O INFERNO SUBIU À TERRA


28 OUTUBRO 2023

O INÍCIO


HOLOCAUSTO

1. [Religião] Sacrifício em que a vítima era consumida pelo fogo.

2. [Religião] Vítima oferecida em sacrifício.

 3. [Figurado] Sacrifício; imolação; expiação. 

4. [História] Homicídio metódico de grande número de pessoas, especialmente judeus e outras minorias étnicas, executado pelo regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial. (Geralmente com inicial maiúscula.)

Origem etimológica:

latim holocaustum, -i, do grego holókautos, -on, sacrifício em que se queima a vítima inteira 
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

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Estão abertas as portas do Inferno 

QUEM DIRIA?

 Que Erdogan é o que é já se sabe, nem vou (outra vez) adjectivar o otomano, fico-me pelas pragas que lhe rogo, esse é de outras beiras, tem aquela importantíssima vantagem geo-estratégica que bem aproveita para fazer cócegas à NATO, mas é de outras paragens

O que nesta fase me leva a considerar fazer um curso para ampliação de conhecimentos de português obsceno são os europeus, que viveram - mal - durante décadas debaixo do asfixiante casco soviético e agora que pretendem ignorar toda a sua história no Séc. XX. 

A extrema-direita actual, em particular a europeia, tornou-se a grande amigalhaça do aspirante a czar do império da URSS. 

Quem diria? 

Que a China e o Irão apoiem a Rússia entende-se, estranho seria se não o fizessem, e os filhotes, a Coreia do Norte, a Síria, a Nicarágua... E outros que "não existem" como a Bielorrússia, o Mali... A LePen e o Sarkosy e os primos que populam... Mas ex-repúblicas soviéticas europeias? Até o Azerbaijão, ex-URSS, mas esse é um semi-Estado e a presentear o seu "bom comportamento" acabou de ganhar o Nagorno-Karabakh; finalmente, bem pode agradecer ao patrão.

Se à saudosa época da queda do Muro de Berlim, quando a direita era direita e a esquerda era esquerda, viesse um Nostradamus qualquer dizer-me que "dentro de 30 anos vais ver a extrema-direita a apoiar a Rússia contra a Europa e os EUA " eu mandava-o tomar as gotas receitadas pelo psiquiatra

Agora? Agora não há gotas que cheguem para tanta alienação mental (e moral), vale tudo para garantir o poder e agradecer as interferências eleitorais

É assim, a título de exemplo porque não vale a pena fazer chover no molhado:

«Hungria vai continuar a cooperar com a Rússia em matéria energética, apesar dos bloqueios europeus impostos ao petróleo e gás russos.»

Budapeste soviética
"O sítio onde se compra energia nada tem a ver com política"- Péter Szijjártó, ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria.

«O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, afirmou em Bruxelas que Budapeste tem orgulho em manter
aberta a comunicação com Moscovo

 

Praga soviética
 «O recém-nomeado primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, anunciou que o país não vai fornecer mais ajuda militar à Ucrânia nem vai aplicar sanções contra a Rússia» 

Out. 2023


 

Como se não bastasse...

 «A New York Times article that called him (Mike Jonhson) “the most important architect of the Electoral College objections” on Jan. 6, 2021, aimed at keeping Trump in office even after he lost.»

Acresce que o novo speaker do Congresso dos EUA, Mike Jonhson,  um rapaz expedito que nas vésperas do "6 Jan." andou a recolher assinaturas para que os resultados das votações em 4 Estados em que Trump perdeu não fossem certificados e, depois da selvagem invasão do Capitólio, votou contra a certificação de Biden, disse ontem:

«After gaining the gavel, Johnson was asked whether he supports additional aid to Ukraine.

“We all do…we are going to have conditions on that, so we’re working through, We want accountability, and we want objectives that are clear from the White House,“»
 THE HILL.COM

«Depois de ter recebido o martelo, perguntaram a Johnson se apoiava uma ajuda adicional à Ucrânia.
"Todos nós apoiamos... vamos ter condições para isso, por isso estamos a trabalhar nesse sentido;
Queremos responsabilidade e queremos objectivos claros por parte da Casa Branca".»

Sem comentários, cada vez gosto mais de animais

«VEJO UM HOMEM MALIGNO»

 O Senhor Robert De Niro ia falar na The New Republic’s  Stop Trump Summit mas adoeceu com Covid. 

Enviou então uma declaração que foi lida por Miles Taylor, até certa altura chefe de Gabinete do Department of Homeland Security durante a administração Trump.

Taylor chegou a conclusões semelhantes às de De Niro tendo-as registado no seu livro "Blowback: A Warning to Save Democracy From the Next Trump"

apesar de eloquente não chegou aos calcanhares de De Niro que, não só disse o que lhe ia na alma, como sequenciou de forma brilhante o que está à vista de todos, que é óbvio até à saciedade mas que mentes avassaladas por uma paixão doentia se recusam a reconhecer

Por mim dava-lhe já 3 "Life Achievement Awards" com um profundo sentimento de gratidão, sabe tão bem quando alguém nos dá voz, há anos que raramente  pronuncio o nome da besta, chamo-lhe Bode Maligno e fica  identificado  

Transcrevo a declaração de De Niro na integra, o original em inglês pode ser lido AQUI, na página do The New Republic

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«Peço desculpa por não ter podido estar convosco hoje. Há alguns dias fiquei com uma forte crise de Covid. Estava ansioso por estar convosco, ouvir os outros oradores e falar com o Miles. Conheci o Miles quando ele ainda era "Anónimo". Através dos seus escritos, comentários e livros, passei a admirar a sua inteligência e coragem. Estou grato por ele ter aceitado ser a minha voz hoje.

Estou convosco em espírito. Estou a assistir. Esta é uma conversa importante. O que a The New Republic está a fazer nesta "Cimeira Stop Trump" - o que todos vocês estão a fazer aqui hoje - pode ajudar a determinar o nosso futuro.

Passei muito tempo a estudar os homens maus. Examinei as suas características, os seus maneirismos, a banalidade absoluta da sua crueldade. No entanto, há algo de diferente em Donald Trump. Quando olho para ele, não vejo um homem mau. A sério..

Vejo um homem maligno. (I see an evil one)

Ao longo dos anos, conheci gangsters aqui e ali. Este tipo tenta ser um mas não consegue. Há uma coisa chamada "honra entre ladrões". Sim, até os criminosos costumam ter um sentido de certo e errado. Se fazem o que está certo ou não é outra história - mas eles têm um código moral, mesmo que distorcido.

Donald Trump não tem. É um aspirante a durão sem moral nem ética. Não tem noção do que é certo ou errado. Não tem consideração por ninguém a não ser por si próprio - nem pelas pessoas que era suposto liderar e proteger, nem pelas pessoas com quem faz negócios, nem pelas pessoas que o seguem, cega e lealmente, nem mesmo pelas pessoas que se consideram seus "amigos". Ele tem desprezo por todos eles.

Nós, nova-iorquinos, ficámos a conhecê-lo ao longo dos anos em que envenenou a atmosfera e encheu a nossa cidade de monumentos ao seu ego. Sabíamos em primeira mão que se tratava de alguém que nunca deveria ser considerado para a liderança. Tentámos avisar o mundo em 2016.

As repercussões da sua  turbulenta presidência dividiram a América e agitaram a cidade de Nova Iorque para além do imaginável. Lembrem-se de como fomos sacudidos pela crise no início de 2020, quando um vírus varreu o mundo. Vivemos com o comportamento bombástico de Donald Trump todos os dias no palco nacional e sofremos ao ver os nossos vizinhos a acumularem-se em sacos de cadáveres.

O homem que deveria proteger este país colocou-o em perigo, devido à sua imprudência e impulsividade. Era como se um pai abusivo governasse a família pelo medo e pelo comportamento violento. Esta foi a consequência do facto de o aviso de Nova Iorque ter sido ignorado. Da próxima vez sabemos que será pior.

