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GUERRA DISSIMULADA, PAZ HÍBRIDA

No dia 6 de Novembro, Mark Rutte, secretário-geral da NATO, fez uma declaração no Fórum NATO-Indústria, em Bucareste, que pode parecer uma informação ao público presente a esse fórum predominantemente industrial. Disse ele:

«A Aliança ultrapassou a Rússia na produção de munições, uma mudança crucial no equilíbrio de defesa da Europa após anos de desvantagem em relação à produção de Moscovo. Até há pouco tempo a Rússia produzia mais munições do que todos os aliados da NATO juntos. Mas isso mudou.
 A força da NATO depende agora da estreita coordenação com os fabricantes privados. Não há uma defesa forte sem uma indústria de defesa forte. É necessário aumentar a oferta, expandir as linhas de produção existentes e abrir outras novas.
Para além de munições, a NATO deve concentrar-se na defesa aérea de alta tecnologia, drones, capacidades cibernéticas e inovação através de programas como o Acelerador de Inovação em Defesa e o Fundo de Inovação da NATO.
Para nos mantermos seguros futuramente, precisamos de ser mais inteligentes do que os nossos adversários utilizando todos os nossos pontos fortes.»

Rutte disse muito mais do que isto, falou durante uns pouco habituais 20min. Não se trata de informação, trata-se de um alerta dentro de parâmetros relativamente suavizados . Um "chegámos a uma boa posição mas não podemos dormir sobre ela".  Não será por certo a melhor das estratégias alertar as populações civis acendendo avisos vermelhos, promover mais instabilidade e insegurança do que aquela que se pode sentir pairando no ar, mas há que expor o que sub-repticiamente vai minando a estabilidade europeia pós II Guerra. É absolutamente necessário que as pessoas entendam as razões do aumento das percentagens dos PIBs nacionais dirigidas para investimentos em Defesa. O contrário conduziria a um "Viram que isto estava a ser preparado, a acontecer, e ninguém fez nada"; Em linguagem prosaica, não é depois da casa ser roubada que nos devemos lembrar de pôr trancas à porta, é antes. É AGORA

Elisabeth Braw, investigadora sénior do Atlantic Council bate na mesma tecla:

«A maioria das pessoas não se apercebe da extensão dos danos que a Rússia está a tentar causar às nossas sociedades. Isto deve-se ao facto de os nossos governos, compreensivelmente, tentarem não alarmar as pessoas mas, como resultado, as pessoas não se apercebem realmente do que está a acontecer»

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No mesmo dia 6 de Novembro, Lord George Roberson, ex-secretário-geral da NATO, ex-ministro da Defesa (UK),  dava uma "coincidente" entrevista ao Channel4  em Inglaterra.
Lord Robertson liderou a recente (06/2024 - 07/2025)  revisão da estratégia de Defesa Militar  - "Strategic Defense Review" - do Reino Unido a pedido de Keir Stamer e preocupa-o que o público  não esteja ciente do conflito actual e contínuo com a Rússia. 

«A Rússia está claramente em guerra connosco. Não tenho qualquer dúvida de que, ainda que não estejamos em guerra com eles, eles claramente declararam-nos guerra. Porque esta não é uma guerra convencional, não se trata de tanques a atravessar fronteiras, soldados a marchar por cidades com o som dos tiros no ar. É um conflito muito mais subtil e sinistro, tão subtil que nem nos apercebemos do quanto se aproximou sorrateiramente». 

Esta é uma guerra híbrida, uma mistura de sabotagem, subversão e manipulação psicológica que actua numa zona cinzenta entre escaramuças e uma guerra total. Está a acontecer por toda a Europa neste momento.
Em 2024, assistiu-se à tentativa de assassinato do director executivo do maior fabricante de armas da Alemanha; Explosivos escondidos em pacotes foram enviados da Lituânia, via DHL e DPD, para a Alemanha, Polónia e Reino Unido; Um enorme incêndio que destruiu grande parte de um centro comercial em Varsóvia.
Estes são alguns dos acontecimentos de que muitos não ouviram falar, para além daqueles que já quase toda a gente conhece: drones a sobrevoar o espaço aéreo de diversos países da NATO e bases militares, na Dinamarca e não só; jactos que atravessam o espaço aéreo da Estónia; a destruição de cabos submarinos no Mar Báltico....
As investigações de governos ocidentais e os seus serviços de Informação revelam que a mão do Kremlin está presente em todos os casos.  Analistas observaram centenas de actos de sabotagem por parte da Rússia nos últimos três anos. No caso dos danos nos gasodutos Nord Stream em 2022,  são os ucranianos que são agora acusados –  o governo em Kyiv a protestou, declarou não ter tido qualquer envolvimento. Moscovo continua a negar qualquer sabotagem.
Esta semana, avistamentos de drones na Bélgica provocaram o encerramento de aeroportos e de uma base militar, junto à fronteira com a Holanda, durante 3 noites consecutivas. O governo convocou uma reunião de emergência com os parceiros europeus

Lord Robertson levanta outra questão que tende a passar desapercebida:

«Não há dúvida de que a Rússia alterou estrategicamente a forma como tenta minar a sociedade ocidental. Aqueles que, no Kremlin, têm como função pensar a longo prazo, claramente começaram a contratar criminosos organizados para realizar determinado tipo de acções e operações de sabotagem que eles próprios não seriam capazes de fazer tão discretamente, afastando quanto possível as ligações à Rússia.»

Após o envenenamento de Sergei Skripal por dois agentes da FSB em Salisbury (UK, 2018) e a invasão da Ucrânia em 2022, o Reino Unido e outros países europeus expulsaram muitos agentes dos serviços de informação russos. Com Moscovo a querer expandir o seu conflito contra o Ocidente, a Rússia ficou em desvantagem uma vez que agora não dispõe, como antes, de agentes treinados no terreno. Então, improvisaram: "se não podemos usar os nossos agentes usaremos activos estrangeiros"  
Andrei Averyanov, uma figura-chave da rede de espionagem russa e vice-chefe do GRU, dirige uma unidade relativamente nova chamada "Departamento de Tarefas Especiais"  (Department of Special Tasks).  Cerca de 80% das actividades de guerra híbrida da Rússia partem de Averyanov e da sua equipa de assassinos, sabotadores, hackers, recrutadores, chantagistas, operadores para as redes sociais e media, infiltrados nos níveis mais básicos e nos mais elevados.

Um ataque incendiário em Leyton, no leste de Londres, em 2024. Os culpados eram criminosos de pequena monta no Reino Unido. O líder, Dylan Earl, era um homem de Leicestershire que tinha sido recrutado online pelo grupo de mercenários Wagner. Foi condenado a 17 anos de prisão. 

Uma semana depois, um tribunal francês condenou quatro búlgaros pelo seu envolvimento na devastação e pilhagem de um memorial judaico em Paris. Os juízes afirmaram que a interferência estrangeira era “indiscutível”, sendo a Rússia a culpada provável. Provável, mas sem "provas"

Em Maio de 2025, 6 búlgaros foram condenados por espionagem para a Rússia no Reino Unido com penas de prisão que variam entre 5 e 10 anos. Os membros da rede de espionagem auto-intitulavam-se "os lacaios" e tinham como alvo jornalistas, políticos e tropas ucranianas. Discutiram também a realização de rapto ou assassinato de opositores do Kremlin.

Em Setembro último um ex-euro-deputado do Brexit/UK Reform, ex-lider do partido no País de Gales, deu-se como culpado de 8 acusações de suborno por parte da Rússia, um "peão" dos serviços secretos russos. O próprio Nigel Farage colaborou com a RT  durante  anos aparecendo regularmente no canal, com o seu próprio programa e sendo remunerado pelos seus serviços. Apareceu na RT - canal TvV "Russia Today") durante o seu mandato como membro do Parlamento Europeu (MEP) e o RT promoveu as suas aparições após o referendo sobre a União Europeia.

