Talvez tenham vindo a estranhar que não tenho falado de José, mais concretamente desde o "day after" as legislativas. Poderão pensar os mais maldosos que fiquei com tal melão após os resultados eleitorais que me remeti ao silêncio, que fui para a minha caverna lamber as feridas.
Nada disso, desenganem-se as maldosas e torpes mentes. Se o bom povo assim decidiu está decidido, prefiro viver com isso do que num país onde a minha decisão, ou a de fosse quem fosse, fizesse lei.
Aqui para nós que ninguém nos ouve acho que o bom povo é assim a modos que virado para o masoquista, um tanto crédulo, no que toca a ameaças de que os papões vêm aí para o comer, e um tanto incrédulo no que respeita ao facto de que há mesmo papões que andam impunemente a papar à fartazana e à sua conta. Enfim, se esse é o preço da democracia eu pago.
O que me chateia não é que José tenha ganho as eleições; o que me chateia é que a Democracia cujo preço me disponho a pagar de livre e boa vontade é uma democracia de contrafacção, parece uma mala Louis Vuitton comprada em Chinatown por "tan dolár": rasga pelas costuras de tanta trampa que contém, o material de que é feita só engana os incautos, a marca que exibe é falsa e falsamente exibida à custa da imagem, as pontas por onde se lhe pega não podem sofrer grandes abanões - a cola é dura mas o material é frágil, se rasga vem tudo atrás.
Pois chateia-me pagar por esta democracia tanto, digo, mais do que pagaria por uma autêntica na qual o povo fosse de facto soberano, a sua vontade respeitada, na qual o humanismo imperasse e o país fosse de facto o mais importante. Chateia-me não viver numa Democracia a sério, na qual a Pessoa é mais importante do que o Estado e não tratada como uma mera pega que pode berrar o que quiser desde que entregue os proventos. Chateia-me viver num Estado chulo que conta com uma justiça paralisada, estratega, dependente e viciada.
Nada disso, desenganem-se as maldosas e torpes mentes. Se o bom povo assim decidiu está decidido, prefiro viver com isso do que num país onde a minha decisão, ou a de fosse quem fosse, fizesse lei.
Aqui para nós que ninguém nos ouve acho que o bom povo é assim a modos que virado para o masoquista, um tanto crédulo, no que toca a ameaças de que os papões vêm aí para o comer, e um tanto incrédulo no que respeita ao facto de que há mesmo papões que andam impunemente a papar à fartazana e à sua conta. Enfim, se esse é o preço da democracia eu pago.
O que me chateia não é que José tenha ganho as eleições; o que me chateia é que a Democracia cujo preço me disponho a pagar de livre e boa vontade é uma democracia de contrafacção, parece uma mala Louis Vuitton comprada em Chinatown por "tan dolár": rasga pelas costuras de tanta trampa que contém, o material de que é feita só engana os incautos, a marca que exibe é falsa e falsamente exibida à custa da imagem, as pontas por onde se lhe pega não podem sofrer grandes abanões - a cola é dura mas o material é frágil, se rasga vem tudo atrás.
Pois chateia-me pagar por esta democracia tanto, digo, mais do que pagaria por uma autêntica na qual o povo fosse de facto soberano, a sua vontade respeitada, na qual o humanismo imperasse e o país fosse de facto o mais importante. Chateia-me não viver numa Democracia a sério, na qual a Pessoa é mais importante do que o Estado e não tratada como uma mera pega que pode berrar o que quiser desde que entregue os proventos. Chateia-me viver num Estado chulo que conta com uma justiça paralisada, estratega, dependente e viciada.
Chateia-me que aquilo que seriam os resultados reais dos exames, se estes fossem realizados com consciência, não sejam expostos e assumidos mas cobertos por um miserável nível de exigência, a fim de se obterem estatísticas que apenas servem devaneios pretensamente europeístas de quem pensa tapar o Sol com uma peneira, comprometendo assim o futuro de gerações do nosso país, durante dezenas de anos. A falta de conhecimentos básicos - que de Cultura nem me atrevo a falar - e a ignorância gritante em que se vive e cresce é revoltante e tem consequencias dramáticas.
O que se passa com o Ensino em Portugal é, objectivamente, criminoso.
Que a grande parte das pessoas, supostamente maduras, não sabe pensar, não está habituada a pensar, é um dado adquirido. Uma grande massa humana cá do nosso rectângulo engole, muitas vezes com grande satisfação e fervor, as teorias que mais apelam às suas compleições mentais e afectivas, as que melhor lhe são oferecidas em embrulhos bem concebidos, sem a menor análise critica, sem qualquer raciocínio sequente e consequente. Várias e longas causas geraram esse efeito. (E que fique claro, não estou a dizer que a maioria das pessoas não tem capacidade para pensar, essa é outra questão.) Não haverá grande coisa a fazer, o mal está enraizado.
A parte que me chateia é que actualmente a situação não tende minimamente a inverter-se, a melhorar. Na era em que a informação está disponível sem censuras, a baixo custo e ilimitadamente como nunca esteve, só uma ínfima parte dela é aproveitada e, frequentemente, mal.
Os livros estão caros... Estão, imoralmente caros e sobretaxados, mas não mais caros que os video-jogos, o último télélé G5 ou os cremes para a celutite-de-pasteis-de-nata comprados à revendedora por catálogo. E não há tempo para ler... É verdade, há pouco, por mim falo, mas vai havendo para a novela, para o chat, para o jornal da treta ou para ir ao café discutir os penalties.
A ignorância é abismal e o desinteresse ronda a apatia: quanto menos se sabe menos perguntas se fazem, menos dúvidas se têm, menos respostas se buscam; "nunca se pensou nisso" e, perante a ideia ou facto, passa-se adiante, sem culpa nem consciência.
Na era em que a informação foi verdadeiramente democratizada o Conhecimento tornou-se, em Portugal, mais elitista do que nunca e, com ele, a liberdade de pensamento. Isto Chateia-me!
A parte que me chateia é que actualmente a situação não tende minimamente a inverter-se, a melhorar. Na era em que a informação está disponível sem censuras, a baixo custo e ilimitadamente como nunca esteve, só uma ínfima parte dela é aproveitada e, frequentemente, mal.
Os livros estão caros... Estão, imoralmente caros e sobretaxados, mas não mais caros que os video-jogos, o último télélé G5 ou os cremes para a celutite-de-pasteis-de-nata comprados à revendedora por catálogo. E não há tempo para ler... É verdade, há pouco, por mim falo, mas vai havendo para a novela, para o chat, para o jornal da treta ou para ir ao café discutir os penalties.
A ignorância é abismal e o desinteresse ronda a apatia: quanto menos se sabe menos perguntas se fazem, menos dúvidas se têm, menos respostas se buscam; "nunca se pensou nisso" e, perante a ideia ou facto, passa-se adiante, sem culpa nem consciência.
Na era em que a informação foi verdadeiramente democratizada o Conhecimento tornou-se, em Portugal, mais elitista do que nunca e, com ele, a liberdade de pensamento. Isto Chateia-me!
Chateia-me a falta de criatividade, de imaginação e de humanismo institucionais.
Chateia-me que a criatividade e a imaginação florescente nas crianças, e na maior parte dos jovens, sejam sistematicamente abortadas por conteúdos programáticos idiotas e pretenciosos, pedagogicamente muito "elaborados" e vazios da chispa de Inteligência, com a motivação criativa de uma minhoca tonta.
A imaginação pode voar nessa actividade solitária e quase anti-social que decorre horas a fio entre um jovem humano e uma consola de jogos ou uma televisão mas a criatividade vai murchando por falta de rega e Sol.
A vida está muito difícil... pesada, cara, preocupante, desgastante. Não há tempo, há poucos risos, poucos abraços, sonhos esquecidos, perdidos.
Impera o cinzento, o conformismo e, obviamente, a depressão. Não há nada a fazer, a vida é assim... Chateia-me o conformismo.
Chateia-me o proxenetismo estatal, o chauvinismo governamental;
Chateia-me o nacional-saloísmo e o nacional-porreirismo, chateiam-me os pindéricos, os amorais, os chicos-espertos, os complexados por baixo e arrogantes por cima.
Chateiam-me os lobbies ocultos e supra-partidários que cozinham líders, ministros, directores e todos os mais que forem necessários dentro das teias da inter-protecção; Chateiam-me as leis feitas à socapa, a metro e à medida, chateia-me a impunidade da mentira, da negociata, do roubo, do corrupto, do favoritismo, ou seja, da total e consciente ignorância dos Bons Costumes, da Honra, do Carácter, numa palavra, do Respeito.
Se estou chateada com a vitória de José? Ó gente... Eu quero lá saber da vitória de José; José colabora, oculta, cala, mente mas nem tudo, nem metade, é culpa de José, antes fosse, seria mais fácil... José teve uma vitória merecida dada por um povo que talvez o mereça, ou talvez não.
José é um menino prodígio, vindo de onde vem, que caminhou por onde caminhou, por entre os enredos em que está, onde se meteu, em companhia dos que procurou e / ou dos que aceitou como companheiros.
No meio de toda a infernal salgalhada que brota sob a superfície do nosso país José é um mimo de menino, mais falcatrua menos falcatrua, mais mentira menos mentira, mais licenciatura menos licenciatura. É um pulheco com sorte, é uma obstinadíssima ave trepadora.
José acredita que é o Rei do tabuleiro do xadrez nacional... O "animal feroz" que vê em si próprio e que sabe ser "bonzinho" por conveniencia ou "magnanimidade".
