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A PRIMEIRA PEDRA

 Republicanos do Congresso e do Senado Senado estão a chamar à atenção a administração Trump, dizendo ser inaceitável, a constatação dos seus planos para retirar os EUA do Comando Supremo Aliado na Europa da NATO - o principal comando que supervisiona o apoio à Ucrânia - e o primeiro passo para abandonar os aliados da NATO.



DESEQUILIBRIO E DEPRAVAÇÃO

 

O Hamas é uma milícia terrorista, desumana e perversa nos seus meios, nos seus fins, no ataque aos cidadãos de Israel assim como no letal menosprezo pela população de Gaza.  Ponto

O governo de Israel seria suposto ser composto por pessoas de bem, com noção de proporcionalidade e respeitador dos 15 pontos da actual Convenção de Genebra, com especial incisão na prevenção de "danos colaterais" - leia-se vidas humanas, assistência sanitária, meios de sobrevivência dignos, habitação, campos de refúgio seguros, livre passagem de alimentos e terapêuticos e mais dezenas de coisas que só evocará quem passa pelo inferno. O governo de Israel seria suposto ser composto por pessoas de bem mas tem provado repetidamente, exaustivamente, que não é, nem mesmo no respeito e salvaguarda dos seus cidadãos, concretamente os reféns de criminosos selvagens e as suas famílias. 

Dos 251 reféns feitos pelo Hamas a 7 de Outubro de 23, o IDF conseguiu resgatar apenas oito, dos quais dois haviam conseguido fugir e foram retirados pelo exército; 59 reféns permanecem sob o Hamas, dos quais 35 se acredita estarem mortos

Todas sondagens realizadas durante os últimos meses em Israel evidenciam os mesmos resultados, com variações mínimas:
- 70% dos israelitas estabelecem como primeira prioridade a negociação da libertação reféns e o fim da guerra
- 18 25% consideram como primeira prioridade a erradicação do Hamas
- 60% suspeitam de razões políticas e interesses pessoais nas decisões de Netanyahu
 
A retoma dos bombardeamentos aéreos a Gaza na passada terça-feira - numa acção de uma violência desmedida que em poucas horas matou mais de 400 pessoas, muitas das quais crianças e contabilizados mais de 600 feridos hospitalizados - coincide com a implementação da 2ª fase acordo de cessar-fogo (fim definitivo da guerra e libertação dos últimos reféns mantidos na Faixa de Gaza)

Sob o acordo de cessar-fogo, assinado em Janeiro, Israel retirou-se do Corredor Netzarim, uma faixa que divide Gaza ao meio, a Cidade de Gaza e o norte de Gaza das partes do sul da Faixa que faz fronteira com o Egipto. Com a entrada em vigor da trégua centenas de milhares de palestinos passaram pelo corredor. Ontem, quarta-feira, as Forças de Defesa de Israel reiniciaram ataques terrestres no centro e sul da Faixa de Gaza expandindo seu controlo ainda mais para o centro do Corredor Netzarim.

Porquê?
Creio ser óbvio que o que se passa em Gaza não é desligado da situação política interna do governo de Israel, nem tão pouco da frágil situação judicial do primeiro-ministro.

Netanyahu não pode aceitar a 2ª fase do acordo... A extrema-direita, presente na coligação do governo, não aceitou de bom grado o cessar-fogo em Gaza; Ben Gvir, abandonou o governo em protesto, Bezalel Smotrich, disse que sairia se Israel não voltasse à guerra; Na terça-feira, o partido de Ben Gvir - Poder Judaico - anunciou que voltaria a fazer parte do governo. Netanyahu precisa dessa facção para se manter no governo

Esta semana Netanyahu anunciou a sua intensão de despedir o Procurador-Geral Baharav-Miara e Ronen Bar, o chefe do Shin Bet - a agência de Inteligência responsável pela segurança interna e responsável por Gaza - responsabilizando-o pelo falhanço da defesa de Israel e acusando-o de falta de lealdade. 
Se Netanyahu considerou a liderança do Shin Bet responsável pelo "7 Out." porque esperou quase um ano e meio para pedir a demissão de Bar?”
Na versão de Ronen Bar, e não só, Netanyahu exigiu-lhe "lealdade pessoal" sobrepondo-se ao interesse público. A verdade é que o Shin Bet tem (ou teve?) entre mãos duas investigações a Netanyahu e quanto a responsabilidades é do conhecimento público que foram entregues ao primeiro-ministro relatórios do Shin Bet, e da Mossad, que alertavam para um ataque do Hamas e que ele desconsiderou com um sonoro "Nunca se atreverão". Bar defende uma Comissão de Inquérito do Estado sobre o ataque de 7 de Outubro, à qual Netanyahu se opõe, temendo – com razão – vir a ser responsabilizado pela inoperância perante as ameaças reportadas
Novas manifestações massivas contra o governo  propagam-se por todo o  Israel desde que recomeçaram os ataques; pela libertação dos reféns ainda em posse do Hamas cuja libertação estava já programada para esta 2ª fase,  contra o recomeço da guerra, contra a degradação legal das instituições democráticas, judiciais e de segurança interna.

Se não bastasse o verdadeiro holocausto que tem lugar em Gaza sob os olhos do mundo, acresce que essa  situação e a do Líbano e a do Iémen com os houthis, pode escalar para uma guerra envolvendo Irão. 

Há pouco mais de 1 mês, Netanyahu esteve em Washington, quando Trump ofereceu ao mundo a sua solução para Gaza, a "Riviera do Medio- Oriente". Há dois dias Trump e Netanyahu conversaram, muito. A ideia da "Riviera em Gaza" é para avançar, segundo eles. Os palestinianos podem ir para a Síria, segundo eles...
Não se pode considerar uma guerra no Levante - Líbano Síria e Gaza -  sem o envolvimento do Irão, nem pretender que este entre em conversações. Apesar de Trump dizer publicamente  que é "very tough"  e que "uma acção militar  no Irão está sempre sobre a mesa",  enviou uma carta ao líder supremo convidando-o para uma mesa de negociações. 
Ainda que Trump gostasse de ser o durão que depôs a teocracia iraniana o momento é péssimo: Putin não quer guerras com o Irão, precisa das armas iranianas e da instabilidade na zona em em fogo anémico; além disso ainda não desistiu de manter as patas na Síria. 

Entre Netanyahu e Putin, entre a "Riviera de Trump" e o "Poder de Trump", Trump não tem a vida facilitada no Médio Oriente. 
A escolha?  Isso são outros quinhentos... Fica para amanhã, ou depois, ou para quando me passar esta náusea deixada pelas últimas imagens de Gaza misturadas com o sorriso de Netanyahu proclamando "Isto é só o começo".   
Começo? Até agora, Março 25, só óbitos confirmados, morreram 49 947 palestinianos e 1706 israelitas (dos quais 1195 no ataque de 7 Out). Milhares de corpos estarão sob os escombros de Gaza

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PUTIN FALA AO TELEFONE, A EUROPA LEVANTA-SE E MEXE-SE

O parlamento alemão votou um enorme aumento no orçamento para defesa e infraestrutura - uma mudança sísmica para o país que pode remodelar a defesa europeia. A lei isentará os gastos com defesa e segurança das rígidas regras de dívida da Alemanha e criará um fundo de infraestrutura de € 500 bilhões (US$ 547 bilhões; £ 420 bilhões).

Os planos de defesa aprovados hoje pelo Bundestag também permitem que gastos com ajuda a Estados atacados em violação ao direito internacional sejam isentos do freio da dívida.
A câmara alta,  Bundesrat, terá de aprovar as mudanças, votação marcada para sexta-feira.
Friedrich Merz, que deverá ser confirmado em breve como o novo chanceler, disse à câmara baixa durante o debate desta terça-feira: 
"O país sentiu uma falsa sensação de segurança na última década. A decisão que tomamos hoje não pode ser nada menos do que o primeiro grande passo em direcção a uma nova comunidade de Defesa europeia e que inclui países que não são membros da UE. As circunstâncias são determinadas pela guerra de agressão de Putin contra a Europa. É uma guerra contra a Europa, não apenas uma guerra contra a integridade territorial da Ukraine"

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falando numa entrevista colectiva com a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen, disse: 
 "A votação envia uma mensagem muito clara à Europa de que a Alemanha está determinada a investir maciçamente em Defesa".
Frederiksen, considerou "notícias fantásticas para todos os europeus".
O partido de extrema direita AFD e o partido de extrema esquerda Linke, opuseram-se aos planos de Merz,  claro...

