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2024, A INCÓGNITA

 Por mais estrondosa que seja a Passagem d'Ano -  desta vez passei-a de forma pacífica e sossegada, estritamente em família e, abraços à parte, creio que o momento mais alto terá sido o magnífico fogo de artifício de Londres que tem a vantagem de ser o único à mesma hora de Lisboa mas sem o "banho Tuga" e as mini-entrevistas deprimentes no Terreiro do Paço - só me convenço de que um novo ano está a começar quando chega o Dia de Reis, quando deixo de ouvir "Feliz ano Novo" a cada passo, quando as luzinhas se começam a apagar e o bolo rei deixa de nos ser impingido em grandes tabuleiros à beira de qualquer inocente café. 

Ontem fiz uma deslocação prolongada e pouco mais tinha para me ocupar durante esse tempo do que as minhas congeminações e solilóquios silenciosos. O mote? 2024... Não se me aparenta muito auspicioso... 

Desde que Putin começou a ameaçar ataques nucleares a coisa tem vindo a piorar a passos largos. Não as ameaças de Putin, esse é diabólico, não estúpido, mas o termómetro do ponto de ebulição mundial tem vindo a subir, a subir... Como se não bastassem as crises migratórias, a regressão económica pós-Covid, a destabilização social, económica, política e de segurança da Guerra na Ucrânia, a crescente ocupação terrorista da África, a ameaça expansionista de uma China em declínio, as taras megalómanas da Coreia do Norte, a obtusidade que reina no partido republicano nos EUA, a rematar o último trimestre de 23 deu-se aquele selvático ataque terrorista a Israel que descambou naquela barbaridade genocida em Gaza. E mais além? O Líbano está na calha... O Mar Vermelho na ordem do dia...  A Síria não conhece paz e o Iraque é um alvo adiado. 2024 estreia-se com um ataque terrorista no Irão... Abstenho-me de comentar.

Deparamo-nos com uma variedade de desafios que têm implicações drásticas para a democracia e a estabilidade de uma paz trémula. O mundo enfrenta  ameaças às instituições, aos valores democráticos, aos mais básicos direitos humanos, ao direito internacional, enquanto o  autoritarismo, a diminuição do espaço cívico e a desinformação disseminada conhecem alguns dos seus melhores dias.

2024 será  ano de uma avalanche de eleições, quase 80 países irão a votos, votações umas mais reais do que outras. Começando em Taiwan, onde de hoje a uma semana se joga a posição face à China, segue-se a Rússia que já tem vencedor, a menos, talvez, que o czar caia nas escadas do Kremlin do primeiro ao último degrau. Também Portugal irá a votos - o que só terá grande interesse para os portugueses e alguma relevância para a U.E. - segue-se a India onde não se preveem grandes alterações. No Reino Unido a coisa não será pacata, terão de ser marcadas eleições até Janeiro de 25, aguardemos. A África do Sul e o México poderão trazer surpresas; acabando nos EUA, onde vai a jogo tudo e mais alguma coisa;  no meio disto tudo há que considerar as eleições europeias, às quais demasiados não ligam e que a todos dizem respeito.

É absolutamente claro que o mundo passará por profundas transformações: as mudanças económicas, os avanços tecnológicos, as alterações político-sociais irão moldar a nossa situação global.  Os desafios cada vez mais óbvios das alterações climáticas, a desigualdade social e a agitação política terão de ser enfrentados com uma consciência arguta e adulta: as mudanças que atravessamos exigem colaboração e soluções inovadoras. A divisão crescente e o regressismo obsoleto e obtuso não deixam transparecer grandes esperanças. Que não falhe o propósito e não falte a coragem

Por agora dou graças pelo que tenho, pelo fim de ano pacífico e acolhedor que para tantos seria um luxo, um sonho. Que assim permaneça na alvorada do próximo ano


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