1 - ARGILEU E O PRIMO DE LAMEGO.........../.............2 - CHICO ESPERTO ATACA OUTRA VEZ

Lembram-se de um personagem do Livro de Jorge Amado "Gabriela Cravo e Canela" denominado Argileu Palmeiras e que tem a particularidade de se apresentar da seguinte forma:
"Argileu Palmeira, baixareis; Já lhe dei o meu cartão?"


Lembro-me muitas vezes dele, sobretudo nas cenas da novela "Gabriela", quando oiço aqueles tipos, e tipas, que se apresentam ou anunciam como Dr Fulado ou Engª Cicrana.

Hoje a Sandra enviou-me um "e-mail" em que refere um tipo, primo do Argileu por supuesto, que se anuncia numa rua de Lamego conforme a imagem abaixo o documenta e que dispensa explicações

Cada um é para o que nasce...

(Eu não quero ser mázinha mas tenho cá para mim, após atentar no "design" da tabuleta, que esta já foi encomendada com a ideia de um dia vir a servir de lápide para que nem a morte o separe de dar a saber quem é, quem foi, o que foi.
Ou isso ou a "Servilusa" anda a fazer tabuletas muito em conta...)





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Mas isto de "e-mails" recebidos hoje
não fica por aqui.


Esta tem muito menos graça e revela um personagem muito mais esperto.

O Pedro enviou este desabafo em forma de aviso e, embora tenha dito que a mensagem é pessoal e não se destina a ser repassada, salvaguardando os pormenores pessoais deixo aqui o fulcro da questão porque me parece importante que seja conhecido, sobretudo pelas "cabeças no ar" como eu;
Se deixo a história toda, e não apenas uma frase de aviso, é porque sei que não é de forma alguma tão eficaz para se reter na memória uma situação que nos cria um alerta mental.
Sem mais explicações pois também as dispensa

«... constatei que tinha perdido as chaves (do escritório, de casa, e algumas que já nem sei de onde).
Regressei à pastelaria para ver se as tinha perdido lá, e pelo caminho fui olhando para o chão; nada.
Quando regressei ao escritório, constatei que tinha o casaco do fato sujo na manga; nada de especial, não fora ele ter vindo da lavandaria na véspera.
Outro facto estranho, foi a minha carteira ter migrado do bolso interno do casaco para o bolso externo. Isso eu tinha reparado ainda na pastelaria, mas pensei na altura dever-se a uma distracção minha e ao facto de ter um tabuleiro nas mãos quando a guardei.

No entanto, a conjugação destas 3 anomalias, fez-me pensar que algo estava errado:
1- Nunca na vida perdi nada
2- O casaco devia estar limpo, o que significa que caiu ao chão sem eu ver.
3- Nunca ponho a carteira no bolso de fora do casaco, especialmente se o bolso já está ocupado com tabaco, isqueiro e chave do carro, deixando a carteira meio de fora.

Resolvi analisar a carteira com mais cuidado; não faltava nada; estavam lá os Euros que tinha, os cartões de crédito, etc;
De repente vi "um espacinho" entre os cartões; faltava 1 deles, o 2º da "fila" - se fosse o 1º ou o último, nunca daria conta.
Rapidamente percebi que era a Carta de Condução - o único documento oficial em que está explícita a minha morada completa, o que a par com o desaparecimento das chaves tornou a situação bastante grave.
Menos de 1 hora depois do furto já estava em casa, bem como um polícia da Esquadra local, para onde telefonei imediatamente.
Cerca de 3 horas depois, estava mudada a fechadura de segurança, tanto de casa como do escritório.

O método é "brilhante"; quando se perdem as chaves, quem se lembra de ver se tem a Carta de Condução?
Provavelmente só ia relacionar as coisas quando encontrasse a casa vazia.»


