::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

TODOS. MAS TODOS, TODOS, TODOS?

 


Uma nota neste dia em que a Igreja Católica Romana inicia um novo capítulo na sua relação com o mundo:
Porquê  a escolha do nome "Leão"?
Já li alguns disparates, desde "A escolha da referência ao rei dos animais..." a conjecturas bastante improváveis como a referência a Leão I devido ao seu proverbial encontro com Átila

A fazer sentido a evocação de Leão I não passará por certo por Átila. Leão I teve um papel decisivo nos debates do Concílio de Calcedónia, concílio ecumênico da Igreja Católica, a Igreja Católica Ortodoxa e a maioria dos protestantes, no qual foi debatido o seu "Tomo de Leão", uma carta enviada por Leão I a Flaviano, patriarca de Constantinopla. Esta carta debruçava-se sobre a definição de Cristo como sendo uma união de duas naturezas — humana e divina — unidas numa só pessoa, "sem confusão e nem divisão", as duas naturezas coexistiam em Jesus Cristo sem divisão. Esta é a posição expressa pelo novo Papa Leão XIV, tal como era a do Papa Francisco .
Mas está definição de cristandade gerou profundas discordâncias no seio do Concílio Ecumênico de Caledónia provocando o cisma das as Igrejas ortodoxas orientais: a Igreja Ortodoxa Copta, a Igreja Ortodoxa Síria, a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja Ortodoxa da Etiópia, ameaçando um cisma entre o Oriente e o Ocidente.

Outros dois Papas me ocorrem, Leão X  e  Leão XIII. 
Assalta-me a dúvida: 

Por Leão XIII, que deu início, no sentido estrito, à Doutrina Social da Igreja, que tem por finalidade "Levar os homens a corresponderem, com o auxílio também da reflexão racional e das ciências humanas, à sua vocação de construtores responsáveis da sociedade terrena";

Ou por Leão X, o papa que se confrontou com do início da Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero, o último Papa de uma Europa Ocidental totalmente católica. Parece-me pouco provável para um "filho" de santo Agostinho que se anuncia reformista; reformista mas qb

 "Construir pontes" não é o mesmo que aceitar o que existe do outro lado da ponte; dialogar também não, o diálogo pode estabelecer compromissos, criar laços, mas também pode servir para convencer, ou mesmo impor civilizadamente. Alguém falou, citando este novo Papa, numa "unificação das práticas da Igreja". 
Depende do que se pretende "unificar".... por vezes as unificações geram cismas, se empreendidas como "unicidades". Quero pensar que um agostiniano não irá por aí. 

Leão XIV foi muito claro: «Queremos ser uma Igreja sinodal». Assim seja, desde que a prudência e a ponderação sejam observadas com sabedoria. O convite à participação de todos é benéfico à Igreja e a todos, sem inclusão e participação gera-se perda e desvio, mas pergunto-me se, neste momento, o convite é feito a todos os membros da Igreja ou a «Todos, todos, todos»?
«Todos, todos, todos» é o mais corajoso, e cristão, desafio que a Igreja pode encarar. Tal como o Papa Francisco, é preciso vencer a resistência à mudança, «sem medo», a permanência congelada num tempo passado afasta-se da vida, do mundo, das pessoas. Esse foi talvez o maior desacerto de Bento XVI. Uma Igreja sinodal é desejável mas tem de estar preparada e positivamente responsiva à divergência que a sinodalidade implica, leigos incluídos, de «Todos, todos, todos», sem isso é o pronúncio de afastamento.
Leão XIV falou de "todos" e a "todos", mas não de e a «Todos, todos, todos» ...

Ou talvez tenha falado e eu não ouvi como devia, com saudades tinha presente a voz, as palavras, a humildade e o esplendor de Francisco



.

Sem comentários: