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WHO ELSE?

 Trump rally in Saginaw, Michigan 3 /10

Trump asked the roaring crowd:
Trump perguntou à multidão que rugia:

“Who else fills big places like this at three in the afternoon?”
“Quem mais enche sítios grandes como este às três da tarde?”

The BIG PLACE and the BIG FILLED CROWD - video
O GRANDE LUGAR CHEIO e a GRANDE MULTIDÃO


FALTAM 32 DIAS...

UM PROBLEMA DE MEMÓRIA

 Os austríacos têm a memória curta?

O Partido da Liberdade (quanta ironia!) venceu as eleições na Áustria com 28,8% dos votos

Este partido coloca-se na extrema-direita, que agora ascende ao poder pela primeira vez desde a II Guerra Mundial,  defende que sejam levantadas as sanções à Rússia, critica asperamente as ajudas do Ocidente à Ucrânia, afasta-se da Iniciativa Europeia Sky Shield, um projecto de defesa anti-míssil lançado pela Alemanha.

Em 2016, o então vice-chanceler e líder do Partido da Liberdade, Heinz-Christian Strache, assinou um “pacto de cooperação” formal com o partido de Putin, Rússia Unidos.  Um ano depois a sua ministra dos Negócios Estrangeiros, Karin Kneissl, dançou com Putin no seu casamento.
Em 2019 Strache demitiu-se na sequência da publicação de um vídeo gravado secretamente numa estância de luxo espanhola no qual  discute um potencial suborno com uma mulher que se disse sobrinha de um oligarca russo e oferece favores ao suposto investidor russo.

Por essa altura peritos em segurança manifestaram o seu alarme relativo às ligações entre o FPÖ e o  partido a Putin. Estes analistas temiam abertamente que a presença do FPÖ num governo da UE pudesse levar à divulgação de segredos ocidentais a Moscovo.

Por que é que isto é particularmente grave? Porque a divisão no Parlamento Europeu aumenta ao ser adicionado mais um governo de extrema-direita, unindo-se aos largos grupos da Hungria, da Eslováquia, da França, da Holanda e da Alemanha nas suas manifestas posições pró-Kremlin. Kickl, o líder do FPÖ já muitas vezes disse e repetiu que Viktor Orban (PM húngaro) é um modelo para ele e que o apoiará.

Cresce um bloco que deseja unir-se à Rússia, uma espécie de Pacto de Varsóvia político que tem por lema um nacionalismo ilusório, uma independência controlada. Putin não "manda", insinua, intromete-se, manipula e sorri dando apertos-de-mão pensando no dia em que "me beijarás o anel". Mas extremistas não vêem para além do seu umbigo, das suas paixões político-ideológicas, do desejo de serem fundadores de uma autocracia mítica, lendária... E utópica 

O futuro da Ucrânia está no centro do alvo (e as eleições nos EUA ainda são uma incógnita...)

Sobre as bases da fundação do FPÖ, pode ler-se na Enciclopédia Britânica:

«O populista Partido da Liberdade da Áustria (Freiheitliche Partei Österreichs; FPÖ), por vezes referido como Partido Liberal, foi fundado em 1955 como sucessor da Liga dos Independentes. Inicialmente, a maior parte do seu apoio provinha dos antigos nacional-socialistas»
A verdade vai mais longe: O FPÖ foi fundado em 1956 por Anton Reinthaller, um nazi austríaco que tinha servido anteriormente como tenente-general nas SS. o partido foi então dirigido por antigos membros das SS e outros veteranos nazis. Sim, na Áustria que foi anexada pela Alemanha nazi tornando-se uma província do Reich, tornando-se parte do "sonho" do Grande Império Germânico

Kickl, líder do FPÖ, prometeu aos eleitores que, se lhe dessem a vitória, seria o seu Volkskanzler, o “chanceler do povo”, termo usado a seu tempo pelos nazis referindo-se a Hitler. A afinidade do FPÖ com a "estética" do Terceiro Reich foi recordada na passada sexta-feira durante o funeral de um antigo político do FPÖ quando as pessoas se despediram do seu camarada cantando o hino das SS. Vários dirigentes do FPÖ, antigos e actuais, estavam presentes na cerimónia.

A pergunta com que abro este post é meramente retórica, obviamente têm a memória curta, muito curta. Ou estão dormentes agarrados a um sonho que acaba mal


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O CONFRONTO DE SOMBRA

Há notícias que não encontram terreno fértil na "grande media"" porque só se tornam relevantes quando relacionadas com outras notícias, quando se somam vários factos; e isso requer mais tempo de antena, mais espaço na mancha de imprensa, mais atenção e a maior parte das pessoas não "está para isso"
Para quem souber e quiser fazer contas, de somar, de multiplicar e, lateralmente, de dividir, deixo abaixo uns minutos de  passatempo de domingo ou para o café de arranque de segunda-feira;
esqueçam as subtracções, os tempos são de crescendo

Há um pequeno pormenor que tenho dificuldade em entender: 
O Irão justifica as suas remessas de armamento para a Rússia como « um esforço legitimo de apoio aos seus aliados». Ok. Então por que não pode a Ucrânia usar armamento fornecido pelos seus aliados para, num esforço legitimo, combater os seus invasores dentro das fronteiras russas?

Iran, Russia, and Turkey hold Syria talks on sidelines of U.N. meeting September 28, 2024 - 21:30 Teheran Times (Link)







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A INCÓGNITA

 A 28 de Junho de 1914 em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, então governada pelo império Austro-Húngaro, foi assassinado por um grupo nacionalista  o Arquiduque Francisco Fernando, herdeiro  do império. 

Este assassinato desencadeou a I Guerra Mundial a 28 de Julho do mesmo ano



Hoje, 28 de Setembro de 2024, foi confirmado o assassinado em Beirute, no Líbano, de Hassan Nasrallah, desde 1992 líder da milícia terrorista Hezbollah , a soldo do Irão com permanência predominante no Líbano, Iraque e Síria, pelo exército israelita após ordem de Netanyahu a partir de um telefonema feito das Nações Unidas em Nova Iorque

(Tenho de expressar o meu aparte: arre que é preciso ser torcidinho! Queriam um cessar-fogo, não era? )

Aguarda-se a reacção do Irão. O ayatollah Khamenei foi levado para um bunker de segurança onde se  reunirá com os seus comandantes

Não se trata do assassinato de um indivíduo, um líder terrorista responsável por horrores durante mais de trinta anos, esse seria o lado positivo se não acarretasse a morte de dezenas de civis e as previsíveis e perigosas consequências mas trata-se de uma declaração de guerra, a um Estado potencialmente nuclear
Se for despoletada será uma guerra de anos, alterando o sempre instável equilíbrio geo-estratégico do Médio-Oriente, 

Sem mais... 

