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LA MONARQUIA ACTUAL, VISTA POR UM COMUNISTA DE GEMA


Creio que será patente a quem siga este blog, a quem se dê ao trabalho de ler uns quantos posts diferentes e espaçados no tempo, que não me atraiem as posições políticas radicais, sejam estas radicalmente de esquerda ou radicalmente de direita - sejam lá a "Esquerda" ou a "Direita" o que forem; trata-se de uma classificação essencialmente económicista a que sou francamente avessa e que, no âmbito dos Direitos, Liberdades e Garantias do Cidadão, parecem-me carecer, hoje mais do que nunca, de sentido porque as suas radicalizações políticas se tocam de perto, ou mesmo se confundem, na desumanização do Estado Social.


Posto isto ( e nesta altura já haverá por aí uns quantos a desistirem de ler o restante que abaixo segue) acabei de ficar positivamente impressionada com umas declarações claras, inteligentes e concisas, feitas por Santiago Carrillo.

Sim, esse mesmo Santiago Carrillo que foi líder do Partido Comunista de Espanha; Esse mesmo Santiago Carrillo, hoje com uns sábios 96 anos, que combateu na Guerra Cívil Espalhola, após a qual se exilou em vários países, passou pela URSS, obteve o apoio político e para guerrilha de Stalin, e nunca mais deixou de se opôr, sistemáticamente.
Quando regressou a Espanha, em 76 a seguir à morte de Franco, foi inicialmente preso; as conversações que manteve com o então primeir-ministro Adolfo Suarez valeram-lhe a liberdade e o respeito do Governo. Declarou então a aceitação do regime monárquico e o respeito pela bandeira espanhola acima de toda e qualquer outra, declarações estas que antecederam mesmo as do Partido Socialista Espanhol. Um ano depois, conjuntamente com os secretários-gerais comunitas Marchais e Berlinguer, foi dos primeiros a apresentar o movimento euro-comunista, nada do agrado dos comunistas radicais (leia-se pró-soviéticos).
Em 1985, após diversos e frequentes confrontos com o novo (1982) segretário-geral do PCE, foi expulso do partido e formou o "Partido de los Trabajadores de España-Unidad Comunista". Face aos desaires eleitorais este novo partido acabaria por se fundir com o PSOE mas Carrillo não aceito pessoalmente essa integração salvaguardando a sua posição de comunista de longa data.

É pois este mesmo homem que faz as declarações que abaixo deixo em 6 inteligentes minutos de vídeo.

Como comentário posso apenas dizer o seguinte: embora não concorde com a totalidade das suas declarações, dificilmente assim seria, parece-me uma excelênte lição, paricularmente àqueles que frequentemente afirmam: "Monarquia? Isso é voltar ao antigamente, é voltar para trás", ou ainda, pior a meu ver, para aqueles que identificam republica com democracia e monarquia com um regime de direita.

Claro que poderão sempre argumentar que do alto dos seus 96 anos este Senhor "está gágá"... Oiçam a entrevista toda, verão que de "gágá" não tem nada

Pois é meus amigos, "o rabo pouco tem a a ver com as calças", sobretudo se falamos de qualidade, se bem me faço entender.

Começa bem, começa assim:

«Neste momento eu creio que a monarquia actual é um regime que assegura em Espanha as liberdades que poderia assegurar uma república democrática... perfeita»






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2 comentários:

Laurus nobilis disse...

A Espanha, enquanto nação, é uma ficção; o que existe é uma tentativa de homogeneização castelhana por todo o território, mas que nunca funcionou. O País Basco, as Astúrias, a Galiza e a Catalunha, têm pago um preço elevado aos longo dos séculos... A Espanha é um artifício de Castela e Leão mas que, ao menor descuido, originará uma desagregação. A única coisa que unifica a Espanha é o facto de ter uma monarquia… e Santiago Carrillo tem plena consciência disso, como pessoa inteligente que imagino que seja!

Alex. disse...

Creio que nem ficção chega a ser, é uma união económica forçada porque dá jeito; Creio que, presentemente, se a monarquia caísse o separatismo se acentuaria estrondosamente, estamos de pleno acordo.
E a questão é exactamente essa: um rei, figura nacional não sujeita aos agrados e separações eleitorais, é o único capaz de congregar um povo. Mas isto é difícil de ser entendido... Desperta revoltas íntimas e muitas vezes complexadas.