José é um peão favorecido enquanto acreditar que é o "Obama europeu" - pronto, um Obama de contrafacção, descolorido e cidadão do burgo que se fascina ao ver-se como "mais um inter pares" nas reuniões dos líders mundiais, porreiro pá - enquanto os seus sonhos pessoais lhe transmitirem a inegável força e alento de menino mimado.
Será que já passou pela cabeça de José que a força que o sustem ao abrigo da exposição pública nada tem a ver com respeito ou mesmo temor por parte dos seus comparsas? Deve ter passado, digo eu, José não é estúpido... É bem possível que José acredite que ninguém o vai deixar cair porque o desmoronamento que se seguiria seria um amargo inconveniente para influentes cabeças. Eu também acredito.
Chateia-me o nacional-saloísmo e o nacional-porreirismo, chateiam-me os pindéricos, os amorais, os chicos-espertos, os complexados por baixo e arrogantes por cima.
Chateiam-me os lobbies ocultos e supra-partidários que cozinham líders, ministros, directores e todos os mais que forem necessários dentro das teias da inter-protecção; Chateiam-me as leis feitas à socapa, a metro e à medida, chateia-me a impunidade da mentira, da negociata, do roubo, do corrupto, do favoritismo, ou seja, da total e consciente ignorância dos Bons Costumes, da Honra, do Carácter, numa palavra, do Respeito.
Se estou chateada com a vitória de José? Ó gente... Eu quero lá saber da vitória de José; José colabora, oculta, cala, mente mas nem tudo, nem metade, é culpa de José, antes fosse, seria mais fácil... José teve uma vitória merecida dada por um povo que talvez o mereça, ou talvez não.
José é um menino prodígio, vindo de onde vem, que caminhou por onde caminhou, por entre os enredos em que está, onde se meteu, em companhia dos que procurou e / ou dos que aceitou como companheiros.
No meio de toda a infernal salgalhada que brota sob a superfície do nosso país José é um mimo de menino, mais falcatrua menos falcatrua, mais mentira menos mentira, mais licenciatura menos licenciatura. É um pulheco com sorte, é uma obstinadíssima ave trepadora.
José acredita que é o Rei do tabuleiro do xadrez nacional... O "animal feroz" que vê em si próprio e que sabe ser "bonzinho" por conveniencia ou "magnanimidade".
José é um peão favorecido enquanto acreditar que é o "Obama europeu" - pronto, um Obama de contrafacção, descolorido e cidadão do burgo que se fascina ao ver-se como "mais um inter pares" nas reuniões dos líders mundiais, porreiro pá - enquanto os seus sonhos pessoais lhe transmitirem a inegável força e alento de menino mimado.
Será que já passou pela cabeça de José que a força que o sustem ao abrigo da exposição pública nada tem a ver com respeito ou mesmo temor por parte dos seus comparsas? Deve ter passado, digo eu, José não é estúpido... É bem possível que José acredite que ninguém o vai deixar cair porque o desmoronamento que se seguiria seria um amargo inconveniente para influentes cabeças. Eu também acredito.
Mas vamos supor por um minuto que de repente se abria uma brecha tal que, "pour épater le bourjois" seria necessário sacrificar o cordeiro, preencher os noticiários, os jornais, alienar a verdade acente em pilares podres... Longe vá o agoiro mas um puto dali de Alijó, Covilhã, estava mesmo a jeito, quase tanto quanto um chavaleco da Casa Pia... Ainda bem que José é primeiro-ministro, coitado.
Sabem o que me chateia mesmo, mas mesmo mesmo?
Que o meu sonho da noite pós-eleitoral, sim, a noite da «vitória da decência e da elevação na política», como disse José, não tenha sido real - a esta hora estava eu bué da fixe a cuidar da minha plantação de cangurus algures numa pradaria daquela ilha imensa e até mandava um bilhete postal a José, com a fotografia da Ópera de Sidney, a dizer-lhe: " Querido José, deixe-se estar onde está que esta muito bem e, se lhe der para imigrar, please dear, GO WEST!"
Sabem o que me chateia mesmo, mas mesmo mesmo?
Que o meu sonho da noite pós-eleitoral, sim, a noite da «vitória da decência e da elevação na política», como disse José, não tenha sido real - a esta hora estava eu bué da fixe a cuidar da minha plantação de cangurus algures numa pradaria daquela ilha imensa e até mandava um bilhete postal a José, com a fotografia da Ópera de Sidney, a dizer-lhe: " Querido José, deixe-se estar onde está que esta muito bem e, se lhe der para imigrar, please dear, GO WEST!"
3 comentários:
BRAVÔÔÔÔÔ
Obrigada Obelix, sabes, José sempre me inspira tanto...
Sorry ba'b, wrong question in the wrong blog
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