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MARIA, 18 ANOS, SOU FAN


Hoje a minha muito querida Maria faz 18 anos

(à parte aquela mania esquisita de ser do Benfica,)

É uma pessoa invulgar, especial, especialíssima

Os 18 anos da Maria equivalem aos vinte e tal, trinta, de muito boa gente que anda por aí; atenção, não quero com isto significar que a Maria é uma miúda batida, vivida, sabida. O que penso não passa nem cruza essa vertente. O que desde muito tenra idade a Maria demonstrou, e manteve, é uma maturidade incomum, uma sensatez admirável, uma invulgar capacidade de superar o menos bom e de deixar transparecer o melhor, na vida, na personalidade, no relacionamento.
A Maria é uma daquelas raras pessoas para quem olhamos e em quem somos compelidos a confiar: tudo na Maria é franco, é autêntico, "é assim e quem gosta gosta e quem não gosta paciência", mais vale desgostar do que enganar.
Neste ponto é melhor ressalvar que a Maria não é santa nem sequer isenta de "lado lunar" (credo, longe vá a perfeição). É uma rapariga normal com qualidades importantes, e que vão rareando, com "pancas" e atribulações próprias. Um sentido de humor finíssimo, uma humildade discreta e nada servil, uma capacidade inata para apreender situações omitindo juízos levianos, fazendo-os na apreciação ética.
Tem a enorme vantagem, perante a vida, de saber tanto quanto possível o que quer e, mais importante aos 18 anos - quero dizer, sobretudo aos dezoito anos - também sabe o que não quer, q.b. Não se pode exigir mais, não se pode sequer pedir mais.

Minha muito querida Maria,

Que o vento te sopre sempre pelas costas e que continues a saber contornar, ultrapassar ou mesmo escalar as pedras que sempre pontuam o caminho da vida.
Que permaneças essa torre de força que encerra uma sensibilidade camuflada e a beleza mansa da sabedoria.
És uma Alma Antiga, sei que não te irás perder nos labirintos com que a aprendizagem da vida nos põe à prova.

Um abraço tão longo e apertado que até chateia.
Alex








Um abraço cheio de recordações para a João e para o Fernando,
hoje como há 18 anos.

Beijinhos nas bochechas da Alice e do Salvador

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PS- a 26 de Setembro

Maria,
Não creio que tenhas sequer uma vaga ideia do quanto gostei de estar contigo - e com os teus pais, avó, amigos, e os teus irmãos caçulinhas - ontem à noite.
Sabes, é que quando somos "testemunhas" da vida das pessoas, sobretudo daquelas de quem gostamos muito, acabamos por sentir muitas coisas que elas sentem; e ontem foi uma noite de bons sentimentos, de emoções profundas, de amor verdadeiro no ar. E eu tive a bênção de lá estar.

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4,5... MIL...MILHÕES? ORA.. É CANJA.

Hoje deu-me para tomar café sentada à secretária, a saltitar notícias pela net.
Má ideia...

Querem ver?



"No debate parlamentar sobre a situação das contas públicas, a dúvida instalou-se quando o ministro das Finanças disse que «reduzir o défice de 7,3 por cento para 4,6 por cento no próximo ano, representa uma redução de 4,5 mil milhões de euros» e perguntou ao PSD: «Digam onde é que podemos cortar 4,5 mil milhões de euros na despesa do Estado para atingir esse objectivo?».

Teixeira dos Santos, "à saída da sessão plenária de ontem, 23 Set., quando se limitou a afirmar que «todos os esclarecimentos que tinha a prestar foram feitos em plenário»"

In "Sol" - "Governo não descarta aumento de impostos
" 23Set

«Instado pelos partidos da oposição a clarificar que medidas pensa tomar para atingir o objectivo de redução do défice para 7,3 por cento - questão que dominou grande parte do debate - Teixeira dos Santos respondeu que «tomará as medidas que forem indispensáveis», sem antecipar quais.

