Depois o aspirador avariou-se
Então arranjaram-nos uma vassoura... do mal o menos, parece.
Então quiseram convencer-nos de que ter uma vassoura era uma coisa formidável e a vida está difícil e não dá para mais.
Aliás, o melhor é proibir os aspiradores que consomem energia, sacos e/ou água, são ruidosos, poluem o ar e sabe-se lá mais o quê.
Mas quem nos quer convencer tem lá por casa um aspirador electrónico, daqueles sem ruído e que aspiram sozinhos dando a volta à casa sem dar trabalho algum senão o click.
E nós de vassoura. Cheios de sorte, heim...

O problema de sair do nosso rectângulo nacional e de cheirar o ar de um país democrático, civilizado q.b. (nem estou a falar dos Nórdicos, não é preciso tanto, basta o arzinho filtrado pelos Pirenéus além Ibéricos militantes) é que nos relembramos, no mínimo constatamos, que passamos a vida a ser bem lixados com a "síndrome da vassoura".
O problema de sairmos de Portugal é voltarmos.

Aqui no Real Gana já "rosnei" variadíssimas vezes, desde um dos primeiros "posts" até muitos outros como aquele em que desabafo a minha elevada indiferença relativamente à Lei.
Eu sou assim e já é tarde para mudar, tardíssimo para me mudarem
(Bem sei que "o cidadão" não se dá ao respeito e tem uma fraca noção de cidadania mas não é razão para que disso se tire tanto proveito elitista social e político.)
Não me refiro, agora, à macro-política, às polítiquices nacionais, aos problemas económicos, laborais, etc., etc até dizer chega. Refiro-me aos direitos, liberdades e garantias do cidadão comum que estão, ou deveriam estar, presentes nos aspectos mais básicos e quotidianos da vida.
E não estão.
Refiro-me à qualidade de vida naquilo que está relacionado com o urbanismo, com o humanismo (acabo sempre por vir bater a esta tecla).
Nós, portugueses vivemos assim, muitos sem darem por isso e outros até acreditando que vivemos em liberdade, numa democracia real e humanista.
O tanas!
Há mesmo quem acredite que vive na Europa - a começar pelo Zé Sousa, mais conhecido por Sócrates, que se tem na grande conta de líder europeu; coitado... E coitados de nós portugueses. Europeus, my ass.
Fomos dos primeiros a adoptar as chapas de matrícula automóveis que viriam a circular pela Europa. Ah pois, nessas merdas somos rápidos, muito evoluídos, muito Olá Bruxelas.
Baixamos a taxa legal de alcoolemia dos condutores enquanto o diabo esfrega um olho. Pois... Por Portugal ninguém anda c'os copos a conduzir... é proibido!
Proíbir dá muito menos trabalho do que educar, do que sensibilizar e, sobretudo, do que habituar a pensar (hábito que alias tem variadíssimos contras e depressa se pode tornar num vício)
Proibimos de fumar em tudo o que é local público, até nos parques de estacionamento o que me parece ridículo, mas deixa-se aberta a hipótese de pagar elevadíssimas taxas para "zonas de fumadores" . O tabaco mata mas rende que se farta.
(Não resolvemos a violência nas escolas que fechamos desterrando as crianças para longe de casa mas essa é outra questão, fumar é que faz mal, sobretudo ao pé das crianças)

Um destes dias será proibido florescer em zonas pavimentadas, o que, como se sabe, é muitíssimo inconveniente.
A "ASAE" reina, está em perfeita sintonia com o status quo nacional, é um êxito; proibiu-se mesmo o uso de colheres de pau nos restaurantes (há pachorra?), tudo muito higiénico, quem manda é a Lei, asséptica.
O lixo está por todo o lado (e já agora...), inclusivamente nos parques florestais como Monsanto ou S. Domingos de Benfica, para só falar do que sei e vejo - apesar de haver a pretensão de desapropriação de terrenos que não sejam limpos "por risco de incêndio" .
As "casas de banho" públicas são, na sua larga maioria, infectas, mesmo (sobretudo?) as de serviços estatais e, por falar em "casas de banho", vem-me à memória aquele "manifesto anti-corrupção" que incita a malta a denunciar os colegas de trabalho, em defesa da nação claro, mesmo que depois se balde aos impostos como puder.
(Para quem não conheça ou não se lembre desta obra-prima que forja no íntimo de cada um a justeza e firmeza de carácter - para além de ser um documento hilariante - aqui fica o link porque nada como uma boa gargalhada para animar a vida do bom português)
E podia continuar por aqui abaixo sem mais me calar.
Para quê? Diria algo de novo? Ora...

Vou petiscar qualquer coisita que me faça aumentar o nível de colesterol, beber um bom copo e saborear a alegria de ver as pessoas a passearem os seus cães ao fim do dia, sem ninguém que as azucrine, sem terem de os ir pôr a casa ou fechar no carro para irem às compras, jantar num restaurante ou usufruírem da sua cidade no seu melhor.
Há um mundo onde animais e fumadores têm direitos. Têm, mesmo, e não "ainda têm".

E chamam a isso civismo.
Que tacanhez de criatividade e cultura.
Vou arejar.
Até onde não seja proibido pisar a relva
Inté...
.

PS- Festinhas ao Steiner.
Que feliz ele estaria no meio de gente que não se enjoa por ter cães por perto; ele, que nunca se enjoa de ter gente por perto
.
Este é um clube cheio de simpatizantes, mas sem sócios. O tuga (expressão mais rasca dos frequentadores deste jardim à beira-mar...) preferem contornar a lei a baterem-se contra ela. É a arte de evitar obstáculos.
ResponderEliminarPensar é um perigo. Fazer leis, é fácil. O espectáculo da realidade é muito mais aliciante do que a propriamente dita cuja. E "assim vai o mundo", como dizia o malogrado Jorge Reis, exilado na Europa, na locução das "Actualidades Francesas"!
Olá ZPedro
ResponderEliminarFui cheirar o "teu mercado"...
Pois é, este clube não tem sócios, melhor assim ou ainda inventariam imensas regras e estatutos para a sociedade. Melhor assim.
Um abraço.