O PORTEIRO DO INFERNO
A 1 de Julho de 2024 o Supremo Tribunal Federal dos EUA fez lei:
On July 1, 2024, the Court ruled in a 6–3 decision, that Trump had
A 1 de julho de 2024, o Tribunal decidiu, numa decisão de 6–3, que Trump tinha imunidade absoluta para actos que cometeu enquanto presidente dentro da sua competência constitucional central, pelo menos imunidade presuntiva para actos oficiais dentro do perímetro externo da sua responsabilidade oficial, e nenhuma imunidade para actos não oficiais.
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Imagine-se...
Um gajo destes:
Ser detentor do Poder do Presidente dos Estados Unidos,
Ser Comandante Chefe das Forças Armadas,
Ter acesso irrestrito a TODOS os documentos secretos, ultra-secretos e "inexistentes",
Ter contacto com TODOS os dirigentes mundiais à medida da sua vontade,
Ter o controlo de TODAS a agências de Segurança e Defesa, Pentágono incluído
Ter o controlo do Departamento de Justiça
Ter o poder de perdoar todo e qualquer condenado em crimes estatais,
Com uma Ordem Executiva poder fechar qualquer orgão de Imprensa/Media
... E ter milícias de seguidores como se de um culto se tratasse (na verdade de um culto se trata) dispostos a transgredir todas as leis, pegar em armas contra qualquer oponente, fazer cumprir pela força os desígnios do seu arbítrio
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Não é de política que falo, a política fica lá para trás
Falo, em primeiro lugar, da Ucrânia, das aspirações de Putin - que vão muito além da Ucrânia
Falo da Nato, que cresceu mas enfrenta múltiplos desafios como há décadas não acontecia, numa conjuntura económica complicada; Falo da Europa, das Alianças centenárias e das que permitiram estabilidade após a II Guerra Mundial; Falo do aumento da instabilidade no Parlamento Europeu e da dificuldade em conseguir acções conjuntas em matérias fundamentais
Falo do Médio Oriente... Netanyahu tem vindo a adiar, desvairadamente, qualquer hipótese de cessar-fogo aguardando a vitória de Trump; e falo ainda do controlo - a cada dia menos provável - do investimento núclear do Irão, que Trump desfez porque Putin quis, vendendo-lhe a esperança de arrasar o Irão após perder as eleições, durante o período de transição quando um Estado de Guerra vinha mesmo a calhar (como agora a Netanyahu)
Falo da Coreia do Norte, da sua aliança com a Rússia e da Rússia com o Irão e de todos estes em relações de interesse com a China. Um dia a guerra contra a Ucrânia terminará, e depois? Voltemos à NATO...
E falo de Taiwan, essa fabrica de "chips" imprescindível ao Ocidente
Também falo de Elon Musk, o homem mais rico do mundo - que comprou o candidato a Vice de Trump e lhe atou umas guitas aos pulsos - com um poder incalculável feito de satélites em orbita, tecnologia de ponta e foguetões espaciais, alguns dos melhores técnicos dentro das áreas de Segurança, Vigilância e Defesa, que ambiciona colonizar Marte com uma disnastia imperial (só filhos já vai em 11...) e exércitos de autómatos, uns máquinas outros gente.
E, por último falo dos EUA... Porque o que se passa nos EUA não fica nos EUA, como há muito se sabe e na última década se tornou mais do que óbvio; não fica nos EUA a Economia, nem a Defesa, nem a perversão da Democracia, nem..., nem..., nem...
Falo de tudo isto, poderia falar de muito mais se valesse o esforço... Mas não falo de política, de partidos, de lados. A questão, a mais importante questão, não é essa por importante que fosse numa eleição "normal"
À medida que a campanha eleitoral se aproxima do fim e o futuro de Trump se mostra incerto, a loucura transparece no medo, feito raiva, ódio, numa descontrolada verborreia que vai deixando a nu as suas intenções mais inconfessáveis, as sua aspirações mais recônditas
Prender Kamala, e Biden, se ninguém fizer a fineza de lhes pregar um tiro, ou de os enforcar, como estava destinado a Mike Pence e a Nancy Pelosi.
E Liz Cheney? Tantos votos lhe poderia ter conseguido, a traidora... Mas não gostou do 6 de Janeiro, esse "dia de amor", como referiu há dias...
Liz Cheney, «Vamos pô-la face a um pelotão de fuzilamento»
“She’s a radical war hawk. Let’s put her with a rifle standing there with nine barrels shooting at her, OK?” (depois de, mais uma, enorme reacção de ricochete já veio dizer que não era isso, uma conversa esfarrapada, era mais ao lado)
E é preciso julgar em Tribunal Marcial o General Milley sob acusação de traição (que é punida com a morte).
No entanto Trump avisou, muito clara e afincadamente logo no seu discurso de Tomada de Posse, todos aqueles que pudessem ter estado distraídos durante a campanha eleitoral: "America First, it's going to be only America First"
É óbvio que um número elevadíssimo de americanos não sabia de onde vem a expressão "America First"; mais do que uma expressão é uma ideologia, uma política, uma forma de isolamento do resto do mundo, o "cada um por si, nós primeiro e os outros que se lixem".
É também óbvio que ainda hoje uma grande maioria desconhece a origem do "AFC - America First Committee" (1930/1940/1968), nunca lhes deu para tentar perceber por que é que um militar veterano de guerra, Dwight Eisenhower, se candidatou à presidência dos EUA, nem lhes interessa. A tantos, demasiados, dos que sabem também não lhes interessa, preferem assim uma abençoada ignorância. Nada disto lhes interessa, tudo permitem, tudo.
Imagine-se...
Com imunidade presidencial...
Já não é apenas um Bode Maligno, é o porteiro do Inferno
Publicado por Alex. at domingo, novembro 03, 2024 0 comments
WHO ELSE?
“Who else fills big places like this at three in the afternoon?”
The BIG PLACE and the BIG FILLED CROWD - video
Trump’s True Crowd Size Exposed in Embarrassing Video
— Curt Flood, Jr. (@curtfloodjr) October 3, 2024
Donald Trump always insists he has the biggest crowds. The truth looks a little different.
