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GEORGE MICHAEL, PARA LÁ DA MÚSICA

Ontem ao fim da tarde a BBC foi a primeira estação a notíciar a morte de George Michael. No final da notícia publicou um pedido:

What are your memories of George Michael? Did you meet him? You can share your experience by emailing haveyoursay@bbc.co.uk. 
Please include a contact number if you are willing to speak to a BBC journalist. You can also contact us in the following ways:
  • WhatsApp: +44 7525 900971
  • Text an SMS or MMS to 61124 (UK) or +44 7624 800 100 (international)
Tanto quanto sei os resultados ainda não se encontram publicados mas outros meios de comunicação social seguiram o exemplo.
Muitos testemunhos ligados ao mundo do espetáculo referiram a generosidade e solidarierade como características marcantes de George Michael.
Abaixo deixo alguns poucos exemplos que vieram a público.

No programa 'Deal or no deal' uma mulher desabafou dizendo que precisava de £15.000 para um tratamento de fertilização in vitro, valor que considerava absurdo e que nunca conseguiria pagar. George Michael  fez essa doação no dia seguinte e pediu que se mantivesse anónima. 
Certa vez encontrava-se num café onde uma senhora conversava com a empregada de balcão; a senhora chorava por se encontrar numa situação desesperada com uma dívida de £25 000.   George Michael passou um cheque que entregou à empregada e pediu-lhe que esperasse que ele saísse para dar o cheque à senhora. 
Uma colaboradora voluntária num centro de ajuda a pessoas sem abrigo contou que George Michael trabalhava com voluntário nesse centro anonimamente e pediu que não revelassem a sua identidade. 
Esther Rantzen, fundadora do ChildLine, organização de beneficência para as crianças mais vulneráveis do Reino Unido, disse à "Associated Press" que Michael doou milhões de dólares para a fundação durante anos.
E as histórias sucedem-se, não só revelando doações mas muitas delas expondo actos de grandeza de coração, de ternura, de empatia.
Que encontre Paz.



L'ARMENIEN

Ontem à noite Monsieur Charles Aznavour encheu a MeoArena.
De muito alto dos seus 92 anos (pode lá ser, parece que são a fingir) cativou as várias gerações de público durante quase duas horas, sem intervalo nem cansaço. Cantou, conversou, gracejou e fez promessas para a próxima...

Quem pensa que esteve em palco um idoso romântico que se desengane, ontem à noite não foi o Aznavour dos amores perdidos e achados que se fez ouvir.
Ontem estivemos face ao francês mais arménio que existe; nascido em Paris, filho de refugiados arménios que se fixaram em França após terem passado pela Grécia; a mãe, licenciada em literatura, e o pai, músico, abriram um restaurante, "Le Caucase", que pouco durou de tantas serem as refeições que ofereciam àqueles que não as podiam pagar, A paixão deles, segundo as palavras de Aznavour, eram os espectáculos que montavam, juntamente com outros emigrantes, a favor da diáspora arménia.

Com o charme de sempre mas bem menos nostálgico do que testemunha da dor que presenciamos diariamente a açoitar os mais desafortunados do nosso injusto mundo, abriu o espectáculo com "Les émigrants": «Comment crois-tu qu'ils sont venus? Ils sont venus, les poches vides et les mains nues...», o mote estáva dado. Mais adiante, em jeito de conversa, fechou as suas palavras, sem revolta nem declamação dizendo "Je suis un homme libre, de libre pensée", e seguiu-se "Comme Ils Disent".

Mesmo canções como "La Bohème" ou "Il faut savoir" ganharam uma outra dimensão neste contexto, de um homem de 93 anos, presente e consciente, que sempre se recusou a ignorar o sofrimento alheio, que se embrenhou na vida com profundidade e dignidade.

E que continua a cantar maravilhosamente.


Embaixador geral de França para a Arménia
Embaixador da Arménia na Suíça,
Delegado permanente da Arménia nas Nações Unidas/UNESCO
Presidente da ONG "Aznavour For Arménia"
A Arménia concedeu-lhe, em 2008, a nacionalidade arménia. Anteriormente tinha recebido a Ordem da Pátria, a mais alta condecoração arménia e foi dado o seu nome a uma das praças da capital.


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ESTÁ ABERTA A ÉPOCA DO DESASSOSSEGO

... E lá vai recomeçar tudo de novo.

Sabem do que falo, não sabem?
Se não sabem é porque ainda são crianças e têm "férias de natal".
Que seja um desassossego feliz.



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POPULISMO - DIVIDIR PARA GOVERNAR

Começou com o medo. Quase sempre começa no medo, é um elo comum fácil de explorar, que abre portas a todo o tipo de forças negativas que os humanos conservam lactentes em si; só pode ser contido por uma contínua racionalidade envolvida em bom senso e esses não abundam no seio de povos assustados, sabiamente manipulados com propagandas e cenários negros. "Temos de reconquistar o nosso poder nacional!!!", como se isso existisse, a independência nacional.
Manifestou-se visivelmente nas barreiras de aço erguidas na fronteira húngara.
Materializou-se inesperadamente na vitória do Brexit; vitória que ninguém queria, à parte aquele pirómano Farage e os seus ateadores inconsequentes.
Solidificou-se na conquista de Trump, perante a incredulidade do mundo.

E agora? Terá o mundo  de passar por esta fase em que o medo serve os propósitos mais destrutivos, desumanos e inconfessáveis ou irão as pessoas ganhar consciência de que o verdadeiro perigo não reside naquilo que são levadas a temer mas por detrás da cortina corrida como cenário de fundo.

