Em Janeiro, a seguir à eleição de Marcelo para P.R., escrevia eu AQUI confessando publicamente a minha abstenção face ao menu de presidenciáveis:
«Fico contente por a coisa se ter despachado à primeira volta, não fosse eu ver-me na contingência de ter de ir votar num personagem de carácter mais do que dúbio e andar 5 anos a rosnar de mim para comigo.»Não é preciso ser bruxa para saber que Marcelo vai arranjar caldos do arco-da-velha, dizer-se e desdizer-se como sempre se disse e desdisse no que toca às politicas, polítiquices, e outros factos políticos; ele é assim, velhaco E dansarino.
Esta semana não correu lá muito bem para o tio Marcelo, estão a começar a aparecer coisinhas para o chatear, para interromper o clima de doçura que tem temperado com o governo.
Primeiro veio aquela coisa dos subsídios às escolas privadas... Que coisa incómoda para Marcelo, espartilhante mesmo. Por um lado a farpa do PC ao governo de Costa, por outro aquilo que Marcelo entende perfeitamente e defende na sua privadíssima alma... Que desagradável.
Depois a questão do Acordo Ortográfico. É óbvio que Marcelo o considera uma aberração; é óbvio e ele não faz segredo disso.
Marcelo preparou-se para envergar o fatinho de super-heroi nacional e, de acordo com a grande maioria dos portugueses , erguer a sua espada em defesa da língua lusa.
As reacções não se fizeram esperar, ouviram-se palmas, gritos de "apoiado" e "muito bem" nas bancadas das redes sociais. Por exemplo no grupo do Facebook «Em acção contra o acordo ortográfico» , com mais de 72 000 membros, houve uma onda de esperança que se manifestou num sólido apoio ao Presidente da República.
Hoje Marcelo deu um tiro no pé. A desilusão é mais do que muita, a revolta fala de traição. Creio que terá sido o primeiro valente tiro no pé.
«Marcelo Rebelo de Sousa reacendeu a polémica do Acordo Ortográfico, colocando-o na agenda política, mas agora recua, sublinhando que se trata de “um não tema”. »
«O Presidente da República aproveitou a visita a Moçambique, na semana passada, para realçar que o facto de haver países que não ratificaram o Acordo Ortográfico (AO), nomeadamente Moçambique e Angola, poderia ser um bom pretexto para “repensar o tema”
Agora, Marcelo considera que o AO “é um não tema”, “uma não questão”, conforme declarações recolhidas pela Rádio Renascença, após a Assembleia Geral da COTEC Portugal, organização da qual é presidente honorário.
A posição do Presidente da República surge, num tom apaziguador, depois do desconforto que gerou em Cabo Verde e em Angola e na própria CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), onde o secretário executivo Murade Murargy salientou que “não há volta atrás no AO”.»In: http://zap.aeiou.pt/marcelo-ateou-fogueira-mas-agora-recua-acordo-ortografico-e-nao-tema-112417
É um "não tema"? Uma "não questão"?
Que raio é isso de um "não tema" quando aquela aberração está a ser imposta por vontades férreas aos portuguêses, que não querem por cá essa mmm.... Pois, isso.
Pior. Quem é esse Murade Murargy cá neste nosso mundo português para vir dizer que “não há volta atrás no AO”? E mais disse:
«Penso que é um debate desnecessário neste momento. As pessoas são livres de falar sobre isso, mas não há nenhuma controvérsia em relação ao Acordo Ortográfico”»
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Um debate desnecessário? Por quê? Para quem?
Não há controvérsia? NÃO HÁ? Onde?
E, o pior de tudo, Marcelo consente.
O Presidente da República Portuguesa consente.
PORQUÊ?
.
EM MEIA DÚZIA DE PALAVRAS;
- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA DISSE QUE QUER REVER O A.O.
- UM MURADE MOÇAMBICANO QUALQUER DISSE QUE NÃO HÁ VOLTA ATRÁS
- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA CALOU-SE
MAS O QUE É ISTO???
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Felizmente ainda há quem não desista de lutar pela nossa língua:
Acção judicial popular argumenta que a aplicação do Acordo Ortográfico exigiria um acto legislativo e não poderia ter sido imposta por uma Resolução do Conselho de Ministros.
A acção deu entrada esta quarta-feira no Supremo Tribunal Administrativo e tem como objectivo conseguir a declaração de ilegalidade e consequente revogação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, emitida pelo Governo de José Sócrates, que ordenou a aplicação do AO no Governo e na função pública a partir do início de 2012. Um diploma que “contém ilegalidades flagrantes”, alegam os proponentes da acção.
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