The Trumps #FAFO pic.twitter.com/OOMl43GFP8
FALTAM 32 DIAS...
Publicado por Alex. at sexta-feira, outubro 04, 2024 0 comments
UM PROBLEMA DE MEMÓRIA
Os austríacos têm a memória curta?
O Partido da Liberdade (quanta ironia!) venceu as eleições na Áustria com 28,8% dos votos
Este partido coloca-se na extrema-direita, que agora ascende ao poder pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, defende que sejam levantadas as sanções à Rússia, critica asperamente as ajudas do Ocidente à Ucrânia, afasta-se da Iniciativa Europeia Sky Shield, um projecto de defesa anti-míssil lançado pela Alemanha.
Em 2016, o então vice-chanceler e líder do Partido da Liberdade, Heinz-Christian Strache, assinou um “pacto de cooperação” formal com o partido de Putin, Rússia Unidos. Um ano depois a sua ministra dos Negócios Estrangeiros, Karin Kneissl, dançou com Putin no seu casamento.
Em 2019 Strache demitiu-se na sequência da publicação de um vídeo gravado secretamente numa estância de luxo espanhola no qual discute um potencial suborno com uma mulher que se disse sobrinha de um oligarca russo e oferece favores ao suposto investidor russo.
Por que é que isto é particularmente grave? Porque a divisão no Parlamento Europeu aumenta ao ser adicionado mais um governo de extrema-direita, unindo-se aos largos grupos da Hungria, da Eslováquia, da França, da Holanda e da Alemanha nas suas manifestas posições pró-Kremlin. Kickl, o líder do FPÖ já muitas vezes disse e repetiu que Viktor Orban (PM húngaro) é um modelo para ele e que o apoiará.
Cresce um bloco que deseja unir-se à Rússia, uma espécie de Pacto de Varsóvia político que tem por lema um nacionalismo ilusório, uma independência controlada. Putin não "manda", insinua, intromete-se, manipula e sorri dando apertos-de-mão pensando no dia em que "me beijarás o anel". Mas extremistas não vêem para além do seu umbigo, das suas paixões político-ideológicas, do desejo de serem fundadores de uma autocracia mítica, lendária... E utópica
O futuro da Ucrânia está no centro do alvo (e as eleições nos EUA ainda são uma incógnita...)
Sobre as bases da fundação do FPÖ, pode ler-se na Enciclopédia Britânica:
«O populista Partido da Liberdade da Áustria (Freiheitliche Partei Österreichs; FPÖ), por vezes referido como Partido Liberal, foi fundado em 1955 como sucessor da Liga dos Independentes. Inicialmente, a maior parte do seu apoio provinha dos antigos nacional-socialistas»A verdade vai mais longe: O FPÖ foi fundado em 1956 por Anton Reinthaller, um nazi austríaco que tinha servido anteriormente como tenente-general nas SS. o partido foi então dirigido por antigos membros das SS e outros veteranos nazis. Sim, na Áustria que foi anexada pela Alemanha nazi tornando-se uma província do Reich, tornando-se parte do "sonho" do Grande Império Germânico
Kickl, líder do FPÖ, prometeu aos eleitores que, se lhe dessem a vitória, seria o seu Volkskanzler, o “chanceler do povo”, termo usado a seu tempo pelos nazis referindo-se a Hitler. A afinidade do FPÖ com a "estética" do Terceiro Reich foi recordada na passada sexta-feira durante o funeral de um antigo político do FPÖ quando as pessoas se despediram do seu camarada cantando o hino das SS. Vários dirigentes do FPÖ, antigos e actuais, estavam presentes na cerimónia.
A pergunta com que abro este post é meramente retórica, obviamente têm a memória curta, muito curta. Ou estão dormentes agarrados a um sonho que acaba mal
Publicado por Alex. at terça-feira, outubro 01, 2024 0 comments
O CONFRONTO DE SOMBRA
Para quem souber e quiser fazer contas, de somar, de multiplicar e, lateralmente, de dividir, deixo abaixo uns minutos de passatempo de domingo ou para o café de arranque de segunda-feira;
esqueçam as subtracções, os tempos são de crescendo
Iran, Russia, and Turkey hold Syria talks on sidelines of U.N. meeting September 28, 2024 - 21:30 Teheran Times (Link)
Publicado por Alex. at domingo, setembro 29, 2024 0 comments
A INCÓGNITA
A 28 de Junho de 1914 em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, então governada pelo império Austro-Húngaro, foi assassinado por um grupo nacionalista o Arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do império.
Este assassinato desencadeou a I Guerra Mundial a 28 de Julho do mesmo ano
Hoje, 28 de Setembro de 2024, foi confirmado o assassinado em Beirute, no Líbano, de Hassan Nasrallah, desde 1992 líder da milícia terrorista Hezbollah , a soldo do Irão com permanência predominante no Líbano, Iraque e Síria, pelo exército israelita após ordem de Netanyahu a partir de um telefonema feito das Nações Unidas em Nova Iorque
(Tenho de expressar o meu aparte: arre que é preciso ser torcidinho! Queriam um cessar-fogo, não era? )
Aguarda-se a reacção do Irão. O ayatollah Khamenei foi levado para um bunker de segurança onde se reunirá com os seus comandantes
Não se trata do assassinato de um indivíduo, um líder terrorista responsável por horrores durante mais de trinta anos, esse seria o lado positivo se não acarretasse a morte de dezenas de civis e as previsíveis e perigosas consequências mas trata-se de uma declaração de guerra, a um Estado potencialmente nuclear
Se for despoletada será uma guerra de anos, alterando o sempre instável equilíbrio geo-estratégico do Médio-Oriente,
Sem mais...
Publicado por Alex. at sábado, setembro 28, 2024 0 comments
IN MEMORIAM - DAME MAGGIE SMITH
28 / 12/ 1934 - 27/ 09/ 2024
Publicado por Alex. at sábado, setembro 28, 2024 0 comments
O TRIGO E O JOIO
Ontem publiquei aqui inacreditáveis palavras proferidas por um ex-presidente dos EUA, candidato a um novo mandato e nomeado pelo Partido Republicano que "foi-e-já-não-é".
