Trump:
«People in that rally, and I mean the night before, they were people protesting very quietly the taking down of the statue of Robert E. Lee»
People protesting very quietly:
«Jews - will not - replace us.
Blood and soil
... / ... »
Trump:
«You had many people in that group, other than neo-nazies and white nationalists ok? And the press has treated them absolutely unfairly. Now, in the other group, also, you had some fine people but you also had trouble makers and you see them come with the black outfits and with the helmets and the baseball bats, You had a lot of bad people in the other group»
De acordo com Trump, havia muito boa gente (very fine people) misturada com os neo-nazis, os supremacistas e os ku-klux-klan... Será?
Obviamente, nem todos, provavelmente bastante menos de metade dos apoiantes de Trump, olharão com bons olhos aquela cáfila que desfilou em Charllotesville; O próprio partido republicano, pela voz de inúmeros partidários, condenou inequivocamente essa aberração, mas a questão não é essa, não é todo partidária ou mesmo de grupo eleitoral.Claro que há boa gente entre os eleitores de Trump o que me pergunto é se será "boa gente" aquela que não se importa de se misturar com quem vai para uma manifestação onde esvoaçam bandeiras nazis, onde há milícias com armas automáticas, onde se atacam os contra-manifestantes à paulada, onde se grita "sangue e solo" e outros mimos. Por que não dar meia volta e dizer "Isto não é o que quero, isto é profundamente errado". Uma manifestação onde por fim um carro acelera para cima de um magote de contra-manifestantes. Ou isto só é inequivocamente condenável quando um jihadista o faz em Londres?
A questão surge a montante nos princípios, na moralidade, na solidariedade humana, nos direitos civis e mesmo, para aqueles que integram a Igreja Cristã - sejam católicos, protestantes, evangelistas ou outros - a questão tem de ser colocada sob a perspectiva do respeito e defesa da alma humana.
Boas pessoas? Boas pessoas têm uma noção firme da diferença entre Bem e Mal, certo e errado. Boas Pessoas traçam limites e e permanecem dentro deles, não comprometem princípios. Há um limite para além do qual temos a noção de que estaremos a prevaricar, a pecar, a agir de forma que sabemos ser condenável. Passado esse limite não há boas pessoas.
"Estamos aqui para matá-los se for preciso " - Ouvi esses trastes berrar, vestidos com camuflados, armados até aos dentes.
Uma pessoa com 32 anos foi assassinada; 19 pessoas foram hospitalizadas, isto apenas num atropelamento intencional.
Um jovem isolado espancado à entrada de um parque de estacionamento por um grupo de corajosos herois; está vivo porque os amigos deram pela sua falta e foram resgata-lo.
Não é o filho de nenhum de nós...
Independentemente da tragédia, se possível, há nesta história aspectos mais chocantes do que facilmente verbalizáveis:
Como é possível ver numa mesma turba a bandeira dos Estados Unidos (não me refiro à da Confederação mas sim à dos EUA) empunhada ao lado de uma bandeira com a suástica? Não encontro forma de que faça sentido sem reverter para a absoluta ignorância histórica e cultural. Os americanos atravessaram o Atlântico para derrotar os nazis. E hoje, na Alemanha, são proibidas as suásticas.
Quanto a Trump não há surpresas, vou evitando dedicar o meu tempo e palavreado ao sujeito porque é sempre mais do mesmo e torna-se óbvio que está a endoidecer, a perder o controlo, a não conseguir lidar com tanta Trumpa que faz.
De regresso à Trump Tower - pela primeira vez desde que foi empossado - nos domínios da torre do seu castelo dourado, a fera sentiu-se no seu território; enraivecido por o "obrigarem" a dizer o que não queria deu largas à sua revolta, ao seu temperamento irado e vociferou o que bem lhe apeteceu perante a estupefacção do pessoal da Casa Branca: "Foi tudo ele, não era nada disto que estava alinhado", disse alguém da equipe da W.H. Assim seja, e que se repita, que se deixe de Trumpices e mostre o vazio de alma repleto de racismo, mentira, materialismo primário, hipocrisia, megalomania, egocentrismo... Como disse, quanto a Trump não há surpresas.