É a economia informal da espionagem: agentes freelancers que são baratos e conferem ao Kremlin uma negação plausível. Nunca há um contrato russo assinado nem qualquer tipo de rasto documental, Moscovo pode negar, negar e negar. 
Obviamente que isto dificulta a resposta da Europa.

«Estamos imersos neste tipo de guerra em que coisas acontecem a todo o momento, sem causa específica aparente., É preciso dar um passo atrás e observar a existência de um padrão; Então percebe-se que todos estes pequenos acontecimentos que, isoladamente, podem parecer insignificantes, fazem parte de uma estratégia mais ampla que está alinhada com os objectivos da política externa da Rússia.  Estes objectivos são perfeitamente complementados pela forma como Moscovo recruta num mundo de sombra representantes e criminosos. O Kremlin quer criar confusão para dividir e enfraquecer a Europa. Isto semeia medo, mina a confiança nos nossos sistemas, nas nossas redes e nos políticos que elegemos.»

Tomemos por exemplo o caso dos monumentos judaicos vandalizados em Paris por búlgaros. 
O anti-semitismo é uma questão crescente e importante em toda a Europa.  A Rússia tenta instrumentalizá-lo, fomentando divisões entre as populações judaica e muçulmana em França, precisamente quando a extrema-direita está a aumentar o seu apoio. Se a França estiver dividida a Europa fica mais fraca e, consequentemente, o apoio à Ucrânia diminui. Quem pode garantir a continuação do forte apoio da França à Ucrânia se o Rassemblement National de LePen estiver no poder?

O mais significativo efeito imediato do Brexit, para além das suas repercussões económicas, foi, por um lado a diminuição do bloco parlamentar europeu de centro, por outro as múltiplas dificuldades acrescidas na partilha de informações de segurança europeia, algumas das quais apenas colmatadas pela superior troca de informações entre Aliados da NATO

Na Alemanha, após inúmeros ataques cibernéticos, pelo menos uma tentativa de assassinato, entre muitos outros episódios de destabilização e espionagem, o chefe dos serviços de informação alemães e o ministro da Segurança vieram a público dizer: «Vamos tomar medidas a este respeito, precisamos de operar acções de dissuasão.» 
Imediatamente grande parte da elite política, com a voz predominante do AfD e dos media de direita reagiram: "Isto é uma escalada",  "Porque é que estamos a reagir de forma exagerada?",  "Isto divide a nossa sociedade". Apenas tinha sido evocada "Dissuasão", não qualquer "Ataque"... Não reagir foi a atitude proposta pela oposição

Lord Robertson acredita que o Ocidente precisa agora de ser mais transparente sobre a ameaça e recordar o mundo de 1945-1991 (do pós-guerra à dissolução da União Soviética)

«Não creio que o país esteja realmente consciente dos perigos. Temo que, quando as luzes se apagarem, os centros de dados colapsarem, os semáforos deixarem de funcionar e os ATM ficarem sem dinheiro, as pessoas se virem contra o governo.
Precisamos de ressuscitar alguns dos instrumentos de guerra da informação que utilizámos durante a Guerra Fria. Desmontámos muitos dos instrumentos que utilizávamos para levar notícias e opiniões à União Soviética. Penso que precisamos de restabelecer grande parte disto para atingir a população russa. Mas o Presidente Trump destruiu a Radio Liberty  e a Radio Free Europe. Com que vantagem?

A resposta militar do Ocidente pode ter começado mas é evidente que há uma batalha psicológica em curso: Educar e informar as populações sobre o que se passa nas sombras e estar consciente da forma como Moscovo quer que as sociedades reajam, é esse o desafio que temos pela frente, tendo em conta o que pode acontecer no futuro.
Quase se fica paranóico a pensar no que a Rússia é capaz de fazer. E depois, quando a Rússia introduz a sua próxima forma de agressão na zona cinzenta, percebe-se que não se estava a ser suficientemente "paranóico"»


E NÃO LHE VEMOS OS TORNOZELOS...

A princesa Anne deslocou-se a Whitby, uma cidade costeira no Yorkshire, Inglaterra, para apoiar a organização de solidariedade Save the Children ,da qual é patrona.

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Como "toda a gente sabe", as polícias inglesa, galesa e escocesa não andam armadas junto da população; este senhor que está a sair do carro esqueceu-se de deixar os brinquedos em casa depois de ter estado a brincar aos agentes secretos com os filhos. Obviamente.


6 DE NOVEMBRO

 Hoje era o dia dos teus anos...

Era dia de irmos jantar com uma troupe desatinada, de darmos gargalhadas, de brindarmos à amizade que não conhece o passar do tempo, às confidências, às mãos que se estendem no momento certo, ao litro que se dá mesmo quando é o último que temos, à autenticidade, ao porto de abrigo

Hoje era o dia dos teus anos, dos anos do meu tio, do meu amigo, do que nunca me faltava, o das conversas intermináveis, o dos passeios com os cães à beira mar, pelas lezírias, pela cidade, pela história, pela música, pelas ideias trocadas, pelas trocas d'olhos sem palavras

Hoje fazes-me falta... Fazes-me sempre falta
Bello ciao, fino al giorno in cui mi aprirai di nuovo le braccia


ABRAM-SE AS PORTAS

 Verdade seja dita, passam-se meses que não vejo um noticiário nacional. Leio artigos, vejo sites, procuro fontes, mas sou eu que escolho o que me interessa; mais de 90% do que é impingido nos noticiários não me interessa: acontecimentos quase sempre inconsequentes, episódios circunstanciais, assuntos importantes, ou mesmo fundamentais são tratados "pela rama", muitas vezes seguidos por debates mais opinativos do que informativos, muito menos correlacionais.  O mais triste é que há bons jornalistas portugueses, alguns mesmo muito bons mas presumo que "não rendam" ocupando o ecrã.  Em auto-defesa resta-me mudar de canal para um que não tenha comentadores iluminados, onde sejam apresentados factos, vários, onde se procure um sentido na sucessão dos acontecimentos que ajude as pessoas a relacionar  A com B e AB com C

Há menos de uma semana, a 23 último, neste nosso mundo crescentemente radicalizado e dividido, o Rei de Inglaterra visitou o Papa no Vaticano. Não sei, não vi, mas admito que os noticiários nacionais tenham referido o assunto e mostrado imagens. E é exactamente disto que me queixo. O Rei Carlos III visitou o Papa Leão XIV no Vaticano... Provavelmente terá sido referido que este encontro ocorreu 500 anos após o cisma que separou a Igreja Anglicana da Igreja Católica.  É o que fica.
E então? E daí? Isto é importante?
Daí, a parte importante fica por dizer. O rei de Inglaterra visitou o papa no Vaticano não é algo importante. É significativo, é amável mas não é importante. Mais. Este encontro ocorreu 500 anos após o cisma que separou a Igreja Anglicana da Igreja Católica, é verdade mas deixa no ar uma meia-verdade. Dito assim poderá levar a pensar que Carlos III foi o primeiro monarca britânico a visitar o Papa no Vaticano na decorrência destes 500 anos.
 - Eduardo VII fez uma visita privada ao Papa Leão XIII, lançando uma importante pedra de reconciliação.
 - George V e a Rainha Mary fizeram uma visita oficial ao papa Pio XI em 1923; Dez anos depois Pio XI escreveu, em alemão, uma severa carta a Hitler reduzindo-o à sua condição de mero mortal:
«Aquele que, com sacrílego desconhecimento das diferenças essenciais entre Deus e a criatura, entre o Homem-Deus e o simples homem, ousar colocar-se ao nível de Cristo, ou pior ainda, acima d’Ele ou contra Ele, um simples mortal, ainda que fosse o maior de todos os tempos, saiba que é um profeta de fantasias a quem se aplica espantosamente a palavra da Escritura: "Aquele que mora nos céus zomba deles."»