Reitero a publicação, mais completa, para memória futura, e para servir de comparação com o que se passou hoje em Washington
Trump, 25 Set.24 - «A Ucrânia está obliterada, com vilas e cidades que desapareceram e que nunca poderão ser reconstruídas. Temos dado biliões de dólares a um homem que se recusa a fazer um acordo, Zelensky. Não havia nenhum acordo que ele pudesse ter feito que não fosse melhor do que a situação que temos neste momento. Temos um país que foi destruído e que não é possível reconstruir, Milhões e milhões (!?!?!) de pessoas morreram, a Ucrânia está a usar crianças e velhos, uma vez que as suas forças armadas estão a sofrer uma escassez de soldados.»
«Mas estamos presos nessa guerra a menos que eu seja presidente. Eu vou conseguir. Vou negociá-la. Eu saio. Temos de sair. Biden diz que não sairemos até ganharmos. O que é que acontece se eles (os russos) ganharem? É isso que eles fazem, lutam em guerras. Como alguém me disse no outro dia, eles venceram Hitler. Derrotaram Napoleão. É isso que eles fazem»
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27.Set.24 - Durante uma aparição ao lado de Zelensky, Kamala Harris sugeriu que o seu oponente republicano forçaria a Ucrânia a ceder território aos invasores russos, alinhando com as exigências do Presidente Vladimir Putin.
Harris - «Com toda a franqueza, partilho consigo, Sr. Presidente (Zelensky), que há algumas pessoas no meu país que forçariam a Ucrânia a ceder grandes partes do seu território soberano, que exigiriam que a Ucrânia aceitasse a neutralidade e que exigiriam que a Ucrânia renunciasse a relações de segurança com outras nações. Estas propostas são as mesmas de Putin e, sejamos claros, não são propostas de paz. Pelo contrário, são propostas de rendição, o que é perigoso e inaceitável.»Poucos dias antes do início da invasão russa, em Fevereiro de 2022, a vice-presidente encontrou-se com Zelensky na Conferência de Segurança de Munique, onde os dois discutiram o reforço militar da Rússia em torno da Ucrânia e a possibilidade do início de uma guerra.
No seu discurso na Convenção Nacional Democrata no mês passado, Harris lembrou:
“Cinco dias antes de a Rússia atacar a Ucrânia, reuni-me com o Presidente Zelensky para o avisar do plano de invasão da Rússia. Ajudei a mobilizar uma resposta global - mais de 50 países - para nos defendermos da agressão de Putin. Como Presidente manter-me-ei firme ao lado da Ucrânia e dos nossos aliados da NATO”.
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Quando Zelensky deixou a Ucrânia em direcção a Nova Iorque tinha marcado na agenda algumas entrevistas, uma rápida passagem por Capitol Hill e três ocorrências: A Assembleia das Nacões Unidas, o encontro com Biden e Harris e um encontro com Trump, enquanto candidato presidencial.
Durante uma entrevista ao New York Times, Zelensky, respondendo às múltiplas declarações de Trump dizendo que acabaria com a guerra na Ucrânia em 24h, Zelensky disse: “A minha sensação é que Trump não sabe realmente como parar a guerra, mesmo que pense que sabe como o fazer”.
Numa entrevista ao The New Yorker, publicada no passado domingo, Zelensky considera o candidato a vice-presidente JD Vance “demasiado radical”. “A sua mensagem parece ser a de que a Ucrânia tem de fazer um sacrifício. Isto leva-nos de volta à questão do custo e de quem o suporta. A ideia de que o mundo deve acabar com esta guerra à custa da Ucrânia é inaceitável. Para nós, estes são sinais perigosos, vindos de um potencial vice-presidente”.
Após a entrevista Trump desmarcou o encontro. Na quarta-feira a birra ainda não lhe tinha passado, como fez questão de declarar (ou declamar?) : «O Presidente da Ucrânia está no nosso país. Ele está a fazer pequenas calúnias maldosas contra o vosso presidente favorito, eu»
Como as birras não são coisa que um candidato presidencial deva ter com conhecimento público, alguém o deve ter convencido a alterar essa desmarcação. Numa evidente atitude de "Se ele pedir muito..." Trump publicou esta quinta-feira na sua rede social, Truth Social, o que parecia ser uma comunicação privada entre o vice-embaixador ucraniano e um seu assessor pedindo para transmitir uma mensagem de Zelensky ao antigo presidente e pedindo para se encontrar com Trump, mas não indicou no post se se iria encontrar com o presidente ucraniano.
Haverá encontro? Não haverá? A trama adensa-se... 😬
Zelensky já deveria ter partido dos Estados Unidos, mas ficará mais um dia para facilitar o encontro, segundo fonte familiarizada com os seus planos. É tem razão, aposto as minhas fichas todas que o outro não perderá a oportunidade de mostrar como é encantador e conhece o Putin como ninguém.
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Entretanto Biden
Biden ordenou um aumento da assistência à Ucrânia, dando instruções ao Pentágono para atribuir todos os fundos restantes já aprovados pelo Congresso antes de deixar o cargo, na esperança de posicionar Kiev para a vitória, independentemente do vencedor das eleições presidenciais americanas de novembro.
Falando aos jornalistas ao lado de Zelensky pouco antes do encontro privado na Sala Oval, Biden disse: “Isto irá reforçar a posição da Ucrânia em futuras negociações. Os EUA e os aliados têm de apoiar a Ucrânia no seu caminho para a adesão à UE e à NATO e continuar a fazer reformas para combater a corrupção assegurando que o país é capaz de repelir quaisquer futuros ataques russos.