Emmanuel Macron apelou aos fabricantes franceses para que aumentem o volume de produção de armas. Paris está a oferecer contratos de armamento a países europeus.


Já na próxima quinta-feira irão reunir-se em Londres os comandantes militares  - Reino Unido, França, Turquia, Canadá e Austrália - responsáveis pelo planeamento de apoio militar estrangeiro à segurança da Ucrânia e locais específicos de projecção da Força de Manutenção de Paz


Putin disse hoje a Trump que não os quer lá. Paciência, Zelensky também não quer russos na Ucrânia e há muita, mesmo muita gente boa que concorda em absoluto.

No mesmo dia e também em Londres terá lugar a CNI 2025 -  Cyber Security Summit - dirigido aos os decisores seniores da Infraestrutura Nacional Crítica do Reino Unido, abordando regulamentos e ameaças que afectam o sector e as tecnologias de combate ao ciber-crime 

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O dinheiro que sai de cofres europeus destinado a Defesa deve entrar em cofres europeus.

Nos EUA há quem fale assim de Portugal (vídeo)




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O DIRECTO E O ESQUIVO

Jake Tapper, é um dos meus jornalistas preferidos, quer dentro da CNN, onde está desde 2012 e  onde já conquistou vários prémios Emmy, quer mesmo fora dela porque é extremamente incisivo nas suas perguntas relevantes, sem perder a calma, sem amachucar os punhos de renda. 

A entrevista de que deixo uma transcrição parcial, mas do essencial, não a trago pelas novidades mas como uma exemplar demonstração de "Como fugir com o rabo à seringa"; por mais directas que sejam as perguntas de Tapper, o enviado especial de Trump à Rússia, Steve Witkoff, velho amigo pessoal de Trump, conseguiu sempre ser inconclusivo, debitar o que o patrão gosta de ouvir e deixar as perguntas  sem resposta. Lembrou-me o Dr. Álvaro Cunhal, perguntassem-lhe fosse o que fosse respondia sempre o que lhe apetecia. Será uma escola?

Jake Tapper - "State of the Union" - CNN:   Acho que toda a gente que consegue perceber a necessidade de diplomacia, e especialmente o Presidente Trump querendo reiniciar a relação com a Rússia mas o que  diz aos milhões de americanos, e pessoas em todo o mundo, que estão preocupados por os Estados Unidos, neste momento, não parecerem compreender quem na verdade lançou esta guerra contra a Ucrânia e estão de facto a tentar comprometer-se até à vitória  dos maus da fita, Putin e os russos, enquanto tramam os bons da fita, Zelensky e a Ucrânia. Acho que isso é um medo que muitos americanos têm.

Enviado especial dos EUA Steve Witkoff:   Bem, veja, já ouvi esse tipo de conversa. Não concordo necessariamente com isso mas deixe-me dizer isto, vou fazer alguns comentários: o primeiro é que a guerra, independentemente de quem a começou, precisa de acabar porque a vida de demasiadas pessoas foi apagada em resultado dela e isso simplesmente não faz sentido para o Presidente. Ele quer ser  o presidente que faz a paz, a paz através da força. E eu não o censuro, na verdade, concordo com ele, com a sua linha de pensamento, processo de pensamento em torno disto.
Isso é um, dois, esta a guerra não precisava de ter acontecido, foi provocada, não significa necessariamente que foi provocada pelos russos. Houve todo o tipo de conversas sobre a adesão da Ucrânia à NATO. O presidente falou sobre isso, isto não precisava de acontecer. Basicamente, tornou-se uma ameaça para os russos. por isso, temos de lidar com esse facto. E esses são factos reais, no terreno, aqui mas seja como for, os russos indicaram que estão receptivos um fim para isto. Houve muito, muito,
daquilo a que chamarei  convincente e substantivamente enquadrado em algo que se chama o Acordo protocolar de Istambul. Estivemos muito, muito perto de assinar alguma coisa, e penso que vamos usar esse enquadramento como um guia para chegar a um acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia. Penso que será um dia espetacular e a verdade é que o Presidente compreende como fazer acordos. Os acordos só funcionam quando são bons para todas as partes e é esse é o caminho que estamos a percorrer aqui.

Jake Tapper: Segundo o que entendemos, e por favor corrija-me se estiver errado, as exigências de Putin incluem,  1º, a rendição completa das forças ucranianas em Kursk, a região russa que a Ucrânia tomou, 2º, o reconhecimento internacional de que o território ucraniano tomado pela Rússia já não pertencerá mais à Ucrânia,  3º, limites à capacidade da Ucrânia para mobilizar as suas forças armadas e 4º, a suspensão da ajuda militar ocidental à Ucrânia e a proibição de forças de manutenção da paz estrangeiras, como soldados franceses ou britânicos, na Ucrânia. Será que isto está correcto? E, se está correcto, parece que Putin quer as terras que tomou e quer que a Ucrânia não tenha capacidade para se defender no futuro. Está Trump preocupado por, ao aceitar estas condições poder estar a preparar o terreno para outra invasão russa na Ucrânia?

Steve Witkoff: Jake, eu não consideraria a sua descrição inteiramente correcta. Olhe, antes desta visita houve outra visita e antes dessa visita ambos os lados estavam a milhas de distância; ambos os lados estão hoje muito mais próximos. Tivemos resultados verdadeiramente positivos vindos da Arábia Saudita, conversações mantidas com o nosso conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz e com o nosso secretário de Estado Marco Rubio. Eu descrevo a minha conversação com o presidente Putin como equitativamente positiva, ambos os lados estreitaram as diferenças entre si e agora sentamo-nos à mesa, estive com o presidente (Trump) todo o dia de ontem, estarei com ele hoje para conversarmos sobre como estreitar ainda mais as nossa diferenças. É como eu descreveria.

Jake Tapper: Pode dizer-nos qual é a situação actual relativamente aos quatro pontos que referi, pode ser que estejam ultrapassados por uma ou duas reuniões; onde se encontra a Rússia neste momento?

Steve Witkoff: Bem, as quatro regiões são de importância crítica nisto e estamos em conversações com a Ucrânia, estamos em conversações com os países europeus intervenientes, o que inclui a França,  Grã-Bretanha,  Noruega, Finlândia, todos os "acolhedores" e estamos em conversações também com os russos sobre essas regiões. Estamos também em conversações sobre todo o tipo de outros elementos que estão incluídos num cessar-fogo 

Jake Tapper: Claro mas só para lembrar os nossos telespectadores,
a Rússia apreendeu território ucraniano em 2014 com a Crimeia, têm estado a penetrar a região do Donbas e a apoderam-se de terras no leste da Ucrânia há muito tempo, antes de há três anos terem feito o ataque integral; sugeriu que a Rússia foi provocada... Trump está a atacar publicamente
Zelensky chamando-lhe ditador, culpou-o por ter iniciado a guerra em primeiro lugar, apelou a novas eleições na Ucrânia, aceitou que a adesão da Ucrânia  à NATO fosse posta fora de hipótese. Ele disse que é improvável Ucrânia consiga reaver o seu território tomado pela Rússia.
A televisão estatal russa sugere que o Presidente Trump está a obter todo este discurso directamente 
das suas conversas com o Presidente Putin; Ora oiça:

(Imagens da TV Estatal Russa transmitidas na passada quarta-feira, dia 12Mar.)
Vladimir Solodiov, convidado da TV russa: «Trump aprecia ser confiável quando está a responder a perguntas sobre a conferência de imprensa. Penso que não é coincidência que muitas das narrativas
que estão a ser largamente difundidas se materializaram após as suas conversas. As frases que ele está a dizer são tão profundas e tão corretas. Estão em total alinhamento com a forma como nós vemos as coisas.»
Jake Tapper : Acha que é bom que os russos pensem que a administração Trump está em total alinhamento com a forma como Putin vê  as coisas?

Steve Witkoff:  Jake, acho que já tivemos, pela minha estimativa, quase um milhão e meio de mortes na totalidade e, finalmente, temos um líder que é o Presidente Trump, que está determinado a acabar com a carnificina. A única maneira de acabar com a carnificina é tendo uma relação com os líderes de ambos os países envolvidos. Eu fui à Rússia, tive uma reunião com com o Presidente Putin. Foi uma reunião longa, positiva, construtiva, muitas coisas boas foram discutidas, em grande parte porque o Presidente (Trump) valorizou uma relação positiva com o Presidente Putin desde o seu primeiro mandato. Isso  evoluiu para uma conversa positiva com o presidente apenas numa só chamada telefónica a partir da Casa Branca. E depois houve uma conversa positiva com o Presidente Zelensky.  (😁😅😂) Portanto, acho que que é preciso ter essas relações, é preciso haver comunicação. Essa é a única forma de concretizar negócios.