IN MEMORIAM - DAME MAGGIE SMITH

28 / 12/ 1934 - 27/ 09/ 2024

INESQUECÍVEL   INSUBSTITUÍVEL  INSUPERÁVEL




O TRIGO E O JOIO



Ontem publiquei aqui inacreditáveis palavras proferidas por um ex-presidente dos EUA, candidato a um novo mandato e nomeado pelo Partido Republicano que "foi-e-já-não-é". 

Reitero a publicação, mais completa, para memória futura, e para servir de comparação com o que se passou hoje em Washington

Trump, 25 Set.24 -  «A Ucrânia está obliterada, com vilas e cidades que desapareceram e que nunca poderão ser reconstruídas. Temos dado biliões de dólares a um homem que se recusa a fazer um acordo, Zelensky.  Não havia nenhum acordo que ele pudesse ter feito que não fosse melhor do que a situação que temos neste momento. Temos um país que foi destruído e que não é possível reconstruir, Milhões e milhões (!?!?!) de pessoas morreram,  a Ucrânia está a usar crianças e velhos, uma vez que as suas forças armadas estão a sofrer uma escassez de soldados.»

«Mas estamos presos nessa guerra a menos que eu seja presidente. Eu vou conseguir. Vou negociá-la. Eu saio. Temos de sair. Biden diz que não sairemos até ganharmos. O que é que acontece se eles (os russos) ganharem? É isso que eles fazem, lutam em guerras. Como alguém me disse no outro dia, eles venceram Hitler. Derrotaram Napoleão. É isso que eles fazem»

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27.Set.24 - Durante uma aparição ao lado de Zelensky, Kamala Harris sugeriu que o seu oponente republicano forçaria a Ucrânia a ceder território aos invasores russos, alinhando com as exigências do Presidente Vladimir Putin.

Harris - «Com toda a franqueza, partilho consigo, Sr. Presidente (Zelensky), que há algumas pessoas no meu país que forçariam a Ucrânia a ceder grandes partes do seu território soberano, que exigiriam que a Ucrânia aceitasse a neutralidade e que exigiriam que a Ucrânia renunciasse a relações de segurança com outras nações. Estas propostas são as mesmas de Putin e, sejamos claros, não são propostas de paz. Pelo contrário, são propostas de rendição, o que é perigoso e inaceitável.»

Poucos dias antes do início da invasão russa, em Fevereiro de 2022, a vice-presidente encontrou-se com Zelensky na Conferência de Segurança de Munique, onde os dois discutiram o reforço militar da Rússia em torno da Ucrânia e a possibilidade do início de uma guerra.

No seu discurso na Convenção Nacional Democrata no mês passado, Harris lembrou:

“Cinco dias antes de a Rússia atacar a Ucrânia, reuni-me com o Presidente Zelensky para o avisar do plano de invasão da Rússia. Ajudei a mobilizar uma resposta global - mais de 50 países - para nos defendermos da agressão de Putin.  Como Presidente manter-me-ei firme ao lado da Ucrânia e dos nossos aliados da NATO”.

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Quando Zelensky deixou a Ucrânia em direcção a Nova Iorque tinha marcado na agenda algumas entrevistas, uma rápida passagem por Capitol Hill e três ocorrências: A Assembleia das Nacões Unidas, o encontro com Biden e Harris e um encontro com Trump, enquanto candidato presidencial. 

Durante uma entrevista ao New York Times, Zelensky, respondendo às múltiplas declarações de Trump dizendo que acabaria com a guerra na Ucrânia em 24h,  Zelensky disse: “A minha sensação é que Trump não sabe realmente como parar a guerra, mesmo que pense que sabe como o fazer”. 

Numa entrevista ao The New Yorker, publicada no passado domingo,  Zelensky considera o candidato a vice-presidente JD Vance “demasiado radical”. “A sua mensagem parece ser a de que a Ucrânia tem de fazer um sacrifício. Isto leva-nos de volta à questão do custo e de quem o suporta. A ideia de que o mundo deve acabar com esta guerra à custa da Ucrânia é inaceitável. Para nós, estes são sinais perigosos, vindos de um potencial vice-presidente”.

Após a entrevista Trump desmarcou o encontro. Na quarta-feira a birra ainda não lhe tinha passado, como fez questão de declarar (ou declamar?) : «O Presidente da Ucrânia está no nosso país. Ele está a fazer pequenas calúnias maldosas contra o vosso presidente favorito, eu»

Como as birras não são coisa que um candidato presidencial deva ter com conhecimento público, alguém o deve ter convencido a alterar essa desmarcação. Numa evidente atitude de "Se ele pedir muito..." Trump publicou esta quinta-feira na sua rede social, Truth Social,  o que parecia ser uma comunicação privada entre o vice-embaixador ucraniano e um seu assessor pedindo para transmitir uma mensagem de Zelensky ao antigo presidente e pedindo para se encontrar com Trump,  mas não indicou no post se se iria encontrar com o presidente ucraniano.

Haverá encontro? Não haverá? A trama adensa-se... 😬

Zelensky já deveria ter partido dos Estados Unidos, mas ficará mais um dia para facilitar o encontro, segundo fonte familiarizada com os seus planos. É tem razão, aposto as minhas fichas todas que o outro não perderá a oportunidade de mostrar como é encantador e conhece o Putin como ninguém. 

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Entretanto Biden

Biden ordenou um aumento da assistência à Ucrânia, dando instruções ao Pentágono para atribuir todos os fundos restantes já aprovados pelo Congresso antes de deixar o cargo, na esperança de posicionar Kiev para a vitória, independentemente do vencedor das eleições presidenciais americanas de novembro.

Falando aos jornalistas ao lado de Zelensky pouco antes do encontro privado na Sala Oval, Biden disse: “Isto irá reforçar a posição da Ucrânia em futuras negociações.  Os EUA e os aliados têm de apoiar a Ucrânia no seu caminho para a adesão à UE e à NATO e continuar a fazer reformas para combater a corrupção assegurando que o país é capaz de repelir quaisquer futuros ataques russos.

Prometeu a continuação do apoio dos EUA aos esforços de recuperação e reconstrução do país, em alguns casos “utilizando também activos russos”, confiscados no âmbito das sanções em vigor

Biden disse que estava a aprovar novas armas de longo alcance, mísseis Patriot e formação para pilotos de caça, e planeia reunir os líderes ocidentais no próximo mês na Alemanha para coordenar os seus esforços no sentido de ajudar a Ucrânia a alcançar a vitória. Publicamente não concedeu à Ucrânia autorização para disparar armas de longo alcance fornecidas pelo Ocidente para o território russo, uma linha que Biden não gostava de ultrapassar, mas à qual parece estar mais aberto, uma vez que tem estado sob crescente pressão para ceder.

Pergunto-me se esta alteração política e estratégica alguma vez será anunciada publicamente.

Durante a visita às Nações Unidas Biden declarou perante um enxame de jornalistas:
«A minha
 administração está determinada a garantir que a Ucrânia tem o que precisa para prevalecer na luta pela sobrevivência. Amanhã, anunciarei uma série de acções para acelerar o apoio às forças armadas ucranianas - mas sabemos que a futura vitória da Ucrânia é mais do que aquilo que acontece no campo de batalha, é também aquilo que os ucranianos fazem para tirar o máximo partido de um futuro livre e independente, pelo qual tantos se sacrificaram”»


Faltam 40 dias...