Não se enganem: o duas vezes impugnado e quatro vezes indiciado Donald Trump continua a ser um idiota. Mas não podemos deixar que os nossos concidadãos americanos o descartem como tal. O mal prospera à sombra do escárnio desdenhoso e é por isso que temos de levar muito a sério o perigo de Donald Trump.

Por isso, hoje lançamos mais um aviso. Deste lugar onde Abraham Lincoln falou - aqui mesmo, no coração pulsante de Nova Iorque - para o resto da América:

Esta é a nossa última oportunidade.

A democracia não sobreviverá ao regresso de um aspirante a ditador.

E não conseguirá vencer o mal se estivermos divididos.

Então, o que é que vamos fazer? Sei que estou a pregar para o coro. O que estamos a fazer hoje é valioso, mas temos de levar o hoje para o amanhã - levá-lo para fora destas paredes. Temos de chegar à metade do nosso país que ignorou os perigos de Trump e que, por qualquer razão, apoia a sua reeleição para a Casa Branca. Eles não são estúpidos e não os devemos condenar por terem feito uma escolha estúpida. O nosso futuro não depende apenas de nós. Depende deles.

Vamos falar com os seguidores de Trump com respeito. Não vamos falar de "democracia". A "democracia" pode ser o nosso Santo Graal, mas para outros é apenas uma palavra, um conceito e, ao abraçarem Trump, já lhe viraram as costas. Vamos falar sobre o certo e o errado. Falemos de humanidade. Vamos falar de bondade. Segurança para o nosso mundo. Segurança para as nossas famílias. Decência. Vamos recebê-los de volta. Não vamos conseguir todos, mas podemos conseguir o suficiente para acabar com o pesadelo Trump e cumprir a missão desta "Cimeira Stop Trump".

Obrigado.»

UM PENSAMENTO GÉLIDO

 Esta manhã presenteei-me um interlúdio de paz de espírito, fui tomar o pequeno-almoço ali para a beira rio. Era cedo, ainda não tinha acordado o calor e aquelas bandas não são sítio de passagem, muito sossego, quase ninguém à vista. Conversa amena, um grande bule de chá e meia dúzia de scones. Perfeito.

Então veio à conversa esta irresponsável cegueira que mancha a entrada de Outubro. De repente deu nas cabeças tacanhas um "Não mandamos mais dinheiro/armamento para a Ucrânia".

Os eslovacos? Já se esqueceram de Agosto de 1968? Têm saudades de ver os tanques russos a invadirem Praga? (Sim, Praga fica agora na República Checa mas em 1968 era a capital da Checoslováquia, englobando a actual Eslováquia)
Os Républicanos dos States? Julgarão que a fragilizada manutenção da paz no ocidente não lhes sai - muito - mais cara do que o apoio à Ucrânia?
O dúplice húngaro? Passar-lhe-á pela cabeça que o czar o deixaria ser mais poderoso ou autónomo do que o desvalido da Bielorrússia?
Os polácos? Mais do que quase todos, à excepção da Moldávia, têm na Ucrânia o muro vivo de protecção à sua fronteira mas optam por ignorar que a história se repete?

Que raio deu na cabeça desta gente? 

As ânsias nacionalistas têm sido dádivas de alegria para a sofreguidão imperialista do KGB soviético que tomava conta da espionagem russa em Desden quando o muro foi derrubado por um berro colectivo contra a submissão. A única fortaleza capaz de bloquear essa avidez é a coesão do Ocidente, a intransigência criminal para com as violações da integridade territorial, a defesa ética e pratica dos valores democráticos; sem isto a Rússia, e a China por arrasto, somam pontos e apetites

"Tens razão, é exactamente isso", replicou o meu pensativo interlocutor; ficou em silêncio por um momento e acrescentou: "Mais grave é que a expansão dessa cegueira leva a crer que se Hitler aparecesse por aí um destes dias depressa seria o heroi de meio-mundo".

Gelei. O meu pensamento paralisou, não consegui pensar em mais nada. «Verdade como punhos» tornou-se num facto que me atingiu o estômago. Deixei o scone mordido no prato e quis sair dali; "Vamos andar um bocado"...