.../...

Jake Tapper : Como acabou de dizer, o presidente Trump tem estado a exercer uma grande pressão sobre o Presidente Zelensky e apresentou as concessões que a Ucrânia terá de fazer para acabar a guerra. Que concessões terá a Rússia de fazer?

Steve Witkoff: Bem, acho que em qualquer acordo de paz cada lado vai fazer concessões, quer se trate de concessões territoriais quer se trate de concessões económicas. Penso que há toda uma série de coisas que acontecem num acordo e verá concessões de ambos os lados. E isto é do Presidente, é o que ele faz melhor. ele junta as pessoas, fá-las compreender isso, o caminho para a paz são as concessões e a  construção de consensos, e eu acho que verá um resultado muito bem sucedido.

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Não quero tirar conclusões precipitadas mas daqui de onde estou a olhar não consigo ver outro pedido, com jeitinho, de Trump a Putin que não seja "Faz-Me o favor de aprovar um acordo de paz qualquer que da assinatura do outro trato eu"



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UM FORA DE TODAS AS SÉRIES


De cortar a respiração
Uma bomba de energia positiva para começar um domingo
G'anda Olly Pearson, um nome a guardar

SÓ PARA CONTRARIAR


Tens razão, Vladimir Vladimirovitch Putin, a vida é madrasta. 
No tempo do teu grande Josef Stalin não havia internet nem satélites; no tempo do teu alter-ego, Ivã IV -  o Terrível -  primeiro dos Czars da Rússia, auto-proclamado  único governante supremo do país cuja vontade não seria questionada, não havia telefones... Agora tudo se sabe, qualquer badameco consegue difundir informação, falar com o mundo, contar a sua versão da história. Assim é muito complicado fazer uma eficaz gestão de adversidades

Só para contrariar muito do que por aí se difunde, 
dê-se o justo crédito ao mais credível:


Directamente do gabinete de Volodymyr Olexandrovytch Zelensky:

«Relatório do Comandante-Chefe Syrsky.

Defesa das posições em Donetsk e noutras partes da linha da frente.

Estou grato a todas as unidades ucranianas pela sua capacidade de resistência e eficácia na destruição do ocupante. A situação na direção de Pokrovske está estabilizada. 

Por outro lado, no que respeita à região de Kursk. A operação das nossas forças em certas áreas da região de Kursk continua. As unidades estão a desempenhar as suas tarefas exactamente como exigido. Graças às forças ucranianas na região de Kursk, um número significativo de forças russas foi retirado de outras áreas. As nossas tropas continuam a conter os respectivos grupos da Rússia e da Coreia do Norte na região de Kursk. 

As nossas tropas não estão cercadas.

Recebi um relatório do Comandante-em-Chefe Syrskyi. 

Defesa das nossas posições na região de Donetsk e noutras zonas da linha da frente. Estou grato a todas as unidades ucranianas pela sua capacidade de resistência e eficácia na destruição do ocupante. A situação na direção de Pokrovsk foi estabilizada.

Uma nota à parte sobre a região de Kursk.
A operação das nossas forças nas áreas designadas da região de Kursk continua. As unidades estão a desempenhar as suas tarefas exactamente como exigido. Graças às forças ucranianas na região de Kursk, um número significativo de forças russas foi retirado de outras direcções. As nossas tropas continuam a conter os agrupamentos russos e norte-coreanos na região de Kursk. Não há cerco às nossas tropas.

Estamos também a observar movimentações ao longo da nossa fronteira oriental com a Ucrânia, onde o exército russo está a acumular forças. Isto indica uma  intenção de atacar a nossa região de Sumy. Estamos cientes desse facto e vamos combatê-lo. Gostaria que todos os parceiros compreendessem exactamente o que Putin está a planear, o que está a preparar e o que vai ignorar.

A acumulação de forças russas indica que Moscovo tenciona continuar a ignorar a diplomacia. É evidente que a Rússia está a prolongar a guerra. Estamos prontos a fornecer aos nossos parceiros todas as informações reais sobre a situação na frente, na região de Kursk e ao longo da nossa fronteira.

Hoje também foram divulgados relatórios sobre o nosso programa de mísseis. Temos resultados concretos. O míssil longo Neptune foi testado e utilizado com êxito em combate. Um novo míssil ucraniano, de ataque preciso. O seu alcance é de mil quilómetros. Agradeço aos nossos criadores, fabricantes e pessoal militar ucranianos. Continuamos o nosso trabalho para garantir a segurança da Ucrânia.

Também hoje, o Ministro da Defesa da Ucrânia apresentou um relatório sobre os novos pacotes de apoio dos nossos parceiros. Estamos a assegurar o fornecimento de artilharia. Estou grato a todos os parceiros que estão a ajudar.»

16 Março 2025

Volodymyr Zelensky

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Já agora, e porque vem "a talho de foice", Trump quer eleições na Ucrânia, com guerra ou sem guerra, disso depende o estatuto de "Legitimo presidente" ou "Ditador" do incontestado Zelensky. 

Putin quer eleições na Ucrânia. Ouvir Putin falar de "Eleições na Ucrânia para legitimar a democracia" parece o monólogo de uma comédia irónica 

William Atkins, analista de política global, levantou a seguinte questão:
«Embora normalmente aborde as teorias da conspiração com cepticismo, vale a pena notar que muitas vezes elas contêm elementos de verdade que as podem tornar convincentes. O desafio está em pesquisar diligentemente para descobrir essas verdades. 
Recentemente, tem-se especulado sobre a influência de Elon Musk nas eleições mundiais através de algoritmos ligados à Internet. É intrigante observar que 67 eleições em todo o mundo tiveram resultados que fazem lembrar os de Trump. Musk sugeriu que, se Trump não fosse reeleito, poderia enfrentar repercussões legais - levantando questões sobre as motivações subjacentes. Além disso, o discurso político na Grã-Bretanha parece fazer eco de temas associados a Trump. 
Estes desenvolvimentos merecem ser analisados e discutidos com atenção, uma vez que realçam as complexidades da nossa paisagem política moderna. Vamos continuar empenhados em explorar estas questões com uma mente aberta e um olhar crítico.»




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QUEM FAZ XEQUE AO REI?


 Desde aquele espetáculo degradante em que Trump e Vance fizeram tudo o que lhes veio à cabeça para humilhar Zelensky, Trump voltou a insistir nas redes sociais que « A Rússia está a bater em absoluto a Ucrânia no campo de batalha neste momento».

Kirill Kudryavtsev/AFP via Getty Images

Mas será assim?
Depende do canal que se vê, do jornal que se lê, do que se pretende com a informação, ou desinformação divulgada, das fontes de informação. A única forma é cingirmo-nos aos factos mas mesmo com esses precisamos ter em mente que vivemos na época dos "factos alternativos" - expressão realista nascida na Casa Branca de 2016

"A Rússia está a bater em absoluto a Ucrânia" não corresponde à realidade no terreno mas é exactamente o que Putin precisa que Trump pense. A implantação nas mentes ocidentais que uma vitória russa é inevitável eleva Putin a uma imagem invencível aos olhos do Ocidente e, consequentemente, vai instalando a ideia de que a ajuda à Ucrânia é inútil, onerosa, desgastante em termos de material militar, recursos e impostos prolongando uma guerra "sem sentido". Este é o grande ponto com que Putin conta para fazer vacilar estadistas e povos. Por crença, conveniência, ou ambas, tornou-se claro que Washington se juntou a Moscovo.

O exército ucraniano retomou várias zonas ocupadas em contra-ofensivas locais nos últimos dias.
Uma dessas áreas é Pokrovsk, cidade que as forças russas têm tentado capturar sem sucesso desde Agosto passado. Mikhail Zvinchuk, um antigo porta-voz do Ministério da Defesa russo que agora dirige o Rybar - um  canal pró-guerra  da "Telegram" com mais de 1,3 milhões de subscritores - publicou há poucos dias um relatório da linha da frente que refere que as forças russas sofreram "dolorosos reveses" em Toretsk, uma cidade mineira de Donetsk.  Moscovo tinha declarado Toretsk “libertada” no início de Fevereiro. Há relatos semelhantes sobre Chasiv Yar, outra cidade da linha da frente onde os russos têm estado atolados.

