2005 - O Sr. Sater
(para não ir mais atrás, esta história começa no final dos anos 80...)
Felix Sater era um imigrante russo que trabalhava para o Bayrock Group, empresa de desenvolvimento e aconselhamento de negócios sediada em Nova Iorque e parceira de Trump em diversos empreendimentos durante mais de uma década. Sater retornou a Moscovo em 2005 com a ideia fixa de construir uma Trump Tower que comportasse hotel, condomínio e espaço comercial para escritórios. O proprietário do Bayrock Group era o Sr.Tevfik Arif, nascido na Turquia e encarreirado na URSS onde trabalhou para o ministro do Comércio por 17 anos. Em 2010 foi preso na Turquia sob a acusação de dirigir uma cadeia de prostituição e tráfico humano da Rússia e da Ucrânia. A acusação foi retirada.
"During a trip in 2006, Mr. Sater and two of Mr. Trump’s children, Donald Jr. and Ivanka, stayed at the historic Hotel National Moscow opposite the Kremlin, connecting with potential partners over the course of several days."
" Mr. Trump continued to work with Mr. Sater even after his role in a huge stock manipulation scheme involving Mafia figures and Russian criminals was revealed; Mr. Sater pleaded guilty and served as a government informant."
Novembro de 2013
Trump foi a Moscovo levar o seu "Miss Universe".
Sob os bons auspícios de Araz Agalarov, anfitrião do grande acontecimento, de Donald Trump e do Mini-Donald, o oligarca russo da construção é uma espécie de Trump lá do sítio mas, há época, com mais poder e influência política graças às suas estreitas relações com Putin que, nesse mesmo ano, o condecorou com a Ordem de Honra da Federação Russa por serviços prestados ao Estado.
(Oligarca é um tipo que enriqueceu à conta de negócios escuros e corrupção utilizando dinheiro, segredos e favores como meio de influência e poder político)
Já que ali estavam a ver desfilar um excelente grupo de giraças aproveitaram
o ensejo para falar de negócios. A convite dos Agalarov, Trump e Mini-Trump jantaram essa noite com eles e com Herman Gref, ex-ministro da Economia e actualmente chefe executivo do banco estatal PJSC, : o que era giro era construir um Trump Tower Hotel em Moscovo unindo esforços, e proveitos empresariais.
“I called it my weekend in Moscow,” - Mr. Trump said of his 2013 trip to Moscow during a September 2015 interview on “The Hugh Hewitt Show.”- He added: “I was with the top-level people, both oligarchs and generals, and top of the government people. I can’t go further than that, but I will tell you that I met the top people, and the relationship was extraordinary.”
Fevereiro de 2014 - O Mini-Donald volta, uma vez mais, a Moscovo para assinar a Carta de Intenções de construção da Trump Tower ficando responsável pelo empreendimento.
(A partir de 2008 em apenas 18 meses deslocou-se a Moscovo 6 vezes. Só pode ser amor)
Depois foi a vez de Ivanka ir a Moscovo ver a vistas em que se poderia plantar a Trump Tower; o Mini-Agalarov acompanhou-a na busca.
Um mês mais tarde Ivanka reencontra-se com Emin, o Mini-Agalarov, na companhia do Maxi-Trump; a avaliar pelas roupinhas não estariam em Moscovo.
Finalmente a coisa parecia estar bem encaminhada...
Aaahhh mas o diabo tece-as. Sim, o diabo...
A 24 de Fevereiro de 2014 as forças especiais russas desembarcam na Crimeia. Posteriormente a Rússia invade a Ucrânia por via terrestre tomando a região de Donbas, Donetske e Lugansk.
Nos primeiros dias de Março foram impostas as primeiras sanções económicas à Rússia; outras se seguiram e foram agravadas em 2015
Dá-se uma drástica queda do rublo; o petróleo russo está pelas ruas da amargura, a instabilidade económica compromete grandes empreendimentos imobiliários e, pior um pouco, se realizados em parceria com empresas norte-americanas restringidas pelas sanções.
Isto das sanções foi uma grande chatice...
Não admira, digo eu, que Trump tanto tenha considerado o levantamento das sanções, antes e logo após ter sido eleito. Não pôde ser... Deu muito nas vistas.
Também não será de estranhar que a tal advogada que apareceu na Trump Tower em Junho de 2016, em plena campanha, viesse com a conversa de ser uma activista anti-sanções, anti-Magnitsky Act.
Mas já la vamos, há uns pormenores antes de chegar aí.
Junho de 2016
On Jun 3, 2016, at 10:36 AM, Rob Goldstone wrote:
No entanto outra questão alerta para a mais do que provável possibilidade de nada disto ser novidade para eles nessa altura, ninguém é assim tão parvo, nem mesmo o Mini-Trump que aliás não estava nisto sozinho. Quando lêem:
"This is obviously very high level and sensitive information but is part of Russia and its government's support for Mr. Trump" (1ª mensagem dia 3)
Não ocorreu a ninguém perguntar "Por que está o governo russo a apoiar o meu pai? O que desejam? Só tendo estas informações poderei marcar, ou não, uma reunião"
if it's what you say I love it "
_______________________________________________
SERGEI MAGNITSKY era um auditor nascido na Ucrânia, com escritório em Moscovo - na "Hermitage Capital Management", sediada em Londres e pertencente a Bill Browder - que teve o azar de descobrir uma enorme fraude fiscal levada a cabo por figuras de Estado, donos de corporações empresariais, juízes e policias russos que, até onde ele conseguiu chegar, haviam roubado ao Estado russo 230 milhões de dólares US.