«O país tem que cumprir, o país não pode falhar e tudo faremos para que não falhe no cumprimento desse objectivo orçamental e tomaremos as medidas, e anunciá-las-emos em devido tempo, que forem necessárias para assegurar isso», afirmou. »

In "Sol" - "Governo vai anunciar novas medidas de austeridade" 23 Set


Ilação: A retórica é esclarecedora

«Digam onde é que podemos cortar 4,5 mil milhões de euros na despesa do Estado»
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Exmo. sinhôr das finanças,

nós portugueses temos muitas sugestões para lhe fazer, a lista é longa e não cabe aqui (além disso não gostava nada que me amaldiçoasse o blog com alguma interferência maldosa) mas a gente vai-lhe mandando i-mailes e o sinhôr vai tomando notas ( faxavôr não imprima porque ia ser um dinheirão em tintas e papel)

Como demonstração de boa vontade mando-lhe já um lamiré: em vez de cortar 20km à linha do TGV, deixando-o ali parado a meio de nenhures sem ligação a coisa alguma, porque não adiam já os Kms todos para a mesma altura - daqui a bué, bué tempo quando sairmos da crise que não existe? Não sei, digo eu que não preciso do TGV para nada;
E outra coisa,o sinhôr disse:


"Eu trabalho 24 horas por dia. E de noite, se for preciso, também.".

Lá que trabalhe 24 horas por dia, enfim, não é muito boa ideia porque faz mal à saúde e dá para fazer muitas asneiras mas pelo menos veja lá se deixa de trabalhar à noite porque gasta muita luz nos candeeiros e nos computadores e nas outras coisas e a EDP não teve aqueles lucros todos por ser amiguinha da gente nem por estar cá para servir o povo.

Mande lá então publicar o seu endereço de i-maile pessoal que vai ver a fartura de cortes que a gente lhe arranja num estantinho, os da oposição até vão ficar de cara à banda na próxima sessão plenária.
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'Bóra lá responder ao sinhôr malta?

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Já agora...

«O ministro das Obras Públicas não quer falar do custo do TGV, apesar de a oposição em bloco exigir respostas sobre o contrato do troço Poceirão-Caia.

A TVI revelou esta semana que este troço vai custar cerca de 3 mil milhões de euros, praticamente o dobro do previsto.

Confrontado pelos jornalistas no Portugal Tecnológico, António Mendonça não explica sequer porque razão não enviou esse documento aos deputados da oposição, que só agora souberam que a obra vai custar o dobro do anunciado.

À semelhança do que tinha já feito o primeiro-ministro aquando da sua visita ao mesmo evento, o responsável pela pasta dos Transportes não quis falar de mais nada a não ser
de tecnologia.»

In "Agência Financeira", Carlos Enes - "TGV vai custar o dobro, ministro recusa-se a comentar" 23 Set


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OUTONO, OUTRA VEZ?



E ainda há quem diga que não há rigor no nosso país...
Ainda o Outono não cumpriu 24 horas já há pouco dei comigo a fechar janelas; chuva cai que Deus a dá. Como se não me bastasse o recomeço do ano escolar e a absoluta certeza de que a chuva não trará o final da "silly season"
Isto não ajuda nada ao meu estado de estravasamentos vários, a melancolia outonal não me vem nada a calhar, o apelo das castanhas assadas ali mais adiante me comove e, ainda por cima não tenho lareira.
Decididamente acho que estou no filme errado

Há por aí alguém que me arranje uma boleiazita
para o hemisfério sul oriental faxavôr?


O HUMOR NACIONAL É LIXADO

O ORIGINAL:
______________________________________VERSÃO B


_____________________________________VERSÃO C

TÁ TUDO CONTROLADO

Estava eu a pilotar o meu forno à espera que o rolo de carne acabasse de assar quando me chega uma voz aos ouvidos, vinda da TV, num tom exacerbadíssimo que "Não há descontrolo orçamental. Não, não há".
Céus! Quem tanto assim se exacerba??? - pensei eu desviando o olhar do forno...
Fui ver, era o António Perez Metelo
(e eu a pensar que era algum secretário das Finanças, algum porta-voz da Economia)
Lá me lembrei de fechar a boca antes que entrasse mosca ou saísse qualquer impropério.



«Neste ano, aquilo que está acordado com a Comissão Europeia, e portanto está validado, é que a redução se faz quase integralmente pelo lado da receita», explicou Perez Metelo no «Jornal Nacional». (Já demos por isso...)