 - Elizabeth II fez três visitas ao Vaticano. Em 2000 fez uma visita oficial ao Papa João Paulo II, que 8 anos antes havia recebido em Buckingham; fez outras duas visitas privadas, a primeira em 1961 ao Papa João XIII,  ainda durante o reinado do seu pai George VI.
O Papa Benedito XVI visitou a rainha no Palácio de Holyroodhouse, sua residência oficial na Escócia em 2010 durante uma visita de Estado.  
A segunda visita privada da Rainha foi ao Papa Francisco em 2014. Durante essa visita, marcada por uma informalidade e descontração nada usuais, a Rainha, vestida de um luminoso lilás, presenteou o Papa com uma garrafa de whisky de Balmoral e uma cesta com produtos alimentares produzidos nas suas propriedades de Windsor e Sandringham, mel "do nosso jardim" em Buckingham. 
O Papa Francisco, num gesto de simbologia muito clara, entregou à rainha um presente para o seu bisneto primogénito, o bebé príncipe George: Uma esfera em lápiz-lazuli encabeçada pela cruz de St. Edward, o rei inglês do séc.XI que foi santificado pela Igreja Católica

Voltando umas linhas atrás, o Rei de Inglaterra visitou o Papa no Vaticano não é algo importante, nem novo. O que é importante e marcadamente diferente é que Carlos III fez aquilo que a Rainha Elizabeth não pode fazer, por razões várias - do segundo casamento cívil de Charles, herdeiro da coroa, aos acordos com a Irlanda, que visitou numa admirável missão de paz atravessando, literalmente, a rua passando de uma Igreja para a Outra; missão que não quis comprometer temendo que os católicos irlandeses vissem a sua aproximação ao Vaticano como uma interesseira manobra política. 

O que é importante é que o líder da Igreja Anglicana visitou o líder da Igreja Católica e ambos estiveram numa mesma missa celebrada pelo bispo de Roma, o Papa, e o Arcebispo de York. 
Significativo é a permanência do líder da Igreja Anglicana simbolizada na cadeira decorada com o brasão do Rei Charles III,  criada para permanecer na Basílica  de São Paulo Fora-de-Muros. Charles, da Igreja Anglicana, parte mas a sua presença permanece. 

Este acontecimento não é uma visita, é a abertura da porta da união de várias Igrejas, primeiro as cristãs e depois... E depois se verá

Depois?

O Papa Leão XIV  fará a sua primeira viagem papal entre 27 de Novembro e 2 de Dezembro. Teria tido muito tempo para marcar qualquer outra para antes se assim o desejasse. Não o fez, a intenção é clara, o caminho que traça para si mesmo torna-se evidente.
Pode ler-se num comunicado do Vaticano: «Comemorando o 1.700º aniversário do Concílio de Niceia e do seu Credo, bem como reafirmando as esperanças de paz no Médio Oriente, o Papa Leão XIV viajará para a Turquia e para o Líbano»
A viagem a Iznik, na Turquia, local da antiga Niceia, foi inicialmente planeada para o Papa Francisco. O Papa Leão anunciou a sua intenção de celebrar o aniversário do Concílio Ecumênico de Niceia com o Patriarca Ecuménico Ortodoxo Bartolomeu de Constantinopla com quem realizará uma peregrinação conjunta. Presentes também os Patriarcas ortodoxos gregos Teófilo III de Jerusalém, Teodoro II de Alexandria e João X de Antioquia e ainda o Bispo maronita Mounir Khairallah de Batrun, Líbano

Não será por acaso que o comunicado do Vaticano expressa  "reafirmando as esperanças de paz no Médio Oriente", poderia expressar apenas uma referência às Igrejas Ortodoxas. Ali não há "acasos", Leão XIV quer ir mais além neste mundo a que ele chama "fracturado"

2025 é um ano de Jubileu Católico, "O Jubileu da Esperança", iniciou-se na véspera de Natal de 2024 com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro pelo Papa Francisco. Outras portas de outras basílicas, que habitualmente permanecem fechadas, seguiram essa abertura: São João de Latrão, Santa Maria Maior, São Paulo Fora-de-Muros. 
Outras há espalhadas pelo mundo "fracturado"





UM DIA VIRÁ...

 (Como diria Freddie Mercury "Another one bites the dust")

Sarkozy suscita-me tanto carinho que, há dois anos, lhe dediquei um post inteitinho, «O FUNGO», e desde então tenho estado pacientemente à espera... Sempre achei que merecia mais do que lhe deram: uma pena efectiva de um ano, a ser cumprida em casa com pulseirinha no tornozelo, não é coisa que faça as honras a tão iminente figura.

Sarkozy começou a sua vida política filiado no Reagrupamento para República (RPR), gaullista de tradição, centro-direita nacionalista que seguia o legado do general Charles de Gaulle, com uma abissal diferença: de Gaulle era sério

Este rapaz nem começou mal, tendo em conta o que propunha no seu programa político presidencial. Mas descambou. Descambou completamente

Em 2023 dizia eu por aqui:
Pois é, camarada Sarkozy, os apoios russos a Mme. LePen lixaram-te o longo esquema de poder e, diga-se de passagem, deste uma boa contribuição com tantos tiros nos pés com balas de corrupção, tráfico de influência e prisão efectiva... Não ajuda, mas os tempos mudam... Hoje em dia os processos crime, mesmo com condenação efectiva, já não são o que eram, a malta já não leva a mal, são vicissitudes da vida, até há muito quem aprecie.

Já nem a extrema-direita é o que era... A nova ordem é unir-se à extrema-esquerda, aos partidos pró-comunistas, numa aliança anti-ocidente, anti-NATO (um must), anti-Europa. 
Os nacionalistas populares estão de parabéns, têm tido enorme êxito a driblar mentes pouco atentas, ou pouco informadas, para longe do que é realmente importante, fundamental. Centrando o seu discurso na carteira de cada um, nos medos colectivos, no marketing que promove o autoritarismo nacionalista
E, em 2023, de onde vinha o gatilho da minha dedicação coloquial ao personagem? Do seu percurso político? Das falcatruas graves em que se enredou? Nada disso.  O disparo veio-me como um raio quando da sua visita a São Petersburgo para participar no Fórum Económico Internacional - e já agora que ali estava - "por acaso" encontrou-se com Vladimir Putin. Seria ele ou Le Pen... Putin teria de escolher, "Entre les deux, mon cœur balance". Putin apostou bem, como seria de esperar, em Le Pen

«-/..."Os russos são eslavos, eles são diferentes de nós, as negociações sempre foram difíceis, houve muitos mal-entendidos ao longo de nossa história compartilhada, no entanto, apesar desse facto, precisamos dos russos e eles precisam de nós. A Rússia continuará a ser nossa vizinha, quer queiramos quer não, temos de encontrar formas e meios de restabelecer relações de vizinhança ou, pelo menos, relações mais calmas”

.../... "A NATO poderia, ao mesmo tempo, afirmar a sua vontade de respeitar e ter em conta o medo histórico da Rússia de ser cercada por vizinhos hostis"
.../... A Europa precisa de clarificar a sua estratégia e procurar um compromisso com a Rússia em vez de seguir a estranha ideia de financiar uma guerra indiretamente, sem se envolver nela.

"A Ucrânia é uma ponte entre o Ocidente e o Oriente e deve permanecer assim. É necessário ser coerente e, especialmente, realista. A vocação da Ucrânia é ser uma ponte entre a Europa e a Rússia. As demandas para que a Ucrânia escolha entre os dois, na minha opinião, contradizem a história e a geografia desta região complexa"» .Sarkosy, Agosto 2023
Medvedev, ex-presidente e primeiro-ministro da Rússia, que alternava cargos com Putin para manter a "constitucionalidade" antes da reforma, considerou os comentários de Sarkozy "tão audaciosos quanto precisos".
Está tudo dito.
De Gaulle teria tido uma síncope...