Ninguém obrigou o bicho a ser presidente, era uma ambição requerida pelo seu notabilíssimo percurso de O Melhor e O Maior. Mas agora a coisa é mais complicada, não se resolve com direitos de patrão-quem-manda-aqui-sou-eu. Ajudaria se ele soubesse. E ele não sabe.
O que Trump não sabe, não entende, é que enquanto presidente nunca poderá ser O Melhor e O Maior se não fizer um esforço sincero e evidente para ter em conta os americanos como um todo, brancos, pretos, encarnados, amarelos, azuis às riscas e roxos alilazados. E Trump não o faz, nem pretende, nem tão pouco tem ideia de que tem obrigação de o fazer.
Por mais que o preocupe salvaguardar os que ele considera "americanos de primeira" e o seu eleitorado - o que não é exactamente a mesma coisa - é suposto ele ser presidente dos americanos em toda a sua complexa mistura... E ele não está para isso, não está disposto a respeitar todos em equidade de direitos, era o que faltava.
"Make America great again" tem um significado muito claro e embutido na mente de Trump mas que tem sido tratado como uma pílula dourada a ser dada a engolir. A conferência de imprensa, ou lá o que foi aquilo que Trump vociferou ontem para as câmaras das televisões do mundo, expôs finalmente o conceito que o golfista da Casa Branca tem do que é fazer a América grande e o "outra vez" não é de forma alguma supérfluo, muito pelo contrário, refere-se a quando a América era grande e a como se vivia na América.
Sorry Mr. President, game over. Afinal, a quem pertence a América?
A presidência é uma grande chatice, uma trabalheira, seria tudo muito mais simples se, de uma vez por todas todos fizessem tudo o que ele manda fazer, porque ele é que sabe de tudo mais do que todos, em vez de andarem a chafurdar nas suas negociatas, nos seus amigalhaços e naquilo que ele bem entende por certo dizer e fazer. Ora bolas, afinal ELE é o presidente, se isso não lhe confere mais direitos do que aos outros - que não são o presidente - então para que serve o esforço?
2 comentários:
Olá. Nazis, KKK, etc, etc são o que são: escumalha da sociedade que merece ser tratada como tal. Quanto a isto, não há discussão. Outra coisa, é falar-se dos Confederados como tendo ido para a guerra para defenderem a escravatura. O que se passou foi uma guerra, em que o Sul, mundo agrícola e rural, precisava de sobreviver face a um mundo industrial, a Norte, que o estava a invadir, devido aos seus recursos agrícolas que eram fundamentais para alimentar as populações a Norte (escravas também). A escravatura foi um dos pretextos do Norte, já que ser proprietário de escravos era usual e fruto da época, a Norte e a Sul. E o que dizer às chacinas feitas aos índios pelos soldados da União no tempo em que o General Grant foi seu presidente? Será que antes da secessão ele também não tinha escravos? O General Robert E. Lee não merecia ver o seu nome misturado com supremacistas brancos, já que ele e os que o acompanharam só quiseram lutar pela sua terra, contra um mundo que estava a mudar rapidamente e onde eles não tinham lugar; isso, eu respeito muito! É preciso notar que as altas chefias militares, dos dois lados, tinham sido colegas em West Point. Retirar as estátuas, foi e é uma palhaçada, que só serve para alimentar a tal escumalha e promover o ódio e a intolerância... De brancos e pretos!
Olá!!! Caríssimo Laurus nobilis
Do ponto de vista histórico tem toda a razão, como aliás é habitual, mas falar de estátuas ou do General Lee neste contexto parece-me francamente descabido, toma-lo pela causa destas manifestações seria de uma enorme ingenuidade política (e sei que não é o seu caso); falar de escravatura é um facto e já lá vai; Claro que o "já lá vai" não é inócuo, é um espinho numa ferida aberta que estas manifestações de puro racismo e violência regam causticamente. E isso agrava o que já seria grave per si.
Assim como me chocou a vitória de Trump choca-me que se tenha tornado possível o desfile desta cáfila com o maior dos à-vontade e descaramento. Só que Trump é uma aberração limitada no tempo que se revela auto-fágica; Este tipo de ódio e violência é uma questão muito mais complicada e que não pode, de forma alguma, ser ignorada e deixada progredir.
Quanto aos indios, esses sim, teriam toda a razão se decidissem construir a "great wall" e expulsar os usurpadores.
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