Por isso, «não há surpresa nenhuma em a despesa ser maior», adiantou, referindo-se aos dados da execução orçamental referente a Agosto. (Surpresa não há, já sabemos com o que contamos...)

Perez Metelo explicou que embora a «despesa continue demasiado alta», o seu «crescimento está a perder força de mês para mês». (Aqui gargalhei a bom gargalhar, até pareço eu depois de passar o meio do mês: não é contensão, é "falta de tempo")

.../... e adianta que todos os economistas que falam em descontrolo das contas públicas «defendem um outro caminho, teoricamente possível, que é cortar na despesa e não ter feito algumas subidas de impostos."
teoricamente possível cortar nas despesas e não ter subido alguns impostos ??? Ele há coisas...)
O artigo AQUI

"A despesa este ano de 2010 até foi muito modesta, é residual"
"Está aqui tudo (na tabela), é só fazerem as contas"

"A despesa ainda está demasiado alta .../...mas isso deve-se, segundo o ministério da Finanças, às devoluções de IRS, IRC e Municipais que foi feito muito mais cedo"
"Eu prevejo que o deficit vá ficar abaixo dos 7,3%"
"No próximo ano... aí é que a porca torce o rabo"

"Eu não escondo que há um outro caminho... Um caminho mais forte na redução das despesas e de alívio das famílias e das empresas"
O Vídeo AQUI
Ora bolas!
OK, NÃO HÁ CRISE...
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O COELHO PIM, O COELHO PUM

Já tenho dito por aqui o suficiente, mais do que o suficiente, para deixar claro que não sou fan do Pedro Passos Coelho, não é rapaz com quem vá ao futebol. Pode ser que seja muito bom rapaz, trabalhador e amigo da mãe. Talvez. Tenho-o por um idiota convencido da sua esperteza (disse idiota, não parvo) desta geração política que soube esperar que os fundadores partidários se retirassem de cena para fazerem a sua entrada, apoiados por outros ex-políticos que navegam nas águas profundas das negociatas rentáveis e que não têm tempo, nem amor à camisola, para se dedicarem à gestão da pátria mas que, sabiamente, pretendem nos lugares cimeiros rapaziada que lhes seja de feição.

O Pedro é assim, o José era assim antes de roer a
corda. (Claro, este não é um problema partidário, é um problema de "lobbies", de corredores palacianos, e uma questão geracional)

O Pedro chegou lá porque alguns confiam nele, se servem dele e ele gosta, porque quis provar o sangue da Tia Manela F.L. que os seus patronos queriam ver correr - aquela gaja não dava jeito nenhum, tem a mania de que é séria... E foi fácil, tal como o Aníbal, não percebe nada de marketing político; mas o Aníbal teve, a seu tempo, outra equipe, outro país e, apesar de tudo, era mais bem mandado, não sabia mas queria saber; a Tia Manela está-se nas tintas; o Pedro julga que nasceu para o teatro.


Posto isto como posicionamento perante a tal figura, hoje vim aqui deixar o último artigo do António José Saraiva, não só pela visão retrospectiva que faz mas, sobretudo, pelo aperitivo que nos serve para aguçar os apetites de uma próxima época eleitoral; Lê-se bem, não é chato nem excessivo e é claro como água destilada. Pedro Pum, José soma e segue com grande lata.

"Fazer de morto"
"A entourage de José Sócrates é hoje constituída por alguns indivíduos que fazem o que for preciso para atingir os fins estabelecidos

«Se ele for para o Governo acaba com o Serviço Nacional de Saúde».

«O objectivo dele é facilitar os despedimentos».

«Se fosse ele a mandar, o Ensino deixava de ser gratuito».

«Vejam o que se passa com as SCUT: ele quer que sejam todas pagas».
«Caso ele chegasse a primeiro-ministro os salários iam baixar».
Com estas e outras frases do género, José Sócrates e a sua entourage foram minando a imagem de Passos Coelho nos últimos meses.

E a campanha teve resultados: o presidente do PSD, que chegou a liderar as sondagens, foi perdendo progressivamente terreno e hoje já está atrás do PS.