** Sobre a "WarTranslated" - que publica o post na imagem acima, entre muitos outros, diariamente. É um blogger estónio, Dmitri,  residente em Londres, que publica na Bluesky, Telegram e Twitter/X notícias e vídeos traduzidos para inglês. Uma boa fonte de informação fora dos "grandes media" com informação privilegiada. A sua apresentação:

«Durante mais de dois anos, fizemos a cobertura da guerra contra a Ucrânia e de temas associados, traduzindo dezenas de milhares de vídeos e materiais utilizados e vistos por meios de comunicação social, jornalistas, criadores de conteúdos e indivíduos.»

Abaixo um vídeo publicado ao final do dia 12 Março mostra Putin chegando a Kursk longe da cara sorridente e despreocupada que apresenta no Kremlin para divulgação em meios de comunicação social

 O exército russo encontra-se num impasse, é uma sombra do que foi. As suas unidades de elite desapareceram abatidas pela resistência ucraniana logo nas primeiras semanas da guerra. As reservas de tanques, veículos blindados e até de camiões são perigosamente baixas; os soldados russos na frente recorrem a burros e cavalos para transportar mantimentos.

Os pequenos ganhos que a Rússia obteve ao longo do último ano e meio implicaram uma perda de vidas "inexplicável". Dados actuais de fonte aberta confirmam que cerca de 96.000 soldados russos  foram mortos em combate mas provavelmente o número real será de pelo menos 160.000. Acrescentando os feridos graves, as perdas irrecuperáveis da Rússia em combate elevam-se a cerca de 550 000 soldados, de acordo com um relatório recente do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. Há vídeos feitos por drones que mostram soldados russos a coxear, com muletas ou a rastejar em direcção às posições ucranianas. A sua missão final: actuar como esponjas de balas que revelam os ninhos de fogo ucranianos.

A realidade na frente em nada se assemelha com a narrativa do Kremlin de uma Rússia com recursos infinitos numa marcha imparável -  narrativa divulgada por Trump e pelo movimento MAGA: "Putin tem todas as cartas"

Igor Girkin, um dos mais salientes nacionalistas russos pró-guerra, actualmente a cumprir uma pena de prisão pelas suas críticas a Putin - por não ter prosseguido a guerra de forma suficientemente implacável - escreveu recentemente, numa nota da prisão, que a guerra está perdida. Segundo ele, a Rússia não atingiu nenhum dos seus objectivos estratégicos e as forças ucranianas estão em pé de igualdade com o exército russo e o fracasso do país na guerra significa que todo o seu futuro é  sombrio. «A crise sistémica em que o nosso país se encontra ainda não tem perspectivas de resolução e vai aprofundar-se»

Yuri Kotenok, um relevante blogger de guerra na linha da frente, escreveu no Telegram  «Os ucranianos estão a tornar-se mais ousados a cada dia que passa, contra-atacando e até empurrando-nos para fora de várias posições que defendemos. Existe uma grave falta de tropas para operações de assalto no sul de Donetsk.»

Alguns dos mais fervorosos russos pro-guerra estão a debater-se com a constatação de que a guerra não é a grande luta histórica que imaginavam mas uma catástrofe.  Modest Kolerov, um bloguista ultra-nacionalista e antigo especialista do Kremlin, lamentou num post largamente difundido:  «A guerra provou, sem margem para dúvidas, que a ‘Nova Rússia’ não é mais do que (...) uma pálida sombra da Rússia histórica - seja o Império Russo ou a União Soviética».
Este sentimento apenas ecoava na oposição mas tem vindo a infiltrar-se no campo pró-guerra, aquele que concebe, ou concebia, a Ucrânia como "terra de ninguém" pertencente à Rússia de pleno direito

Se a Rússia tiver alguma hipótese de ganhar esta guerra, não será devido aos seus feitos militares no campo de batalha, será porque Putin convenceu Trump, Vance e os seus acólitos MAGA, de que a Rússia detém todas as cartas de um baralho inexistente. 

Aos 3 anos passados sobre os 3 dias em que Moscovo ia tomar Kyiv, a aposta de Putin é conquistar o poder afastando Zelensky; irá exigir eleições - e de eleições sabe Putin, muito.  Trump irá dizer que as eleições são essenciais; 


porque os povos europeus consideraram que o seu nível de vida não pode ser posto em causa para se fazer face ao rearmamento da Europa - é o pior dos luxos que nos pode minar: acreditar que o nosso nível de vida é nosso por direito -  fatalmente porá em causa todos os preciosos "luxos" que tomamos por certos



Fontes: "WarTranslated"; ForeignPolicy; Alexey Kovalev


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UMA CLIVAGEM EMERGENTE?

 Esta manhã terá lugar em Paris uma cimeira de representantes militares de quase todos os 32 países que integram a NATO dispostos a contribuir para as garantias de segurança da Ucrânia; irão debater a criação das forças de segurança internacionais para a Ucrânia após qualquer trégua negociada com a Rússia ;
Os Estados Unidos não foram convidados a participar.
Mais dois membros não receberam convite: Croácia e Montenegro
Representantes de países da Ásia e da Oceânia também participarão nas conversações assim como os ministros da Defesa das cinco principais potências militares da Europa - França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália e Polónia e o presidente francês,  em estreita coordenação com o comando militar da NATO.

A paz na Ucrânia exigirá provavelmente o destacamento de soldados europeus, que não combaterão na linha da frente mas que ficarão estacionados na Ucrânia após a assinatura do eventual Acordo de Paz para garantir o seu cumprimento.

Os  militares irão analisar e coordenar como as forças de segurança internacionais, propostas pela França e pelo Reino Unido, a serem destacadas após um eventual cessar-fogo. A composição das forças de segurança poderá incluir armamento pesado e reservas de armas estratégicas a ser  rapidamente mobilizadas - em horas ou dias - para apoiar a defesa da Ucrânia em caso de violação do cessar-fogo pelas tropas russas.

A segunda parte da reunião envolverá debates mais precisos sobre a disponibilidade e as capacidades das estruturas militares participantes na iniciativa, ainda que a decisão final recaia sobre os chefes de Estado a nível político.


ACORDO DE EXTORSÃO


A menos de 48h do encontro entre as delegações ucraniana e norte-americana em Jedha (A. S.) "transpira" que  a assinatura do Acordo de Exploração de Minérios Raros já não é suficiente para assegurar garantias de segurança por parte dos EUA, agora também querem que a Ucrânia ceda territórios.

Ursula van der Leyen, hoje, assinalando os  primeiros 100 dias do seu segundo mandato como presidente da Comissão Europeia:

«Vamos fazer avançar o plano riEUR com toda a força. A ideia subjacente é que devemos libertar todo o potencial face a ameaças concretas. O que mudou nestes 100 dias foi o novo sentido de urgência, porque algo fundamental mudou, tudo se tornou transacional, pelo que o ritmo da mudança acelerou e a acção que é necessária, tem de ser ousada e determinada»

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Poucas horas antes de declarações à imprensa na Sala Oval Trump publicou no Truth Social: 

«Com base no facto de que a Rússia estar absolutamente a “esmagar” a Ucrânia no campo de batalha neste momento, estou a considerar fortemente sanções bancárias em grande escala, sanções e tarifas sobre a Rússia até que um cessar-fogo e um ACORDO FINAL DE PAZ sejam alcançados. À Rússia e à Ucrânia, dirijam-se à mesa de negociações agora mesmo, antes que seja tarde demais. Obrigado!!!»

Juntando ambas, a ameaça de sanções à Rússia e as declarações na WH, duas conclusões se podem retirar:

1 - Alguém, talvez Keith Kellogg, o enviado especial norte-americano para a Ucrânia que esteve em Kyiv a 19/20 Fev, convenceu Trump a pôr a a hipótese de sanções bancárias como meio de pressionar Putin a iniciar conversações (o que me oferece uma expressão vagamente enjoada porque os EUA não têm relações bancárias nem comerciais com a Rússia) 

2- Umas horitas passadas, e à rédea solta com os jornalistas, Trump esteve-se nas tintas para sanções e bombardeamentos, não se coibiu de (continuar a) defender a Rússia com a facilidade de quem tem esse vírus correndo-lhe no sangue

A transcrição de três respostas à imprensa na Sala Oval - dia 7 Mar. (último vídeo abaixo)

 Min21:47 -  Jornalista: “O Presidente Putin está a bombardear a Ucrânia. Ainda acredita nele quando vos diz que quer a paz?”