Ao ver Sarkozy ir "de cana" não posso deixar de rejubilar; os motivos, graves, não englobam a totalidade dos seus crimes mas não faz mal, rejubilo na mesma, não tenho culpa de ter uma afincadíssima memória
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Um dia... Um dia virá... Um dia virá em que os crimes que se desenrolam presentemente ante os nossos os nossos olhos serão julgados, de uma forma ou de outra, por uma razão ou por outra.

Ouvi há dias um oficial de uma qualquer Inteligência europeia sair-se com esta:
« Contornando o carácter metafísico do que não pretende ser uma análise, apenas um sentimento, uma leitura descontraída feita na diagonal, a profanação dos valores humanos mais básicos que decorrem tão disseminadamente convence-me de que o terceiro Anti-Cristo não é uma figura, é uma incarnação numa Trindade»
Confrontado com a decisão de Trump de não fornecer mísseis de longo alcance à Ucrânia após as duas horas e meia de conversa com Putin, Zelensky foi hoje o mais claro que a sensatez lhe ditou: 

«A Rússia perdeu o interesse pelos contactos diplomáticos depois de os Estados Unidos terem recusado fornecer mísseis Tomahawk de longo alcance à Ucrânia.
Quanto maiores forem as capacidades de longo alcance da Ucrânia, maior será a disponibilidade da Rússia para terminar a guerra»

Explicitamente exposto, "Já não vale a pena ir a Budapeste, no dia seguinte desempenhaste impecavelmente a tua fantochada na Casa Branca"

Mas um dia virá...

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DESMERECE A RETÓRICA

Gentalha corrupta, que mete ao bolso verbas usurpadas, que encara um suborno como um acréscimo de rendimento, que é financiada por fontes ocultas e ocultadas, há por todo o lado, é verdade, mas há uns que abusam. Abusam e sustentam as suas retóricas em acusações  infundadas desviando as atenções dos seus propósitos. Se for feito um gráfico de processos crime que englobe todos os quadrantes políticos não creio que suscite muitas dúvidas sobre onde se encontram os picos. É assim, da Assembleia da República Portuguesa ao Parlamento Europeu.

O primeiro caso estrondoso foi o da Le Pen e de mais 25 comparsas, 8 dos quais euro-deputados; foram apanhados num sistema fraudulento de contratos de trabalho envolvendo verbas do Parlamento Europeu destinadas ao pagamento de remunerações, um desvio de fundos europeus que bateu os 5 milhões de euros vindos dos bolsos dos contribuintes. Uma escandaleira sem margem para dúvidas

Outros houveram, menos onerosos, menos mediáticos, mas com os picos a surgirem do mesmo lado do gráfico

Há menos de 1 mês, a 26 de Setembro, Nathan Gill, ex-líder do UKReform-Walles e ex-deputado europeu do partido Brexit, declarou-se culpado em 8 acusações de suborno para defender as posições políticas da Rússia no Parlamento Europeu. Isto poderia levar a uma conversa sobre como o Brexit foi implantado no meio eleitoral britânico. Não vale a pena, é tão óbvio que desmerece a retórica

Hoje o Sunday Times - e o Times não é o Sun - brinda os seus leitores com uma notícia enfeitada com uma fotografia linda do casal N.Farage/L.Ferrari 

«A integridade política de Nigel Farage, um homem que construiu a sua carreira atacando os excessos financeiros da União Europeia, é,  de novo, alvo de escrutínio. A sua companheira, Laure Ferrari, está agora directamente implicada numa investigação criminal em curso, de fraude centrada na organização euro-céptica sediada em Bruxelas que ela dirigiu.

Os auditores recusaram-se a aprovar centenas de milhares de euros em despesas públicas do Instituto para a Democracia Directa na Europa durante o tempo em que Ferrari foi directora executiva. O que começou como uma controvérsia contabilística em 2016 transformou-se agora num caso criminal em grande escala, envolvendo o círculo íntimo do líder do Reform UK  em alegações da mesma má conduta financeira que ele passou anos a denunciar.» Sunday Times - 19 Out.25

Ok, nem digo mais nada, fico-me pela anedota:

- O que faz um euro-céptico em Bruxelas ?
- É tão óbvio que desmerece a retórica


SERIA O MOMENTO

 Preâmbulo

Em  1994 foi assinado um memorando em Budapest  no qual a Ucrânia abdicou de milhares de armas nucleares, que haviam permanecido no seu território após a desagregação da União Soviética. O "Memorando de Budapeste" estabelecia garantias de que a Rússia respeitaria a integridade territorial da Ucrânia.

 Em 2014, Putin violou este acordo ao invadir e anexar a Crimeia e dar início à ofensiva militar na região de Donbass, que persiste e foi agravada após a invasão na tentativa de derrubar Kyiv em 2022.

Há cerca de uma semana Putin disse que a "boa-vontade" conseguida há dois meses, durante a cimeira com Trump no Alaska,  se havia "esgotado", uma boa-vontade muito volátil (mas não rejeitou os negócios então combinados)
Trump retorquiu com insatisfação e ameaças. «Estou a considerar dar (vender) mísseis tomahawk à Ucrânia». Pois...
Depois pensou melhor...
Na véspera de receber Zelensky na Casa Branca esteve duas horas e meia ao telefone com Putin. O czar diabólico é um manipulador treinado, um encantador de serpentes, 2h30 de acesso à  atenção de Trump é uma eternidade.  Exigiu as terras ocupadas e "isso dos tomahawk" iria afectar drasticamente as boas relações entre a Rússia e os EUA... Espantoso!

Ele sabe que "isso dos tomahawk" lhe acabaria com o que lhe resta de rendimentos petrolíferos;
Trump resolveu então propor a Putin uma nova cimeira... em Budapeste.

Boa escolha! Já ficou demonstrado que o que por lá se assina não tem importância. Duvido de que Putin tenha conseguido reprimir a gargalhada.

O amigo Orban -  de Trump e de Putin - garante uma estadia agradável a ambos, sobretudo a Putin: a Hungria é signatária do Estatuto de Roma e, até Abril de 2026,  ainda está legalmente vinculada ao cumprimento das sentenças do Tribunal Penal Internacional, o qual detém sobre Putin um mandado de captura por crimes de guerra cometidos contra a Ucrânia.

 «A Hungria –  como a ilha de paz – está pronta para acolher a cimeira. Vamos garantir todas as condições para que os presidentes possam realizar negociações bem-sucedidas entre si, para que a paz possa regressar à Europa».  Péter SzijjártóMinistro dos Negócios Estrangeiros da Hungria

Orban tem a obrigação legal de cumprir a ordem do TPI detendo Putin. Obrigação legal? Orban? Isso é para os comuns mortais. L'état c'est moi! (et moi, et moi). Em Abril passado Orban recebeu Netannyahu e também tinha obrigação de o prender; em vez de prestar um serviço à humanidade recebeu-o de braços abertos, mostrou-lhe as vistas maravilhosas de Budapeste, foi a simpatia personificada. Quando o criminoso de guerra voltou para Israel, Orban anunciou que iria deixar o TPI, uns néscios que estão sempre a incriminar-lhe os amigos

De uma cajadada matam-se dois, não, três coelhos: por um lado "honra-se" o grotesco Memorando de Budapeste elaborando um outro tão credível quanto o primeiro; por outro, despreza-se o mandado de captura do TPI a Putin;  por último, tem de se pôr a questão das sanções da União Europeia à Rússia e a Putin.
Os Estados-membros da UE sancionaram centenas de altos funcionários russos responsáveis pelo planeamento e supervisão da invasão da Ucrânia e pelo rapto das crianças ucranianas. Estas sanções englobam a proibição de viajar para o bloco europeu, o congelamento de bens pessoais e o fecho do espaço aéreo a aviões russos; esta limitação aplica-se a "aeronaves operadas por transportadoras aéreas russas, registadas na Rússia, pertencentes ou fretadas por qualquer pessoa ou entidade russa, bem como a voos não regulares que possam transportar cidadãos russos para reuniões de negócios ou destinos de férias na UE." Putin e Lavrov não estão abrangidos pela proibição de viajar a fim de que lhes seja permitido "manter um mínimo de contactos diplomáticos". Putin e Lavrov poderão, em missão diplomática, deslocar-se à Hungria desde que não viagem num avião russo ou fretado por qualquer russo ou pelo Estado russo. ("Era o que faltava", gargalha Putin.) Depois põe-se a questão da imunidade diplomática. Não cabe ao Estado anfitrião determinar, por si próprio, o estatuto de imunidade, tem de consultar o TPI, que determina se a imunidade se aplica ou não especificando os motivos. ( "Era o que faltava", gargalha Orban.  "Era o que faltava", rosna Trump, foi Moi quem decidiu.) A União Europeia não se pronuncia, aguarda...