O paradigma político-ideológico mudou. Não, nem é isso, não mudou, afundou-se nas profundezas e um outro surgiu em seu lugar fundado em alicerces novos e subliminares. Temos de deixar de fazer contas com a Esquerda e a Direita, isso acabou. Por muito que estas tentem ainda firmar-se fazem-no nas areias movediças que se infiltraram sob o tabuleiro do xadrez mundial.  A direita, largamente radical nas suas bases, vence nos EUA com o apoio da propaganda de média e informática do líder pródigo da URSS. Os cidadãos da U.E. são bombardeados, "à esquerda e à direita" com propaganda anti-europeísta, apoiada financeiramente pelos mesmos interessados. "À esquerda e à direita" o propósito é o mesmo, dividir para governar, usando a ilusão do regresso ao "Poder Nacional", ao "Poder Popular", ao "Poder-que-muito-bem-entendam" desde que se dividam e enfraqueçam. A Russia TV é apenas um visível floco de neve deste imenso iceberg submerso.

Hoje o "efeito dominó" foi contido na Áustria. O temor do que se delineava
venceu o medo incutido.

Segue-se a Itália... Irá o furor revolucionário do Movimento Cinco Estrelas lançar mais uma grande acha para a fogueira do populismo europeu? Provavelmente, e irão festejar... e a direita radical também. Que ironia!

Ironicamente é assim que esta equação se resolve, converte-se o valor da incógnita eleitoral ao isolamento ou à democracia, tudo o resto é conversa velha, extemporânea, morta.
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Actualização: 
A Itália votou de acordo com o espectável.
Está a barraca armada. Daqui a um par de anos voltarei ao assunto, veremos se continuam a festejar...


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ORDINÁRIOS, COMPLEXADOS E VISTAS-CURTAS.

É raro, muito raro, partir para o ataque a desembestar; pego com este ou aquele, com uma atitude ou falta dela, com as mentiras, as faltas de carácter e outros mimos costumeiros mais ou menos específicos. Evito generalidades, evito atacar o todo pela acção da parte. A verdade é que há "todos" que defendem tão acerrimamente a sua "parte" que ultrapassam a mais benévola exigência de sentido crítico.  Uma espécie de "quem feio  ama bonito lhe parece" social, um amor de mãe-galinha sem conta, peso ou medida. Cego.

Posto isto, se alguém se sentir desrespeitado ou indignado com as palavras que se seguem tenho muita pena que a "carapuça" lhe sirva mas é exactamente assim que eu me sinto quando deputados que representam, mesmo que uma pequena parte do povo português, têm o comportamento que tiveram hoje os eleitos do Bloco de Esquerda na Assembleia da República ao receberem na Sua, Nossa, Minha casa o Chefe de Estado de um país democrático com o qual mantemos as melhores relações.
O revolucionarismo de trampa também deveria estar sujeito a limites - até talvez esteja, se considerarmos as múltiplas reacções que surgiram de imediato - mas a curteza de vista , essa parece ser ilimitada.

Que não aplaudissem, seria compreensível se o discurso do Chefe de Estado convidado tivesse versado sobre as virtudes da monarquia ou sobre os fiascos dos regimes republicanos. Ou se se tratasse de um ditadorzeco que não permitisse ao seu povo esfaimado a realização de um referendo consagrado na Constituição; Se fosse Nicolas Maduro os moralistas teriam aplaudido em pé e com fervor. Ou fora o voto de pesar pela morte de um "Comandante" de um país sem eleições que passou o poder para o irmão. Mas permanecerem ostensivamente de rabo pregado à cadeira, sentadinhos para não fazerem varizes... Uma demonstração de complexos inabalável. Até os insuspeitos anti-monárquicos do Partido Comunista se levantaram, como toda a gente. Deveremos pois assumir que em Portugal só há uns verdadeiros republicanos: os B.E.'s, todos os outros fazem o corpo à curva.
Idiotas!

Tudo isto é completamente idiota, uma necessidade de afirmação infantil. Não estava ali em causa qualquer tipo de regime, estava um Chefe de Estado, que é um rei, e que fez um discurso sem ondas nem ambiguidades. O facto de ser um rei não vem ao caso. E é questão que não diz respeito a nenhum português, de direita, de esquerda ou do Famões Atlético Clube, monárquico ou republicano, essa é outra questão.

Os B.E.'s não percebem o que é um rei, nesse aspecto ficaram na Idade Média ou pouco aquém. O rei é alguém que foi educado para servir o seu país, acima de interesses político-partidários. É independente como nenhum político eleito pode ser e, assim, é o único que pode representar um povo-nação.  Pode-se não concordar com isto mas não  ofender nem ostracizar.
Os B.E.'s, e não só, não percebem isto, sentem-se "abaixo" do rei porque o intuem "acima", acusando-o de se colocar acima. Os complexos são lixados e muito raramente auto-reconhecidos.

E há mais, e mais sério, que os B.E.'s não perceberam:
Não perceberam que esta foi a primeira visita ao estrangeiro que FilipeVI fez após a longa crise governativa em Espanha;
Não perceberam que a viagem foi marcada coladinha ao 1º de Dezembro, o que não terá sido para aproveitar a semana de descontos no El Corte Ingles;
Não perceberam que o discurso oficial de Filipe VI foi feito em português, «...Portugal, país onde que cresci...»
E muito menos perceberam por que Filipe VI fez uma visita de Estado a Portugal durante três dias.
Em três palavrinhas apenas: Não Perceberam Nada. Olharam o seu importantíssimo umbigo e afirmaram que o B.E. «mantém a posição de sempre, republicana, e não naturaliza relações de poder com base em relações de sangue e não em actos democráticos.»
Não naturaliza? Haja pachorra! Muita pachorra.