O PONTO DE NÃO RETORNO


O Ponto de Não Retorno é uma expressão usada habitualmente em aeronáutica para designar um ponto, num trajecto, a partir do qual já não é possível voltar para trás, normalmente por falta de combustível; É usado metaforicamente para identificar uma situação ou comportamento em que foi atingido um ponto cujas consequências não podem já ser prevenidas ou evitadas

Ou seja...

Toda e qualquer tentativa de alterar um destino para o qual se converge só tem hipóteses de êxito se tomada antes de ser atingido o Ponto de Não Retorno.

Em linguagem muito simples: Se não desejarmos chegar após o anoitecer a um lugar que fica a 1h de caminho teremos se iniciar a caminhada pelo menos 1h antes do anoitecer

Neste momento começa a fazer-se tarde... A noite anuncia-se, a escuridão pressente-se

«O secretário de Estado, Antony Blinken, passou os últimos três dias - à margem da reunião anual de líderes mundiais da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque -- a procurar o apoio de outros países para o seu plano de paz regional. 

Os EUA apresentaram uma proposta de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah para travar a escalada do conflito no norte de Israel e no sul do Líbano, informaram esta quarta-feira as autoridades norte-americanas.

O presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, também referiu que estão a ser feitos "esforços sérios" para uma solução política com vista a alcançar uma trégua no confronto entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah, acrescentando que "As próximas 24 horas serão decisivas para o sucesso ou fracasso destes esforços para alcançar uma solução política"» fonte - Agência Lusa 

As próximas 24 horas serão decisivas... 
As "próximas 24horas" estão passando, esta quinta-feira, dia 26/09, e o que aconteceu? Sumariamente:

O chefe do exército israelita informou que as forças armadas estão a preparar-se para uma possível incursão terrestre no Líbano. As declarações foram feitas no momento em que as FDI anunciaram a convocação de duas brigadas de reserva “para missões operacionais no sector norte”.

Israel e o Hezbollah trocaram vagas de ataques enquanto o conflito se agrava. No Líbano, e em apenas 3 dias, cerca de 90.000 pessoas tiveram de abandonar as suas casas. As forças armadas israelitas prometeram acelerar as suas operações ofensivas contra o Hezbollah sem qualquer trégua.

Os EUA, o UK e vários países da UE encontram-se a trabalhar interruptamente para ser estabelecido um acordo diplomático visando uma trégua de 21 dias na fronteira israelo-libanesa que permita o avanço de sequentes negociações e a retoma de conversações sobre um acordo de cessar-fogo em troca de reféns em Gaza.

Mas... 

Este desesperado esforço só terá sentido se houver vontade política, e pessoal, entre as partes em conflito. Se...

Enquanto o embaixador de Israel na ONU diz aos jornalistas que o seu país acolheria de bom grado um cessar-fogo e que prefere uma solução diplomática, o chefe do exército diz que os ataques israelitas no Líbano têm como objectivo preparar o terreno para a possível entrada de tropas e, dirigindo-se aos soldados, acrescentou : “As vossas botas... entrarão em território inimigo”.

"Território inimigo"? A grande maioria dos libaneses não engole o Irão nem com molho de tomate servido em salva de ouro, são eles as primeiras vítimas da sua política internacional. 

O Hezbollah tem aguardado uma "justificação" para atacar Israel para além da guerrilha fronteiriça. Hoje, pela primeira vez, atacou Tel Aviv com um míssil

Israel tem provocado o Hezbollah para além dos limites do aceitável porque Netanyahu precisa, pessoalmente, prolongar um estado de guerra e a situação em Gaza já é tão miserável que dificilmente lhe poderá assegurar a continuidade bélica

Porém...

O Hezbollah não é o Hamas... O Hezbollah é o mais potente "exército" não pertencente a um Estado
E... Não é filho mas é afilhado. Israel não tem capacidade para enfrentar o afilhado dilecto do Irão.

No sábado passado o Irão fez desfilar as suas últimas produções de armamento; nem é necessário ser "bom-entendedor" (vídeo)

Netanyahu está perfeitamente consciente de que arrastará os EUA, e não só, para uma guerra no Médio-Oriente se for desencadeada em larga escala. O Irão marca presença no Líbano, na Síria, no Iraque, no Yemen e, de alguma forma em Gaza. Obviamente que não será permitido ao Irão estender os seus tentáculos de Estado teocrático radical do Golfo Pérsico até ao Mediterrâneo sem a menor resistência pelo meio 
E depois há aquela questão entre Xiitas e Sunitas...

Começa a fazer-se tarde... A noite anuncia-se, a escuridão pressente-se.

Como se não bastasse... A cereja olha ávida para o topo do bolo

Faltam, hoje, 41 dias para que o potencial Ponto de Não Retorno se possa, ou não, transformar no Ponto de Aceleração em direcção ao abismo; 
Tendo em conta o discurso de Zelensky na Assembleia das Nações Unidas e a conversa que terá com Biden e Harris, para apresentar os seus planos de combate para vencer a Rússia, a sua visita a Trump, enquanto potencial futuro presidente dos EUA,  foi desmarcada  (talvez por Zelensky não levar os tais planos debaixo do braço vá-se lá entender por quê) ; mais... durante uma entrevista ao New York Times Zelensky disse: “A minha sensação é que Trump não sabe realmente como parar a guerra, mesmo que pense que sabe como o fazer”.   

O camarada Trump não aguentou mais não ser explicito, a versão do debate com Kamala -  o mini-video aqui - já não foi suficiente, vociferou  todo o ódio que tem trazido contido a tanto custo; ele tem de provar a Putin que merece os esforços feitos e a sua confiança:

«A Ucrânia está obliterada, com vilas e cidades que desapareceram e que nunca poderão ser reproduzidas. Temos dado biliões de dólares a um homem que se recusa a fazer um acordo. Milhões e milhões (!?!?!) de pessoas morreram,  a Ucrânia está a usar crianças e velhos, uma vez que as suas forças armadas estão a sofrer uma escassez de soldados.»

«Mas estamos presos nessa guerra a menos que eu seja presidente. Eu vou conseguir. Vou negociá-la. Eu saio. Temos de sair. Biden diz que não sairemos até ganharmos. O que é que acontece se eles (os russos) ganharem? É isso que eles fazem, lutam em guerras. Como alguém me disse no outro dia, eles venceram Hitler. Derrotaram Napoleão. É isso que eles fazem»

"But we're stuck in that war unless I'm president. I'll get it done. I'll get it negotiated. I'll get out. We got to get out. Biden says we will not leave until we win. What happens if they win? That's what they do, is they fight wars. As somebody told me the other day, they beat Hitler. They beat Napoleon. That's what they do."

