O PORTEIRO DO INFERNO

A 1 de Julho de 2024 o Supremo Tribunal Federal dos EUA fez lei: 
Um presidente, enquanto no exercício das suas funções, tem imunidade criminal


SUPREME COURT OF THE UNITED STATES 
TRUMP v. UNITED STATES 
 CERTIORARI TO THE UNITED STATES COURT OF APPEALS FOR THE DISTRICT OF COLUMBIA CIRCUIT 
 No. 23–939. Argued April 25, 2024—Decided July 1, 2024 

Determining whether and under what circumstances such a prosecution
may proceed requires careful assessment of the scope of Presidential
power under the Constitution. The nature of that power requires that 
a former President have some immunity from criminal prosecution for
official acts during his tenure in office.  At least with respect to the
President’s exercise of his core constitutional powers, this immunity 
must be absolute. As for his remaining official actions, he is entitled
to at least presumptive immunity. 
 
Determinar se e em que circunstâncias tal acusação pode prosseguir requer uma avaliação cuidadosa do âmbito do mandato presidencial poder ao abrigo da Constituição. A natureza deste poder exige que um ex-presidente tem alguma imunidade de processo criminal por atos oficiais durante o seu mandato. Pelo menos no que diz respeito ao exercício pelo Presidente dos seus principais poderes constitucionais, esta imunidade deve ser absoluto. Quanto às suas restantes ações oficiais, tem direito pelo menos à imunidade presuntiva.
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On July 1, 2024, the Court ruled in a 6–3 decision, that Trump had absolute immunity for acts he committed as president within his core constitutional purview, at least presumptive immunity for official acts within the outer perimeter of his official responsibility, and no immunity for unofficial acts.

A 1 de julho de 2024, o Tribunal decidiu, numa decisão de 6–3, que Trump tinha imunidade absoluta para actos que cometeu enquanto presidente dentro da sua competência constitucional central, pelo menos imunidade presuntiva para actos oficiais dentro do perímetro externo da sua responsabilidade oficial, e nenhuma imunidade para actos não oficiais. 

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Imagine-se...

Um gajo destes:

Ser detentor do Poder do Presidente dos Estados Unidos,

Ser Comandante Chefe das Forças Armadas,

Ter acesso irrestrito a TODOS os documentos secretos, ultra-secretos e "inexistentes",

Ter contacto com TODOS os dirigentes mundiais à medida da sua vontade,

Ter o controlo de TODAS a agências de Segurança e Defesa, Pentágono incluído

Ter o controlo do Departamento de Justiça

Ter o poder de perdoar todo e qualquer condenado em crimes estatais,

Com uma Ordem Executiva poder fechar qualquer orgão de Imprensa/Media

... E ter milícias de seguidores como se de um culto se tratasse (na verdade de um culto se trata) dispostos a transgredir todas as leis, pegar em armas contra qualquer oponente, fazer cumprir pela força os desígnios do seu arbítrio

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Não é de política que falo, a política fica lá para trás

Falo, em primeiro lugar, da Ucrânia, das aspirações de Putin - que vão muito além da Ucrânia

Falo da Nato, que cresceu mas enfrenta múltiplos desafios como há décadas não acontecia, numa conjuntura económica complicada; Falo da Europa, das Alianças centenárias e das que permitiram estabilidade após a II Guerra Mundial; Falo do aumento da instabilidade no Parlamento Europeu e da dificuldade em conseguir acções conjuntas em matérias fundamentais 

Falo do Médio Oriente... Netanyahu tem vindo a adiar, desvairadamente, qualquer hipótese de cessar-fogo aguardando a vitória de Trump; e falo ainda do controlo - a cada dia menos provável - do investimento núclear do Irão, que  Trump desfez porque Putin quis, vendendo-lhe a esperança de  arrasar o Irão após perder as eleições, durante o período de transição quando um Estado de Guerra vinha mesmo a calhar (como agora a Netanyahu) 

Falo da Coreia do Norte, da sua aliança com a Rússia e da Rússia com o Irão e de todos estes em  relações de interesse com a China. Um dia a guerra contra a Ucrânia terminará, e depois? Voltemos à NATO...

E falo de Taiwan, essa fabrica de "chips" imprescindível ao Ocidente

Também falo de Elon Musk, o homem mais rico do mundo - que comprou o candidato a Vice de Trump e lhe atou umas guitas aos pulsos -   com um poder incalculável feito de satélites em orbita, tecnologia de ponta e foguetões espaciais, alguns dos melhores técnicos dentro das áreas de Segurança, Vigilância e Defesa,  que ambiciona colonizar Marte com uma disnastia imperial (só filhos já vai em 11...) e exércitos de autómatos, uns máquinas outros gente.


E, por último falo dos EUA... Porque o que se passa nos EUA não fica nos EUA, como há muito se sabe e na última década se tornou mais do que óbvio; não fica nos EUA a Economia, nem a Defesa, nem a perversão da Democracia, nem..., nem..., nem...

Falo de tudo isto, poderia falar de muito mais se valesse o esforço... Mas não falo de política, de partidos, de lados. A questão, a mais importante questão, não é essa por importante que fosse numa eleição "normal"

À medida que a campanha eleitoral se aproxima do fim e o futuro de Trump se mostra incerto, a loucura transparece no medo, feito raiva, ódio, numa descontrolada verborreia que vai deixando a nu as suas intenções mais inconfessáveis, as sua aspirações mais recônditas

Prender Kamala, e Biden, se ninguém fizer a fineza de lhes pregar um tiro, ou de os enforcar, como estava destinado a Mike Pence e a Nancy Pelosi. 

E Liz Cheney? Tantos votos lhe poderia ter conseguido, a traidora... Mas não gostou do 6 de Janeiro, esse "dia de amor", como referiu há dias...

 Liz Cheney, «Vamos pô-la face a um pelotão de fuzilamento»

 “She’s a radical war hawk. Let’s put her with a rifle standing there with nine barrels shooting at her, OK?”  (depois de, mais uma, enorme reacção de ricochete já veio dizer que não era isso, uma conversa esfarrapada, era mais ao lado) 

E é preciso julgar em Tribunal Marcial o General Milley sob acusação de traição (que é punida com a morte).

No entanto Trump avisou, muito clara e afincadamente logo no seu discurso de Tomada de Posse, todos aqueles que pudessem ter estado distraídos durante a campanha eleitoral: "America First, it's going to be only America First"


É óbvio que um número elevadíssimo de americanos não sabia de onde vem a expressão "America First"; mais do que uma expressão é uma ideologia, uma política, uma forma de isolamento do resto do mundo, o "cada um por si, nós primeiro e os outros que se lixem". 

É também óbvio que ainda hoje uma grande maioria desconhece a origem do "AFC - America First Committee" (1930/1940/1968), nunca lhes deu para tentar perceber por que é que um militar veterano de guerra, Dwight Eisenhower, se candidatou à presidência dos EUA, nem lhes interessa. A tantos, demasiados, dos que sabem também não lhes interessa, preferem assim uma abençoada ignorância. Nada disto lhes interessa, tudo permitem, tudo.

Imagine-se... 

Com imunidade presidencial... 

Já não é apenas um Bode Maligno, é o porteiro do Inferno

Dia 5 será dia de eleições
E dia 6? E dia 7? 
Virão os resultados, antes disso Trump declarará vitória
Kamala ganhará o Voto Popular, aposto mais de metade das minhas fichas; o Colégio Eleitoral? Está sob o desígnios dos deuses nesta estranha forma de democracia 
E depois, os dias seguintes? 

As portas do inferno estão às ordens do porteiro 

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