Até Pablo Inglesias, líder do Podemos, que se veste a rigor quando lhe apetece mas faz questão de ir em mangas de camisa ao Palácio Real de Madrid, tem um contacto afável com Filipe VI; e este com ele.
Não está em causa que Pablo Inglesias destituíria o regime monárquico na primeira oportunidade, porém sabe quem é o Chefe de Estado, e respeita-o.


Na foto ao lado:

Pablo Iglesias se salta el protocolo y regala ‘Juego de Tronos’ al rey Felipe VI 


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Passaram alguns minutos desde que acabei a escrita acima e caiu-me ao colo um vídeo que não é fácil pôr aqui mas deixo o link.
 Olhem que vale a pena, gosto muito, sobretudo da parte do beijinho da Nandinha, mulher do Costinha, com a mão no ombro de Letizia, aquele gesto lindo de familiaridade.
Começo a achar que mais vale fazer como a Cátí, fica sentadinha, não bate palminhas e ninguém dá por ela.

 https://www.facebook.com/CarasPT/videos/10154901369919642/


...e ainda há quem não perceba por que sou monárquica

PASSA-NOS AO LADO, POR TODO O LADO

Na noite de quinta para sexta-feira passada fui deitar-me completamente exausta. Liguei a TV, afundei-me no edredom e fiquei a ouvir a lenga-lenga do noticiário. Devo ter dormitado por alguns minutos e alguma palavra me despertou. Peguei no comando para desligar o "indutor de sono" mas antes levantei a cabeça para deitar uma última olhadela ao écran. Mas que raio!!! Um absurdo (?) cartaz de campanha raiava na TV em todo o seu esplendor - Trump e Putin juntos e cores!


Mas o que é isto, o circo chegou à cidade? Ah, não, não quero saber, isto é coisa para me dar pesadelos para o resto da noite, se chegar a adormecer. Peguei no telemóvel, fotografei o absurdo e desliguei a TV. Que raio...?

Sexta-feira à noite lembrei-me do absurdo - só tenho tempo para os absurdos à noite - mas ocorreu-me à mente uma grande verdade: Eu quero que o Trump e o Putin se lixem.

Mas a curiosidade morde...
Sábado, noite tardia, com o estômago demasiado satisfeito para a horizontalidade, fui investigar.

Afinal o absurdo é um pouco mais sério do que me pareceu à primeira vista; não pelo romance entre as duas sinistras figuras mas pelo "Onde, Como e Quando".

O inspirado cartaz, com dizeres em russo e inglês apareceu em local discreto e de somenos importância: na pequena República de Montenegro, nascida da dissolução da República Socialista da Jugoslávia, e posterior separação do Estado da Sérvia e Montenegro há apenas 10 anos.

click p/ aumentar
Desde a sua independência e reconhecimento pela ONU, Montenegro tem estado em negociações e preparação para integrar a União Europeia, aliás adoptou o euro como moeda. Como se isto não chegasse para desagradar à sua complicada vizinhança geográfica, em Maio último assinou um protocolo, primeiro passo para se tornar membro da NATO a breve trecho.  Não é preciso ser telepáta para adivinhar o pensamento de Putin, basta olhar para o mapa e ver aquele bocadinho ali entrincheirado com porto para o Adriático...

Acerca de "Onde" estamos conversados, vamos pois ao "Como e Quando".

A 16 de Outubro último, a menos de um mês das presidenciais nos EUA, houve eleições parlamentares em Montenegro.
Esperava-se a vitória do partido do primeiro-ministro, pró-ocidental, leia-se pró-europeu, o que veio a acontecer embora sem maioria e iniciaram-se as incontornáveis buscas de coligação.

Quem está na oposição?
Ora está-se mesmo a ver... Montenegro é um país onde os grandes anúncios para venda de apartamentos de luxo e empreendimentos turísticos estão escritos em russo.
Na oposição encontram-se os anti-europeístas, os pró-Rússia e pró-Servia. Ponto.

E então? Então, na véspera das eleições apareceu uma rapaziada a proveniente da Sérvia que atacou instituições estatais e esquadras de polícia após o encerramento das urnas.  Belgrado negou ter qualquer conhecimento mas no dia seguinte a polícia sérvia reconheceu ter prendido "vários russos por actividades suspeitas". Em Montenegro vinte deles foram presos e posteriormente libertados seis.
The organizers of a criminal group, and these were the nationalists in Russia, as a starting maxim taken to the government in Montenegro, led by Milo Djukanovic can not change the elections and the need for a violent crash. They formed a criminal organization to commit a terrorist act they planned to carry out 16 October to 23 hours. in this regard, the two faces of nationalistic Russia called by a person who is a defendant in this criminal case and presented his plan and asked him the same is realized through the involvement of more people to take part in strictly defined rules and very specific tasks in the commission of a terrorist target." -Declarações de Milivoje Katnić, Promotor Público de Montenegro
Posto isto só me resta acrescentar que o tal cartaz, o absurdo, que não tem importância alguma pois trata-se de um caso isolado que aconteceu na pequena República de Montenegro, a que tem publicidade imobiliária em russo,  surgiu "Como e Quando"? No meio da contestação da política pró-ocidental quando apareceu a rapaziada pró-Rússia a semear desacato.

