Cresci a ouvir falar de "ataques terroristas" nos noticiários, não são nada de novo, sabemos. O IRA, a ETA, o Baader-Meinhof (RAF), o Setembro Negro ("dissidente" da OLP), as Brigate Rosse, o Sendero Luminoso e muitos outros de menor dimensão e projecção temporal. A lista é extensa e lamentável, sabemos.
Apesar de todos os horrores ocorridos durante as vidas daqueles que hoje habitam a Terra há anos maduros, como o massacre dos atletas israelitas durante os Jogos Olímpicos de Munique em 1972, que todos nós, maduros, guardamos na memória, foram actos terroristas, criminosos, mas não acarretavam a carga de ódio contra a humanidade que hoje presenciamos. Nem mesmo os selvagens ataques da Al Quaida conseguiriam rivalizar com o grau de desumanidade que a ISIS está tornando corriqueiro. Corriqueiro!?!? Como é possível adjectivar assim acções terroristas? Pois, mas é verdade, estamos aprendendo a conviver com isto, a vencer o medo, a não ceder à enorme tentação de perder os freios humanos e civilizacionais. É fundamental que aprendamos depressa e bem, que não cedamos por mais feridos e irados.
Não é preciso ser-se muito esperto nem particularmente culto para entender os objectivos destes ataques extremistas de "nova vaga". Não podemos deixar-nos vencer nos nossos princípios, no que acreditamos ser a diferença entre o certo e o errado, bem e mal, na nossa humanidade. Ainda que nos tenham por parvos, antes isso.
O atentado ocorrido ontem em Manchester ultrapassou todos os limites. Não é uma questão de número de vítimas nem de horror dizimado.
Um atentado que tem por alvo uma casa cheia de adolescentes e crianças...
Claro que o objectivo é óbvio: atacamo-vos onde mais vos dói - matamos as vossas crianças, os vossos filhos; serão obrigados a viver aterrorizados, não conseguirão "seguir em frente".
Já todos vimos as "crianças da ISIS", em treinos militares, a presenciarem , e agirem, em execuções bárbaras, a serem transformadas em bombas humanas.
Se agem assim com os seus próprios filhos como não o farão com os nossos?
É preciso não ter consciência alguma, não ter a menor capacidade de sentir empatia, ser-se totalmente estranho a qualquer tipo de amor, é preciso não ter alma.
4 comentários:
O problema de fundo é civilizacional. Eles querem destruir o nosso modo de vida. É uma guerra sem quartel que não se compadece, por exemplo, com o referenciar estes indivíduos como potenciais radicais e deixá-los à solta...
Olá...
É, é civilizacional, é económico-social, é social , é uma data de coisas e são muitos adolescentes perdidos sem eira nem beira à procura da disciplina e da motivação que não têm. E é psicopático.
O ataque às Torres Gémeas foi uma montanha no charco mas Manchester foi selvajaria pura, contra todos os instintos, humanos ou mesmo animais. Crianças Laurus nobilis???
É muito revoltante ouvir dizer após um atentado que o tipo estava "referenciado". Gaita! Num Estado de Direito até que seja cometido um crime não há acusação e depois... tarde piáste. Fechar as portas a quem regressa de países comprometidos... paga o justo pelo pecador e, provavelmente "o pecador" arranjará forma de regressar... É muito complicado, não queria ver-me na pele de quem tem a responsabilidade de os detectar e travar
Para nós, matar crianças e adolescentes é onde dói mais... Eles sabem disso. Vamos caminhar lentamente para democracias altamente policiadas, para não falar em democracias policiais, seja lá o que isso for. No médio-oriente e locais afins eles matam indiscriminadamente tudo o que podem; veja-se o que se passa diariamente na Síria, Nigéria, Yemen, Iraque, etc. Sabe que se um palestiniano matar um israelita, independentemente do género ou idade, tem uma espécie de recompensa pública pelo facto? Aqui há uns tempos, eram os pretos e os brancos. Agora são os pretos, os brancos, os muçulmanos, os judeus, os cristãos e, dentro de cada uma destas "tribos", em mais não sei quantas "sub-tribos". Se tirarmos os pretos e os brancos, estamos a voltar à idade média! Mas enfim... Se entram em minha casa a dizer como eu devo "estar no mundo", só me resta responder. É nessa forma de reagir que eventualmente podemos não concordar pois, pelo que vou acompanhando neste espaço, o humanismo puro e duro ainda prevalece. Fico contente por si! Eu, já há muito que vou tendo dificuldades em lidar com ele...
Também tenho, Laurus nobilis, também tenho dificuldade em lidar com a raiva, uma enorme raiva que me assalta. Mas não deixo, não posso deixar. Não porque procure ser "boazinha", enjoam-me as pessoas "boazinhas". Sei o que penso, sei o que tenho por certo e por errado e, enquanto conseguir, não vou permitir que uns selvagens sem alma modifiquem o que quero e o que penso, a escolha tem de permanecer minha. A fina linha entre o bem e o mal, no que me toca, é definida por mim; se ceder aí cedo tudo.
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