Prometeu a continuação do apoio dos EUA aos esforços de recuperação e reconstrução do país, em alguns casos “utilizando também activos russos”, confiscados no âmbito das sanções em vigor
Biden disse que estava a aprovar novas armas de longo alcance, mísseis Patriot e formação para pilotos de caça, e planeia reunir os líderes ocidentais no próximo mês na Alemanha para coordenar os seus esforços no sentido de ajudar a Ucrânia a alcançar a vitória. Publicamente não concedeu à Ucrânia autorização para disparar armas de longo alcance fornecidas pelo Ocidente para o território russo, uma linha que Biden não gostava de ultrapassar, mas à qual parece estar mais aberto, uma vez que tem estado sob crescente pressão para ceder.
Pergunto-me se esta alteração política e estratégica alguma vez será anunciada publicamente.
Durante a visita às Nações Unidas Biden declarou perante um enxame de jornalistas:
«A minha administração está determinada a garantir que a Ucrânia tem o que precisa para prevalecer na luta pela sobrevivência. Amanhã, anunciarei uma série de acções para acelerar o apoio às forças armadas ucranianas - mas sabemos que a futura vitória da Ucrânia é mais do que aquilo que acontece no campo de batalha, é também aquilo que os ucranianos fazem para tirar o máximo partido de um futuro livre e independente, pelo qual tantos se sacrificaram”»
Faltam 40 dias...
Publicado por Alex. at sexta-feira, setembro 27, 2024 0 comments
O PONTO DE NÃO RETORNO
Ou seja...
Toda e qualquer tentativa de alterar um destino para o qual se converge só tem hipóteses de êxito se tomada antes de ser atingido o Ponto de Não Retorno.
Em linguagem muito simples: Se não desejarmos chegar após o anoitecer a um lugar que fica a 1h de caminho teremos se iniciar a caminhada pelo menos 1h antes do anoitecer
Neste momento começa a fazer-se tarde... A noite anuncia-se, a escuridão pressente-se
As próximas 24 horas serão decisivas...«O secretário de Estado, Antony Blinken, passou os últimos três dias - à margem da reunião anual de líderes mundiais da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque -- a procurar o apoio de outros países para o seu plano de paz regional.
Os EUA apresentaram uma proposta de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah para travar a escalada do conflito no norte de Israel e no sul do Líbano, informaram esta quarta-feira as autoridades norte-americanas.
O presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, também referiu que estão a ser feitos "esforços sérios" para uma solução política com vista a alcançar uma trégua no confronto entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah, acrescentando que "As próximas 24 horas serão decisivas para o sucesso ou fracasso destes esforços para alcançar uma solução política"» fonte - Agência Lusa
Os EUA, o UK e vários países da UE encontram-se a trabalhar interruptamente para ser estabelecido um acordo diplomático visando uma trégua de 21 dias na fronteira israelo-libanesa que permita o avanço de sequentes negociações e a retoma de conversações sobre um acordo de cessar-fogo em troca de reféns em Gaza.
Mas...
Este desesperado esforço só terá sentido se houver vontade política, e pessoal, entre as partes em conflito. Se...
Enquanto o embaixador de Israel na ONU diz aos jornalistas que o seu país acolheria de bom grado um cessar-fogo e que prefere uma solução diplomática, o chefe do exército diz que os ataques israelitas no Líbano têm como objectivo preparar o terreno para a possível entrada de tropas e, dirigindo-se aos soldados, acrescentou : “As vossas botas... entrarão em território inimigo”.
"Território inimigo"? A grande maioria dos libaneses não engole o Irão nem com molho de tomate servido em salva de ouro, são eles as primeiras vítimas da sua política internacional.
O Hezbollah tem aguardado uma "justificação" para atacar Israel para além da guerrilha fronteiriça. Hoje, pela primeira vez, atacou Tel Aviv com um míssil
Israel tem provocado o Hezbollah para além dos limites do aceitável porque Netanyahu precisa, pessoalmente, prolongar um estado de guerra e a situação em Gaza já é tão miserável que dificilmente lhe poderá assegurar a continuidade bélica
Porém...
O Hezbollah não é o Hamas... O Hezbollah é o mais potente "exército" não pertencente a um Estado
E... Não é filho mas é afilhado. Israel não tem capacidade para enfrentar o afilhado dilecto do Irão.
No sábado passado o Irão fez desfilar as suas últimas produções de armamento; nem é necessário ser "bom-entendedor" (vídeo)
Netanyahu está perfeitamente consciente de que arrastará os EUA, e não só, para uma guerra no Médio-Oriente se for desencadeada em larga escala. O Irão marca presença no Líbano, na Síria, no Iraque, no Yemen e, de alguma forma em Gaza. Obviamente que não será permitido ao Irão estender os seus tentáculos de Estado teocrático radical do Golfo Pérsico até ao Mediterrâneo sem a menor resistência pelo meio
E depois há aquela questão entre Xiitas e Sunitas...
Começa a fazer-se tarde... A noite anuncia-se, a escuridão pressente-se.
Como se não bastasse... A cereja olha ávida para o topo do bolo
Faltam, hoje, 41 dias para que o potencial Ponto de Não Retorno se possa, ou não, transformar no Ponto de Aceleração em direcção ao abismo;
Tendo em conta o discurso de Zelensky na Assembleia das Nações Unidas e a conversa que terá com Biden e Harris, para apresentar os seus planos de combate para vencer a Rússia, a sua visita a Trump, enquanto potencial futuro presidente dos EUA, foi desmarcada (talvez por Zelensky não levar os tais planos debaixo do braço vá-se lá entender por quê) ; mais... durante uma entrevista ao New York Times Zelensky disse: “A minha sensação é que Trump não sabe realmente como parar a guerra, mesmo que pense que sabe como o fazer”.
O camarada Trump não aguentou mais não ser explicito, a versão do debate com Kamala - o mini-video aqui - já não foi suficiente, vociferou todo o ódio que tem trazido contido a tanto custo; ele tem de provar a Putin que merece os esforços feitos e a sua confiança:
Há outro Ponto, para além do de Não Retorno; enquanto este marca o momento em que um futuro se torna inevitável, há um outro que, se escolhido a tempo, revoga a inevitabilidade, altera o futuro; um que requer coragem, visão, compreensão, persistência e é frequentemente um ponto de salvação:«A Ucrânia está obliterada, com vilas e cidades que desapareceram e que nunca poderão ser reproduzidas. Temos dado biliões de dólares a um homem que se recusa a fazer um acordo. Milhões e milhões (!?!?!) de pessoas morreram, a Ucrânia está a usar crianças e velhos, uma vez que as suas forças armadas estão a sofrer uma escassez de soldados.»