Não tem qualquer importância mas, discretamente, a passos leves, acabou nas estações de TV mais mediáticas, na Net, nas bocas do mundo. O recado está dado.

Ele há coincidências de um raio, não?

RELACIONADO:
Following Russian hackers from Montenegro to the United States

25 ANOS. LONG LIVES THE KING

24 de Novembro de 1991.
Era um domingo e fazia frio. Eu preguiçava no sofá. Preparei um tabuleiro com o almoço e fui ver o programa de Tops de vídeos musicais. Tinha acabado de entrar para a tabela o novo lançamento dos Queen: Innuendo.

O vídeo-clip de apresentação preencheu o écran -  I'm going slightly mad. Fiquei estarrecida. Creio que nem prestei grande atenção ao que ouvia, aquela imagem do  Freddie Mercury... Indescritível...

Innuendo... Insinuação... I'm going slightly mad... É óbvio que está doente, gravemente doente...

Pouco depois passava nos noticiários do mundo a declaração que Freddie fizera na véspera, 23 de Novembro, à porta da sua casa em Londres:
"Following the enormous conjecture in the press over the last two weeks, I wish to confirm that I have been tested HIV positive and have AIDS. I felt it correct to keep this information private to date to protect the privacy of those around me. However, the time has come now for my friends and fans around the world to know the truth and I hope that everyone will join with my doctors and all those worldwide in the fight against this terrible disease. My privacy has always been very special to me and I am famous for my lack of interviews. Please understand this policy will continue."
E nessa noite os noticiários tardios abriram com a inesperada notícia da sua morte.

No dia seguinte, cinzento e frio como se impunha, meti-me no carro para ir trabalhar e liguei o rádio. Cinzento e frio... À saída da Praça de Espanha para a Av. Gulbenkian começou a tocar o primeiro êxito dos Queen, em 1974. Revi-me no autocarro do liceu, antes ainda das 8 horas da manhã com o rádio bem alto para nos ajudar a acordar; durante semanas seguidas passava sempre Killer Queen.
Cheguei, estacionei, deixei-me ficar, acendi um cigarro. Ouvia agora uma das últimas, a canção de despedida... These are the days of our lives.

25 anos depois os Queen invadem ainda as rádios como nenhuns outros da velha guarda. O meu filho adolescente é fan, é capaz de identificar as canções deles aos primeiros acordes, bem mais do que Bowie, Spingsteen, Turner, Pink Floyd ou quaisquer outros.

São sempre os melhores que partem primeiro

We still love you

 We Are The Champions - (Live At Wembley 86)

O PÂNDEGO ESTÁ TRANQUILO

Quando o Costa telefonou à mãe a dizer: "Mãezinha, estou no meu gabinete em S. Bento, sou o primeiro-ministro", publiquei aqui uma serie de posts numerados, porque tinham todos os mesmo título - "Não vou levar isto a sério". Já não sei sobre o que versavam mas, pelo menos, a forma de encarar a recém-parida geringonça era realista, o Costa é de facto um pândego!

Hoje o Costa saiu-se com esta:

«O país respira um clima de tranquilidade, com as famílias e as empresas a já não viverem no sobressalto do que poderá acontecer no dia seguinte». «Demos paz ao Tribunal Constitucional e há um excelente clima de relações institucionais entre o Governo, o Presidente da República, a Assembleia da República, os demais órgãos de soberania»
Na sexta-feira passada o Jerónimo resvalava um bocadinho desta visão harmoniosa; de manhã votava o O.G.E , pois que chatice lá terá de ser, à tarde juntava a sua à voz dos outros que, em greve da Função Pública, proclamavam "a luta continua" mostrando, o Jerónimo, que está conivente mas não morto.


ESQUERDA ENFRENTA REVOLUCIONARIAMENTE O GOVERNO
Já aquela rapariga Mortágua, referindo-se ao O.G.E. - 2017, se queixava de «divergência clara entre o B.E. o o governo» enquanto a doce Catarina afirmava haver espaço para negociações, que o governo dizia não haver verba mas o B.E. achava que sim, é tudo uma questão de redistribuição. Ou será que ela queria dizer "reprodução"?

O Tribunal Constitucional está como quer, finalmente deixou de ser líder da oposição e o Presidente da República está como gosta, finalmente é líder de alguma coisa.

"O país respira um clima de tranquilidade", diz o pândego...
Então não? Está tudo caladinho, até a greve da F.P., como sempre à sexta-feira, teve uma adesão abaixo dos 21%... Só se discorda parcialmente (que é como quem diz "em parcialidade")

Agitando a tranquilidade, mas não muito porque ninguém liga a isso, veio ontem a rapaziada do Banco de Portugal publicar dados que demonstram que:
«A dívida pública portuguesa manteve a tendência de agravamento no terceiro trimestre deste ano, atingindo o valor mais elevado pelo menos desde 2007.» (133%)
 Está bem, pá, mas isso são contingências do crescimento económico, o povo é sereno.


Tendo em conta que o O. E. - 2016 tinha inscrito um valor de 127,7% do PIB para a dívida;
Foi depois revisto em alta no O.E. - 2017 para 129,7%;
Parece contar-se com uma descida de mais de três pontos percentuais nos últimos três meses deste ano...
Será que a "taxa Coca-Cola" chega para isso? Bem... Não sei... O Costa não me parece mais magro...

Pelo sim, pelo não, o sorridente Centeno dizia hoje numa entrevista ao jornal alemão "Bild" que é preciso iniciar a discussão do alívio da dívida da Grécia.