Presidente Trump: “Sabe, eu acredito nele. Acredito nele. Acho que estamos a lidar muito bem com a Rússia mas, neste momento, eles estão a bombardear infernalmente a Ucrânia. Francamente estou a achar mais difícil lidar com a Ucrânia, e eles não têm as cartas. Eles não têm as cartas. Como sabem vamos reunir-nos na Arábia Saudita algures no início da próxima semana e vamos e estamos a falar sobre a possibilidade de chegar a um acordo final.. 

Acho que, em termos de resolução final, pode ser mais fácil lidar com a Rússia, o que é surpreendente porque eles têm todas as cartas. É verdade. E estão a bombardear infernalmente o país neste momento. E eu fiz uma declaração, uma declaração muito forte. Não posso fazer isso. Não podem fazer isso. Estamos a tentar ajudá-los. Mas a Ucrânia tem de se atirar à bola e fazer o seu trabalho”. 

Jornalista: “O senhor Presidente acha que Vladimir Putin está a aproveitar a pausa dos Estados Unidos na ajuda militar e nos serviços secretos à Ucrânia?

Presidente Trump: “Na verdade, acho que ele está a fazer o que qualquer outra pessoa faria. Penso que ele quer parar e resolver o problema. Penso que está a bater-lhes com mais força do que tem batido. E acho que qualquer pessoa nessa posição estaria a fazer o mesmo agora. Ele quer acabar com isto. E acho que a Ucrânia quer acabar mas não vejo.... É uma loucura. Estão a sofrer um castigo tremendo. Não percebo bem. 

Jornalista: “Porque acha que nenhum outro país europeu está a oferecer um acordo de paz? Parece que ninguém se juntou à mesa para a paz, excepto vocês?

Presidente Trump: “É uma pergunta muito boa mas por vezes as perguntas não têm resposta. Eles estão numa posição muito invulgar. Não sabem como acabar com a guerra. Eu acho que sei, sim, como acabar com a guerra. Apesar da Rússia-Rússia-Rússia. Sempre tive uma boa relação com o Putin. E sabe que ele quer acabar com a guerra. Quer acabar com ela. E acho que ele vai ser mais generoso do que tem de ser, e isso é muito bom. Isso significa muitas coisas boas”. 

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Em Julho de 1987 Trump, 41 anos, voa para Moscovo (URSS) a convite do embaixador soviético nos EUA, Yuri Dubinin.

Ao regressar de Moscovo, o falido Trump recebe subitamente empréstimos de 16 bancos e, sem negociação, compra o Hotel Plaza por 407,5 milhões de dólares - um preço recorde para um hotel.

Actualmente, três antigos agentes do KGB - Alnur Mussayev, antigo oficial do KGB e ex-chefe dos serviços secretos do Cazaquistão, o ex-agente do KGB Yuri residente actual nos EUA,  o ex-agente do KGB Sergei Zhyrno residente em França - . afirmam que Trump foi recrutado pela Rússia. Alegam que o KGB utilizou a lisonja e as oportunidades de negócio para apelar às ambições de Trump, com o objectivo de o recrutar como um trunfo.

Após o seu regresso aos EUA, o então apolítico Trump começou a criticar fortemente a NATO, publicando um anúncio de página inteira no The Washington Post em 2 de Setembro de 1987, que continha uma carta aberta escrita por si proclamando que os EUA estavam a desperdiçar dinheiro a proteger aliados que “não podem dar-se ao luxo de se defender”.

Nenhum destes antigos agentes do KGB forneceu provas directas mas o facto de três agentes, falando em momentos diferentes e a partir de locais diferentes, contarem a mesma história sugere uma forte  probabilidade

Já em 2014, 2 anos antes da primeira candidatura de Trump à presidência, o seu casino de Atlantic City faliu. Trump tinha uma dívida de 4 mil milhões de dólares após a falência. Nenhum banco norte-americano lhe quis tocar. Então  começou a entrar dinheiro estrangeiro através da Bayrock. A Bayrock era gerida por dois investidores: Tevfik Arif, um ex-funcionário soviético nascido no Cazaquistão, que recorria a fontes inesgotáveis de dinheiro da antiga república soviética, e Felix Sater, um homem de negócios nascido na Rússia que se tinha declarado culpado, na década de 1990, de um enorme esquema de fraude com acções envolvendo a máfia russa. A Bayrock - Bayrock Group LLC, localizada no 24º andar da Trump Tower - associou-se a Trump em 2005 e injectou dinheiro na organização Trump sob o pretexto legal de licenciar o seu nome e a gestão de propriedades.

Frequentemente ignorado é o facto de a máfia russa ser parte integrante dos serviços secretos russos. A Rússia é um Estado mafioso. Não se trata de uma metáfora, Putin é o chefe da máfia.

Em 1984, David Bogatin - um mafioso russo, condenado e aliado próximo de Semion Mogilevich - o cérebro por detrás da máfia russa - encontrou-se com Trump na "Trump Tower" logo após a sua abertura. Nessa reunião, Bogatin comprou cinco condomínios a Trump. Esses condomínios foram mais tarde apreendidos pelo governo, que alegou terem sido utilizados para lavar dinheiro para a máfia russa. (NY Times, 30 de Abril de 1992). Há décadas que os agentes de Mogilevich utilizam o património imobiliário de Trump para branquear dinheiro, ou seja, operacionais da máfia russa fazem parte da fortuna Trump há muitos anos, muitos deles são proprietários de condomínios nas "Trump Towers" e noutras propriedades, executando as suas operações a partir da joia da coroa de Trump.

Nada disto é novidade e, independentemente das provas, o comportamento de Trump é revelador: Tomou o partido da Rússia, juntamente com a Coreia do Norte na ONU, abandona a Ucrânia "suspendendo" apoio militar e informação vital, admite abandonar a NATO e fustiga os aliados ocidentais com guerras comerciais; e é-lhe "tão mais fácil negociar com a Rússia e com Putin"

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Chefe propagandista do Kremlin, Alexey Zhuravlyov, Skabeyeva, na televisão estatal russa:
«Apoiamos tudo o que Trump está a fazer. Adoramos a forma como ele se está a comportar».(a partir do min:7:00


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Sala Oval 7 Março

 

POLÓNIA - O RISCO SOBRE A EUROPA NAS ENTRELINHAS

 Num discurso ao parlamento polaco centrado na situação de segurança internacional e na profunda preocupação com a guerra na Ucrânia, o primeiro-ministro  Donald Tusk informou estar em curso a preparação de um modelo de treino e formação militar para todos os homens da Polónia; baseado no modelo suíço, não será obrigatório mas suportado por incentivos fortemente apelativos, sublinhou que não se trata de um regresso ao serviço militar obrigatório, que terminou na Polónia em 2008.

«Até ao final do ano, queremos ter um modelo pronto para que todos os homens adultos da Polónia sejam treinados para a guerra e para que esta reserva seja adequada a possíveis ameaças. Todos os homens saudáveis deverão querer treinar-se para poderem defender a pátria em caso de necessidade. Vamos prepará-lo de forma a que não seja um fardo para as pessoas, as mulheres também poderão ser voluntárias se o desejarem. 
Os polacos não vão adoptar a filosofia de que somos completamente impotentes e indefesos por o Presidente Trump ter decidido ajustar a sua política. A Polónia não altera a sua opinião sobre a necessidade, a necessidade absolutamente fundamental de manter os laços, mais estreitos possíveis, com os Estados Unidos e com a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Estamos a assistir a uma profunda correcção da política dos EUA em relação à Ucrânia mas não podemos virar-lhe as costas só porque não gostamos dela. Temos de ser precisos e honestos na avaliação do seu significado, do que serve e do que não serve  os nossos interesses. Isto é, de um modo geral, indiscutível,  a Polónia não desiste da NATO.
O nosso défice tem sido a falta de vontade de agir, falta de confiança e, por vezes, até a cobardia. Mas a Rússia será indefesa contra a Europa unida. É impressionante, mas é verdade. Neste momento, 500 milhões de europeus imploram a 300 milhões de americanos que os protejam de 140 milhões de russos que, durante três anos, não conseguiram vencer 50 milhões de ucranianos  » D.Tusk, 7Mar25

O exército polaco tem actualmente cerca de 200 000 efectivos, o que o torna o terceiro maior da NATO, depois dos EUA e da Turquia, e o maior entre os membros da UE. Tusk referiu que a Ucrânia tem um exército de cerca de 800 000 homens, enquanto a Rússia tem 1,3 milhões de homens armados. Tusk pretende que o exército polaco atinja os 500 000 militarmente capazes de intervir em caso de necessidade.

