Muito raramente faço uma re-publicação aqui no Real Gana, que me lembre, na integra, fiz uma, mais aquela ou outra repescagem de excertos quando vem a propósito de um tema ou de um acontecimento mas este vem mais a propósito do que nunca, do que mesmo a sua publicação original. Passaram dez anos. Dez anos? Pode lá ser!
Falava eu do 40º aniversário da primeira alunagem, foi agora há meio século... e eu ainda caibo nos mesmos jeans. O meu filho já não sonha com ser astronauta mas tudo o resto não carece de actualidade.
Mais, digo aí abaixo :
«"O MUNDO É REDONDO" ganhou um significado novo, ainda simbólico mas mais real, simultaneamente pessoal e social - a Humanidade é una e habita toda no mesmo lugar.
Depois de fotografada a Terra "encolheu".»
Passou o dia 20 de Julho, passaram 40 anos sobre a primeira alunagem.
Por aqui, no Real Gana, não falei disso mas fiquei a roer-me;
Não falei, ou melhor dizendo, não escrevi uma linha sobre o assunto porque estava, mesmo, mesmo, de férias, tão desligada do mundo quanto as circunstâncias e a mente mo proporcionaram.
Também é verdade que andava a "trabalhar sem rede" - w.w.n. working without net - o que, como toda a gente sabe, é perigosíssimo - sobretudo quando há leões na pista - hum... private joke... (Lembras-te Victor? Coitada da Marlene, já o pai dela tinha morrido assim...) e foi dia de (outro) aniversário lá no nosso burgo.
Mas estou a divagar... Acho que as gotas não me andam a fazer efeito.
Dizia eu, fiquei a roer-me por não assinalar aqui o 40º aniversário da missão Apollo 11.
Dia 20 de Julho, há 40 anos, a minha Mãe arrancou-me da cama a meio da madrugada, sob uma tremenda excitação: "Vá acorda, anda ver os astronautas a chegarem à Lua" e, em vez de me levar para a varanda, dei comigo a estremunhar na sala, cheia de amigos dos meus pais e quase às escuras para se conseguir ver melhor aquelas imagens um tanto fantasmagóricas. Passados alguns minutos não tinha vestígios de sono, tinha os olhos bem abertos a beberem deliciados aquelas imagens espantosas que se passavam "lá em cima", num outro planeta e que, estranhamente, nada tinham de inacreditável - " Eu estou aqui e eles estão na Lua... vindos de aqui... Isso significa que qualquer outra pessoa pode lá estar, até eu... ou mais longe... obviamente É POSSÍVEL!"
Não sei se me ficou um trauma por me terem arrancado do sono, ainda hoje reajo muito mal, mas desde muito novinha que tenho um enorme fascínio pela generalisticamente chamada "Conquista do Espaço", expressão um bocadinho megalómana, parece-me, mas, dada a grandeza e grandiosidade do empreendimento, perdoa-se.
Quando andava no liceu era uma péssima aluna de Física; depois apareceu aquela fantástica "Cosmos" de Carl Sagan... Esse Professor fora de série que nasceu a saber explicar e despertar a sede de Conhecimento, o voo da imaginação, a interligação racional da parte com o todo - tornava tudo fácil e tangível, tinha uma capacidade quase mágica de demonstrar a interligação de todas as coisas: a Física, a Química, a Biologia, a Matemática, a Filosofia, a História com a Astrofísica, com a Terra, com o Espaço, com a Vida.
A minha "Viagem de Sonho"? À NASA, sem dúvida, um mês, com um cartão de livre trânsito. Melhor do que isso? Só se fosse a bordo do Space Shuttle, e olhem que eu enjoo...
A "Conquista do Espaço", mais concretamente, a ida à Lua, foi, na minha humilde opinião, a maior "pedrada no charco" da Idade Moderna, de longe. As inovações e criatividade que daí advieram, e se desenvolveram, não tiveram precedentes na história humana. Da tecnologia à investigação bioquímica abriram-se novos mundos: os materiais, os medicamentos (em especial a maior parte dos antibióticos com que hoje contamos), a informática, as tele-comunicações, todos os outros tipos de engenharia, etc., etc.
E não só... Não só de Ciência e tecnologia vive o Homem
Houve uma revolução do pensamento, na abordagem do "Futuro" - o "Futuro" passou a estar conceptualmente ligado à ideia de expansão espacial, como hoje está tão negativamente ligado à ideia de sobrevivência. Mas mesmo a nossa actual noção de que a sobrevivência é uma relação de causa/efeito na qual a parte e o todo têm papeis inter-dependentes, jogam um jogo no qual não há vencedores e vencidos, encontrará a jusante aquela imagem paradigmática, fotografada pela tripulação da Apollo 8, em que todos podemos ver, pela primeira vez, a Nossa Casa, mais pequena do que julgávamos. "O MUNDO É REDONDO" ganhou um significado novo, ainda simbólico mas mais real, simultaneamente pessoal e social - a Humanidade é una e habita toda no mesmo lugar.
Depois de fotografada a Terra "encolheu".
A World Wide Web é, sem dúvida, a maior promotora da noção de globalidade mundial e humana, da globalização em si, mas não foi esta que a plantou e fez germinar; A "Consciência Global" nasceu desta imagem.
De então para cá progredimos enormemente, nem tudo é mau no nosso planeta. Fomos mais longe, enviamos as nossas fotografias, a nossa música e outros detalhes da nossa cultura para os confins da galáxia sonhando com um eventual encontro com outra civilização da nossa família galáctica, comprovando assim a nosso engenho mas sobretudo a nossa capacidade de Sonhar, de Ter Esperança, de Acreditar. Fotografamos estrelas, planetas do sistema solar, nebulosas e maravilhamentos insuspeitos; estudamos "em campo" as características e possibilidades de Marte; construímos a Estação Espacial Europeia em órbita aonde nos deslocamos "de avião", a qual reparamos e criamos através de "passeios no Espaço"; colocamos satélites que nos munem de novíssimas possibilidades - nem todas boas... nem todas más, algumas óptimas.
Mais teríamos feito, ou pelo menos há mais tempo, não foram os "cortes orçamentais" que dedicaram fundos a outras causas indubitavelmente menos apelativas para a humanidade; Mesmo assim, e espero que seja um sinal do mudar dos tempos, projectamo-nos agora para uma nova odisseia lunar, e mais além, já para 2018 e recomeçamos a fazer brilhar os nossos sonhos, depois do Mercury, do Apollo, do Discovery e tantos outros, no vanguardista projecto Constellation.
Provavelmente eu já não irei à Lua ou a Marte... parece que lá também não se pode fumar (não sei porquê, não me venham com a treta de que polui a atmosfera). Não faz mal, eu fascino-me mesmo por cá.
O que acho giro é que o meu filho já me disse que vai para o Espaço; sempre quis ser astronauta, assim directo, sem passar por polícia, cowboy ou bombeiro. Enquanto for pequeno quer ser super-heroi e quando for grande vai ser astronauta e ponto final.
Ok... Espero que consiga, está provado que é possível.
http://pt.euronews.net/2009/07/09/da-terra-para-a-lua/
http://www.nasa.gov/externalflash/apollo40jpl/
http://www.nasa.gov/mission_pages/constellation/main/index.html
http://www.google.com/moon/
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