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LE PRESIDENT SOLEIL

OVAL OBAMA
OVAL TRUM
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In  Observador - 14/11/16

«A casa oficial de Donald Trump fica na 5ª avenida de Nova Iorque, na Trump Tower
Fica no 66º andar, tem três pisos e é inspirada no Palácio de Versailles.

O tom predominante é o dourado e o estilo o rococó, que marcou o séc. XVIII francês. Aliás, a maior parte dos pormenores são mesmo em ouro de 24 quilates e há candelabros e molduras com… diamantes.»
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Não tenho nada contra gente rica, muito pelo contrário, acho que devia de haver mais.

Não comento, por certo há quem me entenda.


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BARACK & JOE AFTERMATH

Não tenho a menor dúvida de que o sentido de humor é uma faceta da inteligência.
Pelo "Twitter" brinca-se assim para ir engolindo o raio do sapo


LEONARD COHEN

21 de Setembro de 1934 - 10 de Novembro de 2016


A hat and the sexyest voice

THE COOLEST GUY ON THE BLOCK



AND THE OTHER GUY...



Se tivesse banda-sonora poderia ser "Surrender":

T - «This was a meeting that was going to last for maybe 10 or 15 minutes and we were just going to get to know each other. We had never met each other. I have great respect. The meeting lasted for almost an hour and a half and it could have, as far as I'm concerned, it could have gone on for a lot longer.
.../... I very much look forward to dealing with the president in the future, including counsel. He explained some of the difficulties, some of the high-flying assets and some of the really great things that have been achieved»

Ora bistes!?!

AS 270 SOMBRAS DA DEMOCRACIA

Já não estamos em 1787.
Já passamos a primeira década do séc.XXI.
A comunicação e informação tornou-se global,
instantânea e individualmente acessível.

Eu, portuguesinha, não tenho nada com isso mas sofro desta mania de ter de entender o sentido das coisas:
Que sentido faz presentemente a manutenção de um Colégio Eleitoral em
detrimento do voto popular directo?
(sim, está bem, mas agora apetece-me fingir que sou completamente parva)

Aconteceu em 2000  (Buch 47,9% : Gore 48,4%) , já tinha acontecido antes por duas vezes e este ano voltou a acontecer (Trump 47,5% ; Clinton 47,8%  +283.289 v)
Trump teve uma grande vitória, huge! Teve?
Teve, de acordo com as regras, claramente estabelecidas e válidas para todos os candidatos-
Estas regras permitem a verdadeira expressão do voto popular?
Muitas vezes sim, outras vezes não; às vezes lá calha, desta vez não calhou.
...mas se eu fosse americana estava a fazer uma fogueirinha com aquelas páginazinhas da Bill Of Rights

Como perguntava ontem à noite um Prof. de ciências políticas muito pertinentemente:

With 92% of the total votes counted Hillary has 200,000 more votes nationwide than Trump.
Imagine if Trump lost and had more votes?!


Conseguem imaginar? Pois... RIGGED ELECTIONS!!!

Eu, portuguesinha, estou mais contente do que nunca por não ser americana;  e por cá podemos ter um primeiro-ministro que não foi eleito mas, pelo menos, sabemos exactamente por quanto ele perdeu as eleições.

SI NON È VERO È BENE TROVATO

Guys, temos de arranjar uma maneira de ocupar os media este fim de semana, é fundamental, temos de retirar a atenção à gaja

Segue-se uma "brainstorm"de disparates e propostas absurdas.
Até que alguém tem uma ideia brilhante, se for bem representada...

Um atentado! Quer, dizer, um risco de atentado iminente não concretizado!
Yeh!

Amanhã, ao fim da tarde no comício de Reno, para sair nos noticiários da noite, está lá a imprensa toda...
Quando chega aquela parte do discurso:
I'm gonna built a great wall
I'm gonna create thousands of jobs
It's gonna be a huge success
We gonna live wonderful times,
o gajo levanta o cartaz a dizer "Republicans Against Trump" e arma a confusão;
nessa altura dois gajos, um da cada lado, gritam GUN!
And then what?
What? Ó pá, quando os tipos dos serviços secretos ouvem gritar GUN ficam possessos, só há que ter a certeza de que eles ouvem.
Então e o gajo do cartaz, vai preso?
T'ás parvo? O gajo do cartaz vai ser revistado e interrogado e depois deixam-no ir, é só um tipo a exercer a sua liberdade de expressão, a vítima de um engano
E se o magoam?
Comes with the job, a recompensa sobra prá conta.

Depois de ver umas 45 vezes o momento em que os agentes dos Serviços Secretos agarram o Donald cheguei à conclusão de que não vai ganhar um Oscar, duvido mesmo de que seja nomeado...


 Vídeo da assistência no final do post.
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Poucas horas depois do comício em Reno, Nevada:

A Secret Service spokesperson said in a statement there was a commotion in the crowd and an "unidentified individual" shouted "gun," though no weapon was found after a "thorough search." 
...Austyn Crites, was then immediately detained and led out by a throng of police officers, Secret Service agents and SWAT officers armed with assault rifles to a side room.
A law enforcement official later told CNN no charges were filed against Crites.