Significativo é o facto de Jaroslaw Kaczyński,  líder do partido da oposição, o conservador Lei e Justiça, concordar com Tusk e  dizer : 

 «Para além do treino militar dos homens, será necessária uma mudança mental na sociedade. Teremos de regressar ao ethos cavalheiresco e ao facto de os homens também deverem ser soldados, ou seja, serem capazes de se exporem, mesmo à morte»

Não posso deixar de notar que, nestas coisas do "cavalheirismo", os líders conservadores tendem a confundir cavalheirismo com superioridade de aptidão... As forças armadas polacas contam com mais de 10 000 mulheres em serviço activo: em 2023 a 5ª divisão da  Força de Defesa Territorial, o ramo que englobava menos mulheres,  contava mais de 3.500 mulheres,  depois das Forças Terrestres, da Força Aérea, da Marinha e das Forças Especiais. Kaczyński que se entenda com as polacas, está bem entregue.

A Polónia está localizada no flanco oriental da NATO e já é o país que mais gasta, percentualmente, em defesa (4,7%). Tusk disse ao parlamento que a despesa deveria aumentar para 5% do PIB - o valor defendido por Trump. Esta sexta-feira o presidente polaco, Andrzej Duda disse que quer aproveitar o consenso que existe atualmente na cena política e irá submeter à apreciação parlamentar uma alteração à Constituição  que obrigaria o país a gastar anualmente pelo menos 4% do seu PIB na defesa. 

Paralelamente Tusk referiu que a Polónia não se pode limitar às armas convencionais e "está a falar seriamente" com a França sobre a possibilidade de ser protegida pelo "guarda-chuva" nuclear francês, após Macron ter aberto a possibilidade de outros países discutirem a forma como a dissuasão nuclear francesa pode proteger a Europa, rematando com o  exemplo da Ucrânia, que abdicou do seu arsenal nuclear e está agora a ser atacada pela Rússia..

 «Temos de estar conscientes de que a Polónia tem de procurar as capacidades mais modernas também no que se refere às armas nucleares e às armas não convencionais modernas. Esta é uma corrida pela segurança, não pela guerra» D.Tusk, 7Mar25

E AGORA O CANADÁ

Porquê?

03/Mar/25 - «O futuro soberano e independente do Canadá»
Por mais sensato, estável e experiente que Justin Trudeau seja não é fácil manter o elevado nível de popularidade após praticamente 10 anos de liderança de governo, diria que é impossível num mundo em convulsão e propositadamente destabilizado.

Dentro de 3 dias um novo líder do Partido Liberal será eleito;
Até 20 de Outubro próximo as eleições federais terão de ser realizadas, provavelmente muito antes disso se o parlamento for dissolvido e este é um "se" muito insignificante

Para além dos sonhos megalómanos de Trump, a ver-se como o presidente que anexou um 51º Estado aos EUA, há uma política que pretende criar a maior destabilização possível, promover o maior descontentamento como estratégia de interferência nas eleições canadianas. Trump adia a aplicação de tarifas comerciais, com plena consciência de o que representarão para a economia de ambos os países, porque quer ver Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador (denominação um quanto aquém da sua progressão populista) como primeiro-ministro. Se os Conservadores ganharem as eleições é um instantinho enquanto Trump chega a um acordo comercial. Mais... Serão "os únicos capazes de evitar a anexação do Canadá pelos EUA". Deixemos vir a campanha eleitoral para ouvir a música que toca na festa.  
E... Se Poilievre não obtiver maioria melhor, terá de se apoiar em
Maxime Bernier, líder do Partido Popular, que alberga a extrema-direita,  admirador e defensor de Trump em vertentes que vão da Segurança à política internacional passando pela integração num "Bloco Militar"... Sobre a política comercial imposta ao Canadá teve a dizer:

«É importante compreender que as tarifas de 25% anunciadas hoje pelo Presidente Trump NÃO são impostas ao Canadá - serão pagas pelos consumidores e empresas americanas que compram produtos importados do Canadá. As tarifas são um imposto, e os americanos que terão de pagar mais ou ficar sem os nossos produtos serão os primeiros a sofrer. .../...
Em suma, em vez de adoptar uma estratégia suicida para enfrentar Trump, temos de fazer o que devíamos ter feito há muito tempo para reforçar a nossa economia e a nossa posição negocial. A transição será dura, mas não tanto como a falência total e a desintegração.»

Também acha que  «CO2 não é poluição. É o que exalamos quando respiramos. E é alimento para as plantas.» 

Se os Conservadores ganharem as eleições é um instantinho enquanto Trump chega a um acordo comercial.
O fentanil? Como diz o outro das cantigas: "Deixa-me rir, essa história não é tua..." Menos de 1% do fentanil que entra actualmente nos EUA provém do Canadá (BBC 5Mar25)

Mas isto é grave, tem implicações graves para todo o mundo Ocidental; vale o tempo de ver a entrevista que a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá deu hoje a Christiane Amanpour, para se fazer uma vaga ideia


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CARTA DE WALESA A TRUMP (INTEGRAL)

 

  Lech Walesa, galardoado com o Prémio Nobel da Paz pela sua acção em prol da democracia,  herói da luta contra o regime da URSS enquanto presidente da Federação Sindical  Solidarność - o que lhe valeu a prisão política -  e o primeiro presidente da Polónia - 1990-1995 (após a queda de Jaruzelski, (1981/1990) último líder da República Popular da Polónia.

 Lech Walesa escreveu uma carta a Trump, sem rodeios e com argumentação escolhida a preceito, co-assinada por 38 outros antigos presos políticos do regime comunista polaco, condenando o tratamento dado pelo Presidente dos EUA a Volodymyr Zelensky e à Ucrânia.

Deixo-a abaixo traduzida



A CIMEIRA E O ARAUTO


A Europa uniu-se em torno de Zelensky, à excepção dos dois mais-que-suspeitos do costume, Aqui nada de novo. 

Começo pelo fim, pelo que disse Trump depois da reunião com Zelensky,  na sexta-feira, ao sair da Casa Branca para ir jogar golf no sábado em Mar-a-Lago; digo-o com palavras minhas, inacreditáveis, mas deixo a transcrição lá no fim porque só assim será credível:

Eu quero um acordo de paz, seja em que termos for, assinado por Zelensky ou por qualquer outro capaz de o assinar. Uma vez assinado a Ucrânia tem de parar de lutar, aconteça o que acontecer ou retiraremos o apoio.

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A reunião de emergência centrou-se no apoio militar contínuo a Kiev e 
no aumento da pressão económica sobre a Rússia.


A cimeira que, na sexta-feira, Keir Starmer convocou para este domingo em Londres, contou com 17 países europeus, o Canadá, o secretário-geral da NATO e a representação da EU.
A França e o Reino Unido criaram um grupo de trabalho com a Ucrânia e um grupo restrito de outros países, para ser elaborado um plano para "acabar com os combates"; posteriormente será apresentado para discussão com os Estados Unidos. O primeiro-ministro britânico anunciou que “vários” aliados assinaram uma “coligação de vontades” (Coalition of the Willing - traduziria eu por "coligação dos predispostos" ) , juntamente com o Presidente Macron, comunicando estar preparados para enviar tropas para a linha da frente ucraniana no caso de um acordo de paz. (With boots on the ground and planes in the air) 

Starmer:  

«Duplicando o nosso apoio, trabalhando em estreita colaboração com os principais parceiros e garantindo que a Ucrânia tenha uma voz forte à mesa, acredito que podemos chegar a um acordo forte e duradouro que proporcione uma paz permanente na Ucrânia.. Juntamente com outros países, a Europa deve fazer o trabalho pesado mas, para apoiar a paz no nosso continente e ter êxito, este esforço deve ter um forte apoio dos EUA. Estamos a trabalhar com os EUA neste sentido. Isto será vital para proteger as infra-estruturas críticas agora e fortalecer a Ucrânia para garantir a paz quando esta chegar, porque temos de aprender com os erros do passado» (referindo-se ao acordo de cessar-fogo de Minsk, entre Putin e o então Presidente ucraniano Petro Poroshenko,  repetidamente violado por Putin)

Quando questionado sobre se Trump apoiaria a estrutura do plano, Starmer disse que tinha falado com Trump na véspera e que “não estaria a seguir este caminho se não achasse que tinha hipóteses”
Afirmou ainda que a coligação «vai intensificar o planeamento agora, com verdadeira urgência” e reiterou que o «Reino Unido (como a França) está preparado para apoiar esta acção com botas no chão e aviões no ar”.