Há outro Ponto, para além do de Não Retorno; enquanto este marca o momento em que um futuro se torna inevitável, há um outro que, se escolhido a tempo, revoga a inevitabilidade, altera o futuro; um que requer coragem, visão, compreensão, persistência e  é frequentemente um ponto de salvação: 

é o Ponto de Viragem.   Se no Médio-Oriente o inevitável parece ascender a cada dia, na Ucrânia o inacreditável acontece há mais de dois anos e meio. É impensável que possamos assistir à vitória de um invasor diabólico graças a um homunculo de alma vendida

Oxalá... 

Oxalá...


O DEBATE?

Diz assim, em dois ou três e-mails que recebi (em dias diferentes)

«Então não dizes nada sobre...»

«E não  queres postar sobre... »

»O que se te oferece dizer sobre...»

------------------------------------------------ O DEBATE?

Está bem, e serei eloquente, porque "uma imagem vale por 1 000 palavras":

P.S. - Há uma parte que não vi, por causa do protector de ecrã, mas ouvi; 
partilho o bocadinho de 2.30min. porque foi um dos melhores  entre vários qualificados



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DOIS ANOS ALÉM

 Quando alguém que preenche um lugar no lado luminoso da nossa vida parte, somos assaltados por sentimentos mas dificilmente apreendemos o legado da vida que deixou, esse requer um ponto de observação que só se encontra um pouco mais além no tempo, uma perspectiva desnevoada de emoções e imbuída de visão global

Hoje fui "apanhada" por um vídeo que relembra a vida da rainha Isabel II feito quando se cumpriu o primeiro  ano sobre a sua morte e retransmitido agora, mais um ano passado.  Que pessoa notável, um inegável exemplo do "Primus inter pares", e além deles. 

Deixo-o aí abaixo juntamente com outro que aqui publiquei por ocasião do seu inesquecível Jubileu de Platina - 70 anos de reinado - em Junho de 22, três meses antes da sua morte. 



CLICL PARA AUMENTAR
(publicado no The Guardian - Set.22)





DUAS DÚZIAS... AINDA SÃO 24?

 Hoje resolvi que sou prémio Nobel da Astrofísica. Sou sim. 
Há quem ache que não? Quero lá saber, eu digo que sou e acabou a conversa. 

A negação deste facto é "ultrajantemente  falsa e podem repetir essa mentira indefinidamente que isso não a tornará verdade". 

Agora é assim, vive-se assim. A verdade é apenas uma versão de quem está contra o que um qualquer manhoso resolve inventar, cabalas negras contra as vitimas da má vontade do mundo; é assim com Putin, é assim com Trump, é assim com Netanyahu (sim, há mais mas estes 3 estão na berra e abusam de descaramento)

Quantos civis morreram em Rafah e no Corredor de Filadelfia? Duas dúzias, dito e repetido (11 segundos depois eram só 20 civis)
 Morreram apenas estes civis porque atenderam aos avisos do exército de Israel e deixaram os locais que foram bombardeados.  Netanyahu dixit - 04/Set./24

(Vídeo abaixo, com tradução, para os incrédulos como eu)

Pergunta do repórter Jeremy Diamond da CNN Internacional:
«More than 40,000 Palestinians have now been killed in Gaza, a majority of whom are civilians, and these numbers are from the Palestine Ministry of Health but they are backed up by the United States, by international organizations. Humanitarian conditions in Gaza have degraded so much that diseases like polio and hepatitis-A are now spreading. We have seen countless children be orphaned. We have seen countless mothers lose their children. How much is too much, sir?»

Resposta de Netanyahu ,
não à pergunta feita sobre Gaza, sabe-se lá porquê, mas fixou-se em Rafah e no corredor de Filadelfia (após um notável discurso introdutório que se encontra na integra no vídeo)
«We're fighting this war in a just war with just means. In fact, with means that no other army has as over form, no other army has done, has taken the precautions that Israel has taken, sometimes at great risk, to make sure that we minimize the number of casualties.»
«How many civilians died? I asked the commander of the division that did the Rafah operation and the Philadelphia border. He said, Prime Minister, there are hardly any civilian deaths because everybody left.(+71.000 hab.) They heeded our warnings. But he said there were probably two dozen, two dozen! And most of them occurred when one of our bombs hit, Hamas ammunition depot that was planted inside a residential area.40 people died. About 20 were terrorists, but 20 were civilians. And he said, that's most of the deaths. That's the lowest ratio of noncombatants to combatants in the history of urban warfare. That's it.

You can say anything that doesn't make it true. You repeat a lie over and over and over again. It assumes the cachet of self-evident truth. But it's false. Israel is doing and the Israeli army is doing something that no other army has done in history. And we'll continue to do that. I'm not going to change my policies, humanitarian policies, vaccination policies, combat policies to minimize civilian casualties.»

Não se me oferecem comentários, confesso que isto está muito além da minha capacidade de entendimento, sou Nobel de Astrofísica, não de Psiquiatria. Só me pergunto... Mas este gajo não vê os noticiários do mundo inteiro? Aaahh pois, estão todos a mentir contra ele, já me esquecia.



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VENEZUELA, DIZ-ME COM QUEM ANDAS...

 


Russian Wagner mercenaries spotted amid Venezuela election 
By bne IntelliNews August 2, 2024

Russia's Wagner Group troops have been active in Venezuela since 2019, when they were sent to support President Nicolas Maduro after a disputed election. Recent footage circulating on social media allegedly shows them flanking police forces amid ongoing post-election protests. / bne IntelliNews

RESULTADOS ELEITORAIS POR ESTADO, MESAS DE VOTO, NÚMERO DE ELEITORES, NÚMERO DE VOTANTES E PARTICIPAÇÃO - AQUI

A TROCA

Pasmei ao ouvir JD Vance, o invertebrado desossado reguila que quer ser vice do bode maligno, explicar por que é que o governo dos Estados Unidos conseguiu a libertação de prisioneiros pela Rússia numa declaração clara e sucinta :


"Os gajos maus no mundo inteiro (bad guys all over the world) reconhecem que donald trump está prestes a voltar à presidência e querem limpar a casa. Penso que é um bom teste da força de donald trump"

Estavam 6 pessoas em torno da mesa do programa, democratas e republicanos, quando o clip de Vance foi transmitido, a única que não estoirou em gargalhada foi a pivô do programa que fez "aquela cara" e sentiu que era melhor explicar-se: "Bem, a tarefa dele é apoiar o candidato e não posso deixar de o aplaudir nessa difícil tarefa"
Só não sei se o bode  achou graça a essa dos "gajos maus"... 
Gajo mau, o Putin? Hum... 😉

Estes tipos são uns pândegos, é como visitar um manicómio, por triste que seja não se consegue deixar de gargalhar perante o absurdo das tiradas que inventam

O governo dos Estados Unidos, em concertação com outros  6 países - governos, diplomatas, agentes de Inteligência, agências de segurança, negociadores - e a Turquia como interlocutor onde teve lugar a troca; primeiro conseguiu a colaboração  europeia que envolveu os 7 países entre os quais os EUA, a Alemanha, a Eslovénia, a Polónia e a Noruega , depois o seu difícil acordo e, por fim, a negociação da libertação pela Rússia de 24 prisioneiros, e duas crianças, contra 8 russos presos no ocidente, tendo em conta que Putin  previligia canais de Inteligência sobre os políticos e diplomáticos. 