After he was released from custody, Crites told reporters the incident started off when he raised a "Republicans Against Trump" sign.
“When I pulled out the sign, people around me were trying to grab the sign,” Crites told reporters, “And so all that was occurring was booing, of course. That’s what you would expect.” 
Crites said he was then assaulted by a group of people around him before anyone shouted anything about a gun. 
Several attendees told CNN they initially heard a person yell there was someone with a gun.
"... a guy in a red shirt just rushed right next to me, screaming, 'There is a guy with a gun,'" Shimon Cohen told CNN.
But asked if he saw a gun, he said, "No, I did not." 
Nota: No vídeo abaixo queiram atentar no "guy in a red shirt" com um boné azul e um auricular de tm na orelha direita que surge à esquerda do ecran por volta do 1:08; Já agora também podem reparar no loiro com barba e t-shirt escura, à direita,  que volta o olhar na direcção do primeiro (1:09) e segue observando até se pirar. 
Posso jurar que só vi as imagens da assistência depois de ter "considerado a hipótese" que descrevo acima mas se não perceberem por que a considero e por que valerá a pena atentar nas imagens têm duas opções: ou consideram que eu tenho a mania das conspirações e não pensam mais nisso, ou lêem umas coisas sobre linguagem corporal
A second person, Milton Zerman, said he "was watching Trump speak and I heard someone scream, "This guy has a gun," so I looked toward the guy he was talking about. It didn't look to me that he had a gun -- or at least I didn't see a gun -- but people were screaming that he did have a gun and immediately after that Trump was taken off stage.Trump was unharmed and returned to the stage minutes later to finish his speech. 
Donald Trump Jr., the nominee's oldest son, retweeted a supporter who wrote: "Hillary ran away from rain today. Trump is back on stage minutes after assassination attempt." - In CNN politics report
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NÃO FAZ MAL PENSAR NISTO

Caiu-me sob o nariz um poster que se encontra colocado na casa-de-banho das senhoras num bar em Lincolnshire, Inglaterra. No tal poster explica-se que se disponibiliza ajuda a quem sentir que se encontra numa situação de perigo ou mera desconfiança relativamente ao(s) seu(s) acompanhantes dentro do bar; nesse caso pode dirigir-se ao balcão e perguntar pela "Angela"; esta palavra-código alerta os funcionários para a situação e será chamado um táxi ou acompanharão a pessoa até ao exterior de forma discreta mantendo o(s) acompanhante(s) "debaixo de olho" dentro do bar.



É verdade que raramente se encontrará uma "Angela", ou qualquer prima dela, pelos bares e discotecas mas esta iniciativa lembra que a qualquer momento nos podemos dirigir à casa-de-banho e chamar um táxi pelo telemóvel ou escrever numa folha de papel-higiénico "Por favor chamem-me um táxi" ou "Preciso de ajuda para sair daqui sozinha e discretamente".


É, eu sei que parece evidente mas perante uma situação confrangedora nem sempre se consegue pensar na via mais fácil e mais segura.
O simples "Vou-me embora" pode despoletar reacções indesejadas das quais a mais frequente é o "Acompanho-te a casa" e o sequente diálogo chato que pode acabar mal; A simples "Saída-porta-fora" sozinha também não será a melhor das ideias, sobretudo numa situação de perigo, pressão ou ameaça.


Nota: 
"The #NoMore campaign, held from Sept. 26 to Oct. 2, was designed to raise awareness for ending sexual violence and abuse, support and empower victims, and help spread the word on the various support services the organization provides."
“The ‘Ask for Angela’ posters are part of our wider #NoMore campaign, which aims to promote a culture change in relation to sexual violence and abuse, promote services in Lincolnshire, and empower victims to make a decision on whether to report incidents,”
.

LER PODE SER PERIGOSO (MAS É MAIS PERIGOSO NÃO LER)

Sem quaisquer comentários, absolutamente desnecessários,
sobre um artigo que é uma fonte jorrante de informação


José Manuel Fernandes 
no "Macroescópio" do Observador - 19 Out.2016

 
Esta segunda-feira participei numa conferência com Luís Amado (que foi ministro da Defesa e ministro dos Negócios Estrangeiros em vários governos do PS) para debater o mundo com que António Guterres terá de lidar como secretário-geral das Nações Unidas. Até entrar no auditório da AESE Business School, que organizava o encontro, eu julgava ser uma pessoa especialmente pessimista – sobretudo pessimista quando, olhando para o mundo perigoso em que vivemos, procurava pensar sobre o nosso futuro comum. Bastaram-me alguns minutos a ouvir Luís Amado para perceber que, se calhar, sou afinal um optimista. É que nunca ouvira ninguém dizer, preto no branco, que atravessamos aquele que é, provavelmente, o período mais perigoso para as relações internacionais, e para a paz no Mundo, desde o fim da II Guerra Mundial. Não vou aqui resumir os argumentos desenvolvidos nessa conferência, antes parto da simples constatação desse pessimismo para vos sugerir algumas leituras que, não sendo apocalípticas, suscitam suficientes inquietações para que deixemos de olhar apenas para o umbigo das nossas discussões domésticas e demos alguma atenção ao que se passa em redor. E também à circunstância de encontrar cada vez mais pessoas que, nos mais diferentes órgãos de informação, falam em “regresso aos anos de 1930” ou mesmo em “III Guerra Mundial”.
 
Um dos centros das tensões que cruzam o nosso planeta é, como tem sido nas últimas décadas, o Médio Oriente. Só que agora a zona de maior fricção deixou de ser a gerada como conflito israelo-palestiniano para passar a ser a complexa guerra civil – ou guerras civis – que têm vindo a destruir a Síria e o Iraque. Por isso a minha primeira sugestão de leitura é um texto da Spiegel, Battle for Aleppo: How Syria Became the New Global War, onde se coloca a questão que não pode deixar de ser colocada: “Could escalation between Moscow and Washington be on the horizon?”Eis alguns dos sinais inquietantes da actual escalada: “Because Russia is taking part in Assad's air strikes on civilians, the US last week withdrew from all peace talks. In response, Russia pulled out of a deal for the disposal of surplus weapons-grade plutonium -- which can be seen as an indirect threat to use atomic weapons.” Quanto à situação em Aleppo, esta ilustração da mesma Spiegel é bem ilustrativa da forma complexa como se alinham as diferentes frentes de batalha:
 

(Se não virão ainda, não deixem de ver este pequeno video, legendado pelo Observador, bem revelador do grau de destruição de Aleppo e que foi filmado por uma câmara instalada num drone.)
 
