Não sou particularmente adepta ou admiradora de "modas" mas esta coisa das "Flash Mob" é uma nova moda a que acho imensa graça; é alegre, surpreendente, imaginativo.
Há tempos coloquei aqui no RealGana duas das primeiras de que tive conhecimento que tenham ocorrido em Portugal (Esta, mesmo antes do Natal de 2009 e mais Esta , dias depois, na véspera da passagem d'ano) - foram no aeroporto de Lisboa e tiveram piada, a segunda mais do que a primeira porque foi feita numa altura em que o aeroporto estava bastante cheio e as pessoas descontrairam mais, aderiram mais mas se fosse num aeroporto de Londres, por exemplo, estou certa que saia mundo e meio a dançar. Por cá foi giro mas tímido por parte de quem observava: bater o pé ou cantarolar ainda vá mas mais do que isso já é demais para este nosso povo que se leva tão a sério.
Vem isto a propósito de um "Flash Mob" que ocorreu em Novembro passado na Gare do Oriente, em Lisboa. Dizem os organizadores em "rodapé" do vídeo publicado:
«Quando menos se esperava, 4 cantores líricos juntaram-se na Gare do Oriente e alto e bom som deram voz à DPOC. Uma acção que surpreendeu e marcou o dia mundial da DPOC, a 16 de Novembro. O momento, que durou alguns minutos, foi da responsabilidade da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e da Fundação Portuguesa do Pulmão.»
Acabei há pouco de ver este "mini-espectáculo" e fiquei tristíssima: não é que seja, em si um espectáculo triste, nada disso, é até bem agradável, particularmente a "Senhora da limpeza" que canta no final, mas ao prestar atenção às pessoas que iam passando, independentemente de algumas até mostrarem um arzinho agradado, a cena é testemunho de uma profunda tristeza. Já não é só a timidez, a inibição dos sérios portuguesinhos, é muito pior do que isso: é um alheamento, uma alienação generalizada, um "estou-me nas tintas para tudo", a desistência. A reacção mais conseguida foi o sacar do telemóvel para filmar, para mostrar mais tarde que houve um momento assim, de resto, quanto a viver o momento... parece não haver "vida" para tanto.
Poucas coisas me chocam tanto quanto a desistência. Quando as pessoas se comportam como se estivessem num beco sem saída ou retorno e não querem ver a estrada a percorrer que se estende diante delas; o suicídio (recusa de viver) por omissão. Foi isso que vislumbrei neste vídeo. Será que sou eu que "ando a ver coisas"?
Aqui fica.
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