na Convenção Nacional Democrata no mês passado, Harris lembrou:

“Cinco dias antes de a Rússia atacar a Ucrânia, reuni-me com o Presidente Zelensky para o avisar do plano de invasão da Rússia. Ajudei a mobilizar uma resposta global - mais de 50 países - para nos defendermos da agressão de Putin.  Como Presidente manter-me-ei firme ao lado da Ucrânia e dos nossos aliados da NATO”.

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Quando Zelensky deixou a Ucrânia em direcção a Nova Iorque tinha marcado na agenda algumas entrevistas, uma rápida passagem por Capitol Hill e três ocorrências: A Assembleia das Nacões Unidas, o encontro com Biden e Harris e um encontro com Trump, enquanto candidato presidencial. 

Durante uma entrevista ao New York Times, Zelensky, respondendo às múltiplas declarações de Trump dizendo que acabaria com a guerra na Ucrânia em 24h,  Zelensky disse: “A minha sensação é que Trump não sabe realmente como parar a guerra, mesmo que pense que sabe como o fazer”. 

Numa entrevista ao The New Yorker, publicada no passado domingo,  Zelensky considera o candidato a vice-presidente JD Vance “demasiado radical”. “A sua mensagem parece ser a de que a Ucrânia tem de fazer um sacrifício. Isto leva-nos de volta à questão do custo e de quem o suporta. A ideia de que o mundo deve acabar com esta guerra à custa da Ucrânia é inaceitável. Para nós, estes são sinais perigosos, vindos de um potencial vice-presidente”.

Após a entrevista Trump desmarcou o encontro. Na quarta-feira a birra ainda não lhe tinha passado, como fez questão de declarar (ou declamar?) : «O Presidente da Ucrânia está no nosso país. Ele está a fazer pequenas calúnias maldosas contra o vosso presidente favorito, eu»

Como as birras não são coisa que um candidato presidencial deva ter com conhecimento público, alguém o deve ter convencido a alterar essa desmarcação. Numa evidente atitude de "Se ele pedir muito..." Trump publicou esta quinta-feira na sua rede social, Truth Social,  o que parecia ser uma comunicação privada entre o vice-embaixador ucraniano e um seu assessor pedindo para transmitir uma mensagem de Zelensky ao antigo presidente e pedindo para se encontrar com Trump,  mas não indicou no post se se iria encontrar com o presidente ucraniano.

Haverá encontro? Não haverá? A trama adensa-se... 😬

Zelensky já deveria ter partido dos Estados Unidos, mas ficará mais um dia para facilitar o encontro, segundo fonte familiarizada com os seus planos. É tem razão, aposto as minhas fichas todas que o outro não perderá a oportunidade de mostrar como é encantador e conhece o Putin como ninguém. 

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Entretanto Biden

Biden ordenou um aumento da assistência à Ucrânia, dando instruções ao Pentágono para atribuir todos os fundos restantes já aprovados pelo Congresso antes de deixar o cargo, na esperança de posicionar Kiev para a vitória, independentemente do vencedor das eleições presidenciais americanas de novembro.

Falando aos jornalistas ao lado de Zelensky pouco antes do encontro privado na Sala Oval, Biden disse: “Isto irá reforçar a posição da Ucrânia em futuras negociações.  Os EUA e os aliados têm de apoiar a Ucrânia no seu caminho para a adesão à UE e à NATO e continuar a fazer reformas para combater a corrupção assegurando que o país é capaz de repelir quaisquer futuros ataques russos.

Prometeu a continuação do apoio dos EUA aos esforços de recuperação e reconstrução do país, em alguns casos “utilizando também activos russos”, confiscados no âmbito das sanções em vigor

Biden disse que estava a aprovar novas armas de longo alcance, mísseis Patriot e formação para pilotos de caça, e planeia reunir os líderes ocidentais no próximo mês na Alemanha para coordenar os seus esforços no sentido de ajudar a Ucrânia a alcançar a vitória. Publicamente não concedeu à Ucrânia autorização para disparar armas de longo alcance fornecidas pelo Ocidente para o território russo, uma linha que Biden não gostava de ultrapassar, mas à qual parece estar mais aberto, uma vez que tem estado sob crescente pressão para ceder.

Pergunto-me se esta alteração política e estratégica alguma vez será anunciada publicamente.

Durante a visita às Nações Unidas Biden declarou perante um enxame de jornalistas:
«A minha
 administração está determinada a garantir que a Ucrânia tem o que precisa para prevalecer na luta pela sobrevivência. Amanhã, anunciarei uma série de acções para acelerar o apoio às forças armadas ucranianas - mas sabemos que a futura vitória da Ucrânia é mais do que aquilo que acontece no campo de batalha, é também aquilo que os ucranianos fazem para tirar o máximo partido de um futuro livre e independente, pelo qual tantos se sacrificaram”»


Faltam 40 dias...


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