Na Spectator, Paul Wood vai directo à interrogação com que abri esta newsletter: Could the conflict in Syria lead to world war three? Relations between America and Russia are now worse than at any time since the Cold War. Misto de reportagem e análise, é um texto que parte do drama de Aleppo, a cidade mártir, para depois discutir as diferentes hipóteses de intervenção dos Estados Unidos e chegar à conclusão que “The Russian military has now announced that it is sending a battery of the S300 air defence missiles to Syria. This is not world war three, but it is starting to look like a new Cold War. Hillary Clinton’s no-fly zone rests on the belief that Vladimir Putin will deflate like a punctured balloon when challenged. But what if he does not?
 
Vale a pena falar um pouco mais desta tensão e, também, do que representa e do que prossegue Vladimir Putin. No Washington Post George F. Will tem uma leitura sombria: Vladimir Putin is bringing back the 1930s. Duplamente sombria: “In many worrisome ways, the 1930s are being reprised. In Europe, Russia is playing the role of Germany in fomenting anti-democratic factions. In inward-turning, distracted America, the role of Charles Lindbergh is played by a presidential candidate smitten by Putin and too ignorant to know the pedigree of his slogan “America First.” Para sustentar o seu ponto de vista este colunista cita por diversas vezes um livro que também recomendo e cujo título diz (quase) tudo: “Authoritarianism Goes Global” (edições  da Universidade Johns Hopkins). Um
 
Um dos editores deste livro é um académico conhecido pelos seus estudos sobre a democracia, Larry Diamond (os outros são Marc F. Plattner e Christopher Walker), pelo que sigo para um texto deste autor hoje publicado na The Atlantic: It Could Happen Here. O “aqui” são os Estados Unidos e o que podia acontecer é um solavanco na democracia, e logo na democracia que tem servido como referência de solidez, resiliência e respeito pela Constituição. O autor parte das tensões criadas pela candidatura de Donald Trump sublinhando que “Democracies fail when people lose faith in them and elites abandon their norms for pure political advantage”. De facto, como se escrevia num outro trabalho da The Atlantic, Democracy Depends on the Consent of the Losers e aquilo que Trump tem vindo a dizer a que pode não aceitar facilmente uma derrota nas urnas.
 
Mas nem sequer é necessário que o candidato republicano abra uma crise constitucional para que os próximos meses criem um relativo vazio de poder no que toca à capacidade de acção dos Estados Unidos. É isso mesmo que sublinha Gideon Rachman, do Financial Times, em A distracted America in a dangerous world: The next three months will be a perilous time from Mosul to the South China Sea. Depois de analisar com as diferentes crises podem evoluir até um novo Presidente dos Estados Unidos tome posse em Janeiro de 2017, o autor olha criticamente para o legado de Obama: “As Mr Obama prepares to pack his bags in the White House, he may look back wryly at the foreign-policy goals that he set eight years ago. There was to be a “reset” that would lead to better relations with Russia. There would also be a new and closer working relationship with China. And there would be an end to war in the Middle East. None of those policies has come to fruition. Instead, Mr Obama will be fortunate if he can negotiate his last three months in office without presiding over a major international crisis.”
 
No Wall Street Journal é-se ainda mais crítico no que se refere à política síria desta Administração, escrevendo Daniel Henninger que Aleppo Is Obama’s Sarajevo. É um texto ácido: “We will wait for Mr. Obama’s memoirs to discover the moral calculus behind his abandonment of Syria’s rebels. We suspect the math will go something like this: I spent all my political capital on the Iran nuclear deal, forestalling a long-term apocalypse in return for the near-term disorders in the region. Well, the world has paid a high near-term price—in cash, security and moral capital—for one nuclear deal with Iran. That includes Aleppo.”
 
Dir-se-á: mas temos Mossul. Ao menos de lá vêm notícias mais optimistas, o Daesh está finalmente na defensive, a coligação com o apoio dos Estados Unidos já está nos subúrbios dessa importante cidade. O Observador já procurou clarificar o que está em causa num Explicador preparado pelo Miguel Santos – À reconquista de Mossul. O que está em jogo? – e a Economist, na sua coluna The Economist explains, era clara: Why the battle for Mosul is a turning point. É um texto que nos recordava a importância estratégica que a cidade sempre teve ao longo dos milénios: “Ever since Sennacherib made the city his capital in 700 BC, whoever ruled it has dominated the region—be they Assyrians, Babylonians, Arabs, Ottoman sultans or the British empire. It remains strategically important in the 21st century: regional powers regard a post-IS Mosul, if not as a jewel to conquer, at least as a place to deny to rivals.”
 
Contudo é prudente não lançar foguetes antes de tempo. Mosul will be liberated, but Iraq’s future hangs in the balance, escreve David Gardner no Financial Times. A questão que o autor levanta é que o Iraque continuará a ser um país fragmentado e toda a região continuará instável e dividida por conflitos sectários mesmo que se consiga expulsar os jihadistas de Mossul. Em síntese: “The territory of Isis’s vainglorious caliphate is being eaten away. It will lose Mosul. But until the issues of how to govern liberated territories and protect their inhabitants are properly addressed, a jihadi organisation that can combine a range of tactics from regular warfare to terrorism will still be able to change shape and survive.”
 