No final da cimeira sobre a defesa e a segurança da Ucrânia, a presidente da  a Comissão Europeia, Ursula von der Leyen disse que irá apresentar durante uma cimeira da UE na próxima quinta-feira em Bruxelas. o plano “Rearmar a Europa” para reforçar a segurança do bloco.

“Todos nós compreendemos que, após um longo período de sub-investimento, é agora da maior importância aumentar o investimento na defesa durante um período prolongado. É para a segurança da União Europeia. Quanto ao futuro da Ucrânia as garantias de segurança são da maior importância. Temos de colocar a Ucrânia numa posição de força, para que tenha os meios para se fortificar e se proteger. É basicamente transformar a Ucrânia num porco-espinho de aço indigesto para potenciais invasores”.

O "plano" poderá, por exemplo, ajudar a desenvolver escudos aéreos avançados, para a Europa. Leia-se na entrelinhas...

Giorgia Meloni falou ontem, véspera da cimeira, com Trump, por telefone; o seu gabinete não revelou o conteúdo da chamada. Hoje, à margem da reunião de Londres, reuniu-se com Zelensky. O seu gabinete afirmou que a Itália manifestou o seu apoio, juntamente com os parceiros europeus e ocidentais e os Estados Unidos, «à construção de uma paz justa e duradoura, que garanta um futuro de soberania, segurança e liberdade para a Ucrânia».

M. Rutte, SG NATO: Foi uma boa reunião porque os líders presentes elevaram-se para nós certificarmos de que a Ucrânia terá o que necessita para permanecer na luta e as garantias imprescindíveis a um Acordo de Paz

ZELENSKY : Após receber várias garantias de segurança no caso de vir a existir um Acordo de Paz, disse que em caso algum está disposto a entregar território a Moscovo mas está pronto a assinar um acordo de exploração de minerios com Trump, num novo encontro num "formato construtivo".  Sobre o senador Graham e o speaker do Congresso, Johnson, terem falado na sua demissão, Zelensky disse que lhes poderia oferecer cidadania ucraniana e ouviria o que tivessem a dizer sobre o assunto mas o presidente da Ucrânia tem de ser escolhido pelos ucranianos 

A Hungria coloca-se ao lado de Trump, pois claro.

«Os homens fortes fazem a paz, os homens fracos fazem a guerra. Hoje o Presidente Trump defendeu corajosamente a paz. Mesmo que para muitos tenha sido difícil de digerir. Obrigado, Sr. Presidente!» - Orban, 28/02/25

A Eslováquia - que aprovou a resolução condenando a agressão russa não votando ao lado dos EUA, da Rússia e da Hungria - voltou a mostrar os dentes: Fico reiterou hoje que o seu país não fornecerá à Ucrânia qualquer apoio militar ou financeiro e exigiu que a cimeira de emergência da UE, na próxima quinta-feira em Bruxelas, aprove o apelo a um cessar-fogo imediato, «Algo que o Presidente Zelenskyy e a maioria dos Estados-Membros da UE se recusam a fazer», diz ele. Também quer que a cimeira peça à Ucrânia que reabra o trânsito de gás russo para a Europa e  avisou (ameaçou) que se a cimeira não respeitar os pedidos da Eslováquia, «O Conselho Europeu poderá não conseguir chegar a acordo sobre a sua posição relativamente à Ucrânia na quinta-feira».

Fico não fornecerá qualquer apoio militar ou financeiro à Ucrânia, a Eslováquia não pertence à NATO (nem está a caminho) mas E-XI-GE? "Fico"-me por aqui porque ando com muito mau feitio...

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Depois da Cimeira... ( e depois do convite a Trump)
Zelensky foi a casa do rei tomar chá (com 25 minutos de atraso)

The Ukrainian president flew to the royal residence in Norfolk via helicopter after attending a security summit with Sir Keir Starmer and numerous world leaders in central London.
A military helicopter could be seen flying low before descending over at around 5.25pm.

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Entretanto o que fez Trump?

A contribuição de 25 milhões de dólares da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional foi cancelada esta semana, um cancelamento entre milhares de ajudas externas canceladas antes da reunião entre Trump e Zelensky. O dinheiro era destinado ao Fundo de Apoio à Energia da Ucrânia para apoiar e reparar as infra-estruturas energéticas criticas, que têm enfrentado atacadas pela Rússia ao longo da guerra.

Mas continua a subsidiar Israel, mesmo que atire todos os acordos abaixo, proíba a entrada de ajuda essencial e aterroriza a Cisjordânia 

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Trump transportou na sexta-feira de volta para a Florida várias caixas de documentos que o FBI tinha apreendido em Mar-a-Lago ao executar o mandado de busca em Agosto de 2022.
As caixas foram carregadas para o Air Force One antes da partida de Trump na Base Andrews, Maryland, na sexta-feira.

com as caixas, sem Melania, xôjinho outa-vez

O director de comunicação da Casa Branca anunciou: «O FBI devolveu ao Presidente os bens que lhe foram retirados durante as rusgas ilegais e ilegítimas. Estamos a tomar posse das caixas hoje e a carregá-las para Air Force One.»
A Casa Branca não respondeu a nenhum pedido de esclarecimento sobre o conteúdo das caixas.

Trump colocou um post no "Truth Social":

«O Departamento de Justiça acaba de devolver as caixas que o demente Jack Smith tanto alardeou. A justiça finalmente venceu,. Não fiz absolutamente nada de errado. Isto foi apenas um ataque a um adversário político que, obviamente, não funcionou bem. A justiça no nosso país vai agora ser restaurada» -28/02/25

Os documentos, classificados, regressam  ao resort turístico de Trump, onde voltarão a ser guardados numa qualquer casa de banho ou no esconso de manutenção da piscina, até Putin resolver se lhe interessa mais algum ou se já tem tudo o queria 

Ao deixar a Casa Branca na sexta-feira de partida para Mar-a-Lago foi questionado por uma multidão de jornalistas. Deixo a transcrição. Diz muito mais do que seria suposto ter dito, a verdade é que tanto faz.

«Tivemos uma reunião com o presidente Zelensky onde as coisas não correram lá muito bem do ponto de vista dele. acho que ele exagerou muito a sua mão. Estamos à procura de paz. Não estamos à procura de alguém que faça um acordo de apoio com uma potência forte e depois não aceite a paz por se sentir encorajado. Foi isso que eu vi acontecer. Estou à procura de paz. Não procuramos uma guerra de dez anos e fazer jogos. Queremos paz. Ele procura continuar e lutar, lutar, lutar. Estamos a tentar acabar com a morte. 2000 pessoas morreram esta semana. Soldados, mais do que isso, mas 2000 aproximadamente. Morreram pessoas esta semana. Jovens ucranianos e russos. E alguém diria: “Porque é que se preocupa com a Ucrânia e os soldados russos? Preocupo-me com eles. Preocupo-me com toda a gente. Ele vai ter de fazer as pazes. Ele está a negociar com um conjunto de cartas muito fraco. Se o apoiarmos ele lidará com um conjunto de cartas muito forte, então ele não fará a paz. Portanto é aí que estamos, é muito simples. Eu não estou a tentar entrar em nada prolongado. Quero uma ação imediata paz imediata. O Presidente Putin também vai querer fazer, é o que ele quer fazer, ele quer acabar com isto. E viram  o que eu vi hoje, isto é um homem que quer apanhar o nosso apoio  e continuar a lutar. Não vamos a fazer isso, não por este país. Ele tem de dizer "eu quero fazer as pazes". Ele não tem de ficar ali a falar de Putin, Putin isto, Putin, aquilo e tudo coisas negativas. Ele tem de dizer: “Quero fazer a paz, não quero mais travar uma guerra.  As pessoas estão a morrer. Ele
não tem as cartas. Só assim perceberá. Eu não confio nem desconfio de ninguém. Só quero fazer um acordo. E se o acordo acontecer, óptimo mas não se pode encorajar alguém que não o faz. Quero que qualquer pessoa que vá para fazer as pazes. Se ele for capaz de o fazer , o que pode ou não ser ele, mas eu quero novamente alguém que assine a paz.  Quando o apoiarmos, ele terá todas as cartas mas isso não significa que ele pode lutar. Ele tem de parar a luta, parar a morte.»

Claríssimo. Dito em metade de meia dúzia de linhas: Eu quero um acordo de paz, seja em que termos for, assinado por Zelensky ou por qualquer outro capaz de o assinar. Uma vez assinado, a Ucrânia tem de parar de lutar, aconteça o que acontecer ou retiraremos o apoio.*

Que mais poderia Putin desejar? Ahhh, talvez que os EUA deixem a NATO... Até à cimeira anual de Haia, de 24 a 26 de Junho, ainda há tempo para semear muitos ventos

*(Repito: O primeiro-ministro britânico anunciou que “vários” aliados assinaram uma “coligação de vontades”, juntamente com o Presidente Macron, comunicando estar preparados para enviar tropas para a linha da frente ucraniana no caso de um acordo de paz.)

