A vingança é como o gazpacho, requer paciência na preparação e toma-se frio.
No passado fim de semana houve murros na mesa de reuniões do Conselho de Segurança no Kremlin: a FSB - o Serviço de Segurança Federal Russo, sucessor do KGB - foi violado por hackers e 7,5 terabytes de informação foram descarregados pelo o grupo de hackers "0v1ru$". É muito byte...
O equivalente a uma "evasão de intima privacidade" do FBI ou do MI5, com uma diferença substancial: a FSB, que reporta directamente a Putin, não se ocupa apenas de assuntos internos, domésticos, mas opera também no domínio internacional, como a CIA ou o MI6.
Posteriormente o "0v1ru$" passou toda a informação para a poderosa "Digital Revolution" e esta divulgou-a, na sua totalidade (???) , a algns órgãos de comunicação social - como a BBC - e publicou no Twitter alguns fac simile comprovativos da operação
De acordo com a informação até agora divulgada os ficheiros visados encontravam-se nos "cofres virtuais" da "SyTech" - um vasto conjunto de operadores afectos à FSB que trabalham uma série de projectos de Internet, operativos on line e de investigação, como a identificação (quebra do anonimato) de utilizadores da Tor browsing.
Desde 2012 que, através do Instituto de Investigação Kvant sob a alçada do FSB, a Russia tem procurado comprometer as ligações dentro da estrutura do Tor - que é um software gratuito de código aberto que proporciona a comunicação anónima, segura para navegação na Internet e em actividades online, protegendo a privacidade e contornando a censura - a fim de prevenir comunicações fora da rede e interceptar essas comunicações, tendo tornado esta acção um objectivo prioritário; Outras acções compreendem a análise e criação de conteúdos das plataformas de "social media", apoio ao Estado russo no projecto da opção de separação da sua Internet da rede internacional (censura, divulgação e controlo de publicação), identificação de alvos utilizadores de navegação anónima e identificação de empresas alvo.
A maior parte dos projectos da "SyTech" foram contratados pela Unidade Militar 71330, parte da 16a divisão da FSB, que lida com a inteligência e espionagem de sinais virtuais; este mesmo grupo, entre outras façanhas, foi acusado de enviar spyware e malware via e-mail para oficiais de inteligência ucranianos em 2015. Ou seja, nem só do domínio nacional vive a "SyTech" o que não será propriamente novidade para ninguém...
Esta apropriação e divulgação de ficheiros é provavelmente a maior brecha de dados na história dos serviços de inteligência russos.
De momento não são conhecidos segredos de Estado... publicados.
Como diria a minha avó, toma lá do teu xarope para ver se gostas.
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