Neste nosso cantinho à mar plantado, terra de fado e de destino marcado, a sacro-santa comunicação social faz eco da desgraça que vai lavrando e germinando no coração dos portugueses. Só reflete a desgraça, a dificuldade, o peso da vida. Na nossa comunicação social não há dias de Sol, só manhãs de nevoeiro em que vários candidatos permanentes a D. Sebastião se fazem anunciar dizendo saber caminho, que mantêm secreto, e Velhos do Restelo que anunciam a nossa morte iminente.
Muito de vez em quando lá consegue aflorar à superficie uma ou outra notícia ensolarada que tenta iluminar o rasto obscuro dos profetas das desgraça; e, quase sempre é deglutida pelas sombras sabiamente projectadas por essas almas que insistem em que acreditemos que somos todos defuntos sem esperança ou salvação.
Antes que a notícia desapareça por entre as trevas reforçadas a cada dia por aqueles que nos dizem já num purgatório inevitável deixo-a aqui gravada antes de os próximos notíciarios a fazerem desaparecer para os confins da memória.
« Onze países da União Europeiafecharam 2011 com défice acima de Portugal »22 Outubro 2012 | 10:20 - Negócios on line
« Portugal tinha, no final de 2011, a terceira dívida pública mais elevada entre todos os países da União Europeia. Quando ao défice Portugal surge melhor, já que são onze os países que surgem com um desequilíbrio orçamental superior a 4,4% do PIB. »
«Portugal fechou 2011 com um défice orçamental de 4,4% do PIB, o que representa uma redução face aos 9,8% verificados em 2010, de acordo com os dados hoje publicados pelo Eurostat, que mostram que Portugal é o 12º País da região com o desequilíbrio orçamental mais elevado.
Quanto à dívida pública, Portugal surge bem pior no “ranking” europeu, já que apresenta o terceiro valor mais elevado entre os 27 países da União Europeia. A dívida pública portuguesa fechou 2011 nos 184,7 mil milhões de euros, o que representa 108,1% do PIB. Só a Grécia (170,6%) e a Itália (120,7%) surgem pior que Portugal, sendo que a Irlanda surge logo depois de Portugal, com uma dívida pública de 106,4% do PIB.»
E mais:
Não pretendo acreditar, menos ainda "fazer acreditar", que estamos à beira de viver dias ensolarados, pretendo apenas fazer eco do que é sistematicamente abafado:
a situação de sacrifício e dificuldades acrescidas que vivemos em Portugal não é uma terra queimada e salgada de onde a vida não tem chance de resurgir, é uma terra fertil que todos precisamos arar, plantar e regar, não pisar e revolver como se nada estivesse germinando.
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