«Mas estamos presos nessa guerra a menos que eu seja presidente. Eu vou conseguir. Vou negociá-la. Eu saio. Temos de sair. Biden diz que não sairemos até ganharmos. O que é que acontece se eles (os russos) ganharem? É isso que eles fazem, lutam em guerras. Como alguém me disse no outro dia, eles venceram Hitler. Derrotaram Napoleão. É isso que eles fazem»
"But we're stuck in that war unless I'm president. I'll get it done. I'll get it negotiated. I'll get out. We got to get out. Biden says we will not leave until we win. What happens if they win? That's what they do, is they fight wars. As somebody told me the other day, they beat Hitler. They beat Napoleon. That's what they do."
é o Ponto de Viragem. Se no Médio-Oriente o inevitável parece ascender a cada dia, na Ucrânia o inacreditável acontece há mais de dois anos e meio. É impensável que possamos assistir à vitória de um invasor diabólico graças a um homunculo de alma vendida
Oxalá...
Oxalá...
Publicado por Alex. at quinta-feira, setembro 26, 2024 0 comments
O DEBATE?
Diz assim, em dois ou três e-mails que recebi (em dias diferentes)
«Então não dizes nada sobre...»
«E não queres postar sobre... »
»O que se te oferece dizer sobre...»
------------------------------------------------ O DEBATE?
Está bem, e serei eloquente, porque "uma imagem vale por 1 000 palavras":
Publicado por Alex. at sábado, setembro 14, 2024 0 comments
DOIS ANOS ALÉM
Quando alguém que preenche um lugar no lado luminoso da nossa vida parte, somos assaltados por sentimentos mas dificilmente apreendemos o legado da vida que deixou, esse requer um ponto de observação que só se encontra um pouco mais além no tempo, uma perspectiva desnevoada de emoções e imbuída de visão global
Hoje fui "apanhada" por um vídeo que relembra a vida da rainha Isabel II feito quando se cumpriu o primeiro ano sobre a sua morte e retransmitido agora, mais um ano passado. Que pessoa notável, um inegável exemplo do "Primus inter pares", e além deles.
Deixo-o aí abaixo juntamente com outro que aqui publiquei por ocasião do seu inesquecível Jubileu de Platina - 70 anos de reinado - em Junho de 22, três meses antes da sua morte.
Publicado por Alex. at segunda-feira, setembro 09, 2024 0 comments
DUAS DÚZIAS... AINDA SÃO 24?
Hoje resolvi que sou prémio Nobel da Astrofísica. Sou sim.
Há quem ache que não? Quero lá saber, eu digo que sou e acabou a conversa.
A negação deste facto é "ultrajantemente falsa e podem repetir essa mentira indefinidamente que isso não a tornará verdade".
Agora é assim, vive-se assim. A verdade é apenas uma versão de quem está contra o que um qualquer manhoso resolve inventar, cabalas negras contra as vitimas da má vontade do mundo; é assim com Putin, é assim com Trump, é assim com Netanyahu (sim, há mais mas estes 3 estão na berra e abusam de descaramento)
Quantos civis morreram em Rafah e no Corredor de Filadelfia? Duas dúzias, dito e repetido (11 segundos depois eram só 20 civis)
Morreram apenas estes civis porque atenderam aos avisos do exército de Israel e deixaram os locais que foram bombardeados. Netanyahu dixit - 04/Set./24
(Vídeo abaixo, com tradução, para os incrédulos como eu)
Pergunta do repórter Jeremy Diamond da CNN Internacional:«More than 40,000 Palestinians have now been killed in Gaza, a majority of whom are civilians, and these numbers are from the Palestine Ministry of Health but they are backed up by the United States, by international organizations. Humanitarian conditions in Gaza have degraded so much that diseases like polio and hepatitis-A are now spreading. We have seen countless children be orphaned. We have seen countless mothers lose their children. How much is too much, sir?»
«We're fighting this war in a just war with just means. In fact, with means that no other army has as over form, no other army has done, has taken the precautions that Israel has taken, sometimes at great risk, to make sure that we minimize the number of casualties.»
«How many civilians died? I asked the commander of the division that did the Rafah operation and the Philadelphia border. He said, Prime Minister, there are hardly any civilian deaths because everybody left.(+71.000 hab.) They heeded our warnings. But he said there were probably two dozen, two dozen! And most of them occurred when one of our bombs hit, Hamas ammunition depot that was planted inside a residential area.40 people died. About 20 were terrorists, but 20 were civilians. And he said, that's most of the deaths. That's the lowest ratio of noncombatants to combatants in the history of urban warfare. That's it.You can say anything that doesn't make it true. You repeat a lie over and over and over again. It assumes the cachet of self-evident truth. But it's false. Israel is doing and the Israeli army is doing something that no other army has done in history. And we'll continue to do that. I'm not going to change my policies, humanitarian policies, vaccination policies, combat policies to minimize civilian casualties.»
Não se me oferecem comentários, confesso que isto está muito além da minha capacidade de entendimento, sou Nobel de Astrofísica, não de Psiquiatria. Só me pergunto... Mas este gajo não vê os noticiários do mundo inteiro? Aaahh pois, estão todos a mentir contra ele, já me esquecia.
Publicado por Alex. at sábado, setembro 07, 2024 0 comments
VENEZUELA, DIZ-ME COM QUEM ANDAS...