Há uma explicação sim mas não passa pelo manicómio nem pelos seus ilustres líders. Passa em primeiro lugar por um assassino FSB, preso na Alemanha, que Putin abriga no seu obscuro músculo cardíaco desde os seus tempos de KGB; Passa pela razão que levou Putin a fazer prisioneiros: ter moeda  para as trocas que desejava; Passa pelo tumulto que a morte de Navalny provocou em Fevereiro passado e pela morte iminente de Vladimir-Kara-Murza que traria mais uma monumental convulsão; Passa pelas alianças internacionais e o respeito pela persistência e diplomacia de Biden; E passa por fragilidades que Vance nem sonha, que o bode nem quer ouvir falar 


Quanto às críticas por se tratar de uma troca, Biden pôs o dedo na frida:
"Eu não acredito em que devemos deixar pessoas apodrecer na prisão porque outras podem vir a ser presas. Temos de fazer o possível por o evitar e, se acontecer, temos de os ir buscar". 

O SENADOR SHELLTOX

 Foi o primeiro comício de campanha do eleito de Tump  para vice-presidente, JD Vance, um exemplo da nova política pela não-violência após o reconhecimento de que o discurso agressivo incita acontecimentos como a tentativa de assassinato de Trump

Quando o senador republicano do Ohio, George Lang, subiu ao palco, saudou a multidão num cântico de “luta, luta, luta” (fight, fight, fight , ou "lutem, lutem, lutem"), o novo grito de guerra para o Partido Republicano depois da tentativa de assassinato de Trump na Pensilvânia. Viva o não incitamento à violência 

Disse então o prendado representante eleito pelo povo à multidão: 

“Estamos a lutar pela alma da nossa nação. Estamos a lutar pelos nossos filhos e netos, uma luta que nunca imaginámos. Acredito sinceramente que Donald Trump e JD Vance, do condado de Butler, são a última oportunidade de salvar politicamente o nosso país. Receio que, se perdermos esta, seja necessária uma guerra civil para salvar o país, e o país será salvo”.

Ou seja, se o povo americano eleger outra pessoa que não Trump, faz-se uma guerra civil para salvar a América. 

Isto sim, é respeito pela democracia, pela liberdade, pela constituição, pelas pessoas. E, além de o pensarem dizem-no em voz alta, gritado num comício

O que faz o povo? Sente-se ameaçado? Desrespeitado? Instrumentalizado? Não, o povo aplaude, dá murros no ar, grita “luta, luta, luta”... 

e vota nestes gajos, como moscas a votar no Shelltox


Já agora... Como uma desgraça raramente vem só, aproveito aqui estar para divulgar mais uma pérola, que, publicada no rescaldo do comício supra-referido, só pode ser interpretado como uma Pérola de Ironia; 

Esta segunda-feira, o primeiro dia após  o Presidente Biden ter deixado a candidatura à presidência, os antigos gestores de campanha de Trump, Chris LaCivita e Susie Wiles, publicaram um "memorando" fazendo o ponto da situação. Diz assim:

«Assim como Donald Trump demitiu Joe Biden, demonstrará ao mundo que também pode demitir a perigosa Kamala.
Esta 'Guerra à Democracia' - será interrompida pelo homem que levou uma bala pela Democracia»

Não digo mais nada, temo que me saia alguma palavra feia sem eu dar por isso

Para quem tiver curiosidade em admirar as impecáveis sobrancelhas do arrumadíssimo Senador Shelltox deixo a amostra aí abaixo


A DIGNIDADE NÃO É UM POSTO

 “President Joe Biden is a patriotic American who has always put our country first. His legacy of vision, values and leadership make him one of the most consequential Presidents in American history” - Nancy Pelosi

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 “It has been — and remains —the honor of my life to work for @POTUS for the past twenty-two years.He has restored U.S. leadership around the world and delivered historic accomplishments as President. I look forward to building on that record with him over the next six months.” - Secretary of State Antony Blinken 

 

 Ontem, sábado, Biden não estava ainda convencido de que seria um "peso negativo" nos boletins de voto para a presidência, Congresso e Senado mas passou o dia a estudar os dados recém-chegados: informações, estatísticas e sondagens. Sábado à noite informou a família e os conselheiros mais próximos da sua decisão de retirar a candidatura à presidência. Pediu então a dois dos seus conselheiros mais próximos que iniciassem o processo de redacção de uma carta e coordenassem o anúncio de abandono da corrida à Casa Branca. Trabalhou com o seu conselheiro de longa data e chefe de comunicações, Mike Donilon, para redigir a carta durante a noite. Steve Ricchetti, outro conselheiro  que o acompanha desde o seu tempo de vice-presidente, foi encarregado de organizar o anúncio da decisão. Domingo de manhã telefonou a Kamala Harris.

A vida não é justa, não, não é.

Tanto filho da mãe que há por aí com as rédeas do poder na mão, completamente indiferente às consequências dos seus actos, vontades e proveitos que vai passando incólume entre as espadas da justiça da vida... Porque a vida não é justa, se fosse não castigaria Biden pelo seu crime: envelhecer, expor-se fragilizado. Depois do malfadado debate a 27 de Junho Biden entrou em espiral descendente, de dia para dia, com a pressão dos olhos do mundo sobre cada palavra, cada movimento, cada passo. Há apenas 20 dias escrevia eu aqui:

Está mais velho? Está.
Está mais lento? Está.
Mas não está parvo, sabe perfeitamente o que quer, tem uma experiência política inigualável, uma capacidade diplomática rara. E não é um pulha maligno

Em menos de 20 dias tornou-se evidente que Biden não suportaria mais 4 anos de mandato, não suportaria muito menos do que isso, está a trucidar-se e a ser trucidado

«Let me finish the job», foi a mais sincera expressão da sua vontade, da sua prece à vida. Mas a vida não é justa

A vida não é justa mas Biden é. 

Teimoso como o campeão dos teimosos Biden é a antítese da desistência; tentar até não haver mais hipóteses, dialogar até não existirem mais argumentos, conceder até não poder transigir, conciliar até à fronteira dos opostos. E lutar, até que a luta conduza à derrota. 

Dói-me imaginar o que inundou Biden ao assentir que a sua luta conduziria à derrota, ao ter sido derrotado pela injustiça da vida. Mais uma vez, como sempre, fez o que era preciso ser feito, o que o carácter e o bom senso lhe exigiu. Mais uma vez mostrou ser sábio, coerente e pragmaticamente funcional

Uma coisa que Trump nunca compreenderá é que a Dignidade e o Respeito não se ganham nas urnas, não se conquistam com discursos nem se traficam em influencias, ou se tem, ou não se tem

Biden tem.




