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AS LARVAS E AS BORBOLETAS

Tendo em conta convicções religiosas e filosofia de vida posso afirmar que não sou um suicida lactente. O que leva então, consciente e activamente, a propor-me despoletar a provocação de incalculáveis reacções perante o anúncio, ou lembrete, que aqui vim deixar? Talvez um intrépido espírito de aventura, que desde adolescente não consegui esgotar, talvez aquela "atracção do abismo" em que me reconheço sem, no entanto, conseguir vencer. Não se trata propriamente de um segredo, jamais atraiçoaria confiança depositada, antes envolve uma comemoração que tem vindo a ser deixada no Vale do Esquecimento, pela própria, há mais tempo do que a "leveza do ser" deve sustentar. Ela que me perdoe, a Vida, para além de vivida deve ser comemorada: A nossa Alex cumprirá mais um aniversário da sua vida na Terra no próximo sábado, dia 25.


Fez ontem um ano trocamos uns e-mails e, perguntava-lhe eu, brincando, em vésperas de voltar a Portugal e querendo levar-lhe uma lembrancita "O que te falta para seres feliz?".


Ela respondeu-me assim...


"Falta-me Paz de Espírito, só isso. E antes que te dês ao trabalho de me perguntar o que me trará Paz, avanço-te que não A terei enquanto houver crianças a sofrer horrores sem conseguirem compreender o que lhes está a acontecer e porquê – sejam eles os horrores da guerra, do cancro, da orfandade, da violação, da injustiça. Não consigo ter Paz enquanto Mães virem os seus filhos morrerem-lhes nos braços, ou às garras de quem lhos levar, impotentes perante esse fim-de-mundo, essas trevas que se abatem sobre a inocência. Talvez exista uma justificação, uma explicação para isso, um desígnio insondável... Como aquela história das larvas e das borboletas... Como eu não entendo sinto-me revoltada e atormentada até ao núcleo das células, até ao âmago da alma. Esse parece ser mais um daqueles assuntos entre mim e Deus, o Universo, a Vida, a Inteligência Criadora, o Grande Arquitecto ou o Que-Lhe-Queiras-Chamar. Desiste dessa parte da Paz de Espírito.
Considero-me uma pessoa muito afortunada independentemente dos meus pouco ambiciosos desejos de Ter e um pouco mais além no Ser. Escolhe-me um livro especial, um disco insubstituível, um perfume que cheire a mim ou qualquer outra coisa que esteja de facto de acordo comigo. Se conseguires acertar fico feliz, devido ao que te levou a acertar. Simples."


Simples?



1 comentário:

Alex disse...

Estive mais de 10 minutos a ler e reler o que escreveste. Estive mais de 10 minutos a pensar se iria ou não apagar o teu post. E estive mais de 10 minutos muito, mas muito, tentada a apaga-lo.

A data do meu aniversário é-me um assunto privado... mas reconheço que não é um segredo, nem sequer um assunto privado (nem tão pouco "um assunto")

Quanto a prantares aqui um excerto de um e-mail meu... (por que raio tens um e-mail de há um ano?) Reconheço que não há no que transcreveste uma só palavra que eu não fosse capaz de pôr aqui no blog – EU! Reconheço que, de alguma forma, já escrevi aqui coisas que, no fundo, vão dar ao mesmo. Confesso que me irritou um pouco... sobretudo o tom "lamechas" que assim, descontextualizado, transparece. Ok, talvez eu seja lamechas de vez em quando e, assim espelhado isso me irrite.

Porque te conheço até às intenções o teu post fica – com um pré-aviso de Guerra: mais uma graça destas e a tua liberdade de publicação no Real Gana é "suícidada". Simples?