Passos Coelho revelou grande ingenuidade.
Não percebeu com que tipo de gente tinha de lidar quando se relacionava com o Governo.

A entourage de José Sócrates é hoje constituída por alguns indivíduos que fazem o que for preciso para atingir os fins estabelecidos.

Para essas pessoas, a acção política não tem freios: o objectivo é liquidar quem se oponha ao PS e ao Governo, seja por que meios for.

E a táctica usada é sempre a mesma: o gabinete do primeiro-ministro pega nas afirmações e nas propostas dos adversários, vira-as do avesso, ridiculariza-as - e atira-as à cara de quem as fez.
Assim aconteceu com a proposta de revisão constitucional do PSD, agora apresentada.

Quando se começou a falar dela, o staff de Sócrates chamou-lhe um figo.

Escolheu os pontos que lhe interessavam, estudou o modo de os apresentar ao povo de forma terrível - e a partir daí nem quis falar de mais nada.

Uma proposta que Passos pensava que ia servir-lhe para liderar a agenda e estar na ofensiva acabou por virar-se completamente contra ele e obrigá-lo a pôr-se à defesa.

Num ápice e sem contemplações, os homens de Sócrates transformaram Passos Coelho no mau da fita, que quer acabar com o Estado Social e com as conquistas dos trabalhadores.

A acusação tem requintes de malvadez, porque Sócrates sabe que muitas das propostas que Passos Coelho faz são inevitáveis.
Todo o Governo já percebeu que o Estado Social que temos é insustentável.

Não é possível, por exemplo, manter os actuais gastos com a Saúde.

Os enormes encargos com o Estado Social estão a asfixiar as empresas, mobilizando capitais que deveriam ser investidos de forma reprodutiva - e a consequência disso será o definhamento progressivo da economia.

E o definhamento da economia fará com que a percentagem do Estado Social no produto interno vá sempre aumentando, obrigando a aumentos consecutivos de impostos e ao crescimento da dívida externa.

Trata-se de uma espiral infernal que é preciso interromper.

Sócrates sabe isto muito bem.

Mas agora o importante é atacar Passos Coelho.
Uma vez arrumado mais este adversário, logo se verá.

E este tipo de comportamento por parte do staff de Sócrates é popular, porque o país ainda não está preparado para um discurso de verdade.

Se o próprio primeiro-ministro diz que está tudo no bom caminho, por que razão hei-de acreditar num senhor que me vem dizer que o país está muito mal e é preciso mudar de rota? - é o que muita gente pensa com os seus botões.
Por que hei-de apostar num senhor que nos mete medo com as desgraças do país e não naquele que promete levar-nos ao paraíso? .

O staff do primeiro-ministro conseguiu habilidosamente levar a cabo uma espécie de troca de papéis entre Sócrates e Passos.

Assim, Sócrates, o chefe do Governo, de quem se esperaria uma atitude realista, aparece a prometer mundos e fundos - e Passos, que era suposto estar a semear ilusões, é apresentado como o papão que quer sacrifícios para o povo.

Quando se aproximava o fim do cavaquismo, António Guterres disse-me várias vezes a seguinte frase: «A partir de agora basta-me fazer de morto».

Queria ele dizer na sua que não precisaria de fazer nada para ganhar as eleições seguintes: bastava-lhe existir.

Ora Passos Coelho, se queria ganhar as próximas eleições, devia ter feito o mesmo.
Quando se apanhou à frente nas sondagens, devia ter feito de morto.

Devia ter começado a produzir declarações anódinas, mostrando sempre boa vontade para colaborar com o Governo e o ajudar a resolver os problemas do país - mas espalhando subtilmente a ideia de que esta não era a sua política, sendo possível fazer muito melhor.

Mas Passos não percebeu com quem estava a lidar, caindo na esparrela de começar a falar demais - e expondo-se totalmente às setas envenenadas dos socialistas.
Se o PSD quer ter ainda alguma esperança de ser Governo num horizonte razoável, o melhor é estar quietinho - e esperar que a realidade faça o seu trabalho.