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É BONITO NÃO NEGAR A MÃE (de quem se é muito filho)

 Em meia dúzia de parágrafos é assim:

Este sábado, à meia-noite, os EUA deixariam de ter orçamento para funcionar eficazmente, o que se chama por lá "A government shutdown"

Nas horas finais do prazo o "QuinzeVoltasMcCarthy",enrascadíssimo,  com plena consciência de que os americanos sabiam "beyond the reasonable doubt"  que poderiam agradecer a gravíssima situação aos Républicanos, deu o passo proibido pela ala trumpista do partido e pediu votos aos Democratas. 

Pode custar-lhe o lugarzinho de Speaker of the House, tão prolongadamente ambicionado e só conseguido após 15 voltas à arena cada uma com as suas concessões, mais absurdas a cada volta; Pode custar-lhe sim, mas ele acha que poderá cobrar aos Democratas a aprovação de 45 dias de "mini-orçamento" para manter o Estado a funcionar exigindo-lhes o seu voto numa moção de censura "porque pode vir um pior do que eu"; Ele sabe que o castigo mais grave seria uma vingança dos eleitores que o podem despachar do lugarzinho elegendo um Congresso Democrata, sob o martelo de Nancy Pelosi, outra vez.

MAS

Uma condição absoluta foi posta
Biden queria 24Biliões de dólares para enviar para a Ucrânia; 
O Senado, sob comando democrata, face à fragil e eminente situação, propôs 6 biliões para já
 NÃO, nem pensar, "QuinzeVoltasMcCarthy" advertiu que nenhuma proposta de "mini-orçamento" seria posta à votação se incluísse qualquer verba para a Ucrânia. 

Então McCarthy está contra a Ucrânia?
Não, mas tem "ordens"; estava sob chantagem até obter o seu tronozeco e continua a estar para o manter. Tem feito tudo o que o gang dos 5 - que representa o que de mais reles se encontra nos EUA -  lhe exigem (até uma comissão de investigação com vista a um insubstancial impeachment de Biden). Se for preciso desamparar a Ucrânia por uns tempos, paciência, eles são fortes e aguentam-se

Está tudo dito, ponto.

Perante isto ( nem sei como lhe chamar senão "isto") Biden não se calou:

“We cannot, under any circumstances, allow American support for Ukraine to be interrupted,”

“Não podemos, em circunstância alguma, permitir que o apoio americano à Ucrânia seja interrompido”,

INSPIRA, EXPIRA, RESPIRA, SUSTÉM...

 À beira do desalento um (profundo) suspiro de alívio:

«Slovakia elections: 

Liberals narrowly ahead against pro-Moscow party

exit polls»

BBC NEWS - 1Oct.23 - 1:15AM

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ACTUALIZAÇÃO - 4:52AM - GMT


Mas que triste ideia a minha, que lamentável insensatez, deu-me para ir dar um último cheirinho às "Breaking News" antes de me ir deitar

Com quase a totalidade dos votos contados "A Gárgula" venceu com 23,3% contra os Socialistas liberais com 17% e o centro-esquerda com 15,03%. In DW

Maioria não há, aguarda-se o desenvolvimento dos próximos capítulos 

Ocorrem-me as palavras de Winston Churchill sobre a democracia...


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De hoje a 15 dias o xadrez joga-se na Polónia

...Seria tão importante, cada vez mais importante, que o "Rei Branco" fizesse um "xeque"; um "xeque-mate" não fará mas se ganhar o controlo daquele tabuleiro, mesmo que fazendo uma coligação com "rainha e bispo", toda a Europa poderia respirar fundo, ou quase toda, por bom exemplo, na Hungria haveria (haverá?) que reabastecer as máscaras de oxigénio.
 
Isso é que era! 

Será? Perante as opções de horizontes curtos do churchilliano "Average Voter", que faz por ignorar as implicações globais das escolhas do seu umbigo, a coisa não está fácil...
Por que é tão difícil entender que um, dois ou três quadrados não constituem o tabuleiro mundial; mas o jogo, o do tabuleiro mundial, afecta todos, todos, os quadradinhos?