Perante tudo isto, uma jornalista do HuffPost perguntou, por escrito, a Karoline Leavitt, a secretária de imprensa da Casa Branca: "Quem escolheu Budapeste? Leavitt, respondeu após poucos minutos: "A tua mãe escolheu".(Your mom did); dois minutos depois foi enviada nova resposta, desta vez do director de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung "A tua mãe" (Your mom).

É assim a Casa Branca dos nossos dias, a sede administrativa dos Estados Unidos: Ninguém tem de prestar contas, informações, explicações, um reinozinho impune, arrogante, imoral.  L'état c'est moi! 

Então e os tomahawk  para a Ucrânia?

Depois de uma extensa reunião entre representantes americanos e ucranianos, encabeçada pelos respectivos presidentes, descrita como "desconfortável" por uma fonte americana, Trump mostrou-se muito preocupado com a segurança da Ucrânia... «Não, tomahawks não, são armas muito perigosas, perigosíssimas. Espero que não precisem deles, espero que consigamos terminar a guerra sem pensar nos tomahawks, creio que estamos muito próximos disso, além de que os Estados Unidos precisam deles.»

Uma vez mais o tempo urge... As listas de candidatos aos Nobel são recebidas em Janeiro para apreciação e redução durante o ano até Outubro. Em Janeiro de 25 Trump só teve 10 dias de presidência, ainda não tinha "acabado 7 guerras". Trump vai chegar a Budapeste com fogo no rabo, vai fazer o impossível para obter um cessar-fogo, um acordo, o raio-que-o parta. Vai encostar Zelensky à parede de todas as formas que conseguir, vai pressiona-lo a entregar a Putin o território ucraniano ocupado com um "Isto tem de acabar, coitadinhas das pessoas que estão a morrer aos milhões". 

Putin está neste momento mais fragilizado do que alguma vez esteve, com chineses ou sem chineses, com BRICS ou sem BRICS: 

-  Um facto inegável da vida é que quando não há dinheiro não há palhaços; no caso presente da Rússia, sancionada até à raiz da economia, se não houver petróleo não há exportações que sustentem a economia interna e, consequentemente, a guerra. A China quer petróleo, também quer tecnologia e manter a NATO ocupada mas, pelos anos mais próximos, precisa do petróleo para aproveitar a tecnologia e a mobilização da NATO na defesa da Ucrânia, sem isso irá fazer negócios para outras paragens. Tem um projecto espacial que não quer, de forma alguma, deixar cair; pelo sim pelo não já colocou uma rede de espionagem activa a esmiuçar a tecnologia bélica e industrial na Rússia. E, se eu sei, Putin também sabe. Putin sabe que não pode confiar em Xi. Xi sabe que não pode confiar em Putin.

-  Desde o início de Outubro que Putin tenta um novo recrutamento militar, aumentou substancialmente os pagamentos regulares e bónus mas o número de novos recrutas a receber bónus no segundo trimestre de 2025 foi o mais baixo em dois anos; voltou a recorrer ao recrutamento de prisioneiros criminais, a abrir o bolso para mercenários; Até agora, o Kremlin  tem procurado gerar recrutas através de incentivos financeiros crescentes e bónus de inscrição porque quer evitar a mobilização compulsiva em massa após a desafiante convocação involuntária para a reserva no final de 2022. Em Julho passado começou a considerar recorrer a reservistas, o que necessitará de uma alteração legal (em curso) pois de outra forma teria de submeter o projecto à Assembleia Federal, medida que parece contrariar Putin profundamente. Face à decrescente mobilização voluntária e à situação económica agravada, o Kremlin poderá ver-se forçado a adoptar a mobilização obrigatória contínua de reservistas, até para sustentar a força de trabalho face à elevada taxa de baixas na Ucrânia. De uma outra perspectiva, a dos reservistas que já estiveram em combate na Ucrânia, não será por certo grande a  vontade de para lá voltar

-  Perdeu cerca de 1milhão de homens, para mais, não para menos, os milhares de norte-coreanos que foram enviados para a Rússia não surtiram efeito, os mercenários cubanos nem se dá por eles, perdeu Prigozhin e o Grupo Wagner, tem uma queda drástica no fornecimento de tecnologia e de armamento por parte do Irão, que neste momento tem mais com que se preocupar.

-  Segundo informações da Inteligência ucraniana, mais de 25.000 soldados e oficiais russos desertaram desde 2024

-  Quando se deu a invasão da Ucrânia nem a Suécia nem a Finlândia integravam a Nato; presentemente a fronteira da Rússia com a Nato cresceu quase 1300 Kms

-  A Moldova, o Azerbaijão e a Arménia voltaram-se inequivocamente para a Europa; Cazaquistão e Uzbequistão viraram as costas à Rússia e estabelecem acordos com a Europa e a China.

Seria o momento... Só colocando Putin perante uma situação que o obrigue a considerar uma derrota mais do que provável se poderá leva-lo a aceitar uma solução que evite a evidência da sua derrota. Putin tem na memória, e provavelmente em pesadelos assíduos, o que se passou na Rússia após ser derrotada no Afeganistão: a desagregação da União Soviética, a queda do Muro de Berlim. 

Qual a relação? Ora... 

Como enfrentaria Putin, não só o povo russo mas os oligarcas, a sua base de sustentação política,  sancionados, depenados, expulsos dos grandes centros de negócio europeus, impedidos de viajar a seu bel-prazer em lazer ou trabalho; os militares, força bélica da "super-potência", que lhes é vendida em ciclos de formatação mental, um país grandioso novamente à beira do colapso económico. Tudo isto porque o Presidente Putin, sempre "eleito" por mais de 80% dos votos, resolveu invadir a Ucrânia, que conquistaria em 3 dias, devolve uma Rússia derrotada, humilhada, com mais de 1 milhão de baixas e ostracizada pela maior parte do mundo.

Putin não é estúpido nem inconsciente, tem perfeita noção de que a exposição da derrota acarreta a sua queda política. Seria o momento...

Não irá ser. Trump acariciado por Putin e lisonjeado por Orban... É muito para um ego só, para tanta ambição egocêntrica, para tanta impotência elevada por segredos obscuros fechados em cofres, é muito para quem admira a subjugação da liberdade alheia

Seria...  se Kamala Harris tivesse sido eleita.
Com todos os defeitos que lhe possam atribuir, com todas as discordâncias políticas que se possam reclamar, uma coisa será reflectidamente concedida: o mundo não estaria perante esta colecção de descalabros. Nem a América estaria à beira de um precipício, nem a Europa, bem acompanhada,  estaria a fazer das tripas coração, compelida a uma bajulação nauseante a fim de evitar catástrofes económicas e militares, nem seria Zelensky quem seria colocado entre a espada e a parede em nome de um cessar-fogo temporário, em nome de um "acordo" tão credível quanto o Acordo de Budapeste de 1994,  tão fiável quanto a assinatura de Netanyahu no acordo de paz de Gaza.

