Seria o maior escândalo de política externa da história moderna, se fosse caso único; o que diferencia este é ter vindo a público. E ter vindo a público após a tal "proposta de 28 pontos" ter sido publicada antes de tempo
Seria suposto Zelenskyy ser pressionado a assinar a "coisa", sob todas as ameaças de retirada de todos os apoios, abandono total pelos EUA que ouvimos, e outras mais mais que não ouvimos; antes de que os aliados europeus - e outros: Canadá, Japão, Coreia do Sul etc. - tomassem conhecimento, tomassem posição; antes que aparecesse publicado no mundo inteiro.A não ser aceite por Zelenskyy - nunca seria, nem a tiro - ficaria algum espaço de manobra à administração americana para tentar conseguir qualquer coisinha, qualquer linha que pudesse ser apresentada "ao Chefe" como "um avanço"; mas não é isso que Putin quer... Putin quer tudo, o pacote todo e o mais que viria. O chão começa a fugir-lhe sob os pés. Havia que arquitectar uma forma de transformar a recusa de Zelenskyy numa derrota pessoal para Trump. leva-lo a lutar pelo plano com unhas e dentes, com todo o poder que detém. Trump não sabe, nem quer, lidar com a derrota. É absolutamente claro quem transpassou para os media o maldito plano, nem vale a pena congeminar
Ontem, sábado, à noite, um grupo de senadores bipartidários reunidos no Fórum Internacional de Segurança de Halifax disse que o secretário de Estado Marco Rubio ligou para eles quando estava a caminho da Europa; a determinado ponto da conversa Rubio admitiu que a "proposta de paz de 28 pontos" era na verdade um plano russo.O senador republicano Mike Rounds disse que "Rubio deixou muito claro que somos fomos os destinatários de uma proposta entregue a um dos nossos representantes. Não é a nossa recomendação. Não é o nosso plano de paz. É uma proposta que foi recebida e, como intermediário, tomámos providências para a partilhar - e não a divulgámos. Foi divulgada".
Rounds confirmou que a proposta foi entregue pelos russos ao “enviado especial para a paz” de Trump, Steve Witkoff.
O senador Angus King (Maine, Indp:) acrescentou: "A fuga de informação sobre o plano de 28 pontos, que, segundo o secretário Rubio, não é a posição da administração - é essencialmente a lista de desejos dos russos”.
Rubio contestou o relato que Rounds fez da sua conversa mas relato de Rounds foi confirmado por um grupo de senadores, de ambos os partidos políticos, que ouviram a conversa directamente Rubio.
"A proposta de paz é da autoria dos EUA", escreveu Rubio nas redes sociais. "É apresentada como um quadro sólido para as negociações em curso. Baseia-se na contribuição do lado russo mas também se baseia em contribuições anteriores e contínuas da Ucrânia."Mais. Rubio tem o desplante de escrever: "Acabar com uma guerra tão complexa e mortal quanto a da Ucrânia exige uma extensiva troca de ideias sérias e realistas "
Não há palavras...
Rubio mente a cada declaração que faz publicamente e mentiu quando disse aos senadores: «Não é a nossa recomendação. Não é o nosso plano de paz».
É. Foram os russos que o elaboraram mas foi Trump quem o assinou, quem mandou entrega-lo a Zelenskyy.
Há muito para desvendar aqui mas uma coisa que é absolutamente indiscutível: este "plano de paz" foi elaborado, no sentido mais literal, pela Rússia. Isso nem sequer está em discussão. O que haverá a discutir é a exposta, mais-do-que-evidente, posição de Trump, e a de Steve Witkoff, outro que tal, a defender os seus interesses financeiros nas negociatas com Putin
Abril/25, Witkoff 1 - GENEROSIDADE E CAMARADAGEM (... /...Steve ofereceu-se pessoalmente para "apoiar" o direito da Rússia a ocupar as regiões de Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Luhansk.../...)
Março/25, Witkoff 2 - O DIRECTO E O ESQUIVO (.../... esta a guerra não precisava de ter acontecido, foi provocada, não significa necessariamente que foi provocada pelos russos. Houve todo o tipo de conversas sobre a adesão da Ucrânia à NATO. O presidente falou sobre isso, isto não precisava de acontecer. Basicamente, tornou-se uma ameaça para os russos.../...)
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