«VEJO UM HOMEM MALIGNO»

 O Senhor Robert De Niro ia falar na The New Republic’s  Stop Trump Summit mas adoeceu com Covid. 

Enviou então uma declaração que foi lida por Miles Taylor, até certa altura chefe de Gabinete do Department of Homeland Security durante a administração Trump.

Taylor chegou a conclusões semelhantes às de De Niro tendo-as registado no seu livro "Blowback: A Warning to Save Democracy From the Next Trump"

apesar de eloquente não chegou aos calcanhares de De Niro que, não só disse o que lhe ia na alma, como sequenciou de forma brilhante o que está à vista de todos, que é óbvio até à saciedade mas que mentes avassaladas por uma paixão doentia se recusam a reconhecer

Por mim dava-lhe já 3 "Life Achievement Awards" com um profundo sentimento de gratidão, sabe tão bem quando alguém nos dá voz, há anos que raramente  pronuncio o nome da besta, chamo-lhe Bode Maligno e fica  identificado  

Transcrevo a declaração de De Niro na integra, o original em inglês pode ser lido AQUI, na página do The New Republic

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«Peço desculpa por não ter podido estar convosco hoje. Há alguns dias fiquei com uma forte crise de Covid. Estava ansioso por estar convosco, ouvir os outros oradores e falar com o Miles. Conheci o Miles quando ele ainda era "Anónimo". Através dos seus escritos, comentários e livros, passei a admirar a sua inteligência e coragem. Estou grato por ele ter aceitado ser a minha voz hoje.

Estou convosco em espírito. Estou a assistir. Esta é uma conversa importante. O que a The New Republic está a fazer nesta "Cimeira Stop Trump" - o que todos vocês estão a fazer aqui hoje - pode ajudar a determinar o nosso futuro.

Passei muito tempo a estudar os homens maus. Examinei as suas características, os seus maneirismos, a banalidade absoluta da sua crueldade. No entanto, há algo de diferente em Donald Trump. Quando olho para ele, não vejo um homem mau. A sério..

Vejo um homem maligno. (I see an evil one)

Ao longo dos anos, conheci gangsters aqui e ali. Este tipo tenta ser um mas não consegue. Há uma coisa chamada "honra entre ladrões". Sim, até os criminosos costumam ter um sentido de certo e errado. Se fazem o que está certo ou não é outra história - mas eles têm um código moral, mesmo que distorcido.

Donald Trump não tem. É um aspirante a durão sem moral nem ética. Não tem noção do que é certo ou errado. Não tem consideração por ninguém a não ser por si próprio - nem pelas pessoas que era suposto liderar e proteger, nem pelas pessoas com quem faz negócios, nem pelas pessoas que o seguem, cega e lealmente, nem mesmo pelas pessoas que se consideram seus "amigos". Ele tem desprezo por todos eles.

Nós, nova-iorquinos, ficámos a conhecê-lo ao longo dos anos em que envenenou a atmosfera e encheu a nossa cidade de monumentos ao seu ego. Sabíamos em primeira mão que se tratava de alguém que nunca deveria ser considerado para a liderança. Tentámos avisar o mundo em 2016.

As repercussões da sua  turbulenta presidência dividiram a América e agitaram a cidade de Nova Iorque para além do imaginável. Lembrem-se de como fomos sacudidos pela crise no início de 2020, quando um vírus varreu o mundo. Vivemos com o comportamento bombástico de Donald Trump todos os dias no palco nacional e sofremos ao ver os nossos vizinhos a acumularem-se em sacos de cadáveres.

O homem que deveria proteger este país colocou-o em perigo, devido à sua imprudência e impulsividade. Era como se um pai abusivo governasse a família pelo medo e pelo comportamento violento. Esta foi a consequência do facto de o aviso de Nova Iorque ter sido ignorado. Da próxima vez sabemos que será pior.

Não se enganem: o duas vezes impugnado e quatro vezes indiciado Donald Trump continua a ser um idiota. Mas não podemos deixar que os nossos concidadãos americanos o descartem como tal. O mal prospera à sombra do escárnio desdenhoso e é por isso que temos de levar muito a sério o perigo de Donald Trump.

Por isso, hoje lançamos mais um aviso. Deste lugar onde Abraham Lincoln falou - aqui mesmo, no coração pulsante de Nova Iorque - para o resto da América:

Esta é a nossa última oportunidade.

A democracia não sobreviverá ao regresso de um aspirante a ditador.

E não conseguirá vencer o mal se estivermos divididos.

Então, o que é que vamos fazer? Sei que estou a pregar para o coro. O que estamos a fazer hoje é valioso, mas temos de levar o hoje para o amanhã - levá-lo para fora destas paredes. Temos de chegar à metade do nosso país que ignorou os perigos de Trump e que, por qualquer razão, apoia a sua reeleição para a Casa Branca. Eles não são estúpidos e não os devemos condenar por terem feito uma escolha estúpida. O nosso futuro não depende apenas de nós. Depende deles.

Vamos falar com os seguidores de Trump com respeito. Não vamos falar de "democracia". A "democracia" pode ser o nosso Santo Graal, mas para outros é apenas uma palavra, um conceito e, ao abraçarem Trump, já lhe viraram as costas. Vamos falar sobre o certo e o errado. Falemos de humanidade. Vamos falar de bondade. Segurança para o nosso mundo. Segurança para as nossas famílias. Decência. Vamos recebê-los de volta. Não vamos conseguir todos, mas podemos conseguir o suficiente para acabar com o pesadelo Trump e cumprir a missão desta "Cimeira Stop Trump".

Obrigado.»

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