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Nem tudo, em política, é uma questão de ideologia, a maior parte das vezes, seja em que circunstâncias for, é acima de tudo uma questão de princípios, de valores, de abnegação pessoal. Grandes egos tornam os homens muito pequenos



Num discurso a Zelensky na Casa Branca, Harris disse:

«Alguns no meu país pressionariam a Ucrânia a aceitar um acordo de paz em que cederia o seu território soberano e a sua neutralidade para fazer a paz com Vladimir Putin.

Estas propostas são as mesmas de Putin e, sejamos claros, não são propostas de paz, são propostas de rendição, o que é perigoso e inaceitável»

26/09/ 2024

INÊS, É HOJE

 Lembro-me da Inês dos tempos de liceu, um pouco mais novinha do que eu, lembro-me dela irrequieta, sorridente, curiosa, com um brilho nos olhos enormes que lhe vinha da mente desperta. Quando deixei o liceu nunca mais a vi; não eramos "amigas", apenas nos cruzávamos, umas trocas de palavras... Mas a Inês foi uma dos "mais novos" que me ficou. 

Passaram-se décadas, passou o mundo por nós, cada uma com o seu e nunca se cruzaram. Há anos, perdi-lhe a conta, quis o destino que nos "reencontrássemos" no Facebook, nas encruzilhadas dos antigos alunos do Liceu Francês. Fez-me um abençoado "pedido de amizade", lembrava-se de mim, tinha sido aluna do meu pai.
A Inês sobressaiu... Escreve admiravelmente, sobre tudo o que lhe vem à cabeça, à vida, à vizinhança do prédio e da rua, sobre as pessoas do seu dia-a-dia, sobre os que guarda no enorme coração. E o seu sentido de humor... Rápido, mordaz, subjacente. Nasceu uma amizade descomplicada, sincera, sem encontros mas praticamente quotidiana. Até que houve um dia em que, finalmente, nos abraçamos. Um abraço esperado, atrasado pelo quotidiano, o trabalho, o Covid, e por tantas outras coisas parvas que se interpõem entre quem se quer bem e é bem mais importante do que as parvoíces interpostas.

Nestes últimos tempos a Inês estava assoberbada em trabalho, um livro na forja... Rejubilei. Falamos dele durante um jantar. Esperei-o. Sabia que iria ser um parto muito cuidado, preparado, revisto mil vezes...
Outro jantar... Novidades? Está quase, mesmo quase...

Inês... É hoje!!!
Saiu em Setembro mas ainda não o tenho, não o li, quero recebê-lo das mãos dela, hoje na apresentação, quero conhecer a co-autora, a Fátima Moura da Silva

Que venham mais, vislumbro-os dentro de ti saltitando de quando em vez, sussurrando-te que querem ver o Sol




AUTÁRQUICAS 25

ISTATÉNÃCORRÊMAL 


De resto, digo sempre a mesma coisa, 
quase 4 milhões de abstenções em pouco mais de 9 milhões de inscritos...
É UMA VERGONHA
Os extremos não se abstêm


Inscritos
9.192.614
Abstenção
40.65 %
3.736.601 abstenções
Votantes
59.35 %
5.456.013 votantes
Brancos
1.74 %
94.879 votos
Nulos
1.18 %
64.476 votos
Resultados provisórios fornecidos pelo SGMAI-AE.



Já  agora, Portugal classificou-se para o Mundial, à cabeça do seu grupo. Bonito.






NOBEL DA PAZ 😊


 MARIA CORINA MACHADO

POR LA DEMOCRACIA
EN VENEZUELA 

Prémio Nobel da Paz 
2025


The Norwegian Nobel Committee has decided to award the Nobel Peace Prize for 2025 to
MARIA CORINA MACHADO
for her tireless work promoting democratic rights for the people of Venezuela and 
 her struggle to achieve a just and peaceful transition from dictatorship to democracy”
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Transcrição do anúncio 
do laureado  2025

<<O Comité Nobel norueguês decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz de 2025 a Maria Corina Machado.

Ela recebe o Prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia.

Como líder do movimento democrático na Venezuela, Maria Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos.

A Sra. Machado tem sido uma figura fundamental e unificadora numa oposição política que antes estava profundamente dividida — uma oposição que encontrou um terreno comum na exigência de eleições livres e um governo representativo. É precisamente isso que está no cerne da democracia: a nossa vontade comum de defender os princípios do governo pelo povo, mesmo quando discordamos. Numa época em que a democracia está ameaçada, é mais importante do que nunca defender esse terreno comum.

A Venezuela evoluiu de um país relativamente democrático e próspero para um Estado brutal e autoritário que agora sofre uma crise humanitária e económica. A maioria dos venezuelanos vive em profunda pobreza, enquanto os poucos que estão no topo enriquecem. A máquina violenta do Estado é dirigida contra os próprios cidadãos do país. Quase 8 milhões de pessoas deixaram o país. A oposição tem sido sistematicamente reprimida por meio de fraudes eleitorais, processos judiciais e prisões.

O regime autoritário da Venezuela torna o trabalho político extremamente difícil. Como fundadora da Súmate, uma organização dedicada ao desenvolvimento democrático, a Sra. Machado defendeu eleições livres e justas desde há mais de 20 anos. Como ela disse: «Foi uma escolha entre urnas e balas». Desde então, no exercício de cargos políticos e no seu serviço a organizações, a Sra. Machado tem-se pronunciado a favor da independência judicial, dos direitos humanos e da representação popular. Tem passado anos a trabalhar pela liberdade do povo venezuelano.

Antes das eleições de 2024, Machado era a candidata presidencial da oposição, mas o regime bloqueou a sua candidatura. Ela apoiou então o representante de um outro partido, Edmundo Gonzalez Urrutia, nas eleições. Centenas de milhares de voluntários mobilizaram-se, independentemente das suas divisões políticas. Foram treinados como observadores eleitorais para garantir uma eleição transparente e justa. Apesar do risco de assédio, prisão e tortura, cidadãos de todo o país vigiaram as assembleias de voto. Asseguraram que as contagens finais fossem documentadas antes que o regime pudesse destruir os boletins de voto e mentir sobre o resultado.

Os esforços da oposição colectiva, tanto antes como durante as eleições, foram inovadores e corajosos, pacíficos e democráticos. A oposição recebeu apoio internacional quando os seus líderes divulgaram as contagens de votos que tinham sido recolhidas nos distritos eleitorais do país, mostrando que a oposição tinha vencido por uma margem clara. Mas o regime recusou-se a aceitar o resultado das eleições e agarrou-se ao poder.

A democracia é uma condição prévia para uma paz duradoura. No entanto, vivemos num mundo em que a democracia está em declínio, onde cada vez mais regimes autoritários desafiam as normas e recorrem à violência. O controlo rígido do poder pelo regime venezuelano e a repressão da população não são únicos no mundo. Vemos as mesmas tendências a nível global: o Estado de direito abusado por aqueles que estão no poder, a liberdade de imprensa silenciada, os críticos presos e as sociedades empurradas para o autoritarismo e a militarização. Em 2024, foram realizadas mais eleições do que nunca, mas cada vez menos são livres e justas.

Ao longo da sua longa história, o Comité Norueguês do Nobel homenageou mulheres e homens corajosos que enfrentaram a repressão, que levaram a esperança da liberdade para as celas das prisões, para as ruas e para as praças públicas, e que demonstraram com as suas acções que a resistência pacífica pode mudar o mundo. No último ano, a Sra. Machado foi forçada a viver na clandestinidade. Apesar das graves ameaças à sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões de pessoas.

Quando os autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem. A democracia depende de pessoas que se recusam a ficar em silêncio, que ousam dar um passo em frente apesar dos graves riscos e que nos lembram que a liberdade nunca deve ser tomada como garantida, mas deve ser sempre defendida – com palavras, com coragem e com determinação.