The Wagner group is terrorizing the population of Venezuela with the support of Maduro's security forces.pic.twitter.com/vxBwJoNxzq
— Foreign policy (@ForeignpolicyWB) August 1, 2024
Wagner in Venezuela.pic.twitter.com/CV64HHxG9w
— Foreign policy (@ForeignpolicyWB) August 1, 2024
Russian Wagner mercenaries spotted amid Venezuela election
Russia's Wagner Group troops have been active in Venezuela since 2019, when they were sent to support President Nicolas Maduro after a disputed election. Recent footage circulating on social media allegedly shows them flanking police forces amid ongoing post-election protests. / bne IntelliNews RESULTADOS ELEITORAIS POR ESTADO, MESAS DE VOTO, NÚMERO DE ELEITORES, NÚMERO DE VOTANTES E PARTICIPAÇÃO - AQUI |
Publicado por Alex. at sábado, agosto 03, 2024 0 comments
A TROCA
Pasmei ao ouvir JD Vance, o invertebrado desossado reguila que quer ser vice do bode maligno, explicar por que é que o governo dos Estados Unidos conseguiu a libertação de prisioneiros pela Rússia numa declaração clara e sucinta :
Publicado por Alex. at sexta-feira, agosto 02, 2024 0 comments
O SENADOR SHELLTOX
Foi o primeiro comício de campanha do eleito de Tump para vice-presidente, JD Vance, um exemplo da nova política pela não-violência após o reconhecimento de que o discurso agressivo incita acontecimentos como a tentativa de assassinato de Trump
Quando o senador republicano do Ohio, George Lang, subiu ao palco, saudou a multidão num cântico de “luta, luta, luta” (fight, fight, fight , ou "lutem, lutem, lutem"), o novo grito de guerra para o Partido Republicano depois da tentativa de assassinato de Trump na Pensilvânia. Viva o não incitamento à violência
Disse então o prendado representante eleito pelo povo à multidão:
“Estamos a lutar pela alma da nossa nação. Estamos a lutar pelos nossos filhos e netos, uma luta que nunca imaginámos. Acredito sinceramente que Donald Trump e JD Vance, do condado de Butler, são a última oportunidade de salvar politicamente o nosso país. Receio que, se perdermos esta, seja necessária uma guerra civil para salvar o país, e o país será salvo”.Ou seja, se o povo americano eleger outra pessoa que não Trump, faz-se uma guerra civil para salvar a América.
Isto sim, é respeito pela democracia, pela liberdade, pela constituição, pelas pessoas. E, além de o pensarem dizem-no em voz alta, gritado num comício
O que faz o povo? Sente-se ameaçado? Desrespeitado? Instrumentalizado? Não, o povo aplaude, dá murros no ar, grita “luta, luta, luta”...
e vota nestes gajos, como moscas a votar no Shelltox
Já agora... Como uma desgraça raramente vem só, aproveito aqui estar para divulgar mais uma pérola, que, publicada no rescaldo do comício supra-referido, só pode ser interpretado como uma Pérola de Ironia;
Esta segunda-feira, o primeiro dia após o Presidente Biden ter deixado a candidatura à presidência, os antigos gestores de campanha de Trump, Chris LaCivita e Susie Wiles, publicaram um "memorando" fazendo o ponto da situação. Diz assim:
«Assim como Donald Trump demitiu Joe Biden, demonstrará ao mundo que também pode demitir a perigosa Kamala.Esta 'Guerra à Democracia' - será interrompida pelo homem que levou uma bala pela Democracia»
Não digo mais nada, temo que me saia alguma palavra feia sem eu dar por isso
Para quem tiver curiosidade em admirar as impecáveis sobrancelhas do arrumadíssimo Senador Shelltox deixo a amostra aí abaixo
This sounds like a threat of violence https://t.co/HBvPQCnBkT
— Republicans against Trump (@RpsAgainstTrump) July 22, 2024
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Publicado por Alex. at terça-feira, julho 23, 2024 0 comments
A DIGNIDADE NÃO É UM POSTO
“President Joe Biden is a patriotic American who has always put our country first. His legacy of vision, values and leadership make him one of the most consequential Presidents in American history” - Nancy Pelosi
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“It has been — and remains —the honor of my life to work for @POTUS for the past twenty-two years.He has restored U.S. leadership around the world and delivered historic accomplishments as President. I look forward to building on that record with him over the next six months.” - Secretary of State Antony Blinken
Ontem, sábado, Biden não estava ainda convencido de que seria um "peso negativo" nos boletins de voto para a presidência, Congresso e Senado mas passou o dia a estudar os dados recém-chegados: informações, estatísticas e sondagens. Sábado à noite informou a família e os conselheiros mais próximos da sua decisão de retirar a candidatura à presidência. Pediu então a dois dos seus conselheiros mais próximos que iniciassem o processo de redacção de uma carta e coordenassem o anúncio de abandono da corrida à Casa Branca. Trabalhou com o seu conselheiro de longa data e chefe de comunicações, Mike Donilon, para redigir a carta durante a noite. Steve Ricchetti, outro conselheiro que o acompanha desde o seu tempo de vice-presidente, foi encarregado de organizar o anúncio da decisão. Domingo de manhã telefonou a Kamala Harris.
A vida não é justa, não, não é.
Tanto filho da mãe que há por aí com as rédeas do poder na mão, completamente indiferente às consequências dos seus actos, vontades e proveitos que vai passando incólume entre as espadas da justiça da vida... Porque a vida não é justa, se fosse não castigaria Biden pelo seu crime: envelhecer, expor-se fragilizado. Depois do malfadado debate a 27 de Junho Biden entrou em espiral descendente, de dia para dia, com a pressão dos olhos do mundo sobre cada palavra, cada movimento, cada passo. Há apenas 20 dias escrevia eu aqui:
Está mais velho? Está.
Está mais lento? Está.
Mas não está parvo, sabe perfeitamente o que quer, tem uma experiência política inigualável, uma capacidade diplomática rara. E não é um pulha maligno
Em menos de 20 dias tornou-se evidente que Biden não suportaria mais 4 anos de mandato, não suportaria muito menos do que isso, está a trucidar-se e a ser trucidado
«Let me finish the job», foi a mais sincera expressão da sua vontade, da sua prece à vida. Mas a vida não é justa
A vida não é justa mas Biden é.