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POLTERGEIST 2024

 Sem palavras, porque não há


A CONVERÇÃO

 A CONVENÇÃO

O Partido Republicano (já) não existe

Das eminentes figuras que iluminavam a ribalta do partido quando Trump tomou a presidência, nem uma esteve presente no primeiro dia da convenção e, aposto as minhas fichas todas, não haverá sombra deles durante o desenrolar da reunião da seita trumpista adoradora do fundador da projectada dinastia

O concílio foi aberto com os discursos mais fundamentalistas do movimento MAGA/Fraude Eleitoral /6de Janeiro

A evocação do anti-semitismo - não centrado no actual Estado de Israel mas o propagado pelo regime nazi - foi abordada por, pelo menos, 3 dos 6  oradores em "prime time" que antecederam a chegada de Trump (a bem da sanidade mental que me resta não ouvi todos): a indescritível Marjory Taylor Greene com o seu habitual arrazoado de parvoíces e mentiras, o contestadíssimo  Charlie Kirk, tido como uma aberração mesmo dentro do seu partido,  rei das teorias de conspiração como é recorrente em quem fala do que nada sabe, evangélico de carreira e de proveitosos negócios,  Kristi Noem, governadora do Dakota do Sul, que começou com este mimo: “Fui governadora tanto sob o presidente Trump como sob Joe Biden, e as pessoas perguntam-me constantemente: ‘Qual é a maior diferença? E digo-lhes que o presidente Trump honrou a Constituição.”. A partir daqui está tudo dito, que Trump foi "processado injustamente" ou a "cabala das eleições de 2020", sim, pois, já sabemos. Também merece uma referenciazita o  governador do Carolina do Norte, Mark Robinson, homem do NRA, citador de Hitler, que recentemente  (05/07/24) opinou durante um sermão numa igreja   (Lake Church em Bladen County ) : «Some folks need killing.»/“Algumas pessoas precisam de ser mortas.”. Seria uma premonição?

É isto o "prime time" da abertura do que foi o Partido Republicano. Uma tristeza, uma angústia, a formação de uma tempestade negra

A escolha do senador J D Vance para vice-presidente...

Vance, um feroz crítico de Trump em 2015/16, chamou-lhe idiota, chegou a pôr a hipótese de tapar o nariz e votar em Hillary.

"In an interview with NPR in August 2016,  Vance said he might even vote for Clinton".

“I think there’s a chance, if I feel like Trump has a really good chance of winning, that I might have to hold my nose and vote for Hillary Clinton,”

Quando se iniciou a campanha para 2020 Vance descobriu que " Trump foi tão bom presidente..." , como poderia não o apoiar? Apagou os seus Tweets de 2016  e foi à luta, à sua luta.

9 Outubro 2016 . 1 mês antes das Presidenciais

Agora teve um empurrãozinho de Elon Musk, o que fez brilhar os olhinhos gananciosos de Donald Júnior: "Daddy, o Vance é fixe e mexe-se bem em Wall Street". (O Don Júnior não percebe que está a dar um tiro no pé, se Vance entrar na Casa Branca será candidato às presidenciais de 2028, certinho como o Sol mesmo num dia de chuva. Talvez depois... Depois passou, o herdeiro do trono, após a hipotética regência de Vance, é o benjamim, Byron, o único que aos 18 aninhos está a ser (en)formado para isso seguindo os trâmites de uma monarquia

Nascido pobrezinho, abandonado pelo pai e retirado à mãe toxico-dependente , Vance cedo mostrou ser um rapaz cheio de iniciativa. 

Acérrimo opositor da ajuda financeira e militar à Ucrânia (Musk sabe quem escolhe...) aí está ele,  aos 39 anos a fazer o caminho para a Casa Branca apoiado no braço daquele a quem chamou mentiroso,  repreensível e idiota mas as subidas ingremes requerem um bom cajado 

Eu sei que parecerá um exagero mas, transposto no tempo, na geografia e no marketing, senti um vislumbre do clima obcecado da saudação ao ditador, da saudação de um deus humano acima dos meros mortais que necessitam de um guia para a luz.  E depois aquele inexplicável atentado... Inexplicável como aconteceu, inexplicável o tiro na cabeça que feriu uma orelha enquanto um bombeiro ao lado caia baleado fatalmente.. Um imortal. Falavam de divina providência, de um milagre concedido ao Eleito pela graça de Deus, na sua qualidade messiânica. 

Tenhamos presente que não se trata de um comício composto por seguidores, é suposto tratar-se de uma convenção oficial de delegados do partido que lidera o Congresso para a escolha de um candidato presidencial.

 Fora a convenção num estádio e teríamos um remake não militarizado de 1936. Um mundo alternativo, uma realidade paralela,  o  absurdo em marcha

Nada disto é normal

Uma coisa sobressai, a expressão de Trump mudou, completamente


Não estou a dizer que o homem mudou, não sei e duvido, estou a constatar que a expressão, a linguagem corporal é inequivocamente diferente.  Inequivocamente não está bem, não está à vontade, não se sente como peixe na água como quando habitualmente preside a uma enorme reunião de adoradores. Pelo menos neste primeiro dia foi assim 

Aguardemos pela versão de Trump que veremos dentro de dias discursar nesta convenção, perante a América, perante o mundo 

Por último, e enquanto as eleições não chegam, vale a pena focar o designado "Project 2025"

O primeiro passo foi a sagração da Imunidade Presidencial pelo malfadado Supremo Tribunal Federal arremessado por uma maioria de juízes enfeudados . Trump não se preocupa com a jurisprudência que daí advém, na sua cabecinha loira acabaram-se os presidentes democratas, liberais, da "radical left", como ele gosta de espalhar aos quatro ventos (como se isso fosse coisa que exista significativamente nos EUA)

Não vou gastar muitos bytes a debitar sobre o tenebroso projecto, a página oficial com aquilo que querem deixar transparecer, por agora, encontra-se AQUI com várias ligações mimosas

Na página que o Project 2025 publicou na Wikipedia pode ler-se (traduzido):

«O Projecto de Transição Presidencial 2025, também conhecido como Projecto 2025, é uma iniciativa organizada pela Heritage Foundation com o objectivo de promover uma colecção de propostas políticas conservadoras e de direita para remodelar o governo federal dos EUA e consolidar o poder executivo caso Donald Trump vença as eleições presidenciais de 2024»

Quando, recentemente Biden disse que o Projecto 2025 destruiria a América e o Partido Democrata tentou chamar a atenção dos eleitores para a organização que o sustenta, Trump apressou-se a publicar na Truth Social, a sua rede social:

«Não sei nada sobre o Projecto 2025. Não faço ideia de quem está por trás disso. Discordo de algumas das coisas que estão a dizer e algumas das coisas que estão a dizer são absolutamente ridículas e abismais.» Eu não acredito que Trump usasse a expressão "abysmalsaída da sua cabecinha, alguém lhe disse "demarca-te lá disto por agora, ainda é cedo, vai dar bronca". A verdade é que a organização está pejada de aliados e colaboradores de Trump. 
No início de Julho, o presidente da Heritage, Kevin Roberts, deu uma eloquente entrevista ao podcast "War Room", fundado pelo ideólogo de Trump Steve Bannon, sobre o Projeto 25 não se inibindo de levantar a perspectiva de violência política :

Estamos no processo da segunda revolução americana, que permanecerá sem derramamento de sangue se a esquerda o permitir

As consequências disto são inimagináveis, um mundo novo emerge e não vai ser agradável de ver, muito menos de se viver



UMA GOTA NO DESERTO

A maior parte das notícias que nos chegam dividem-se em dois grupos: o "Já foi" e o "Pode vir a ser".  