Só a realidade pode vencer um poder que se especializou no golpe baixo, que não olha a meios para alcançar os fins e que há muito substituiu a estratégia política pelo tacticismo imediatista e pelo marketing.
Só a realidade pode vencer a clique que se instalou no poder à volta do primeiro-ministro."

jas@sol.pt - 16 Set. 10



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TERAPÊUTICA OCUPACIONAL

Sim voltei, já voltei, contrariada mas voltei.

Mal entrei no avião da TAP e encarei com o arzinho circunspecto dos portugueses, aquelas caras postas por quem se leva muito a sério, deu-me logo vontade de correr escada abaixo e ir trocar o bilhete por outro que me levasse para mais, mais longe.
A sério, não é pedantismo, dolorosamente deixei de me sentir bem no meu país.
Em Portugal o ar está pesado, as pessoas sisudas e socialmente amorfas.
Quando se sai sente-se mais, quando se regressa é claustrofóbico.

Deu-me um "amoc" tal durante esta semana que comecei a pensar se deveria ir ao psiquiatra ou se à bruxa. Acabei no AKI de nariz empinado para as prateleiras das tintas e dos "efeitos especiais", gastei um balurdio e lá vim para casa carregada de "munições" para virar a casa do avesso - chama-se a isto "terapia ocupacional" e devo avisar os mais conservadores de que não se deve praticar quando se está num estado de espírito como aquele em que me encontro: gera opções pouco convencionais e alterações bastante radicais... Das paredes aos moveis está tudo em fase de metamorfose

Vai daí, o blog que se lixe, o sono que se lixe, o povo que se lixe; comecei numa ponta e só irei parar quando esvaziar esta energia altamente concentrada em elevado risco de explosão. Felizmente que o cão não tem casota senão nem essa passava sem barrela profunda e maquilhagem nova

Moral da história, eu voltar voltei mas ainda não estou totalmente cá, parte de mim está numa dimensão paralela em acirrada resistência à realidade quotidiana. Acho que isto vai demorar um bom bocado até porque os ecos longínquos que me vão chegando do que se passa na Terra, mais concretamente na "nossa terra", não ajudam...


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O POSTAL, ILUSTRADO

Um dia tivemos um aspirador, por pouco tempo mas tivemos
Depois o aspirador avariou-se
Então arranjaram-nos uma vassoura... do mal o menos, parece.

Então quiseram convencer-nos de que ter uma vassoura era uma coisa formidável e a vida está difícil e não dá para mais.
Aliás, o melhor é proibir os aspiradores que consomem energia, sacos e/ou água, são ruidosos, poluem o ar e sabe-se lá mais o quê.
Mas quem nos quer convencer tem lá por casa um aspirador electrónico, daqueles sem ruído e que aspiram sozinhos dando a volta à casa sem dar trabalho algum senão o click.
E nós de vassoura. Cheios de sorte, heim...



O problema de sair do nosso rectângulo nacional e de cheirar o ar de um país democrático, civilizado q.b. (nem estou a falar dos Nórdicos, não é preciso tanto, basta o arzinho filtrado pelos Pirenéus além Ibéricos militantes) é que nos relembramos, no mínimo constatamos, que passamos a vida a ser bem lixados com a "síndrome da vassoura".

O problema de sairmos de Portugal é voltarmos.

Eu vivo a "rosnar" contra a falta de respeito pelo cidadão português;
Aqui no Real Gana já "rosnei" variadíssimas vezes, desde um dos primeiros "posts" até muitos outros como aquele em que desabafo a minha elevada indiferença relativamente à Lei.
Eu sou assim e já é tarde para mudar, tardíssimo para me mudarem
(Bem sei que "o cidadão" não se dá ao respeito e tem uma fraca noção de cidadania mas não é razão para que disso se tire tanto proveito elitista social e político.)


Não me refiro, agora, à macro-política, às polítiquices nacionais, aos problemas económicos, laborais, etc., etc até dizer chega. Refiro-me aos direitos, liberdades e garantias do cidadão comum que estão, ou deveriam estar, presentes nos aspectos mais básicos e quotidianos da vida.
E não estão.
Refiro-me à qualidade de vida naquilo que está relacionado com o urbanismo, com o humanismo (acabo sempre por vir bater a esta tecla).
Nós, portugueses vivemos assim, muitos sem darem por isso e outros até acreditando que vivemos em liberdade, numa democracia real e humanista.
O tanas!
Há mesmo quem acredite que vive na Europa - a começar pelo Zé Sousa, mais conhecido por Sócrates, que se tem na grande conta de líder europeu; coitado... E coitados de nós portugueses. Europeus, my ass.

Fomos dos primeiros a adoptar as chapas de matrícula automóveis que viriam a circular pela Europa. Ah pois, nessas merdas somos rápidos, muito evoluídos, muito Olá Bruxelas.
Baixamos a taxa legal de alcoolemia dos condutores enquanto o diabo esfrega um olho. Pois... Por Portugal ninguém anda c'os copos a conduzir... é proibido!

Proíbir dá muito menos trabalho do que educar, do que sensibilizar e, sobretudo, do que habituar a pensar (hábito que alias tem variadíssimos contras e depressa se pode tornar num vício)

Proibimos de fumar em tudo o que é local público, até nos parques de estacionamento o que me parece ridículo, mas deixa-se aberta a hipótese de pagar elevadíssimas taxas para "zonas de fumadores" . O tabaco mata mas rende que se farta.
(Não resolvemos a violência nas escolas que fechamos desterrando as crianças para longe de casa mas essa é outra questão, fumar é que faz mal, sobretudo ao pé das crianças)

Proibimos a circulação de animais (cães em particular) por tudo quanto é sítio, desde muitos parques a transportes, lojas, restaurantes, e o diabo a sete.
Um destes dias será proibido florescer em zonas pavimentadas, o que, como se sabe, é muitíssimo inconveniente.
A "ASAE" reina, está em perfeita sintonia com o status quo nacional, é um êxito; proibiu-se mesmo o uso de colheres de pau nos restaurantes (há pachorra?), tudo muito higiénico, quem manda é a Lei, asséptica.
O lixo está por todo o lado (e já agora...), inclusivamente nos parques florestais como Monsanto ou S. Domingos de Benfica, para só falar do que sei e vejo - apesar de haver a pretensão de desapropriação de terrenos que não sejam limpos "por risco de incêndio" .
As "casas de banho" públicas são, na sua larga maioria, infectas, mesmo (sobretudo?) as de serviços estatais e, por falar em "casas de banho", vem-me à memória aquele "manifesto anti-corrupção" que incita a malta a denunciar os colegas de trabalho, em defesa da nação claro, mesmo que depois se balde aos impostos como puder.
(Para quem não conheça ou não se lembre desta obra-prima que forja no íntimo de cada um a justeza e firmeza de carácter - para além de ser um documento hilariante - aqui fica o link porque nada como uma boa gargalhada para animar a vida do bom português)

E podia continuar por aqui abaixo sem mais me calar.
Para quê? Diria algo de novo? Ora...


Vou dar uma volta, vou ver as pessoas que, depois de saírem dos empregos ainda têm tempo e vontade para fazer coisas antes de se meterem em casa.
Vou petiscar qualquer coisita que me faça aumentar o nível de colesterol, beber um bom copo e saborear a alegria de ver as pessoas a passearem os seus cães ao fim do dia, sem ninguém que as azucrine, sem terem de os ir pôr a casa ou fechar no carro para irem às compras, jantar num restaurante ou usufruírem da sua cidade no seu melhor.
Há um mundo onde animais e fumadores têm direitos. Têm, mesmo, e não "ainda têm".



Estou farta de que me proíbam, imponham, dirijam.
E chamam a isso civismo.
Que tacanhez de criatividade e cultura.

Vou arejar.
Até onde não seja proibido pisar a relva
Inté...


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PS- Festinhas ao Steiner.
Que feliz ele estaria no meio de gente que não se enjoa por ter cães por perto; ele, que nunca se enjoa de ter gente por perto

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