Teimoso como o campeão dos teimosos Biden é a antítese da desistência; tentar até não haver mais hipóteses, dialogar até não existirem mais argumentos, conceder até não poder transigir, conciliar até à fronteira dos opostos. E lutar, até que a luta conduza à derrota.
Dói-me imaginar o que inundou Biden ao assentir que a sua luta conduziria à derrota, ao ter sido derrotado pela injustiça da vida. Mais uma vez, como sempre, fez o que era preciso ser feito, o que o carácter e o bom senso lhe exigiu. Mais uma vez mostrou ser sábio, coerente e pragmaticamente funcional
Uma coisa que Trump nunca compreenderá é que a Dignidade e o Respeito não se ganham nas urnas, não se conquistam com discursos nem se traficam em influencias, ou se tem, ou não se tem
Biden tem.
Publicado por Alex. at segunda-feira, julho 22, 2024 0 comments
A CONVERÇÃO
A CONVENÇÃO
O Partido Republicano (já) não existe
Das eminentes figuras que iluminavam a ribalta do partido quando Trump tomou a presidência, nem uma esteve presente no primeiro dia da convenção e, aposto as minhas fichas todas, não haverá sombra deles durante o desenrolar da reunião da seita trumpista adoradora do fundador da projectada dinastia
O concílio foi aberto com os discursos mais fundamentalistas do movimento MAGA/Fraude Eleitoral /6de Janeiro
A evocação do anti-semitismo - não centrado no actual Estado de Israel mas o propagado pelo regime nazi - foi abordada por, pelo menos, 3 dos 6 oradores em "prime time" que antecederam a chegada de Trump (a bem da sanidade mental que me resta não ouvi todos): a indescritível Marjory Taylor Greene com o seu habitual arrazoado de parvoíces e mentiras, o contestadíssimo Charlie Kirk, tido como uma aberração mesmo dentro do seu partido, rei das teorias de conspiração como é recorrente em quem fala do que nada sabe, evangélico de carreira e de proveitosos negócios, Kristi Noem, governadora do Dakota do Sul, que começou com este mimo: “Fui governadora tanto sob o presidente Trump como sob Joe Biden, e as pessoas perguntam-me constantemente: ‘Qual é a maior diferença? E digo-lhes que o presidente Trump honrou a Constituição.”. A partir daqui está tudo dito, que Trump foi "processado injustamente" ou a "cabala das eleições de 2020", sim, pois, já sabemos. Também merece uma referenciazita o governador do Carolina do Norte, Mark Robinson, homem do NRA, citador de Hitler, que recentemente (05/07/24) opinou durante um sermão numa igreja (Lake Church em Bladen County ) : «Some folks need killing.»/“Algumas pessoas precisam de ser mortas.”. Seria uma premonição?
É isto o "prime time" da abertura do que foi o Partido Republicano. Uma tristeza, uma angústia, a formação de uma tempestade negra
A escolha do senador J D Vance para vice-presidente...
Vance, um feroz crítico de Trump em 2015/16, chamou-lhe idiota, chegou a pôr a hipótese de tapar o nariz e votar em Hillary.
"In an interview with NPR in August 2016, Vance said he might even vote for Clinton".
“I think there’s a chance, if I feel like Trump has a really good chance of winning, that I might have to hold my nose and vote for Hillary Clinton,”
Quando se iniciou a campanha para 2020 Vance descobriu que " Trump foi tão bom presidente..." , como poderia não o apoiar? Apagou os seus Tweets de 2016 e foi à luta, à sua luta.
9 Outubro 2016 . 1 mês antes das Presidenciais |
Agora teve um empurrãozinho de Elon Musk, o que fez brilhar os olhinhos gananciosos de Donald Júnior: "Daddy, o Vance é fixe e mexe-se bem em Wall Street". (O Don Júnior não percebe que está a dar um tiro no pé, se Vance entrar na Casa Branca será candidato às presidenciais de 2028, certinho como o Sol mesmo num dia de chuva. Talvez depois... Depois passou, o herdeiro do trono, após a hipotética regência de Vance, é o benjamim, Byron, o único que aos 18 aninhos está a ser (en)formado para isso seguindo os trâmites de uma monarquia
Nascido pobrezinho, abandonado pelo pai e retirado à mãe toxico-dependente , Vance cedo mostrou ser um rapaz cheio de iniciativa.