O "Já foi" é muitas vezes é um "já era", pronto acabou-se, ou um "veremos consequências" que nos permite estabelecer uma ou várias relações de causa/efeito; 

O  "Pode vir a ser" tem como contrapartida o "Pode vir a não ser", é frequentemente um exercício jornalístico baseado num qualquer facto, acontecimento, extrapolado em opiniões mais ou menos alicerçadas; dependendo de quem extrapola será uma hipótese plausível ou uma conversa que leva a parte nenhuma

De vez em quando aparece uma notícia que é mesmo importante, sobre alguma coisa que representa uma alteração real do statu quo, como a invasão da Ucrânia, o alargamento da NATO, uma mudança de linha de poder significativa, uma descoberta espantosa, um avanço científico transformador

Hoje houve uma notícia importante, muito importante, com um "a ver vamos" à mistura

O presidente do Irão, Masoud Pezeshkian, de 69 anos, um cirurgião cardiologista e legislador, foi eleito há uma semana derrotando o seu rival de linha dura Saeed Jalili, antigo negociador nuclear, numa votação que se desenrolou no meio de tensões acrescidas a nível interno e internacional.

Pezeshkian, escreveu no jornal de língua inglesa Tehran Times (texto completo no link) afirmando que espera melhorar as relações com a Europa, apesar de a acusar de recuos nos compromissos para aliviar o impacto das sanções impostas pelos EUA. 

"Apesar destes passos em falso, estou ansioso por encetar um diálogo construtivo com os países europeus para colocar as nossas relações no caminho certo, com base nos princípios do respeito mútuo e da igualdade"

Tido como um reformista Pezeshkian tem favorecido o diálogo com os inimigos do Irão, especialmente no que se refere ao programa nuclear

"Gostaria de sublinhar que a doutrina de defesa do Irão não inclui armas nucleares e exorto os Estados Unidos a aprender com os erros do passado (saída do Acordo Nuclear - JCPOA) e a ajustar a sua política em conformidade. Os decisores em Washington precisam de reconhecer que uma política que consiste em colocar os países regionais uns contra os outros não teve sucesso e não terá sucesso no futuro"

"A Rússia é um valioso aliado estratégico e vizinho do Irão e a minha administração continuará empenhada em expandir e reforçar a nossa cooperação. Lutamos pela paz para os povos da Rússia e da Ucrânia e o meu governo estará preparado para apoiar ativamente as iniciativas destinadas a alcançar este objetivo"

Como disse, é uma notícia importante, mais importante do que a queda de um helicóptero, mais importante do que as eleições no Irão, essas, de formas diferentes, foram ritos de passagem. Agora "a ver vamos"...  A ver vamos se o deixam, a ver vamos se continuará vivo e livre . A ver vamos se uma nova onda de protestos se formará entre o povo iraniano se Pezeshkian for travado após a sua eleição

É o líder supremo, Ayatollah Ali Khamenei, quem tem a última palavra em todas as questões de Estado. Em matéria de política externa Pezeshkian terá de se submeter a Khamenei que, até agora, condenou todas as tentativas de melhorar as relações com o Ocidente. Talvez os "acidentes de helicóptero" o motivem a repensar, uma coisa se tornou evidente: os helicópteros também caiem no Irão, sabe-se lá o que mais poderá acontecer...
Veremos se este é um "Pode vir a ser" ou se se ficará por um "Pode vir a não ser"

Um pingo de esperança num deserto teocrático


THE BRITS

Olhando para o Partido Conservador destes últimos 14 anos pergunto-me como conseguiu o Reino Unido permanecer um dos G7...

BREVE HISTÓRIADA DO DECLINIO BRITÂNICO REGIDO PELOS CONSERVADORES

David Cameron, eleito em 2010 (em coligação com os Liberais Democratas) foi a última cabeça coerente e arrumada ao leme do UK por parte dos Conservadores - até à escolha de Rishi Sunak, contrariados mas desesperados, já lá vamos...
Cameron foi reeleito em 2015, sem coligações e com mais do que a maioria requerida; 
Face à derrota, o líder trabalhista Ed Miliband,  demitiu-se abrindo a porta a Jeremy Corbin, um socialista radical de esquerda a tomar as rédeas de um partido social-democrata, a coisa não poderia correr bem. 

Pressionado pela ala direita do partido conservador Cameron cometeu um erro, crasso: admitiu a realização do referendo Brexit; acreditou que os britânicos, a maioria dos britânicos, veriam mais longe do que os limites dos seus quintais, compreenderiam que, no mundo do Séc. XXI , as fonteiras nacionais são ilusórias, as fronteiras existem, sim, onde se delimitam "os poderes", e esses requerem uniões, coesão além fronteiras nacionais para se poderem impor e subsistir. 
Isto é hoje inegavelmente evidente mas em 2015 o que é agora evidente apenas começava a tomar forma: a invasão da Crimeia em 2014, a candidatura de Trump em 2015, a interferência da Rússia em eleições democráticas e a sua intervenção militar na guerra da Síria em Setembro do mesmo ano quando os rebeldes, armados pelo Ocidente, começavam a ocupar espaços estratégicos, para citar apenas o mais óbvio. 
Em 2016 os dados estavam lançados, foi a consolidação do sonho populista, nascido em noites de maligna insónia nos aposentos do Kremlin para assombrar os dias do Ocidente. Hoje é vivido como uma vitória da direita radical. Quanta ilusão...  Uma maioria inqualificável dos eleitores populistas ainda hoje não acredita nisto, por mais que se meta pelos olhos dentro. 
Por pouco houve um Brexit, por pouco Trump ganhou a presidência - assente no Colégio Eleitoral. Na Síria caiu Aleppo, com os curdos os americanos conquistaram Palmira e, pouco depois os traíram deixando-os à sua sorte e às garras de Erdogan; deu-se uma das maiores crises humanitárias que o mundo conheceu e, sequentemente, quebrou-se o frágil cessar-fogo entre os EUA e a Rússia; O golpe de Estado na Turquia falhou em poucas horas; O Trans-Pacific Partnership (TPP) - acordo comercial entre os EUA e 11 países asiáticos - sucumbiu no Congresso após a vitória de Trump, ainda durante o mandato de Obama; A Coreia do Norte realizou testes de mísseis e testes nucleares sem precedentes sendo designada por Obama, ao deixar a Casa Branca, como a maior ameaça mundial. E face à vitória do Brexit Cameron demitiu-se. O pesadelo britânico materializou-se
Ascende ao governo britânico a doce Theresa May nomeada pelos líders conservadores. Senhora honesta e cumpridora teria provavelmente feito um bom lugar em qualquer posto que requeresse organização sem confronto, sem necessidade de pensamento lateral. Terá sido escolhida para ser manipulada, incapaz de um pensamento mais "fora da caixa", com a capacidade criativa de um peixe num aquário redondo, resistiu à manipulação por ser integra e teve a agradecer a vitória nas eleições de 2017, sem maioria, à oposição liderada por Corbin, visto de lado por muito bom trabalhista.  Após longas conversações fez uma aliança parlamentar como Partido Democrático Unionista (DUP, da Irlanda do Norte) o que veio a complicar, ainda mais, as negociações do Brexit com a UE ( A Irlanda, tal como a Escócia, "chumbou" o Brexit)