Comunicou esta fraude às autoridades e, acto continuo, foi acusado de evasão fiscal. Sob esta acusação foi preso em Novembro de 2008 e em Novembro de 2009, com apenas 37 anos, morreu na prisão após uma falha cardíaca e choque tóxico devido a uma pancreatite não tratada. Não restam dúvidas de que foi torturado e espancado ao longo do período em que esteve preso Magnitsky foi processado a título póstumo e teve como defesa Nikolai Gorokhov, advogado da família. Daqui a umas linhas voltarei a falar de Gorokhov, homem muitíssimo incomodativo.
Bill Browder, activista de direitos humanos, tem vindo a expor detalhadamente, desde 2005, casos de corrupção dentro do Estado russo aos mais elevados níveis e em 2006 foi considerado uma "ameaça à segurança nacional" ; em 2007 a sua empresa em Moscovo foi invadida por oficiais das forças contra a corrupção e os seus bens foram confiscados, computadores e arquivos inclusive e foi banido da Rússia. Magnitsky trabalhava estreitamente com Browder e continuou a faze-lo até ser preso em 2008.
Após a morte de Magnitsky, Browder e outros activistas de Direitos Humanos compilaram uma lista de cerca de 60 funcionários de topo do Estado russo, incluindo do governo e ligados ao governo por negócios, A totalidade da lista nunca foi publicamente divulgada.
Em Dezembro de 2012 o Congresso americano aprovou uma lei, Magnitsky Act, que autoriza os E.U.A. a retirarem ou não concederem vistos de qualquer tipo e a congelarem bens e negócios de cidadãos e membros do Estado russo que estejam envolvidos em violações dos Direitos Humanos.
Como retaliação a esta lei Putin proibiu a adopção de crianças russas por cidadãos norte-americanos.
Natalia Veselnitskaya estava no tribunal em Nova Iorque em Junho de 2016 porque...
- Quem processou? O Estado de Nova Iorque na pessoa de Preet Bharara (Fed. U.S.Attorney), reconhecido por ser implacável em casos de corrupção.
Mr. Bharara has been among the highest-profile United States attorneys, with a purview that includes Wall Street and public corruption prosecutions, including of both Democratic and Republican officials and other influential figures. @nytimes.com
A acompanhar Natalia ia Rinat Akhmetshin, um "lobbyista" russo que serviu no exército sovietico numa unidade de "contra-inteligência" e que diz que nunca recebeu treino de espionagem. (Ou eu não sei o que é "contra-inteligência" ou ele se baldou aos treinos). A Hermitage Capital Management, a já referida empresa de Bowder que compilou a lista de 60 figuras de topo ligadas a corrupção e violação de Direitos descreve-o dizendo:
“Mr Akhmetshin is a former member of the Russian military intelligence services (GRU). He is now based in Washington DC as a lobbyist. He was previously hired by clients with the mandate to generate negative publicity. He was paid by a previous client to derail the US asylum application of a Russian citizen using false allegations of anti-Semitism.”Vive em Washington e em 2015 a empresa, a International Mineral Resources, apresentou uma queixa em tribunal contra ele acusando-o de ter organizado uma operação de "haking" aos seus arquivos privados como parte de uma campanha de difamação (BBC)
The Russian-American was overheard in a coffee shop bragging about arranging the cyber-attack on the firm's computer system, according to court documents. He is a registered lobbyist who has focused in recent years on overturning the 2012 US Magnitsky Act
1ª pág. - clicar p/ aumentar "Open in new tab" |
Onde estão os e-mails que, no dia 7, Goldstone, disse que enviaria com os nomes dos presentes à reunião para serem comunicados à segurança da Trump Tower? E, se faltam esses, faltarão mais? E porquê?
Não há almoços de borla, muito menos na Trump Tower.
Qual era o quid pro quo ? "Toma lá os e-mails, o haking do DNC e levantas o Magnitsky Act?".
E onde iria parar a troca de favorzinhos?
E tendo os russos segredos sobre os Clinton não os terão sobre os Trump? Ora...
Poder pode... E um presidente?
Costuma-se dizer "Venha o diabo e escolha". Obviamente o diabo escolheu.
Esta é apenas a longa história que desembocou na fatídica reunião de 9 de Junho de 2016.
Faltam as outras, as muitas outras...
Paul Manafort, Michael Flynn, Jeff Sessions, Roger Stone, Rex Tillerson, Carter Paige, Wilbur Ross, J.D.Gordon, Michael Caputo, Rick Gates, Marck Kasovitz, Michael Cohen, Eric Prince... Só para falar de cidadãos americanos, só para falar do "Trump Team, deixando a família e os seus amigos, de fora.
Credo, que cheiro!
Timeline e contactos- https://www.washingtonpost.com/graphics/national/trump-russia/?utm_term=.48fe972e715b
.