Maria Corina Machado cumpre os três critérios estabelecidos no testamento de Alfred Nobel para a selecção do laureado com o Prémio da Paz. Ela uniu a oposição do seu país. Nunca vacilou na resistência à militarização da sociedade venezuelana. Tem sido firme no seu apoio a uma transição pacífica para a democracia.

Maria Corina Machado demonstrou que as ferramentas da democracia são também as ferramentas da paz. Ela personifica a esperança de um futuro diferente, onde os direitos fundamentais dos cidadãos são protegidos e as suas vozes são ouvidas. Neste futuro, as pessoas serão finalmente livres para viver em paz.>>



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AGORA MUITO A SÉRIO...

Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen  

Discurso ao plenário do Parlamento Europeu

Debate dedicado a uma resposta unida às recentes violações russas do espaço aéreo e das infra-estruturas críticas dos Estados-Membros da UE

8 Outubro, 2025


Link p/ Transcrição  (Inglês, Alemão, Francês) - Speech by the President: European Parliament plenary
Legendas disponíveis em português nas "definições" no vídeo

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CRONOLOGIA FINAL DE UM SONHO


Trump chegou ao Reino Unido a 17 de Setembro, foi dormir à residência do embaixador dos EUA e o dia seguinte foi passado com o rei Carlos III.  Foi apaparicado com mimos mas não em Buckingham, foram busca-lo de charrete mas não num coche real em Londres, passeou no exterior com o rei mas protegido pelas muralhas do castelo da família real,  afastado do verdadeiro circo de contestação que reinava na cidade. Por lá almoçou com o rei com quem fez uma visita guiada ao castelo, conversou toda a tarde, foi agraciado com um banquete, mas não gostou da comida (parece que não pediram MacBurguers pela Ubereats). No dia seguinte, 18/09,  antes de regressar aos EUA, encontrou-se com Keir Starmer em Chequers, uma mansão do século XVI e casa de campo oficial do primeiro-ministro  perto de Ellesborough, em Buckinghamshire, sendo poupado à caricatural recepção oferecida povo londrino

Após chegar aos EUA, a 19 Set. , teve de preparar - ou de se preparar com o que o que lhe haviam preparado - para ir discursar às Nações Unidas. Nada de novo aqui, as mentiras do costume, as ameaças costumeiras, o apoio a Israel, nada contra Putin, ataques ferozes contra os aliados - « Os vossos países irão falhar...» -  aliados esses "que compram petróleo à Rússia" -  havia descoberto isso apenas 2 semanas antes - mas têm de deixar de comprar, as 7 guerras infindáveis a que pôs termo... Adiante.
Mas quando deixou a Assembleia da ONU o seu discurso e atitude em relação à Ucrânia e à Rússia alterou-se.... Trump passou de pressionar a Ucrânia para entregar territórios para a hipótese de que é capaz de recuperar todas as suas terras, deixou de enquadrar as negociações como o resultado mais prático e passou a ter uma nova confiança na Ucrânia, quando apoiada pelos seus vizinhos europeus e pela NATO alinhando-se, subitamente, com os países europeus e endossando o abate de aviões russos que violassem o espaço aéreo. Estávamos a 23 de Setembro

E Israel? Sete dias depois da sua presença nas U.N. , a 30 de Setembro, Trump e Netanyahu afirmaram ter concordado com um plano para pôr fim à guerra em Gaza. Nesse dia Trump disse aos jornalistas que daria ao Hamas "três ou quatro dias" para responder ao seu plano, de acordo com o qual , no prazo de 72 horas após a assinatura de todas as partes, o estabelecido entraria em efeito. Seguiu-se o rápido envio de uma delegação americana para o Egipto para ser presente às negociações do acordo.

Nesse mesmo dia 30 de Setembro, a princesa Anne de Inglaterra fez uma "visita surpresa" à Ucrânia a pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Commonwealth e do Desenvolvimento e encontrou-se com Zelensky a quem entregou uma carta. Poderia jurar que a carta não vinha do Ministério dos Negócios Estrangeiros... Sei lá, o rei gosta evidentemente de Zelensky de uma forma muito especial, foi o primeiro a recebê-lo na sua casa em  Sandringham, sem protocolos de Estado, poucos dias após ter sido escorraçado da Casa Branca. 
Como é que isto entra nesta história? Imaginai...


Na manhã de sábado, 4 de Out.,  Trump disse apreciar o facto de Israel ter "interrompido temporariamente os bombardeamentos" (?!?!?!) e insistiu com o Hamas para que avançasse rapidamente com o plano, "ou então todas as apostas serão canceladas".

«Não tolerarei atrasos, que muitos acreditam que acontecerão, ou qualquer resultado em que Gaza volte a representar uma ameaça. Vamos fazê-lo, RÁPIDO. Todos serão tratados de forma justa!»

Palavra chave: "RÁPIDO".  O tempo urge... Trump tem menos de uma semana para cobrir com o esplendor do seu ego o seu desejo mais acalentado, a sua mais volátil ilusão

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O Comité Nobel norueguês faz a sua deliberação final sobre os diversos Prémios Nobel em Outubro de cada ano e anuncia os nomes dos laureados.

O Prémio Nobel da Paz este ano será anunciado a 10 de Outubro

Depois disso já podem voltar a andar ao estalo à vontade, se as coisas não correrem bem, Putin até pode mandar drones para a Noruega e Netanyahu, por mais contrariado que esteja, só tem de manter a calma meia dúzia de dias

E a culpa? A culpa será de Zelensky que não quis ir a Moscovo, de Putin que roeu a corda das negociações, de Netanyahu que não pára os bombardeamentos, do Hamas que não aceita uma retirada por fases e um governo dirigido por Trump, de Carlos III que não telefonou ao rei Harald da Noruega, do Comité Nobel onde são todos de extrema-esquerda, de todos, até do Papa que se mete onde não é chamado. De todos, que não compreendem o quanto ele é um homem bom que odeia guerra e violência.


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O ARRULHAR DO ABUTRE

 O contexto é claro: mais de 800 generais e almirantes deslocados dos seus postos em múltiplas partes do mundo para ouvir um pombo de asas eriçadas mascarado de falcão a preparar a ablução mental que antecede a mobilização de tropas em solo americano para garantir a aplicação efectiva de Lei Marcial

Não comento o discurso do ex-apresentador de fim de semana da FoxNews, tenho mais o que fazer: pôr uma máquina de roupa a lavar, levar os cães a dar um giro, fazer um chá, ler o livro que está sofregamente a meio.
Deixo os bocadinhos de que mais gostei do monologo de 42 minutos perante uma plateia silenciosa espelhando nas expressões faciais o entusiasmo de um velório. Depois Trump também falou, durante 1hora... A vida militar não é fácil.

Diz o New York Times:

"Análise de Notícias: O Secretário de Defesa, Pete Hegseth, convocou centenas de generais e almirantes encarregados de gerenciar operações militares complexas em todo o mundo. Receberam uma palestra sobre preparação física e cuidados de aparência. "

Infelizmente é (ainda) mais grave do que isso. Julgai.

«O discurso de hoje é sobre as pessoas e sobre a cultura. O tema de hoje é sobre a nossa natureza, porque nenhum plano, nenhum programa, nenhuma reforma, nenhuma formação será bem sucedida se não tivermos as pessoas certas e a cultura certa no Departamento de Guerra.

Os militares têm sido forçados por políticos insensatos e imprudentes a concentrarem-se nas coisas erradas. Em muitos aspectos, este discurso trata de corrigir décadas de decadência, algumas delas óbvias, outras ocultas, ou, como disse o Presidente, estamos a limpar os detritos, a eliminar as distracções, a abrir caminho para que os líderes sejam líderes. Pode dizer-se que estamos a acabar com a guerra aos guerreiros.