Na próxima quinta-feira às conversações na prosseguem só em Bruxelas, Putin e Trump têm pressa, as delegações russa e americana jogarão em Istambul, e disseram que não vão falar da Ucrânia, só de relações diplomáticas e económicas. Pois, até talvez levem os berlindes. 







VAI-TE A ELE


Já vi isto 52 vezes e agora ponho aqui para rever amanhã, e depois, e depois...

Diz a canção de "O Feiticeiro de Oz"
que quando pedimos um desejo a uma estrela o nosso sonho se torna realidade
Vou ver se o céu está nublado.

THE LIDER OF THE FREE WORLD

 


UNITED STATES OF АМЕРИКИ

 Antes de falar de Zelensky...
de trump, de vance e da reunião da Casa Vermelha Branca

Falemos de Nikolai Platonovich Patrushev

Nikolai Patrushev nasceu em Leningrado, actual São Petersburgo,1 ano e dois meses antes de Vladinir Putin; nasceram e cresceram na mesma cidade, talvez se tenham cruzado, talvez tenham jogado à bola. 

Em 1970 conheciam-se, ambos trabalhavam para o KGB em Leningrado. Patrushev acabou por se tornar chefe da unidade local de combate ao contrabando e à corrupção

Após o colapso da União Soviética, Patrushev continuou a trabalhar nos serviços de segurança

1992 - foi Ministro da Segurança da República da Carélia,
1994 -  foi para Moscovo como chefe da Direção de Segurança Interna do Serviço Federal de Contra-  Inteligência (FSK).
1995 - tornou-se chefe-adjunto do Departamento de Organização e Inspecção do FSB.
1998 - foi chefe da Direcção de Controlo do Estado-Maior Presidencial;
          - foi vice-chefe do Estado-Maior Presidencial;
          - foi nomeado diretor-adjunto o FSB e chefe da Direção de Segurança Económica.
1999 -  tornou-se primeiro diretor-adjunto do FSB.
          -  um decreto do Presidente Boris Yeltsin promoveu-o a director do FSB, substituindo o seu amigo Vladimir Putin, acabado de ser nomeado um dos três primeiros vice-primeiros-ministros e, nesse mesmo dia, foi nomeado primeiro-ministro interino do Governo da Federação Russa pelo Presidente Ieltsin que anunciou também que queria ver Putin como seu sucessor; ainda no mesmo dia, Putin aceitou candidatar-se à presidência, e o resto é história

Ora bem, posto isto é indiscutível que Nikolai Patrushev não é propriamente o "Chico da esquina" e o que diz não é exactamente "conversa fiada"

As eleições presidenciais nos EUA decorreram a 5 Nov. 24

Ora bem... E o que disse esta iminente figura uma semana depois, a 12 Nov ?  Disse assim:

«Nós russos, pusemos Trump no poder, ele deve-nos um retorno.
Para obter sucesso nas eleições, Donald Trump apoiou-se em determinadas forças para com as quais tem obrigações correspondentes. Como pessoa responsável, será obrigado a cumpri-las. Durante o período pré-eleitoral, fez muitas declarações para atrair os eleitores para o seu lado, que acabaram por votar contra as políticas externas e internas destrutivas levadas a cabo pela atual administração presidencial dos EUA. Mas a campanha eleitoral terminou e, em Janeiro de 2025, será a vez das acções concretas do presidente eleito. É sabido que as promessas eleitorais nos Estados Unidos podem muitas vezes divergir das acções subsequentes.» Nikolai Patrushev, 12 Nov. 2024 - https://www.kommersant.ru/

A título de mera curiosidade, o jornal russo que publicou a entrevista de Patrushev em Novembro, hoje, 28 Fev. tem a elucidativa manchete aí ao lado 

Não se me oferecem comentários

Posto isto...

Depois do que foi hoje dado ao mundo a apreciar por que raio iria a a minha humilde pessoa gastar o seu latim, e o seu "francês" - se bem me faço entender - a comentar, opinar, ignominiar, o que é mais do que evidente. Já me chegou esta tarde... Um sentimento de impotência, a raiva, a revolta batendo às portas do ódio... "Dá-me um whisky, estou a hiper-ventilar". E nas consequências não me apetece pensar, não posso fazer nada, não tenho decisões a tomar, felizmente.

O inquilino da Casa Branca queixou-se de "falta de respeito“... Como se soubesse o que é Respeito. 
Chateou-o a camisola militar do presidente da Ucrânia, preta, pelo seu povo. Aaai... 

Sobre Volodymyr Olexandrovytch Zelensky,
o grande Volodymyr, o corajoso Volodymyr, o carismático Volodymyr, depois do que foi hoje dado ao mundo a apreciar, não é preciso dizer seja o que for, ficou tudo dito;
trump: «Tens de estar agradecido, não tens as cartas»,  
Volodymyr Olexandrovytch Zelensky:
 « Eu não vim aqui jogar às cartas». 
Ponto.
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Apenas os primeiros, muitos outros se seguiram 

Primeiro-Ministro polaco Donald Tusk: “Caro Zelensky, caros amigos ucranianos, não estão sós”.

- Presidente da Lituânia Gitanas Nausea: “Ucrânia, nunca caminharás sozinha.”

- Primeiro-ministro da Dinamarca, Mette Frederiksen: “Caro Zelensky, a Dinamarca está orgulhosamente ao lado da Ucrânia e do povo ucraniano”.

- Presidente francês Emmanual Macron: "Há um agressor: a Rússia. Há um povo que está a ser agredido: os ucrânianos Fizemos bem em ajudar a Ucrânia e em sancionar a Rússia há três anos e em continuar a fazê-lo. Nós, os americanos, os europeus, os canadianos, os japoneses e muitos outros... Porque estão a lutar pela sua dignidade, pela sua independência, pelos seus filhos e pela segurança da Europa".

- Presidente da Moldávia, Maia Sandu: "A verdade é simples, a Rússia invadiu a Ucrânia. A Rússia é o agressor. A Ucrânia defende a sua liberdade - e a nossa. Estamos com a Ucrânia".

- Primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson: "A Suécia está com a Ucrânia. Não estão apenas a lutar pela vossa liberdade, mas também pela liberdade de toda a Europa. Slava Ukraini! "

- O próximo Chanceler alemão Friedrich Mer: "Caro Zelenskyy, estamos ao lado da Ucrânia nos bons e nos maus momentos. Não devemos confundir o agressor e a vítima nesta guerra terrível." 

- O primeiro-ministro da Croácia: "O Governo croata mantém-se firme na sua convicção de que a Ucrânia precisa dessa paz - uma paz que signifique soberania, integridade territorial e uma Europa segura."

- Primeiro-Ministro da Finlândia, Petteri Orpo: "A Finlândia e o povo finlandês apoiam firmemente a Ucrânia. Continuaremos a dar o nosso apoio inabalável e a trabalhar para uma paz justa e duradoura."

- Kristen Michal, Primeiro-Ministro da Estónia: "Estamos unidos a Zelenskyy e à Ucrânia na nossa luta pela liberdade. Sempre. Porque é correcto, não porque é fácil".

- Simon Harris, Vice-Primeiro-Ministro da Irlanda: "A Ucrânia não tem culpa desta guerra provocada pela invasão ilegal da Rússia. Estamos do lado da Ucrânia".

- Edgars Rinkevics, Presidente da Letónia: "A Ucrânia é uma vítima da agressão russa. Combate a guerra com a ajuda de muitos amigos e parceiros. Não devemos poupar esforços para alcançar uma paz justa e duradoura. A Letónia está ao lado da Ucrânia"

- Primeiro-Ministro dos Países Baixos Dick Schoof: "Os Países Baixos apoiam a Ucrânia com a mesma firmeza de sempre, agora mais do que nunca. Queremos uma paz duradoura e o fim da guerra de agressão iniciada pela Rússia. Para a Ucrânia e o seu povo, para a Europa."

- Luc Friedsen, Primeiro-Ministro do Luxemburgo: "O Luxemburgo está ao lado da Ucrânia. Estão a lutar pela vossa liberdade e por uma ordem internacional baseada em regras. O Ocidente está do lado do heroico Zelensky. Trump está do lado maligno"