O pacifismo é bonito. Dizer bonito é pouco. O pacifismo é louvável, encerra uma pureza de intensão desejável no coração da humanidade. Pois... Mas os corações não são todos iguais, alguns só abrigam o amor ao poder, ao ego, à vontade própria e, para esses, a salvaguarda da humanidade é um estrago colateral
O pacifismo é um bem de luxo ao qual não nos podemos dar, o mundo não nos concede meios para isso, está provado ad nauseam
Infelizmente, ou talvez não, a compreensão, o reconhecimento deste facto por parte dos corações humanos, os verdadeiramente humanos, requer uma perda de inocência e uma maturidade de equilíbrio entre as boas intensões e a frieza de análise que nos permite fazer face ao perigo. Isto tem o seu lado doloroso: mais tarde ou mais cedo constatamos que o que rasga a cortina da inocência concede nitidez e amplitude de visão, os destroços do sonho pacifista fertilizam a capacidade de apreensão da realidade.
Domingo 27 Fev. , o recém-chegado a chanceler Olaf Scholz fez um notável e sensato discurso no parlamento alemão que reflectiu objectivamente a absoluta necessidade de adaptarmos os nossos mais louváveis ideais às fraccionais alterações que o mundo nos impõe. (Até a Suissa, campeã da "neutralidade" se chegou à frente!!!)
Por mais compreensível que seja que um país que desencadeou as mais letais e desumanas acções do séc. XX tenha por princípio o não fornecimento de armas no caso de conflitos externos, há situações em que os princípios são engolidos pela gritante injustiça, pelas indefensáveis e irracionais consequências. A invasão da Ucrânia e todo o plano expansionista que lhe é subjacente é, indiscutivelmente, o melhor dos exemplos de tal situação.
E... Quando digo - indiscutivelmente - digo-o de forma radical, recusando todas as tentativas de explicação ou justificação que opiniões contrárias tentem oferecer. O meu profundo respeito pela opinião alheia não chega para tanto. Esta não é uma questão de opinião, nenhum crime de guerra praticado pela imposição de poder e da vontade egocêntrica o é.
Quer isto dizer que todas as guerras são injustificadas? Helás!!! Seria sublime poder dizer que sim, que são injustificadas, melhor, que são evitáveis... Seriam, talvez, se os homens fossem capazes de se sentar frente a frente procurando, de facto, pôr o bem da humanidade acima dos seus interesses e divergências mas séculos de vigência dos homens sobre a Terra demonstram incontestavelmente o contrário; e conjecturando, o futuro não apresenta grandes probabilidades de modificação. Está-nos na massa do sangue, mais tarde ou mais cedo, alguém cede à tirania e a conversa não passa disso mesmo, conversa...
Queridos pacifistas,
Vocês não são o mal da Terra, vocês são o sonho, as flores no cabelo, as pombas que oferecem ramos de oliveira e a ingenuidade não corrompida; E acreditam ser os defensores da Liberdade e da Dignidade Humana. Como disse no começo, é louvável.
Mas... ( o terrível "mas")Como se propõem lutar pela Liberdade e pela Dignidade? Como se propõem vencer tiranos e terroristas? Não há flores, nem poemas, nem canções capazes de transmutar o que se alimenta de ódio e perversão. Sem exércitos, espiões, pressões económicas e coragem para desempenhar um papel agressivo, não há Liberdade nem Dignidade que subsistam perante o Mal do mundo
Por vezes há que lutar contra a guerra e por vezes há que lutar na guerra; por vezes a mera hesitação pode ser fatal.
E frequentemente a única forma de "lutar contra a guerra" é combatê-la
Perdoem-me mas é a mais dura Verdade.