Peço desculpa por hoje estar a regressar muitas vezes ao Financial Times, mas como este Macroscópio já vai relativamente longo e apenas aflorámos alguns dos factores da actual instabilidade a nível global, queria acabar por hoje com uma referência a Philip Stephens e ao seu texto How the west has lost the world. É uma síntese interessante de como o mundo tal como o conhecemos pode estar a acabar e, sobretudo, sobre como a nova ordem (ou desordem) mundial já não será construída em torno do Ocidente. Em síntese: “The world is at a hinge point. The post-cold war settlement, organised around unchallenged US power, western-designed global institutions and multilateral rules and norms, has been eroded. The rule of power is chafing against the rule of law, nationalism against internationalism. Some think that the simple fact of economic interdependence will save the day — conflict would throw up only losers. But the dynamic can operate in the other direction. It is no accident that the International Monetary Fund’s latest annual report cites political risk as the biggest threat to the world economy. The liberal economic system depends above all on global security order.”

 
Tempos perigosos, tempos de decisões difíceis, tempos em que sentimos que deixámos de conhecer as regras do jogo. Luís Amado mostrou-se, repito, muito pessimista na sua conferência na AESE, e nela tocou em muitas outras frentes para além das referidas neste Macroscópio. O leitor fará o seu juízo, mas asseguro-lhe que folhear a imprensa internacional não nos deixa com vontade de festejar.
 
Tenham bom descanso e boas leituras. 


RÚSSIA, PALADINA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Não sei se alguém que passe por aqui já se deu à pachorra de ouvir as emissões da Russia Today - RT - , canal de informação do Estado russo em língua inglesa. É muito instrutivo...

Tenho uma amiga russa, mulher inteligente de quarenta e tal anos, que vive em Lisboa há quase uma década e com quem estou com alguma frequência. Tem sido uma espécie de "case studie" ouvir, observar a evolução das suas opiniões políticas, a sua ideia do mundo, a sua opinião sobre a Rússia, os EUA, a Europa, ao longo deste tempo. Sente-se extremamente revoltada com a versão da "verdade" que lhe foi dada por lá às colheradas durante a maior parte da sua vida. Este Verão esteve na Rússia durante cerca de um mês... Quando voltou fui busca-la ao aeroporto e pouco depois estávamos sentadas à mesa a palrar; e diz-me ela - "Ao fim de três dias já estava farta de lá estar, é muito difícil aguentar tanta propaganda distorsíva, é muito revoltante, e as pessoas não têm a menor noção, os ocidentais são uns assassinos opressores".

Quando se ouve a Russia Today, presente na maioria dos pacotes oferecidos pelos operadores de TV por cabo,  percebe-se o que ela quer dizer, e há a acrescentar que o emitido pela RT é a versão soft para capitalista ocidental ver.

Claro que nada disto é novidade mas uma coisa é saber, outra é deleitarmo-nos com as mensagens supostamente subliminares que aquela rapaziada pretende impingir e o ar cândido ou injustiçado com que pretendem vender-nos aquilo em que fingem acreditar. Uns miminhos a qualquer hora do dia ou da noite!
Por mera coincidência a RT tem, entre outras guloseimas, um "chat-show" apresentado, via net, claro, pelo heroi da WikiLeaks, o angelical Julian Assange.

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Hoje a RT está em pé de guerra, literalmente.
O banco NatWest, onde se encontra sediada uma das mais importantes contas bancárias da RT e que faz parte do grupo Royal Bank of Scotland, resolveu fechar as contas com este seu cliente. Assim, pura e simplesmente:
“We have recently undertaken a review of your banking arrangements with us (NatWest) and reached the conclusion that we will no longer provide these facilities,” it said. The decision was final, the letter added. In "The Guardian"- 17/10/16
O Tesouro britânico diz que não ter a menor relação com o assunto.
Membros do parlamento russo, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo e oficiais dos Direitos Humanos condenaram veemente esta ocorrência.
Ao abrigo dos Direitos Humanos e da Liberdade de Expressão aguardam-se as represálias sobre a BBC em Moscovo.

E a parte mais gira: A editora-chefe da RT diz que está a ser desrespeitada a Liberdade de Expressão. Ó pá... que injustiça!
Editora-chefe esta que publica alarve e repetidamente:
"Russia’s military intervention in Syria as a campaign against terrorists, and reflects Moscow’s official position that no civilians have been killed by Russian jets."
Isto sim, é a liberdade de expressão, e de informação, levada ao extremo; e é verdade que dizem isto, eu já ouvi.

Como também ouvi, ainda hoje, a RT dizer que o exército de resistência a Assad são os guerrilheiros terroristas al-Nusra (filial síria da Al Qaeda), que estes tinham morto mais não sei quantos cívis quando estavam em fuga e, vai daí, a força aérea russa os tinha bombardeado.
Nesta altura não existe presença da al-Nusra em Alepo, quem os eliminou foram as tropas rebeldes e, como é óbvio, estas não estão em fuga. http://edition.cnn.com/videos/world/2016/10/17/intv-amanpour-molham-ekaidi-syria.cnn

Nos últimos anos o NatWest tem vindo a encerrar várias contas de clientes russos. Atiça-me a curiosidade, gostaria de saber quais...

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