INQUIETAÇÕES DE UMA NOITE DE PRIMAVERA

 Obviamente que o satânico israelita quer atacar dentro do território do satânico iraniano

Conseguirá Biden pôr um freio a Netanyahu e evitar uma catástrofe?
As probabilidades parecem baixas, baixas mas fortes. 
Por um lado Netanyahu precisa desesperadamente de um pretexto para se manter no poder, tem de evitar eleições a qualquer custo, mais do que nunca após a rebelde visita de B. Gantz a Washington há pouco mais de um mês. Por agora já conseguiu o que nunca tinha acontecido, que o Irão atacasse directamente Israel.
Netanyahu sabe que não será abandonado, não porque alguém o queira defender por convicção e justiça mas porque quase ninguém quer ver o Irão estender os seus já longos tentáculos

O Irão está mesmo a "pedi-las"?  Está, há décadas. Mas não agora, de momento o Ocidente tem o prato cheio, demasiado cheio e tem de o digerir. Não me alargo, parece-me óbvio.

Por outro lado...

Esta noite escolhem-se lados, joga-se o futuro imediato; Jordânia, Egipto, Iraque, Catar, Arábia Saudita, até o membro da NATO Turquia virá arrotar a sua posta de pescada.  E o Líbano... esta noite vê a sua paz podre ser jogada como se não passasse de um deserto destinado a confrontos alheios

Netanyahu diz que  "As defesas de Israel estão preparadas"; Estão tão claramente preparadas quanto clara é, neste preciso momento, a presença da Força Aérea dos USA e da RAF na defesa activa dos céus de Israel, para já não referir a preciosa informação da Inteligência dos "5Eyes"

Ah mas o "Iron dome"... Eu não sei nada de estratégia militar mas se fosse militar iraniana telefonava aos meus amigos Houtis e Hezbollah e dizia-lhes: Disparem agora contra o "Iron dome" que os nossos mísseis estão a chegar. Não é preciso pedir "por favor" e os seus ataques nesta noite são prova disso

A "solidariedade" tem de ter um preço, a impunidade habitual tem um limite e esse está, neste momento, na linha de fogo. Não haverá apoio internacional a um contra-ataque. Não é Israel que está em causa, são as decisões egocêntricas de Netanyahu (e, em boa verdade, as de Ben-Gvir, o tenebroso ministro da Segurança Nacional que tem uma eventual queda do governo no bolso da camisa)

SE... Se Israel refrear a sua resposta o pior poderá ser evitado;
E a aceleração urgente do programa nuclear de um Irão economicamente em crise não será precipitada

(Em 2020 o Irão atacou com mísseis duas bases militares dos USA no Iraque, em resposta ao assassinato, com drones, de Gen. Qasem Soleimani; O Pentágono opôs-se veementemente a qualquer tipo de contra-resposta, tão veementemente que Trump, no final do seu mandato, a dias da tomada de posse de Biden, a contragosto e com um plano no bolso, se viu forçado a aceitar ; um inferno foi evitado)

MAS... Mas não é essa a ambição de Netanyahu. Até ao momento em que escrevo os drones iranianos têm sido interceptados, mas os mísseis ainda não chegaram a Israel, muitos já foram interceptados em espaço aéreo jordano, muitos ainda estão em vôo.  Quais sãos os seus alvos? Serão todos,  ou quase todos, abatidos? Admitamos que sim,  USA e UK estão a fazer o possível, o "Iron dome" está a cumprir o seu papel;  Uma coisa fica clara: se, em vez de drones, rockets e mísseis estarem a ser enviados desfasadamente chegassem numa barrage única a situação seria por certo muito diferente. Fica a ameaça demonstrada

Qual será a secreta esperança de Netanyahu? (Comecemos por perguntar o que pretendia ele ao atacar mortalmente o Irão no meio da guerra que tem entre mãos)

Esta noite o objectivo racional é voltar a meter o génio negro dentro da garrafa e evitar que "dias"  se transformem em "décadas"

Aguardemos o amanhecer

Depois... Depois é uma questão de tempo, 

ou de uma revolução no Irão 


ACTUALIZAÇÃO -12H

Acabei agora de ouvir Efraim Halevy, ex-director da Mossad:

1- Não está seguro de que uma retaliação israelita esteja afastada, num outro contexto mais alargado 

2- Admite que a situação na fronteira com o Líbano se venha a agravar e é tempo de Irão e Israel repensarem o seu futuro 

3- Não é altura para vingança, é sempre uma má política; insiste em que a mais elevada prioridade deve ser a libertação dos reféns, que, sabe-se agora encontrarem-se em condições de enorme sofrimento, que se recusa a descrever em directo, particularmente as mulheres 

4- Sobre as últimas declarações de Ben-Gvir, que considera que devem ser ignoradas as palavras de Biden e se deve avançar sem hesitações sobre Rafah, diz apenas " Esse indivíduo em especial deve ser totalmente ignorado"

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