Antes de mais, temos de restaurar uma aplicação implacável, desapaixonada e de senso comum das normas. Não quero que o meu filho sirva ao lado de tropas que não estão em forma ou numa unidade de combate com mulheres que não conseguem cumprir os mesmos padrões físicos das armas de combate que os homens, ou tropas que não são totalmente competentes na plataforma de armas ou na tarefa que lhes foi atribuída, ou sob o comando de um líder que foi o primeiro mas não o melhor.

Tudo começa com a aptidão física e a aparência. Se o Secretário de Estado da Guerra pode fazer exercícios físicos regulares, todos os membros da nossa força conjunta também podem. Francamente, é cansativo olhar para as formações de combate, ou mesmo para qualquer formação, e ver tropas gordas. Da mesma forma, é completamente inaceitável ver generais e almirantes gordos nos corredores do Pentágono e a liderar comandos em todo o país e no mundo. É um mau aspecto. É mau, e não é o que nós somos.

Isto também significa normas de apresentação. Acabaram-se as barbas, os cabelos compridos, a expressão individual superficial. Vamos cortar o cabelo, rapar a barba e cumprir as normas. Em termos simples, se não se cumprem as normas físicas masculinas para posições de combate, se não se consegue passar num teste de PT ou se não se quer fazer a barba e ter um aspeto profissional, está na altura de mudar de posição ou de profissão.

Qualquer lugar onde os padrões físicos experimentados e verdadeiros foram alterados, especialmente desde 2015, quando os padrões de armas de combate foram alterados para garantir que as mulheres pudessem qualificar-se, devem retornar ao seu padrão original. Se as mulheres conseguirem, excelente. Se não, é o que é. Se isso significa que as mulheres não se qualificam para alguns empregos de combate, que assim seja. Não é essa a intenção, mas pode ser o resultado. Assim seja. Significará também que os homens fracos não se qualificarão, porque não estamos a brincar. Isto é combate. Isto é vida ou morte.

Claro que, por vezes, vamos discordar. Não seríamos americanos se não o fizéssemos. Ser um líder numa grande organização como a nossa significa ter conversas francas e diferenças de opinião. Ganharão algumas discussões e perderão outras.  Mas quando os líderes civis dão ordens legais, nós executamos. Somos profissionais da profissão das armas. Todo o nosso sistema constitucional assenta neste entendimento.

Também não combatemos com regras de empenhamento estúpidas. Desamarramos as mãos dos nossos combatentes para intimidar, desmoralizar, caçar e matar os inimigos do nosso país. Acabaram-se as regras de empenhamento politicamente corretas e prepotentes, apenas bom senso, máxima letalidade e autoridade para os combatentes. Deixamos que os nossos líderes lutem com as suas formações e depois protegemo-los. É muito simples, mas incrivelmente poderoso. Há alguns meses, eu estava na Casa Branca quando o Presidente Trump anunciou o dia da libertação da política comercial dos Estados Unidos. Foi um dia marcante. Bem, hoje é outro dia de libertação, a libertação dos guerreiros da América, em nome, em actos e em autoridade. A vossa vida é matar pessoas e partir coisas. Não são politicamente corretos e não pertencem necessariamente à sociedade educada.»
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Quanto ao outro, o gordo de maquilhagem cor-de-laranja que foi lá dar lições aos militares de topo:

ABC NEWS:

<<Na terça-feira, o presidente Trump falou aos  generais de topo do exército sobre os seus  controversos planos de enviar tropas para as "perigosas" cidades democratas argumentando: "Estamos sob invasão de um inimigo interno".>>

AS TOUPEIRAS

Ao longo da última década tem vindo a ser constatado e provado que são os partidos da direita, tão radical quanto lhes é permitido assumir perante a maioria dos seus potenciais eleitores, que defendem a política - e agenda - internacional de Putin ou, no mínimo, os que se abstêm de o atacar, de referir o assunto.  Lá no fundo nem são "as políticas" que defendem, ainda que haja umas tantas que lhes agradam, no fundo é algo muito pior do que "as políticas", é o vil metal e os meios de desinformação aplicados às suas campanhas, causas e ascensão. Em duas palavras: dinheiro e embuste, as mais valias auferidas pela vénia, elogio ou o mero silêncio no que toca ao rei do Kremlin

Nesta altura, perante a evidência, ainda há quem não reconheça, ou não queira reconhecer, esta implícita relação de compra e venda, de benefícios mútuos advindos da cooperação e da não hostilização.

Alguns são absolutamente evidentes, como os casos de Órban ou de Fico, outros são mais restringidos por razões diversas, como o caso de Trump, porque mais (ainda) não pode,  de Le Pen, de Chrupalla/Weidel, porque ainda lá não chegaram. Demais há que primam pela discrição, pelo silêncio que sinala a abertura a propostas sem opor resistência às cintilantes tentações. Um dia virá...

Considerando a história, o back-ground, a cultura intrinsecamente democrática, os valores colectivos inerentemente liberais, à esquerda e à direita, é espantoso como este tipo de convicções - porque nem de ideologia se trata - consegue propagar-se numa sociedade como a britânica.

Outras há, sim, mas o caso britânico é particularmente chocante. Ver ascender um partido que tem nas suas fileiras, com voz activa e propagada, quem defenda que o Reino Unido deveria ter aceite a "oferta de neutralidade" feita por Hitler em vez de o ter enfrentado numa guerra... Isto na terra de Churchill, na terra de Jorge VI, que se viu atirado para uma coroa que nunca quis por devoção à sua pátria, ao seu povo e à Liberdade na Europa. É escandaloso, é revoltante, é ofensivo. E é crescente.
Há razões para que tal suceda...
Claro que há, mas não as evocadas pelos seus propagadores propagandistas. A cartilha é sempre a mesma, o apelo à revolta, à raiva contida e oprimida pelas mais distintas causas, muitas delas meramente pessoais, frustrações, dificuldades, e um desejo de supremacia nem que seja espelhada num líder que represente uma autoridade que cada um não consegue exercer por si mesmo.

Farage aproveitou essa brecha. Farage é um exímio aproveitador.
E, como todos os que se regem por essa cartilha, um descarado trapaceiro

Farage teve a sorte de lhe sair ao caminho os 51,9% do Brexit; teve a sorte de ter ascendido ao governo uma senhora bem intencionada mas sem a menor garra para fazer frente às hercúleas tarefas que enfrentava: o brexit de um lado e a traição interna do seu correligionário Boris do outro. Depois... Depois a sorte continuou bafejando Farage: o apoio discreto de Putin e  um primeiro-ministro artolas, infantil e insubordinado que fez da rebeldia a sua imagem de marca, do despenteado à governação; os independentes e conservadores moderados refugiaram-se nos Trabalhistas que puseram fim à liderança absurda de Corbin, os conservadores mais radicais engrossaram as fileiras do UK Reform. Farage deu pulos de contentamento. Putin também.

A ameaça, mais do que isso, o perigo que encarna esta situação transpõe as fronteiras do Reino Unido, é uma situação gravíssima para a Europa - para a Ucrânia -  particularmente se tivermos em conta, como devemos ter, a instabilidade política de Macron fustigado à extrema-esquerda e à extrema-direita, pelas mesmíssimas razões.

E há pessoas que, de absoluta boa-fé, vão nisto acreditando defender a "sua reclusão nacional", coisa que não existe no mundo actual, o mais próximo que persiste é a Coreia do Norte, tanto quanto a China o permitir, e o Irão, socialmente medieval; Acreditando salvaguardar a sua liberdade individual e identidade cultural não se apercebem de que essas serão as primeiras a ser submergidas e manipuladas por um poder que se sonha imperialista e expansionista. Uma "Nova Ordem Mundial" renovada, uma que deponha todos os princípios cimentados internacionalmente após  a segunda guerra mundial

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