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TERAPIA CRIATIVA OU MAIS OU MENOS

 Sim voltei, contrariada mas voltei.

Mal entrei no avião e encarei o arzinho circunspecto dos portugueses, aquelas caras postas por quem se leva muito a sério, deu-me logo vontade de correr escada abaixo e ir trocar o bilhete por outro que me levasse para longe, mais longe.
A sério, não é pedantismo, dolorosamente deixei de me sentir bem no meu país.
Em Portugal o ar está mais pesado, as pessoas instáveis e socialmente amorfas; estão agressivas, irritadiças, frustradas, exercem os seus poderzinhos individuais para mostrar que mandam; e não mandam, cada vez mandam menos mas calam. Refilam nos cafés e noutros sítios onde encontram interlocutor a jeito, aproveitam qualquer oportunidadezinha para arejar os maus fígados mas calam a contestação pública, organizada, jurídica, eficaz. Calam não sei se por não quererem assumir que "não mandam", se por não conseguirem juntar duas frases com sentido e eficácia.  Algumas aspiram a que apareça quem mande, mesmo no que não deve mandar. (Será que ainda existe, por entre os refilões de café, a noção de que há coisas que não devem ser mandadas "por quem manda"?) 
Que diabo, as pessoas não são todas estúpidas, nem são todas ignorantes mas, independentemente das diferenças de opinião, o nível de "cegueira", a ausência de espírito crítico e inoperância é abismal. Falta raciocínio lógico... E imaginação. E criatividade. E acção. Tantas pessoas vivem cristalizadas no seu monótono quotidiano e/ou em negação e busca permanente de compensações que não alteram coisa alguma, na melhor das hipóteses disfarçam a insatisfação, con-ti-nua-men-te, mente, mente 

Quando se sai daqui sente-se mais, quando se regressa é claustrofóbico.

Deu-me um "amoc"  que comecei a pensar se deveria ir ao psiquiatra ou se à bruxa. Acabei no Leroy Merlin de nariz empinado para as prateleiras das tintas e dos "efeitos especiais"; gastei um balúrdio e vim para casa carregada de "munições" para virar a casa do avesso - chama-se a isto "terapia ocupacional" -  e devo avisar os mais conservadores de que não se deve praticar quando se está num estado de espírito como aquele em que me encontro: gera opções pouco convencionais e alterações bastante radicais... Viva la revolucion! Das paredes aos móveis está tudo em fase de metamorfose

Vai daí safa-se o trabalho e os cuidados familiares, o blog que se lixe, o sono que se lixe e, sobretudo, o povo que se lixe; comecei numa ponta e só irei parar quando esvaziar esta energia altamente concentrada em elevado risco de explosão. Felizmente que os cães não têm casota ou nem essa passaria sem barrela profunda e maquilhagem nova

Moral da história, eu voltar voltei mas ainda não estou totalmente cá, parte de mim está numa dimensão paralela em acirrada resistência à realidade quotidiana. Acho que isto vai demorar um bom bocado até porque os ecos longínquos que me vão chegando do que se passa na Terra, na lusa e na global, não ajudam...

PS:
1- Não comprem rolos para pintar sem uma porca na extremidade oposta à abertura para entrada do eixo, tendem a saltar e a terrar nos sítios mais inconvenientes espalhando tinta de forma generosa
2- Com tinta ou vernizes por perto não se dediquem a trabalhos minuciosos com a TV ligada num canal de notícias, as probabilidades de "borrarem a pintura" irritantemente aumentam em escalonamento geométrico, sei do que falo 
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