Acérrimo opositor da ajuda financeira e militar à Ucrânia (Musk sabe quem escolhe...) aí está ele, aos 39 anos a fazer o caminho para a Casa Branca apoiado no braço daquele a quem chamou mentiroso, repreensível e idiota mas as subidas ingremes requerem um bom cajado
Eu sei que parecerá um exagero mas, transposto no tempo, na geografia e no marketing, senti um vislumbre do clima obcecado da saudação ao ditador, da saudação de um deus humano acima dos meros mortais que necessitam de um guia para a luz. E depois aquele inexplicável atentado... Inexplicável como aconteceu, inexplicável o tiro na cabeça que feriu uma orelha enquanto um bombeiro ao lado caia baleado fatalmente.. Um imortal. Falavam de divina providência, de um milagre concedido ao Eleito pela graça de Deus, na sua qualidade messiânica. Tenhamos presente que não se trata de um comício composto por seguidores, é suposto tratar-se de uma convenção oficial de delegados do partido que lidera o Congresso para a escolha de um candidato presidencial.Fora a convenção num estádio e teríamos um remake não militarizado de 1936. Um mundo alternativo, uma realidade paralela, o absurdo em marcha
Nada disto é normal
Uma coisa sobressai, a expressão de Trump mudou, completamente
Não estou a dizer que o homem mudou, não sei e duvido, estou a constatar que a expressão, a linguagem corporal é inequivocamente diferente. Inequivocamente não está bem, não está à vontade, não se sente como peixe na água como quando habitualmente preside a uma enorme reunião de adoradores. Pelo menos neste primeiro dia foi assim
Aguardemos pela versão de Trump que veremos dentro de dias discursar nesta convenção, perante a América, perante o mundo
Por último, e enquanto as eleições não chegam, vale a pena focar o designado "Project 2025"
O primeiro passo foi a sagração da Imunidade Presidencial pelo malfadado Supremo Tribunal Federal arremessado por uma maioria de juízes enfeudados . Trump não se preocupa com a jurisprudência que daí advém, na sua cabecinha loira acabaram-se os presidentes democratas, liberais, da "radical left", como ele gosta de espalhar aos quatro ventos (como se isso fosse coisa que exista significativamente nos EUA)
Não vou gastar muitos bytes a debitar sobre o tenebroso projecto, a página oficial com aquilo que querem deixar transparecer, por agora, encontra-se AQUI com várias ligações mimosas
Na página que o Project 2025 publicou na Wikipedia pode ler-se (traduzido):
«O Projecto de Transição Presidencial 2025, também conhecido como Projecto 2025, é uma iniciativa organizada pela Heritage Foundation com o objectivo de promover uma colecção de propostas políticas conservadoras e de direita para remodelar o governo federal dos EUA e consolidar o poder executivo caso Donald Trump vença as eleições presidenciais de 2024»
Quando, recentemente Biden disse que o Projecto 2025 destruiria a América e o Partido Democrata tentou chamar a atenção dos eleitores para a organização que o sustenta, Trump apressou-se a publicar na Truth Social, a sua rede social:
«Não sei nada sobre o Projecto 2025. Não faço ideia de quem está por trás disso. Discordo de algumas das coisas que estão a dizer e algumas das coisas que estão a dizer são absolutamente ridículas e abismais.» Eu não acredito que Trump usasse a expressão "abysmal" saída da sua cabecinha, alguém lhe disse "demarca-te lá disto por agora, ainda é cedo, vai dar bronca". A verdade é que a organização está pejada de aliados e colaboradores de Trump.No início de Julho, o presidente da Heritage, Kevin Roberts, deu uma eloquente entrevista ao podcast "War Room", fundado pelo ideólogo de Trump Steve Bannon, sobre o Projeto 25 não se inibindo de levantar a perspectiva de violência política :
“Estamos no processo da segunda revolução americana, que permanecerá sem derramamento de sangue se a esquerda o permitir”
As consequências disto são inimagináveis, um mundo novo emerge e não vai ser agradável de ver, muito menos de se viver
Publicado por Alex. at quarta-feira, julho 17, 2024 0 comments
UMA GOTA NO DESERTO
A maior parte das notícias que nos chegam dividem-se em dois grupos: o "Já foi" e o "Pode vir a ser".
O "Já foi" é muitas vezes é um "já era", pronto acabou-se, ou um "veremos consequências" que nos permite estabelecer uma ou várias relações de causa/efeito;
O "Pode vir a ser" tem como contrapartida o "Pode vir a não ser", é frequentemente um exercício jornalístico baseado num qualquer facto, acontecimento, extrapolado em opiniões mais ou menos alicerçadas; dependendo de quem extrapola será uma hipótese plausível ou uma conversa que leva a parte nenhuma
De vez em quando aparece uma notícia que é mesmo importante, sobre alguma coisa que representa uma alteração real do statu quo, como a invasão da Ucrânia, o alargamento da NATO, uma mudança de linha de poder significativa, uma descoberta espantosa, um avanço científico transformador
Hoje houve uma notícia importante, muito importante, com um "a ver vamos" à mistura
O presidente do Irão, Masoud Pezeshkian, de 69 anos, um cirurgião cardiologista e legislador, foi eleito há uma semana derrotando o seu rival de linha dura Saeed Jalili, antigo negociador nuclear, numa votação que se desenrolou no meio de tensões acrescidas a nível interno e internacional.Pezeshkian, escreveu no jornal de língua inglesa Tehran Times (texto completo no link) afirmando que espera melhorar as relações com a Europa, apesar de a acusar de recuos nos compromissos para aliviar o impacto das sanções impostas pelos EUA.
"Apesar destes passos em falso, estou ansioso por encetar um diálogo construtivo com os países europeus para colocar as nossas relações no caminho certo, com base nos princípios do respeito mútuo e da igualdade"
Tido como um reformista Pezeshkian tem favorecido o diálogo com os inimigos do Irão, especialmente no que se refere ao programa nuclear
"Gostaria de sublinhar que a doutrina de defesa do Irão não inclui armas nucleares e exorto os Estados Unidos a aprender com os erros do passado (saída do Acordo Nuclear - JCPOA) e a ajustar a sua política em conformidade. Os decisores em Washington precisam de reconhecer que uma política que consiste em colocar os países regionais uns contra os outros não teve sucesso e não terá sucesso no futuro"
"A Rússia é um valioso aliado estratégico e vizinho do Irão e a minha administração continuará empenhada em expandir e reforçar a nossa cooperação. Lutamos pela paz para os povos da Rússia e da Ucrânia e o meu governo estará preparado para apoiar ativamente as iniciativas destinadas a alcançar este objetivo"
Como disse, é uma notícia importante, mais importante do que a queda de um helicóptero, mais importante do que as eleições no Irão, essas, de formas diferentes, foram ritos de passagem. Agora "a ver vamos"... A ver vamos se o deixam, a ver vamos se continuará vivo e livre . A ver vamos se uma nova onda de protestos se formará entre o povo iraniano se Pezeshkian for travado após a sua eleição
É o líder supremo, Ayatollah Ali Khamenei, quem tem a última palavra em todas as questões de Estado. Em matéria de política externa Pezeshkian terá de se submeter a Khamenei que, até agora, condenou todas as tentativas de melhorar as relações com o Ocidente. Talvez os "acidentes de helicóptero" o motivem a repensar, uma coisa se tornou evidente: os helicópteros também caiem no Irão, sabe-se lá o que mais poderá acontecer...
Veremos se este é um "Pode vir a ser" ou se se ficará por um "Pode vir a não ser"
Um pingo de esperança num deserto teocrático
Publicado por Alex. at domingo, julho 14, 2024 0 comments