Menos de dois anos depois May era traída pelo seu partido, enfraquecida pelas desventuras do seu mandato: as inconsistentes negociações do Brexit, rejeitadas pelo DUP, a instabilidade económica crescente, a desvairada, e insultuosa, visita de Trump ao UK, os resquícios da campanha do Brexit inflamados por Nigel Farage e Boris Johnson -  foi-lhe retirado o apoio parlamentar.  Em Maio de 2019 anunciou a sua demissão assim que um novo líder conservador fosse escolhido pelo partido

Em Julho de 2019, após conturbadas e demoradas eleições dentro do Partido Conservador, entra Boris Johnson. 
Sobre este chanfrado ambicioso, que em pequenino queria ser rei de Inglaterra, pouco haverá a dizer que não tenha sido óbvio aos mais desatentos..  Arregaçou as mangas para o que viria a ser uma desastrosa conclusão das negociações do Brexit, quase exasperando Jean-Claude Juncker e elevando aos picos a paciência de Michel Barnier

Foi confirmado eleitoralmente como primeiro-ministro em Dezembro de 2019, ainda no período de transição do Brexit e antes das suas consequências se começarem a sentir. De referir, en passant, que a Comissão Eleitoral classificou a campanha de Johnson como: "inapropriada e enganadora", e o Twitter afirmou que tomaria "acções correctivas decisivas" se houvessem "novas tentativas de enganar as  pessoas".  Entre outras vergonhas o Partido Trabalhista obteve documentos governamentais que mostravam que Johnson tinha enganado o público sobre o acordo dos conservadores  Brexit / UE, especificamente em relação aos controlos alfandegários entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte, que fazem parte do Good Friday Agreement , que Johnson disse que não existiriam

Sucederam-se os escândalos dentro do Partido Conservador, no seu governo e nas suas fileiras parlamentares; a economia caía a pique, o porto de Dover parecia um lava-loiças entupido devido à congestão das importações/exportações, a Irlanda do Norte associou-se à Republica da Irlanda na defesa da manutenção das suas fronteiras abertas, a Escócia via-se encurralada devido à queda drástica das exportações - o independentismo espreitava -  faltavam bens, sobretudo alimentares, nos mais corriqueiros super-mercados. E chegou o Covid... Johnson apostava na imunização por contágio, foi o descalabro. Depois de hospitalizado durante uma semana  com 3 dias em UCI, cedeu ao confinamento, ao dos outros, no Number10 havia festarolas e reuniões de copos e ministros a atravessarem condados. Morreram cerca de 250 mil pessoas. 
Em 2020 os britânicos retiravam-se do Afeganistão a reboque dos EUA e a população acompanhava incrédula a desorganização, a falta de apoio às tropas, à embaixada, aos colaboradores afegãos; Johnson descartava-se atirando a responsabilidade para o Ministério da Defesa e seguia animado. O NHS afundava-se, o Partido Trabalhista pediu um aumento de 45%  para o seu financiamento que foi chumbado.
Johnson aguentou-se numa corda bamba até Julho de 2022 altura em que se demitiu, do governo e de  líder partidário após ter vindo a público mais um escândalo por "má conduta sexual" do vice-líder da bancada parlamentar, nomeado por Johnson com conhecimento do processo; vários ministros se demitiram abrindo nova crise governamental

 A 6 de Setembro de 2022, entra Liz Truss, escolhida, em detrimento de Rishi Sunak,  pela ala mais conservadora do partido e próxima de Johnson; um desastre total que ficou conhecido como o mandato  mais curto da história do Reino Unido. Demitiu-se a 25 de Outubro

No mesmo dia da demissão de Truss foi eleito como primeiro-ministro , pelo partido, Rishi Sunak.
Sunak terá cometido um acto de bravura, necessidade ou busca de prestigio não foi por certo; ex-ministro das finanças conhecia bem a situação em que se encontrava o UK. 
Foi tarde, depois de Johnson a situação económica e social era perto de calamitosa: o NHS estava em cuidados intensivos e o descontentamento atingira picos incontestáveis. Conseguiu controlar a inflação mas não se reflectiu no custo de vida, uma crise de habitação sem precedentes e, o coup de grace, a ideia peregrina de enviar imigrantes para o Rwanda como se fossem gado de exportação. 
Após Cameron, depois de mais 4 governos em 8 anos, o Partido Trabalhista tinha a vitória assegurada.

 Sai Sunak...

Sunak é um Senhor. É a prova provada de como o Partido conservador apostou mal ao longo de demasiados anos, ao pé dele Johnson é um labrego, em todos os sentidos, pessoalmente, socialmente e politicamente; foi o único primeiro-ministro da história que, poucas horas após ter sido formalmente empossado pela rainha, revelou detalhes da conversa entre ambos

Sunak é um Senhor e assim o demonstrou, uma vez mais, ao deixar Downing Street; assumiu uma total responsabilidade que não tem, basta olhar uns poucos anos para trás. Referiu-se ao homem que o venceu como sendo  "um bom e decente homem que eu respeito" e  que "o seu sucesso será o nosso sucesso, desejo-lhe o melhor". É preciso ter pinta, caramba. 
(Tal e qual como Farage que, desiludido com 1/4 dos deputados que esperava, rosnou: "O Partido Trabalhista vai ter-nos à perna, vamos fazer-lhes a vida negra")


Entra  Keir Starmer. 
E Sir Starmer também é um Senhor. É homem de uma seriedade invulgar no meio político. Quando se tornou líder do Partido Trabalhista, em 2020, pegou num partido esfrangalhado, radicalizado e com a pior votação desde 1935. Expulsou Corbin do Parlamento não lhe tolerando mais o continuo discurso anti-semita. Em 4 anos, difíceis, elevou o partido a uma estrondosa vitória, reuniu um governo no qual inseriu independentes por considerar que serão aquelas as pessoas mais eficazes, foi buscar alguns ex-ministros de Blair por considerar que serão mais experientes. E veio para trabalhar, indubitavelmente.