O PÓ DAS ESTRELAS


A dor da separação é feita de saudade, que se apresenta infinita, e do sentimento de injustiça perante o roubo violento que sofremos. Nesta luta inglória, em que nos debatemos contra coisa alguma, perdemos a noção de que sentimentos, recordações e vivências que possuíamos permanecem em nós, apenas toldados pelo véu negro, mas fino, da dor.
E a dor subsiste.

A dor da separação reside na resistência em libertar, deixar fluir, em confiar.
Em nós, desperta ou adormecida, existe a sabedoria que nos remete para a força inquebrável das nossas ligações profundas..
Podemos crer no que os nossos olhos vêem, isolando factos, ou podemos seguir além das aparências, transpondo os caminhos seguros do materialismo, atrevendo-nos a um salto no vazio.
A essência do átomo não é material nem vazia, é energética. Subsiste além de todas as formas, compostos e elementos.
"Somos feitos de pó das estrelas" - é verdade, mas não toda a verdade. O átomo não ama nem odeia, não chora nem ri, não nasce nem morre. A única constante é a energia, organizada, detectada, transmutada pela Inteligência, impalpável e invisível - imaterial e indubitável; tudo o resto é apenas sequente.

Atrevamo-nos pois a percorrer esse caminho, a seguir de descoberta em descoberta, de conclusão em conclusão. Como poderíamos chegar ao vazio, ao nulo, à inexistência?
Porque insistem os humanos em acreditar serem diferentes de tudo o que o Universo nos demonstra?

4 comentários:

  1. Olha, eu não sei o que te diga.
    Estas coisas sempre tiveram em mim o efeito de me compelirem ao silêncio.
    Tenho em todo o caso a certeza de que quando alguém parte assim, o amor dela permanece. O amor é eterno, porque é a expressão do próprio Deus.
    O resto, havemos de sabê-lo quando o pudermos saber.
    Um beijo,

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  2. Obrigada Zé. As palavras dos amigos são muito boas, muito importantes nestas alturas em que ficamos com as emoções à flor da pele.

    Beijinho

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  3. Muito bonito e 'reconfortante' este teu texto.
    Sei que já viste partir também muita gente que fazia um pouco parte de ti (no outro dia contaste-me que novinha eras quando apanhaste com esse primeiro abanão da vida). Eu já os vi partir todos, os da minha infância, e o sentimento de vazio é impresionante.
    Como descrente que sou, não imagino uma continuação desta vida (azar grande, pensar assim) mas sinto -sinto mesmo que estão tão enraizados no meu coração que enquanto eu própria viver também eles vivem em mim.

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  4. Queridissima Emiéle, não te posso responder aqui. Temos tempo.

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